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Terras de Bouro: Quo Vadis?

Tendo por base os anuários estatísticos para a região norte, referentes aos anos de
2000 e 2005, a evolução da população residente na zona estatística "Cávado",
discrimina-se do seguinte modo (número de habitantes):

2000-05
2000 2005 N.º %
Amares 18.217 19.473 1.256 6,89%
Barcelos 120.574 124.232 3.658 3,03%
Braga 161.156 172.571 11.415 7,08%
Esposende 32.831 34.919 2.088 6,36%
Terras de Bouro 8.330 7.856 -474 -5,69%
Vila Verde 46.045 48.507 2.462 5,35%
Cávado 387.153 407.558 20.405 5,27%

Constata-se que esta zona viu a sua população residente aumentar em 5,27%, o que
corresponde a mais 20.505 habitantes em 2005 do que em 2000 (valores à data de 31
de Dezembro dos respectivos anos).

Um aspecto que se destaca de imediato é o facto de todos os concelhos terem


contribuído positivamente para o crescimento da região "Cávado", excepto Terras de
Bouro, que viu a sua população residente diminuir 5,69%, ou seja, perdeu 474
habitantes no período 2000-2005.

Vamos então analisar em detalhe esta queda populacional em Terras de Bouro.

De acordo com os dados constantes dos mesmos anuários, cuja responsabilidade


pela sua elaboração pertence ao Instituto Nacional de Estatística (INE), construiu-se a
seguinte tabela:
Escalão 2000 2005 Variação 2000-05
idade N.º % N.º % N.º %
0 a 14 anos 1.401 17% 1.177 15% -224 -16%
15 aos 24 1.428 17% 1.149 15% -279 -20%
25 aos 64 3.988 48% 3.889 50% -99 -2%
mais de 64 1.513 18% 1.641 21% 128 8%
Soma 8.330 100% 7.856 100% -474 -6%

A leitura que nos parece pertinente fazer destes números é:

1. Entre 2000 e 2005 a população residente em Terras de Bouro diminui 6%, ou seja,
em finais de 2005 eram residentes menos 474 pessoas em relação ao final de 2000;

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2. Em 2000 a população entre os 0 e 24 anos representava 34% da população,
descendo esse peso para 30% em 2005, isto é, uma menor percentagem de
juventude;

3. Verificou-se uma forte quebra nos escalões etários dos 0 aos 14 anos e dos 15 aos
24, com taxas negativas de crescimento de 16% e 20%, respectivamente, que, em
conjunto, representam uma diminuição da população em cerca de 500 pessoas;

4. Um facto que demonstra o claro envelhecimento demográfico é o crescimento de


8% na população com mais de 64 anos, ou seja, em finais de 2005 existiam mais 128
pessoas residentes nesta faixa etária do que em finais de 2000;

5. Claramente, o órgão executivo autárquico (câmara municipal) não conseguiu travar


o fenómeno da saída de jovens do concelho, que praticamente justifica a queda
verificada na população residente, pelo que, em face destes resultados, as políticas
nesta área fracassaram em pleno;

6. Esta realidade coloca um problema gravíssimo de longo prazo, uma vez que, com
esta perda continuada de população, ao ritmo de cerca de 1% ao ano, chegaremos a
2050 com metade da população residente verificada em 2000, ou seja, o concelho de
Terras de Bouro terá cerca de 4.000 residentes, o que se poderá constituir um forte
argumento contra a existência administrativa do nosso concelho, sendo esta
possibilidade potenciada pelas restrições orçamentais a que o país está sujeito, que a
actual crise económica se encarregará de exacerbar;

7. Poder-se-ia colocar a questão de este fenómeno de diminuição da população ter


uma dimensão mais abrangente e por isso ser de combate muito difícil. No entanto, se
considerarmos a área que, para efeitos estatísticos, integra Terras de Bouro, isto é, a
região "Cávado" - concelhos de Amares, Braga, Barcelos, Esposende, Vila Verde e
Terras de Bouro - verifica-se que nesta região a população aumentou 5,27%,
passando de 387.153 pessoas em 2000 para 407.558 em 2005, ou seja, Terras de
Bouro diverge claramente da sua zona de referência estatística, não se podendo
atribuir a responsabilidade para este fenómeno a forças exógenas, como a inexorável
atracção do litoral;

Assim, em face da leitura destes números, não restam dúvidas que as políticas de
fixação, e mesmo de incremento, da população falharam e talvez este seja o
problema fundamental que é necessário resolver no nosso concelho.

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Aliás, temos fortes dúvidas que essas políticas alguma vez tenham existido, pois uma
das formas de manutenção do poder pelo poder passa por segurar o concelho preso
por um “colete de forças”, evitando o seu crescimento para além de um nível que a
mera política de satisfação de pequenos favores tenha eficácia.

Terras de Bouro precisa de uma estratégia de longo prazo, de uma visão e uma
missão bem definidas, tendo subjacente o incremento da população residente, com
políticas audazes, claras e exequíveis.

Tal só será possível com uma nova liderança, transformacional e desgarrada de


quaisquer atavismos.

A mudança é urgente! Está em causa o sucesso a médio prazo, pelo que quem
realmente se preocupa com o desenvolvimento, que deverá ser sustentável, de Terras
de Bouro não poderá mais pactuar, através do voto, com o caminho errado, aleatório,
adoptado pelo executivo camarário nos longos últimos anos, que procura manter o
controlo político através do definhamento das potencialidades que ainda nos restam.

2009-08-12.
Luís Filipe Viana
(Mestre em Ciências Empresariais pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto)

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