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Resumo
A Internet promove o acesso a um conjunto variado de recursos, mas não directamente a
aprendizagem. As ferramentas digitais só serão propiciadoras de ambientes de aprendizagem
quando cuidadosamente integradas no processo ensino-aprendizagem. A Web 2.0 representa
a transição para um novo paradigma.
Com a necessidade cada vez mais premente de aplicar pedagogias diferenciadas e de um
maior acompanhamento dos alunos, somos induzidos a procurar soluções alternativas. A Web
2.0 permite-nos resolver parte deste problema.
Neste artigo propõe-se abordar a integração de ferramentas e-learning no processo ensino-
aprendizagem na disciplina de Inglês do 9º ano, mais concretamente, um blog.
Introdução
As TIC mudaram o panorama geral de todo o processo de construção de conhecimento no
actual sistema de ensino. Com a Internet pode aceder-se facilmente a qualquer área de interesse,
onde investigar, pesquisar, partilhar e recolher informação estão ao alcance de um clique do rato.
Para que a integração das TIC ocorra de forma plena e eficaz, impõem-se mudanças nos métodos
de trabalho e mentalidades de professores e alunos. Estas mudanças, associadas ao advento das
TIC, têm implicações significativas para os professores e para as escolas, pois alteraram a forma
como os jovens têm acesso à informação, a forma como a processam e ainda a forma como
comunicam uns com os outros (Ainley & Searl, 2005).
Este novo paradigma impõe à Educação a necessidade de um redireccionamento das
estratégias a utilizar no processo ensino-aprendizagem, de modo a que aí sejam incluídas, as
redes informáticas, de forma a permitir a construção e a reconstrução do conhecimento, a partir
das concepções alternativas dos alunos, para que a memorização dê lugar à construção do
conhecimento. Os construtivistas vêm a aquisição do conhecimento como um processo criativo. É
uma teoria psicológica da aprendizagem que descreve o modo como surgem as estruturas e a
compreensão conceptual mais profundas, mais do que uma teoria que apenas caracteriza as
estruturas e estádios do pensamento, ou mesmo uma teoria que isola comportamentos
apreendidos por meio de reforço (Fosnot, 1999).
O processo de ensino-aprendizagem das línguas pode ser muito enriquecido através do uso
e da dinamização de ferramentas digitais. As suas características particulares podem ser
potenciadas se a utilização e concepção dos materiais realizados forem vistas enquanto
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Carvalho, Ana Amélia A. (Org.) (2008). Actas do Encontro sobre Web 2.0. Braga: CIEd.
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Carvalho, Ana Amélia A. (Org.) (2008). Actas do Encontro sobre Web 2.0. Braga: CIEd.
Planificação e Actividades
De acordo com a planificação elaborada para este ano lectivo para a disciplina de Inglês do
9º ano, mais especificamente, na unidade 4 do manual anteriormente referido, os objectivos são
os seguintes:
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utilização em termos cognitivos. Torna-se então urgente trabalhar para melhorar a competência
escrita e, neste sentido, a sua prática através do blog é excelente para desenvolver competências
cognitivas.
“Using computers as Mindtools requires a change of thinking about how computers
should be used in schools.(…) the conceptual foundation for using computers as
Mindtools, providing theoretical, pedagogical, and practical reasons why using
computers as Mindtools represents an important change in computer applications. (…)
computers are better used as knowledge representation tools, that is, tools for thinking
about the content being studied (learning with computers).” (Jonassen, 1996:17)
Considerou-se ainda, relevante disponibilizar modelos aos alunos para que os pudessem ter
como referência para as tarefas de trabalhos de casa, como a carta de candidatura a um emprego
ou um curriculum vitae. Tendo estes exemplos sido estudados na aula, os alunos passaram, mais
facilmente, à fase da escrita.
A música é algo que faz parte da vida dos alunos. É sempre estimulante utilizar canções na
sala de aula, uma vez que os alunos aderem muito bem. No blog foram disponibilizadas várias
canções no âmbito do tema da unidade através de vídeo clips, e a letra da canção She’s not just a
pretty face de Shania Twain, em particular, com um objectivo específico: o alargamento do campo
lexical jobs, pois é uma canção que utiliza vocabulário diversificado de profissões.
Neste contexto impõe-se a apresentação de uma entrevista, Job Interview, que faz parte do
processo de candidatura a um emprego. Optou-se por um exercício de listening comprehension
através da inclusão de um podcast. Esta actividade de escuta foi realizada individualmente, mas o
trabalho posterior foi de pares, uma vez que este permite a entreajuda entre os alunos com melhor
competência linguística e os mais fracos, para que estes últimos consigam superar algumas das
suas dificuldades. Este trabalho colaborativo facilita o espírito de cooperação e é, justamente, o
exemplo de uma estratégia implementada no âmbito pedagógico, que consagra sobretudo a
dinâmica construtivista de uma tecnologia integradora utilizada em ambiente de sala de aula e
com potencialidades para ultrapassar os muros da escola. Após a audição anywhere, anytime os
alunos tiveram de escrever um texto em diálogo com o mesmo título, Job Interview, e fizeram
também o Role Play da entrevista que, entretanto, tinham decorado, contribuindo, assim, esta
ferramenta para o desenvolvimento da sua destreza oral.
No intuito de os alunos terem outros recursos e prolongarem a sua aprendizagem para além
do espaço da sala de aula, foram disponibilizados links que direccionavam os alunos para páginas
de exercícios gramaticais e para páginas de ambientes relacionados com a temática abordada.
Apesar destas páginas de exercitação mecânica e explicação de conteúdos gramaticais não irem
de encontro à filosofia construtivista da aprendizagem, são muito úteis e eficazes na consolidação
de estruturas frásicas fundamentais ao bom domínio de qualquer língua estrangeira. A
“montagem” das frases torna-se complicada e só detendo uma boa base gramatical conseguirão
comunicar claramente as suas ideias, tanto na nível da expressão escrita como da expressão oral.
O título dado ao blog Learn with Fun pretendeu ser isso mesmo – aprender com
divertimento, isto é, de uma forma descontraída. Para este efeito, foi adicionado um cartoon
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humorístico no âmbito do tema, assim como um espaço para curiosidades. Aprender pode e deve
ter uma componente lúdica inerente ao processo de aprendizagem, para a qual a utilização dos
meios informáticos constituem um contributo valioso e sem precedentes, aprender é um esforço. É
desse esforço que os nossos alunos e as nossas crianças e jovens em geral, devem aprender a
gostar. A aprendizagem tem que ser vivida e sentida. Tem que suscitar entusiasmo através do
fascínio pelos assuntos do conhecimento. É esse fascínio que deve motivar o esforço de aprender
tanto mais quanto possível no quadro de uma vivência que pode e deve ser agradável,
humorística, baseando-se em exemplos de que à partida gostamos, exemplos que devem procurar
estar próximos das pequenas coisas do dia-a-dia e de preferência dos objectos e situações que
nos rodeiam, mas será inevitavelmente uma atitude de vontade de vencer. É assim que as
crianças e jovens aprendem e interiorizam o grande legado das civilizações – o conhecimento – e
o utilizam para solucionar as adversidades que a própria vida, pela sua própria natureza,
sucessivamente lhes propõe.
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Conclusão
Como outros meios tecnológicos, a Internet promove o acesso a um conjunto variado de
recursos, mas não directamente a aprendizagem. As ferramentas digitais, sejam elas de que
natureza forem, só serão propiciadoras de ambientes de aprendizagem quando cuidadosamente
integradas no processo ensino-aprendizagem – dentro e fora da sala de aula. A Tecnologia e a
Educação andam juntas. Os alunos que estão sempre ansiosos por usar novas ferramentas de
pesquisa e tratamento de informação. A resposta dos professores, pais e instituições já começou,
mas ainda há um longo caminho a percorrer. Neste contexto, a Web 2.0 representa a transição
para um novo paradigma, onde o trabalho colaborativo ganha expressão (Ainley & Searl, 2005).
As dificuldades de acesso ao mundo digital são devidas, em grande parte, a um deficiente
funcionamento das redes. Questões económicas e outras estão na base de escolas mal
equipadas, apesar do tão propalado Plano Tecnológico. Sartain (2008) no seu artigo The Most
Wired School in America, descreve uma escola que, denominada “escola do futuro”, existe,
enquanto tal, graças ao patrocínio da Microsoft Corp. (Sartain, 2008). Esta escola é o exemplo
feliz onde o “ecossistema de aprendizagem inclui não apenas a “escola”, mas a combinação da
escola e da comunidade que colabora para trazer o “mundo” para o processo
ensino/aprendizagem” (Moreira, 2008). A realidade portuguesa encontra-se, ainda, a anos-luz de
poder fazer nascer uma escola nestes moldes. Dever-se-ia reflectir acerca da adopção de
estratégias de trabalho verdadeiramente colaborativo conducentes à produção de conteúdos por
meio das TIC. Aumentar-se-ia decerto o envolvimento dos alunos nas aprendizagens e na
construção do próprio conhecimento. O professor do séc. XXI deve ser multifacetado, polivalente e
ter uma mente aberta para poder responder aos desafios diários deste modelo de ensino.
Referências
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