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DIREITO AMBIENTAL

DIREITO AMBIENTAL

Graduação

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DIREITO AMBIENTAL

BENS AMBIENTAIS: PREVENÇÃO


E RESPONSABILIDADE
UNIDADE 6

Nesta unidade apresenta-se, de início, classificação dos bens


ambientais e objeto de proteção do Direito Ambiental. Você deve estar curioso
para saber que bens são estes. Está ? Então, bem-vindo à sexta unidade,
vamos conhecê-los.

OBJETIVO

Classificar os bens ambientais, que são objetos de proteção do Direito


Ambiental.

PLANO DA UNIDADE

• Bens de uso comum do povo

• Prevenção

• Responsabilidade

• Responsabilidade penal e administrativa

• Conflito de interesses entre a propriedade privada e o meio


ambiente

• Atuação do estado

• Subsídios para complementação de conteúdo e fins práticos

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UNIDADE 6 - BENS AMBIENTAIS: PREVENÇÃO E RESPONSABILIDADE

Os bens ambientais recebem proteção geral e comum, por serem


bens ambientais da vida, sejam eles de domínio público ou privado e proteção
especial, determinada pela necessidade de, em certas circunstâncias,
assegurar-lhes a integridade ou salvaguardá-los de tudo o que possa lesá-
los em prejuízo do meio ambiente.

O Direito Ambiental moderno tem em vista, sobretudo, a tutela


preventiva para evitar a degradação ou a poluição ou para fazer cessar a
atividade lesiva uma vez iniciada.

Mas os meios e instrumentos de prevenção, atualmente, são amplos


e diversificados. O Estudo Prévio de Impacto Ambiental e o licenciamento
ambiental, o termo de compromisso e a adoção de normas técnicas de gestão
ambiental nas empresas constituem, por exemplo, instrumentos à prevenção
ambiental.

Se há dano, porém, a questão deve ser considerada do ponto de


vista da responsabilidade pelas lesões causadas. A responsabilidade tanto
pode se referir às lesões ao patrimônio ambiental, obrigando à reparação
de prejuízos ao meio ambiente, como aquela que implica em crimes
ambientais e em ilícitos administrativos.

BENS DE USO COMUM DO POVO

O Artigo 225, da CF/brasileira de 1988, dispõe que “o meio ambiente


é bem de uso comum do povo.” Já vimos em que consiste o meio ambiente.

O meio ambiente, como “bem de uso comum do povo”, é constituído


por bens do domínio público e privado cujo uso, por ser fundamental ao
“equilíbrio ecológico” e à “sadia qualidade de vida” (CF/88, art. 225), recebe
tratamento jurídico com que se subordinam aos ditames da preservação
ambiental.

O Direito Ambiental protege esses bens do meio ambiente que são


bens do patrimônio natural – água, ar, solo, fauna e flora – e do patrimônio
construído – histórico, artístico, arqueológico, cultural; para tanto estabelece
regras a seu uso no interesse do “povo” a que é comum o meio ambiente.
Há proteção que se dirige a todos esses bens indistintamente e proteção
que os contempla em caráter especial.

Artigo 20 - São bens da União:

I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem a ser


atribuídos;

II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fronteiras,


das fortificações e construções militares, das vias federais de
comunicação e à preservação ambiental, definidas em lei;

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DIREITO AMBIENTAL

III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em terrenos


de seu domínio, ou que banhem mais de um Estado, sirvam de
limites com outros países, ou se estendam a território estrangeiro
ou dele provenham, bem como os terrenos marginais e as praias
fluviais;

IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com outros


países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e costeiras,
excluídas, destas, as áreas referidas no Artigo 26, II;

V - os recursos naturais da plataforma continental e da zona


econômica exclusiva;

VI - o mar territorial;

VII - os terrenos da marinha e seus acrescidos;

VIII - os potenciais de energia hidráulica;

IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;

X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos


e pré-históricos;

XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.


(Ver Art. 26, I, CF,88).

Todos os bens ambientais da vida colocam-se sob proteção geral e


comum do Direito Ambiental por sua qualidade de bens essenciais ao
“equilíbrio ecológico” e à “sadia qualidade de vida” (CFI 88, Artigo 225).

Fora desse caráter geral de proteção, podemos classificá-los para sua


identificação nas circunstâncias de proteção especial do seguinte modo:

Bens de preservação permanente

Áreas de Preservação Permanente e demais formas de vegetação


natural pelo critério de localização (Artigo 2°, Cód. Florestal) ou mediante
determinação por ato do poder público (Artigo 3°, Cód. Florestal) (Cód.
Florestal: Lei n. 4. 771/65, alterada pelas Leis n. 7.803/89 e 7.875/89).

Exemplos:

– Critério de localização - “Artigo 2° - Consideram-se de preservação


permanente as florestas e demais formas de vegetação natural situadas:
“c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados olhos-d’água,

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UNIDADE 6 - BENS AMBIENTAIS: PREVENÇÃO E RESPONSABILIDADE

qualquer que seja a situação geográfica, num raio mínimo de 50 (cinqüenta)


metros de largura”, etc.

– Critério de determinação por ato do poder público: “Artigo 3° - Consideram-


se, ainda, de preservação permanente, quando declaradas por ato do poder
público, as florestas e demais formas de vegetação natural destinadas: c) a
proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico ou histórico; f) a
asilar exemplares da fauna e da flora ameaçadas de extinção” etc.

– Florestas - A Lei n. 4.771/65 (Cód. Florestal), alterada pelas Leis n. 7.803/


89 e 7.875.89, dispõe, como matéria de interesse público:

“Artigo 5° - O Poder Público criará:

a) (...)

b) florestas nacionais, estaduais e municipais, com fins


econômicos, técnicos ou sociais, inclusive reservando áreas ainda
não florestadas e destinadas a esse fim.”

– Bens ambientais sob proteção em situações especiais. Exemplos: a) animais


em extinção; b) árvores declaradas imunes de corte por sua beleza, raridade,
localização ou condição de portas-semente. (Artigo 7°, Cód. Florestal)

– Bens especialmente protegidos - do patrimônio público ou privado, como


os de relevância histórico-cultural, sítios arqueológicos e pré-históricos...
Sujeitam-se a tombamento.

O tombamento consiste, basicamente, na imposição de restrições ao


uso da coisa tombada visando à sua preservação.

O Dec. lei n. 25/37, em seu § único, dispõe:

Artigo 1° - ( )

§ 1° - Os bens a que se refere o presente artigo só serão


considerados parte integrante do patrimônio histórico e artístico
brasileiro depois de inscritos, separada ou agrupadamente, num
dos quatro livros do Tombo, de que trata o Artigo 4°, desta lei.

Segundo André Tostes (1994, p.111), “o tombamento é


obrigatório para que o bem seja considerado parte integrante
do patrimônio histórico, artístico e cultural brasileiro, condição
para que o Estado possa exercer e cobrar, de seu proprietário,
medidas de defesa.”

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DIREITO AMBIENTAL

Em face do Decreto n. 25/37 estabelecem-se várias restrições ao uso


da coisa tombada: uma vez pertencentes à União, Estados ou aos Municípios,
só podem ser transferidas de uma à outra entidade (artigo 11); o
tombamento definitivo deve ser transcrito em livro a cargo dos oficiais de
registro de imóveis e averbado ao lado da transcrição do domínio (artigo
13); a coisa tombada só poderá sair do país, em curto prazo, sem
transferência de domínio e para fim de intercâmbio cultural (artigo 14); as
coisas tombadas não podem, em caso nenhum, ser destruídas, demolidas
ou mutiladas nem, sem prévia autorização, ser reparadas, pintadas ou
restauradas, sob pena de multa de 50% do valor do dano causado (artigo
17); sem prévia autorização não se poderá, na vizinhança de coisa tombada,
fazer construção que impeça ou reduza a visibilidade, nem nela colocar
anúncios ou cartazes, sob pena de ser mandada destruir a obra ou retirar o
objeto, impondo-se a multa do valor de 50% do mesmo objeto (Artigo 18);
as coisas tombadas ficam sujeitas a vigilância permanente, não podendo os
respectivos proprietários ou responsáveis criar obstáculos à inspeção, sob
pena de multa (artigo 20); a União, os Estados e os Municípios terão
preferência na alienação onerosa de bens tombados pertencentes a pessoas
naturais ou a pessoas jurídicas de direito privado (artigo 22).

PREVENÇÃO

A prevenção se expressa em medidas ou meios pra evitar o dano;


para fazer cessar ou suspender atividades lesivas; a fim de precaver danos
com a realização de obras ou atividades potencialmente poluidoras em
articulação com o licenciamento ambiental; pela prevenção penal nos crimes
de perigo e via prevenção administrativa mediante a implementação de
políticas públicas, zoneamento ambiental e o exercício do poder de polícia
pela Administração Pública. Há prevenção na preservação e na precaução.
Previne-se com o termo de compromisso e o zoneamento ambiental. A
prevenção se realiza, também, no campo empresarial.

Instrumentos e mecanismos

Estão previstos na lei n. 6.938/ 81, que estabelece a Política Nacional


do Meio Ambiente, e em disposições regulamentares do CONAMA (Conselho
Nacional do Meio Ambiente).

Os principais:

– O Estudo Prévio de Impacto Ambiental. (ElA ou EPIA) (Artigo 9°, III) exigido
para obras e atividades potencialmente poluidoras. O ElA ou EPIA é o estudo
tecnicamente complexo de que se extrai o Relatório de Impacto do Meio
Ambiente (RIMA), em caráter sintético e em linguagem acessível, e a que
obrigatoriamente deve ser dada publicidade a fim de que a sociedade, dele
se inteirando, possa questioná-Ias em audiência pública por iniciativa do

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UNIDADE 6 - BENS AMBIENTAIS: PREVENÇÃO E RESPONSABILIDADE

Ministério Público, de entidades ambientais ou de pelo menos 50 (cinqüenta)


pessoas interessadas em que não acarretem problemas ao meio ambiente.1

– Relatório de Impacto do Meio Ambiente (RIMA) tem seu conteúdo balizado


pela Resolução CONAMA n° 001/86, art. 9º. A Resolução CONAMA n. 009/97
estabelece normas à realização de audiências públicas:

Aspectos básicos ao conteúdo do Relatório de Impacto do Meio


Ambiente (Res. CONAMA n. 001/86): “Artigo 9° - O Relatório de
Impacto Ambiental - RIMA, refletirá as conclusões e estudos de
impacto ambiental e conterá, no mínimo:

I - os objetivos e justificativas do projeto, sua relação de


compatibilidade com as políticas setoriais, planos e programas
governamentais;

II - as descrições do projeto e suas alternativas tecnológicas e


locacionais, especificando, para cada um deles, nas fases de
construção e operação, a área de influência, as matérias-primas
e mão-de-obra, as fontes de energia, os processos e técnicas
operacionais, os prováveis efluentes, emissões, resíduos e
perdas de energia, os empregos diretos e indiretos a serem
gerados;

III - a síntese dos resultados dos estudos de diagnóstico


ambiental da área de influência do projeto;

IV - a descrição dos prováveis impactos ambientais de


“implantação e operação da atividade, considerando o projeto,
suas alternativas, os horizontes de tempo de incidência dos
impactos, e indicado os métodos, técnicos e critérios adotados
para sua identificação, qualificação e interpretação”;

V – caracterização da qualidade ambiental futura da área de


influência, comparando as diferentes situações da adoção do

projeto e suas alternativas, bem como a hipótese de sua não--


realização;

VI - a descrição do efeito esperado das medidas mitigadoras


previstas em relação aos impactos negativos, mencionando
aqueles que não podem ser evitados, e o grau de alternação
esperado;

VII - o programa de acompanhamento e monitoramento dos


impactos;

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DIREITO AMBIENTAL

VIII - recomendação quanto à alternativa mais favorável;


conclusões e comentários de ordem geral.

Elementos básicos à realização de audiências públicas de acordo com


a Res. CONAMA n. 009/87:

Artigo 2° - Sempre que necessário, ou quando solicitado por


entidade civil, pelo Ministério Público ou por 50 (cinqüenta) ou
mais cidadãos, o órgão do meio ambiente promoverá a realização
de audiência pública.

Artigo 2º, § 1º - O órgão do meio ambiente, a partir da data do


recebimento do RIMA, fixará em edital e anunciará pela imprensa
local a abertura do prazo que será de 45 (quarenta e cinco) dias
para solicitação de audiência Pública.

Artigo 2°, § 5° - Em função da localização geográfica dos


solicitantes e da complexidade do tema, poderá haver mais de
uma audiência pública sobre o mesmo projeto do respectivo
Relatório de Impacto Ambiental -RIMA. A audiência será dirigida
por representante do órgão licenciador (artigo 3°) e ao final de
cada audiência será lavrada ata sucinta (artigo 4°) e anexados
à ata documentos escritos e assinados, entregues ao presidente
dos trabalhos (artigo 4°, § único), sendo que em conformidade
com o Artigo 5°, a ata da audiência e seus anexos servirão de
base, juntamente com o RIMA, para análise e parecer final do
órgão licenciador e aprovação ou não do projeto.

– Licenciamento Ambiental - “depende do ElA/RIMA, a ser submetido à


aprovação do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos
Naturais Renováveis) o licenciamento de atividades que, por lei, seja de
competência federal (Artigo 3°, Resolução CONAMA 237/ 97). Cabe citar o
artigo 4°, que menciona:

Os órgãos setoriais (nível estadual) do SISNAMA (Sistema


Nacional do Meio Ambiente) deverão compatibilizar os processos
de licenciamento com as etapas de planejamento e de
implantação de atividades modificadoras do ambiente. (Cunha
e Guerra – 1999, p. 78-79).

A lei da Política Nacional do Meio Ambiente - 6.938/81 - dispõe, sobre


licenciamento, nos artigos 9°, IV e 10º, § 1° ao 4°, matéria sobre que versa,
reflexamente, a Resolução CONAMA n. 237/97. O licenciamento ambiental é
concedido nas modalidades de Licença Prévia (LP), para a fase preliminar do

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UNIDADE 6 - BENS AMBIENTAIS: PREVENÇÃO E RESPONSABILIDADE

empreendimento ou atividade; Licença de Instalação (LI), de acordo com as


especificações do projeto aprovado e Licença de Operação (LO), destinada
à implementação do empreendimento ou atividade.

– Zoneamento Ambiental3 . Há zonas de uso diversificado, destinadas à


localização de estabelecimentos industriais cujo processo produtivo seja
complementar às atividades do meio urbano ou rural; zonas de uso
estritamente industrial, para localização de estabelecimentos industriais cujos
resíduos sólidos, líquidos e gasosos, ruídos e vibrações, emanações e
radiações, possam ser nocivos ou causar perigo à saúde, ao bem-estar e à
segurança das populações, mesmo depois da aplicação de métodos
adequados de controle e tratamento de efluentes (Lei n. 6.803, de 02.07.80).
Zonas de uso predominante industrial - preferencialmente para indústrias
cujos processos, submetidos a métodos adequados de controle e tratamento
de efluentes, não causem incômodo sensível às demais atividades e nem
perturbem o repouso noturno das populações (Lei n. 6.803 de 02.07.80);
zonas de uso agropecuário - como área de proteção em que são proibidos
ou regulados os usos ou práticas ambientalmente degradante, não sendo
admitida, nelas, a utilização de agrotóxicos e outros biocidas.

– Termo de Compromisso - Órgãos ambientais, integrantes do Sistema


Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), responsáveis pela execução de
programas e projetos e pelo controle e fiscalização de estabelecimentos e
atividades de interesse ambiental, estão autorizados a celebrar, com força
de título executivo extrajudicial, termo de compromisso com pessoas físicas
ou jurídicas responsáveis pela construção, instalação, ampliação e
funcionamento de estabelecimentos utilizadores de recursos ambientais
considerados efetiva ou potencialmente poluidores. O termo de compromisso
destina-se a permitir que as pessoas físicas ou jurídicas, referidas
anteriormente, possam promover as necessárias correções de suas
atividades, para o atendimento de exigências determinadas pelas autoridades
ambientais competentes. A celebração do termo de compromisso não impede
a execução de eventuais multas aplicadas antes de protocolizado o
documento. O requerimento visando à celebração do termo de compromisso
deverá conter informação à verificação da viabilidade técnica e jurídica do
que se indica para corrigir. Deverá ser firmado em até 90 dias da protocolização
do requerimento, ser publicado no órgão oficial competente, mediante extrato
e será considerado rescindido de pleno direito quando descumprida qualquer
de suas cláusulas, ressalvado caso fortuito e força maior.

– Prevenção Empresarial – A Res. CONAMA n. 237/97, artigo 12, § 3°, permite


a agilização e simplificação de procedimentos de licenciamento ambiental a
atividades e empreendimentos que realizem planos e programas
voluntários de gestão ambiental. A Gestão Ambiental pode basear-se em
normas técnicas que são normas de procedimentos sobre como fazer algo
ou alguma coisa. Apesar de não-obrigatórias, as normas técnicas respondem,

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DIREITO AMBIENTAL

se observadas, por padrões de gestão e qualidade ambiental e a qualidade


ambiental é requisito para financiamentos, incentivos e estímulos à
competitividade mercadológica. A seguir, referências a algumas das mais
importantes Normas Técnicas ISO (International Organization for
Standardization):

14004 - Sistemas de Gestão Ambiental (SGA). Diretrizes gerais.

14010 - Guia para auditoria ambiental. Diretrizes gerais.

14011 - Diretrizes para auditoria ambiental. Parte 1: princípios gerais para


auditoria dos SGAs.

14011-2 - Diretrizes para auditoria ambientaI. Parte 2: princípios gerais para


auditoria legal.

14031 - Avaliação e desempenho ambiental.

14040 a 14043 - Análise do ciclo do produto.

Guide/64 - Guias de inclusão dos aspectos ambientais nas normas do produto.

José Carlos Barbieri mostra-nos, em quadro sinótico, a estrutura das


normas ISO 14000:

A International Organization for Standardization (ISO) é uma instituição


sediada em Genebra e fundada em 1946 para simplifi-car a troca de produtos
em todo o mundo. Sua missão é a de dar su-porte ao desenvolvimento de
padrões nas mais diversas atividades. Assim, a ISO tem dado especial
atenção aos standards técnicos com aplicação no comércio internacional e
uniformidade de produtos. Por exemplo: tem desenvolvido standards de
segurança, gerenciamento de qualidade e, recentemente, standards de
gerenciamento ambiental...

A Associação Brasileira de Normas Técnicas - ABNT é membro do


Conselho Superior da ISO. Além da ABNT, o Instituto Nacional de Me-trologia,
Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO) tem participação destacada.
O INMETRO coordena o Sistema Nacional de Credenciamento para a
certificação ISO 14001...

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UNIDADE 6 - BENS AMBIENTAIS: PREVENÇÃO E RESPONSABILIDADE

(Fonte: ROCHA, J. C. S. da. Trabalho ISO 14001 e Proteção Ambiental. Revista


de Direito Ambiental, n. 30, p. 117, 119 e 120, 2003)

– A Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental (TCFA) – A Lei n. 10.165, de 27


de dezembro de 2000, que altera a Lei n. 6.938/ 81, dispõe, no Artigo 17-B:
“Fica instituída a taxa de Controle e Fiscalização Ambiental - TCFA, cujo fato
gerador é o exercício do poder de polícia conferido ao Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis - IBAMA para controle e
fiscalização das atividades, potencialmente, poluidores e utilizadoras de
recursos naturais.” O Artigo 17-C especifica que sujeito passivo é o que
exerça atividades constantes do Anexo VIII, da Lei n. 10.165/2000.

Artigo 17-C, § 1° - O sujeito passivo da TCFA é obrigado a


entregar, até o dia 31 de março de cada ano, relatório das
atividades exercidas no exercício anterior, cujo modelo será
definido pelo IBAMA para o fim de colaborar com os procedimentos
de controle e fiscalização. § 2° - O descumprimento da
providência determinada no § 1 ° sujeita o infrator a multa
equivalente a vinte por cento da TCFA devida, sem prejuízo da
exigência desta.

A TCFA é devida por estabelecimento e os seus valores são os fixados


no anexo IX, da Lei n. 10.165/2000, Artigo 17-D.

O § 2°, do Artigo 17-D, estabelece que o potencial de poluição (PP)


e o grau de utilização (GU) de recursos naturais de cada uma das
atividades sujeitas à fiscalização encontram-se definidos no anexo VIII
desta Lei.

O Artigo 17-F diz que são isentas do pagamento da TCFA as entidades


federais, distritais, estaduais e municipais, as entidades filantrópicas,
aqueles que praticam agricultura de subsistência e as populações
tradicionais.

A TCFA será devida no último dia útil de cada trimestre do ano civil
(valores cf. Anexo IX, da Lei) e o recolhimento será efetuado em conta
bancária vinculada ao IBAMA, por intermédio de documento próprio de
arrecadação até o quinto dia útil do mês subseqüente (Artigo 17-G-). Não
recolhida nos prazos e nas condições estabelecidas, será cobrada com os
acréscimos de que trata o Artigo 17-H. O Artigo 17-I estabelece multa como
infração punível às pessoas físicas e jurídicas que exerçam as atividades
mencionadas nos incisos I e II, do Artigo 17 e que não estiverem inscritas
nos respectivos cadastros até o último dia do terceiro mês que se seguir
ao da publicação desta Lei...

– Ação cautelar

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DIREITO AMBIENTAL

Se se verificam condições potenciais de dano, e o dano ambiental é


iminente, cabe ação cautelar para se e-vitar o perigo da demora e, face à
premência da medida ne-cessária, que, para sua admissibilidade, se
invoquem razões plausíveis de direito.

Com a ação cautelar, promovem-se medidas liminares de constrição


que devem ser consideradas como uma entrega antecipada do pedido. A
ação cautelar implica em providên-cia transitória, instrumental e de caráter
conservativo de direitos.

RESPONSABILIDADE

Dano e Prejuízo

A defesa consiste no uso de meios cabíveis (e adequados) em face de


danos (lesões) e prejuízos (o valor que se apura em pro-porção à gravidade
do dano).

Estamos tratando, agora, de questões relativas a bens ambientais.


Portanto, temos em vista lesões à água, ao ar, ao solo, à fauna e à flora e a
bens do patrimônio histórico, paisagístico, artístico e cultural.

Vilson Rodrigues Alves 5 nos proporciona dois conceitos muito


importantes correspondentes à distinção que fizemos entre da-no e prejuízo
a recursos ambientais:

Vilson Rodrigues Alves Dano e prejuízo


Nocividade - é a lesão ou a probabilidade Dano = lesão a bens ambientais.
de lesão neste caso de acordo com a
iminência e não a eventualidade do dano. +
Ou seja: é a lesão consumada ou a
iminência de dano. Prejuízo = o valor atribuído aos efeitos
da lesão.
Prejudicialidade - é condição ineliminável
do nocivo o prejuízo...

Portanto, à determinação do dano ambiental, é essencial que haja


nocividade + prejudicialidade.

IMPORTANTE

Decisões judiciais têm consolidado o entendimento


segundo o qual “só há obrigação de indenizar ou recuperar
os danos causados se resultar provada a existência de prejuízo.” (Ap. Cível,
n. 34.055 - Tribunal de Justiça do Paraná – 3ª Câmara Cível - ReI. Min. Des.
Nunes do Nascimento - DJ 04.02.91).

O prejuízo, pois, é ao meio ambiente, aos bens que o constituem e


cuja lesão compromete o equilíbrio ecológico.

O prejuízo, no entanto, deve ser significativo. A intervenção do homem,


por exemplo, pode prejudicar sem degradar - recordando que degradação
consiste em alteração adversa das qualidades de um bem ambiental da
vida.

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UNIDADE 6 - BENS AMBIENTAIS: PREVENÇÃO E RESPONSABILIDADE

Poluição é crime, de acordo com o art. 54, da Lei n. 9.605/98, mas, diz
esse dispositivo, “em níveis tais que resultem ou passa resultar em danos à
saúde humana, ou que provoquem a mortanda-de de animais ou a destruição
significativa da flora.”

É ilícito administrativo, nos termos do art. 41, do Dec. 3.179/99, cuja


redação se assemelha à do art. 54 da Lei de crimes ambientais.

Cumulação de sanções

Em face de ilícitos ambientais, de um mesmo fato podem resultar


sanções em matéria de responsabilidade civil, penal e administrativa.

No Direito Ambiental brasileiro, um tipo de sanção não exclui o outro, conforme


disposição constitucional (CF/88):

Art. 225 -- (...)

§ 3º - As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio


ambiente sujeitarão os infratores, pessoas fí-sicas ou jurídicas,
a sanções penais e administrativas, independentemente da
obrigação de reparar os danos causados.

A Lei n. 9.605/98 prevê:

Art. 3º - As pessoas jurídicas serão responsabilizadas


administrativa, civil e penalmente, conforme o disposto nesta
lei, nos casos em que a infração seja cometida por decisão de
seu representante legal ou contratual, ou de seu órgão colegiado,
no interesse ou beneficio de sua entidade.

Assim, o ato lesivo pode ter sido praticado por órgão legal ou
contratualmente dotado de poderes, mas se o praticou no interesse ou em
benefício da entidade-pessoa jurídica, esta, a pessoa jurídica, é que responde
pelos prejuízos com seu patrimônio.

Responsabilidade civil por danos ambientais

Segundo Rebello Filho e Bernardo (1998, p.31)6, “é a que impõe, ao


infrator, a obrigação de indenizar ou reparar os prejuízos causados em
decorrência de uma conduta ou atividade.” e não apenas a obrigação de
indenizar (dar), mas, sempre que possível, a de recuperar (fazer) o bem.

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DIREITO AMBIENTAL

Aplica-se, neste plano, o princípio do poluidor-pagador: “Todo aquele


que polui é obrigado a reparar o dano e, se possível, a recuperar o bem
lesado”.

Em certos casos, há critérios técnicos à apuração e à recuperação de


danos ambientais. Em outros, requer-se, para tanto, a realização de perícia.

A decisão a seguir, transcrita em parte, mostra a relevância e, em


determinadas circunstâncias, a indispensabilidade da prova pericial:

Ação Civil Pública - Danos ao Meio Ambiente. Preliminares


rejeitadas no saneador. Prosseguimento do feito com a realização
de prova pericial. Necessidade de perícia para ressarcimento de
eventuais danos causados pelo lançamento de poluentes na
atmosfera e nos rios... imprescindível a prova técnica que sirva,
também, para estabelecer o nexo causal entre as atividades
industriais e os danos, para se conhecer a extensão real dos
prejuízos. (Recurso Especial n. 0.011.074).

A expressão nexo causal expressa a natureza da responsabilidade


civil que é objetiva, ou seja, independe da prova de culpa bastando que se
demonstre a relação entre o agente causador e os efeitos lesivos e
prejudiciais.

A comprovação do dano e dos prejuízos ao meio ambiente requer


prova pericial.

JURISPRUDÊNCIA:

“Ação Civil Pública - Danos ao Meio Ambiente. Preliminares


rejeitadas no saneador. Prosseguimento do feito com a realização
de prova pericial. Necessidade de perícia para ressarcimento de
eventuais danos causados pelo lançamento de poluentes na
atmosfera e nos rios. Imprescindível a prova técnica que sirva,
também, para estabelecer o nexo causal entre as atividades
industriais e os danos, para se conhecer a extensão real dos
prejuízos.” (Recurso Especial n. 6.011.74-2a. Turma - ReI. Min.
Hélio Noelmann, julgado em 06.08.93. DJ 11.10.93).

Marques Sampaio aponta divergência doutrinária sobre se devem ser


impostos limites à indenização por danos ao meio ambiente, concluindo que,
no Direito Ambiental brasileiro, à luz do Artigo 225, da CF/88, não há margem
para se limitar o quantum do dano enquanto que, no Direito Alemão,
prevalecem regras de limitação à imposição de reparação por danos
ambientais.

Todavia, a reparação exigível pode onerar excessivamente a atividade


econômica causadora da lesão, motivo por que soluções de equilíbrio,

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UNIDADE 6 - BENS AMBIENTAIS: PREVENÇÃO E RESPONSABILIDADE

conforme alguns acórdãos, conciliam as exigências de reparação com a


viabilidade da atividade econômica.

PROTEÇÃO AO MEIO AMBIENTE – Queimada de campo nativo.


Caracteri-zação de dano ambiental. Fixação de pena que deve
se cingir ao princípio da razoabilidade. EMENTA: o procedimento
de atear fo-go, sem o uso de técnicas adequadas, para tratar o
solo, caracteriza dano ambiental, degradando o próprio solo, os
rios, as plantas e os animais. Prova da queimada, admitida pelo
próprio proprietário, que enseja a penalização do responsável.
Pena pe-cuniária, reversão para o fundo a que alude o art.13
da Lei 7.347/85. Valor fixado, porém, que se revela exagerado,
oneran-do sobremaneira a própria proprietária das terras.
Medida puni-tiva que deve observar o princípio da razoabilidade.
Indeniza-ção reduzida. Ap Civ 70003663606 - TJRS - f.09.05.2002.
Des. Luiz Ari Azambuja Ramos.

Comenta Álvaro Luiz Valery Mirra:

“Embora ninguém conteste a relevância da reparação integral


do dano, como verdadeiro princípio jurídico, a verdade é que se
reconhece, também, que essa regra pode não ter valor absoluto
(...) admite-se, conforme o caso, que, na prática, certos aspectos,
além do dano, possam ser levados em consideração na
determinação da reparação, para restringir a sua extensão. São
limitações que decorrem, por exemplo, do exercício de um certo
poder mo-derador dos juizes, movidos por razões de eqüidade,
de disposições legislativas especiais em determinadas matérias
ou mesmo da convenção entre as partes interessadas.

(MIRRA, A. L.V. Revista de Direito Ambiental, n. 32, p. 73).

Álvaro Luiz Valery Mirra observa:

No caso do dano ambiental, a reparação traz consigo sempre a


idéia de compensação, em atenção à realidade de que, uma vez
consumada, a degradação do meio ambiente e dos bens
ambientais não permite, jamais, a rigor, o retorno da qualidade
ambiental ao estado anterior ao dano, restando sempre
seqüelas do dano ambiental insuscetíveis de serem totalmente
eliminadas... De outra maneira, os danos ambientais podem,
até, ser irreversíveis (...), mas não serão irreparáveis (...) Em
face do princípio da reparação integral do dano, a reparação
“deve compreender não apenas o prejuízo causado ao bem ou
recurso ambiental atingido, como também toda a extensão dos
danos produzidos em conseqüência do fato danoso (...) incluindo

98
DIREITO AMBIENTAL

os efeitos ecológicos e ambientais da agressão inicial a um bem


corpóreo (como, por exemplo, a destruição de espécimes,
habitats e ecossistemas; os denominados danos interinos, ou
seja, as perdas da qualidade ambiental entre a ocorrência do
prejuízo e a efetiva recomposição do meio ambiente degradado,
os danos irreversíveis à qualidade ambiental e os danos morais
coletivos resultantes da agressão a determinado bem ambiental.

(Ibid., n. 32, p. 72-73).

No que se refere à responsabilidade da Administração por danos ao


meio ambiente, a regra é a do Artigo 37, da CF/88:

Art. 37 - As pessoas jurídicas de direito público e as de direito


privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos
danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros
(...)

Esta regra consagra, entre nós, a teoria do risco administrativo,


implicando em responsabilidade objetiva, consistindo em que a administração
deve suportar os efeitos do risco inerente a atos ou atividades que
ocasionarem, ao meio ambiente, conseqüências danosas e prejudiciais.

Toshio Mukai (1998, p.60)7 transcreve, a propósito, os seguintes


comentários de Hely Lopes Meirelles:

(...) O que a Constituição distingue é o dano causado pelos


agentes da administração (funcionários) dos danos causados
por atos de terceiros, ou por fenômenos da natureza. Observe-
se que a regra do Artigo 194 (da Carta de 1946) só atribui
responsabilidade objetiva à Administração pelos danos que seus
funcionários, nessa qualidade, causem a terceiros. Portanto, o
legislador constituinte só cobriu o risco administrativo da atuação,
ou inação, dos servidores públicos; não responsabilizou
objetivamente a administração por atos predatórios de terceiros,
nem por fenômenos naturais, que causem danos aos
particulares.

Dano social ambiental

Do conceito de dano inerente à degradação e à poluição, tem se


evoluído no sentido de ampliá-lo para o de dano social ambiental: o dano
social refere-se ao impacto negativo causado ao bem-estar da coletividade pela
degradação do meio ambiente e pela impossibilidade de fruição dos bens ambientais

99
UNIDADE 6 - BENS AMBIENTAIS: PREVENÇÃO E RESPONSABILIDADE

durante o tempo necessário para que a integral restauração se perfaça... (dano


social) é representado pelo tempo durante o qual a coletividade fica privada da
fruição do bem ou recurso ambiental... Não é, apenas, a agressão à natureza
que deve ser objeto de reparação, mas, outrossim, a privação do equilíbrio ecológico
imposto à coletividade e do bem estar e da qualidade de vida que aquele bem
ambiental proporciona... Pode-se exemplificar o dano social que decorre do dano
ao meio ambiente com o que ocorre quando uma floresta é devastada. Não se
limita o valor da indenização ao custo do replantio da floresta...

É necessário que a sociedade seja ressarcida, ainda que pelo equivalente


financeiro, proporcionalmente ao tempo em que ficar privada de usar e
usufruir da floresta devastada, do bem-estar que ela proporciona em
diversos.

RESPONSABILIDADE PENAL E ADMINISTRATIVA

Responsabilidade Administrativa – tal como a responsabilidade civil,


também é objetiva. Rebello Filho e Bernardo(1998, p.30)8 citam, a propósito,
José Afonso da Silva: “É a que resulta de infração de normas administrativas,
sujeitando o infrator a sanções também de natureza administrativa.”

O Decreto n. 3.179, de 21.09.99, dispõe sobre a especificação das


sanções administrativas aplicáveis às condutas e ativida-des lesivas ao
meio ambiente.

Responsabilidade Penal (ou Criminal) – é a que decorre de delitos


tipificados na Lei n. 9.605/98. Prevalece o elemento subjetivo em função de
dolo ou culpa.

CONFLITO DE INTERESSES ENTRE A PROPRIEDADE PRIVADA E O MEIO


AMBIENTE

Toshio Mukai suscita o seguinte problema: e se houver conflito de


interesses entre o direito subjetivo à propriedade privada e o direito subjetivo
público ao meio ambiente? Em regra, prevalece o direito subjetivo público
vez se constituir o meio ambiente bem de uso comum do povo. (direito
ilimitado).

Pode suceder, porém, que ambos os interesses sejam legítimos e que


caiba a salvaguarda deles sem que um exclua o outro. O que fazer, então?
Toshio Mukai (1998, p. 32) responde:

E, em caso de conflito real, há que se efetuar uma ponderação


de interesses para não haja sacrifício total de um ou de outro

100
DIREITO AMBIENTAL

(...). Essa obrigação é saliente no Direito alemão. A obrigação


de ponderação de interesses deve conduzir a uma fusão ou a
um entrelaçamento de todos os interesses relevantes.

Toshio Mukai- (1998, p.32) cita Fernando Alves Correia, que se refere
à sentença do Tribunal Administrativo Alemão que estabeleceu as hipóteses
em que a obrigação de ponderação de interesses é violada:

1. quando não tem lugar uma adequada ponderação;

2. quando na ponderação não são incluídos interesses que, de


acordo com as circunstâncias objetivas, deveriam ter sido
incluídos;

3. quando não é reconhecida, na ponderação, a relevância dos


interesses privados atingidos;

4. quando, na percepção e na perquirição entre os interesses, o


interesse público é preferido de modo desproporcional em
relação ao interesse privado – desproporcionalidade da
ponderação.

Os tribunais brasileiros refletindo, em geral, tendência publicista, têm,


em alguns casos, reconhecido na ponderação à relevância do equilíbrio entre
o interesse público e o privado:

Ação Civil Pública - Liminar - Cassação - Admissibilidade. Obrigação


de não fazer consistente na abstenção de utilização do fogo
para limpeza do solo em plantio de cana-de-açúcar. Decreto
Federal n. 97.635, de 1989, e Lei Federal n. 4.771, de 1965.
Ausência de comprovação científica de prejuízo ao meio
ambiente que justifique.

ATUAÇÃO DO ESTADO

A atuação do Estado se verifica em múltiplas frentes e de vários modos.


O Estado, em sentido amplo, pode ser compreendido como Estado que
legisla, julga e administra atividades de interesse público ou no interesse
público. Em termos de Administração Pública, implementam-se políticas
públicas como a relativa à Política Nacional do Meio Ambiente (Lei n. 6.938/
81) em que se insere o zoneamento ambiental; a referente a aspectos
ambientais compreendidos no estatuto da cidade; etc.

O licenciamento ambiental implica em licenças (prévia, de implantação


e de operação) que são atos decorrentes do Estudo Prévio de Impacto
Ambiental - ElA ou EPIA e do respectivo Relatório de Impacto do Meio Ambiente

101
UNIDADE 6 - BENS AMBIENTAIS: PREVENÇÃO E RESPONSABILIDADE

- RIMA, não raro sob influência de audiência pública. O termo de compromisso,


com força de título executivo extrajudicial, é celebrado perante a
Administração. Agentes da Administração, no exercício do poder de polícia,
têm o dever de impor sanções em face de ilícitos administrativos.

O Decreto n. 3.179/99 dispõe, no artigo 2°, sobre sanções às infrações


administrativas (I a XI), sob determinadas condições referidas nos § 1 a 10.
O § 9°, deste artigo 2°, relaciona-se a “sanções restritivas de direito aplicáveis
pessoas físicas e jurídicas...”. Algumas dessas sanções são de caráter
preventivo e outras defensivo.

Em matéria florestal o exercício do poder de polícia, dadas as


peculiaridades de seu desempenho, cerca-se de garantias legais ao uso
adequado da força. O artigo 24, do Cód. Florestal, permite, aos funcionários
florestais, no exercício de suas funções, o porte de arma, já que equiparados,
por esse dispositivo, aos agentes da segurança pública, estipulando o artigo
23 que a fiscalização e a guarda das florestas pelos serviços especializados
não excluem a ação da autoridade policial por iniciativa própria.

O artigo 17, da Lei 6.938/81, instituiu, sob a administração do Instituto


Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis - IBAMA (redação
dada pela Lei n. 7.804/89), conforme incisos acrescentados pela Lei n. 7.804/
89: “I - -Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa
Ambiental, para registro obrigatório de pessoas físicas ou jurídicas que se
dedicam a consultoria técnica sobre problemas ecológicos e ambientais e à
indústria e comércio de equipamentos, aparelhos e instrumentos destinados
ao controle de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras; II - Cadastro
Técnico Federal de Atividades potencialmente poluidoras ou Utilizadoras de
Recursos Ambientais, para registro obrigatório de pessoas físicas ou jurídicas
que se dedicam a atividades potencialmente poluidoras”.

SUBSÍDIOS PARA COMPLEMENTAÇÃO DE CONTEÚDO E FINS PRÁTICOS

Algumas cláusulas de um Termo de Compromisso real entre órgão


ambiental e empresa ASPECTOS GERAIS: o Termo de Compromisso tem força
de título executivo extrajudicial; tem por objeto estabelecer prazos e
condições para que a Compromissária promova fiel e integralmente as
necessárias correções de suas atividades em suas instalações.

OBRIGAÇÕES DA COMPROMISSÁRIA, SEM PREJUÍZO DE OUTRAS: executar e


implantar:

– sistema de neutralização e equalização de efluente líquido;

– sistema de desidratação de lodo acumulado na bacia de de-cantação e


resfriamento do efluente líquido.

102
DIREITO AMBIENTAL

CRONOGRAMA FÍSICO

VALOR ESTIMATIVO

DESCRIÇÃO DA MELHORIA DO SISTEMA

MEDIDAS COMPENSATÓRIAS

– Execução de programa de educação ambiental.

– Em convênio com a universidade, implantará, na sua área, horto florestal


com produção de mudas de árvores nativas, frutíferas e de valor econômico
para recuperação degradadas e reflorestamento...

FISCALIZAÇÃO

– O Termo de Compromisso não limita, impede ou suspende a fiscalização


ampla, irrestrita e permanente da Compromissada...

– A existência e atuação da fiscalização em nada restringe a responsabilidade


única, integral e exclusiva da Compromissá-ria.

RESCISÃO

– Considerar-se-á rescindido o Termo de Compromisso quando descumprida


quaisquer de suas cláusulas, ressalvado o caso fortuito e força maior, não
se considerando, como tais, alterações na política monetária, fiscal ou cambial.

– Sendo impossível ou inexeqüível o cumprimento de obrigação de fazer, em


caráter temporário, poderá (órgão público) considerar metas e prazos
estabelecidos neste Ter-mo prorrogados durante o tempo em que perdurar
o impedimento.

MULTAS

– Há vários dispositivos relativos à aplicação de multas.

PUBLICAÇÃO DO EXTRATO

– Deve ocorrer no prazo de 20(vinte) dias da data de sua assinatura, no


Diário Oficial, correndo os respecti-vos encargos por conta da
Compromissada.

O juiz, o perito, o assistente técnico e o advogado na perícia ambiental

JUIZ

– Despacho:

- manda citar o réu para contestar;

- manda o autor a réplica;

– Despacho saneador:

103
UNIDADE 6 - BENS AMBIENTAIS: PREVENÇÃO E RESPONSABILIDADE

- saneia o processo; determina a realização de provas documental, pessoal


e pericial;

- nomeia peritos;

- faculta indicações do assistente técnico;

- faculta formulação de quesitos.

– Homologa honorários:

- manda depositar honorários do perito;

– Despacho:

- defere a juntada do laudo do perito;

- defere o levantamento dos honorários depositados para o perito;

- manda as partes falarem sobre o laudo.

– Despacho:

- intima o perito para esclarecimentos, se necessário;

- marca dia e hora para audiência; elabora sentença.

PERITO

– Toma conhecimento: da nomeação pelo juiz: do tipo de ação proposta; da


Vara em que o processo está em curso; do escrevente; do nome das partes;
do número do processo.

– Análise dos autos do processo: lê os autos para ver de que trata a ação;
analisa os quesitos formulados pelas par-tes; formula pedido de honorários;
acompanha a efetivação ou não do depósito de honorários.

– Procedimento técnico:

- Retira os autos para a realização da perícia; comunica ao assistente técnico


do dia e hora para vistoria ao objeto da lide.

- Vistoria local: descreve, fotografa, etc.; elabora minuta do laudo pericial;


envia a minuta do laudo ao assistente técnico; elabora o laudo pericial;
recolhe o Imposto de Renda e ART; faz anotação de responsabilidade técnica.

– Requer:

- A juntada do laudo pericial aos autos; levantamento dos honorários


depositados.

– Esclarecimentos:

- Presta, se necessário, os esclarecimentos solicitados pelas partes ou pelo


próprio Juiz.

104
DIREITO AMBIENTAL

ASSISTENTE TÉCNICO

– Assessora a parte que o contratou (advogado do autor ou do réu) na


formulação de quesitos

– Mantém-se em contato com o perito e procura atendê-lo quanto ao


fornecimento de documentos e informações.

– Encaminha, se for o caso, laudo divergente ao laudo do perito para o


advogado.

ADVOGADO

– Ajuíza ou contesta a ação.

- Requer as provas: pericial e outras.

– Indica assistente técnico.

- Formula quesitos.

Requer:

– Guia para depósito de honorários de perito.

Desenvolvimento:

– Comenta sobre laudo pericial.

– Requer, ao Juízo, se necessário, esclarecimentos do perito.

– Formula quesitos para esclarecimentos.

Fonte: CUNHA, B. da & GUERRA. Avaliação e Perícia Ambiental. 1ª edição.


Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999.

CONCLUINDO

Esta unidade se abre, de um lado, a todos os instrumentos, meios e


mecanismos de prevenção ambiental tanto na esfera pública como na
particular.

Observa-se que há um aparelhamento dos processos e técnicas


preventivos sob o fundamento de princípios que têm, no da precaução, o
seu avanço mais radical. A prevenção visa a evitar que, contra o meio
ambiente, se pratiquem lesões, delitos e ilícitos administrativos. Mas, se há
violação às regras de proteção, então cumpre, antes de tudo, apurar as
respon-sabilidades.

105
UNIDADE 6 - BENS AMBIENTAIS: PREVENÇÃO E RESPONSABILIDADE

A responsabilização, civil, penal e administrativa, em conjunto, ou uma


ou outra, é etapa necessária à determinação do causador do dano, ou do
infrator. Por isto, dedica-se a segunda parte deste modo à responsabilidade
para, só na unidade seguinte, a matéria contemplar a defesa no sentido da
reparação de danos ou recuperação de bens no plano da responsabilidade
civil; da imposição de sanções a crimes ambientais e a ilíci-tos administrativos.

Portanto, a ênfase nesta unidade à responsabilidade, é determinante


aos modos e meios de defesa como se ve-rá na próxima e ultima unidade .

LEITURA COMPLEMENTAR

ALVES, V. R. Uso Nocivo da Propriedade. 1ª edição. São Paulo:


RT, 1992. 626p

BARBIERI, J. C. Desenvolvimento e Meio Ambiente: as


Estratégias de Mudança da Agenda 21. 1ª edição. Petrópolis,
RJ: Vozes, 1997. 67p.

CUNHA, S. B. da; GUERRA, A. J. T. Avalia-ção e Perícia


Ambiental. 1ª edição. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999.
266p.

MUKAI, T. Direito Ambiental Sistematizado. 3ª edição. Rio


de Janeiro: Forense Uni-versitária, 1998. 186p.

REBELLO FILHO, W.; BERNARDO, C. Guia Prático do Direito


Ambiental. 1ª edição. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 1998. 127p.

SAMPAIO, F. J. M. Responsabilidade Civil e Reparação de


Danos ao Meio Ambiente. 1ª edição. Rio de Janeiro: Lúmen
Júris, 1998. 254p.

TOSTES, A. Sistema de Legislação Ambiental. 1ª edição.


Petrópolis, RJ: Vozes, 1994. 222p.

É HORA DE SE AVALIAR!

Não esqueça de realizar as atividades desta unidade de


estudo, presentes no caderno de exercício! Elas irão ajudá-
lo a fixar o conteúdo, além de proporcionar sua autonomia
no processo de ensino-aprendizagem. Caso prefira, redija
as respostas no caderno e depois as envie através do nosso
ambiente virtual de aprendizagem (AVA) .Interaja conosco!

Enceramos a penúltima unidade da nossa disciplina, na unidade 7,


vamos estudar a: Defesa Ambiental em seu sentido amplo e próprio. Veremos
qual é o seu objetivo. Então, vamos para próxima unidade. Até lá.

106
DIREITO AMBIENTAL

Notas:
1
TOSTES, A. Sistema de legislação ambiental. 1ª edição Petrópolis, RJ. Vozes, 1994.
222p.
2
Artigo 225, IV, da CF/88. A Resolução CONAMA n. 001/86, especificou as seguintes obras
ou atividades para as quais é exigido o EIA ou EPIA: estradas de rodagem com duas ou mais
faixas de rolagem; ferrovias: portos e terminais de minério, petróleo e produtos químicos;
aeroportos (Dec. Lei n. 32, de 18.11.66, Artigo 40, I); oleodutos, gasodutos, minerodutos,
troncos coletores e emissários de esgotos sanitários; linhas de transmissão de energia elétrica
acima de 230 Kw; obras hidráulicas para exploração de recursos hídricos, tais como: barragens
para fins energéticos, acima de 10 Mw, de saneamento ou de irrigação, retificação de cursos
d’água, abertura de barras e embocaduras, transposição de bacias e diques; extração de
combustível fóssil (petróleo, xisto, carvão); extração de minério, inclusive os da classe I,
definidos no Códigos de Mineração; aterros sanitários, processamento e destino de resíduos
tóxicos ou perigosos; usinas de geração de eletricidade, qualquer que seja a fonte de energia
primária, acima de 10 Mw; complexos e unidades industriais e agroindustriais (petroquímicos,
siderúrgicos, cloroquímicos, destilarias de álcool, hulha, extração e cultivo de recursos
hidrobiológicos); distritos industriais e zonas estritamente industriais (ZEI), em matéria de
zoneamento ambiental; exploração econômica de madeira ou de lenha, em áreas acima de 100
ha. ou menores, quando atingir áreas significativas em termos percentuais ou de importância
ambiental; projetos urbanísticos acima de 100 ha., ou áreas consideradas de relevante interesse
ambiental a critério do IBAMA ou dos órgãos municipais ou estaduais competentes; qualquer
atividade que utilize carvão vegetal em quantidades superiores a 10 ton/dia. “Ementa de
decisão judicial (proc. n. 1998.34.00.027682-0, 6ª. Vara - DF -26.06.2000: “Organismos
geneticamente modificados - Liberação de espécies. Obrigatoriedade de realização de prévio
EIA (...)””. PRUDENTE, A. de Souza (Juiz Titular). Revista de Direito Ambiental, Ano 5, n. 20,
p. 309. 2000.

3
Zoneamento ecológico-econômico – “Zoneamento que leve em conta a estrutura e a dinâmica
ambiental e econômica, bem como os valores histórico-evolutivos do patrimônio biológico e
cultural do país. O zoneamento ecológico-econômico do território nacional norteará a elaboração
de planos nacionais e regionais de ordenação do território e de desenvolvimento econômico e
social.” (Decreto n. 99.540, de 21.09; Resolução CONAMA, n. 010, de 01.10.80); zona
costeira - espaço geográfico de interação do ar, do mar e da terra, inclusive seus recursos
renováveis ou não, abrangendo uma faixa marítima e outra terrestre, que serão definidas pelo
Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro (Lei n. 7.661, de 16.05.88); Zona de Planejamento
de Emergência (ZPE) -Área delimitada por um plano de emergência relativo a uma instalação
industrial, sobre a qual recaem os procedimentos de ação, em caso de ocorrência de acidente.
As ZPEs são definidas segundo a abrangência territorial dos eventos acidentais, o nível e a
intensidade dos acidentes e as áreas de responsabilidade (governo federal e estadual, empresa);
devem objetivar o máximo de proteção à sociedade e ao ambiente, etc. “ (Lima e Silva et al,
1999, p.238-239).

4
BARBIERI, J.C. Desenvolvimento e meio ambiente: as estratégias de mudanças da agenda
21. 1ª edição, Petrópolis, RJ. Vozes, 1997. 67p.
5
ALVES, V. R. Uso nocivo da propriedade. 1ª edição S.P. RT. 1992. 626p.
6
REBELLO FILHO, W. BERNARDO, C. Guia prático do direito ambiental. 1ª edição RJ. –
Lúmem Júris, 1998. 127p.
7
MUKAI, T. Direito ambiental sistematizado. 3ª edição, RJ. Forense Universitária, 1998.
186p.
8
REBELLO FILHO, W. ; BERNARDO, C. Guia prático do direito ambiental. 1ª edição, RJ.
Lumem Júris, 1998.127p.

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