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Curso mostra que Uma promissora programação, antenada com grandes produções do cenário
Divulgação
nobreza dos palhaços da dança contemporânea. É o que promete a “Temporada de Dança” do
Teatro Alfa para este ano, que começou em grande estilo, ao apresentar duas
vai muito além do riso obras do Grupo Corpo: “Bach” e “Ímã”.
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Espetáculo “Ímã”,
A arte
Uma publicação da Aver Editora - 16 a 31 de Agosto de 2009 - Ano I Nº 9 R$ 5,00 do Grupo Corpo
Maurilio Cheli / Divulgação
ganha as ruas
DANÇA SINDICAIS
Carlo Bavagnoli
VIDA E OBRA
Dança contemporânea, Cooperativa Paulista
com nome e sobrenome de Teatro: 30 anos
Peter Weiss: talento
Pág. 10
de incentivo e apoio para transformar o
ENTREVISTA jurídico ao artista drama em arte
Roberto Lage e o teatro Pág. 11 O alemão Peter Ulrich Weiss,
como poder transformador pintor, diretor de cinema e, prin-
TÉCNICA cipalmente, dramaturgo, con-
da sociedade seguiu, como poucos, traduzir
Pág. 8 Maquinista: profissional
sua dramaturgia com a densi-
MARKETING CULTURAL que rouba a cena e dade que relatava eventos trági-
Reportagem
Bastidores
TUDO PRONTO PARA A NONA EDIÇÃO DO FESTIVAL ESTUDANTIL DE TEATRO
O foco do Festival Es-
Daniel Protzner
FESTIVAL NACIONAL
DE TEATRO DE GUAÇUÍ
Divulgação
Arnaldo Pereira
Fotos: Divulgação
MUSICAL
“O REI E EU” ESTREIA
EM FEVEREIRO DE 2010
Por Felipe Sil
Técnica
Quadrado, redondo, de perto ou de longe...
Por Adriana Machado principalmente o italiano e o drado ou o hexagonal, por
Rodrigoh Bueno / JT
arena, adaptam-se às condições exemplo), onde o público se
A dissociação é impossí- e limites do espetáculo, depen- senta em arquibancadas ou ca-
vel: o palco é fruto do teatro. dendo apenas da ideia inicial”, deiras e de todos os lados, numa
Todos seguem convenções, diz ele. relação mais estreita. Ou seja, os
alguns exemplos ressurgem e No primeiro, mais co- espectadores cam próximos o
outros se adaptam aos tempos. mum no Brasil, os especta- suciente para ver as nuanças
Isto sem falar nos espaços al- dores assistem a apresentação das expressões e dos gestos fei-
ternativos, seja uma sala de um frontalmente. O formato é tos pelos atores. A cenograa é
velho casarão, os corredores retangular, provido de mol- mais simples, simplicada, e o
de um hospital ou a praça da dura (boca-de-cena) e, geral- espetáculo, mais realista.
esquina de casa. Com suas van- mente, de bastidores laterais O palco semi-arena é bem
tagens e desvantagens, hoje em e bambolinas, além de um parecido com o palco de are-
dia, existem os três tipos mais espaço à frente da boca de na mas, em geral, é constituído
comuns: o palco italiano, palco cena, chamado de proscênio. de uma plataforma que avança
de arena e o semi-arena. “Nos mais clássicos, o palco pela plateia, aproximando o
Com uma longa carreira tea- é separado da plateia pela or- espectador do ator. O cenário
tral nos palcos brasileiros, e em questra”, informa o cenógrafo Em São Paulo, o teatro Tucarena permite a proximidade com o público deve conter menos elementos
especial nos gaúchos, o ator e gaúcho Rodrigo Lopes. o de arena. “A frontabilidade nário. Perfeito para o ilusionis- e não há cortinas. O público
diretor Luiz Paulo Vasconcellos O espaço tem uma cortina remete ao renascentismo ita- mo”, acrescenta Luiz Paulo. ca disposto em três lados,
arma que o tipo de espaço es- (ou pano-de-boca) que é fe- liano, época em que foi des- sendo que um deles servirá de
colhido vai depender especial- chada para mudança de cená- coberta a perspectiva, o olhar OUTROS FORMATOS fundo de palco. “Isto facilita
mente da proposta, da relação rio, tempo ou nal da apresen- para um ponto xo”, explica. O palco de arena, por sua a cenograa e a utilização da
cção e realidade, além de per- tação. Normalmente, o espaço “O palco italiano oportuniza vez, pode ser um círculo (ou ilusão e trucagem no espetá-
sonagem e público. “Todos eles, entre a platéia é maior do que a fantasia, a criação do imagi- outros formatos como o qua- culo”, naliza Rodrigo.
ela ligada são criados nos basti- Douglas de Barros / JT cenário com o máximo de pre-
Teatro lotado e expectativa dores e aprendem no dia-a-dia cisão e sincronismo com o espe-
de mais um grande espetáculo. dos palcos. táculo. Com o tempo, o roteiro
Em suas poltronas, homens e Seu Jorge explica que não se xa em nossa memória”,
mulheres, todos bem vestidos, escolheu a prossão, mas foi explica. “Não posso deixar de
esperam para ver mais uma abraçado pelo ofício que ama acrescentar dois mestres com
produção. Nesse momento, as fazer. “Já trabalhava com ma- os quais aprendi muito, João
cortinas estão fechadas, os mú- deira quando, em 1978, o The- Grandão e Vagnão. Ambos são
sicos preparados com seus ins- atro Municipal estava requisi- maquinistas do Theatro Muni-
trumentos e eis que surge um tando pessoas para trabalhar cipal há décadas”, completa.
foco de luz sobre o cenário que com os cenários. Na época, Gilmar, que é ator, também
acaba de se erguer. eu trabalhava com um grande não escolheu ser maquinis-
Ao mesmo tempo, atrás do amigo, que me ensinou quase ta, mas foi a curiosidade que
palco, uma grande quantidade tudo que eu sei. Ele deixou um o fez entrar neste ramo. “É,
de trabalhadores ca atenta recado na minha casa falando realmente fui abraçado pela
aos comandos da coordena- sobre essa oportunidade no te- função, quando percebi já era
ção do espetáculo. Ouvem-se atro. Fiz o teste, tive a felicida- maquinista. Isso tudo se deve
as ordens: “atenção varanda, de de ser recrutado e estou aqui a minha enorme vontade de
sobe o painel da suíte 6”, “vai até hoje. Na época, uma equipe observar tudo que acontece
subir a 53”, “desce a vara 49”. da Argentina nos ensinou. O ao meu redor minunciosamen-
Enquanto isso, com a música chefe da carpintaria ‘gostou da te. Na verdade, a minha vinda
já ao fundo, a plateia observa minha fachada’ e disse que eu a trabalhar atrás do palco foi
o cenário montado à sua fren- estava com eles. Então peguei Gilmar Garcêz e Jorge Dias: mestres nos bastidores do teatro carioca
uma grande fuga, para con-
te com toda a movimentação trabalho, fui aprendendo, fo- seguir me manter, e entender
de painéis e luzes diante dos ram me explicando e eu abra- exemplo. De cima você olhava ção. Eles adoraram e me con- cada dia mais o ofício”, arma.
seus olhos. cei essa oportunidade”, conta e parecíamos formigas. A Ópe- trataram. Pude realizar o sonho Garcêz não se intimida
É com riqueza de detalhes Dias, que revela, ainda, que ra ‘Aída’, com colunas imensas, de conhecer o Projac”, diz. com o tamanho da produção,
que Jorge Dias conta como começou trabalhando na CTP balé e coro. Fizemos também mas arma que cada peça é
realiza o seu trabalho há mais (Central Técnica de Produção), ‘La Bohemia’ e ‘Carmem’, entre DO PALCO PARA um desao diferente. “Não
de 30 anos. Ele é o encarre- em Inhaúma, subúrbio cario- outras”, relembra. OS BASTIDORES dá para dizer essa, ou aquela,
gado-chefe dos maquinistas ca. Uma espécie de ocina, na Tanto conhecimento o le- Da nova geração, Gilmar mas as grandes produções de
do Theatro Municipal do Rio qual os cenários são montados vou para além dos bastidores. Garcês é maquinista no Tea- musicais têm nos exigido mui-
de Janeiro. O maquinista é o antes de serem levados para o Seu Jorge lembra com carinho tro Oi Casagrande, no Leblon ta precisão nos movimentos.
prossional responsável pela local da peça. das vezes que foi convidado (Zona Sul do Rio). Ele come- Posso ressaltar a peça ‘Hairs-
montagem do cenário aéreo, Conhecido por todos den- pela Rede Globo para operar çou no mundo das artes no pray’, por exemplo.”
além de sua operação durante tro do Municipal, o maquinista uma chuva de papel picado em palco, quando integrou o gru- Ao nal do espetáculo,
a apresentação do espetácu- participou de todas as grandes duas produções. Uma durante po Nós do Morro e fez escola fecham-se as cortinas e os
lo. Ao lado desse prossional produções do teatro nos últimos uma novela e a outra no progra- de cinema com Cacá Diegues. reetores iluminam plateia e
trabalham o contrarregra, que 30 anos. Ele acredita que as ópe- ma Domingão do Faustão. “Na Gilmar pode controlar a troca elenco. Lá atrás, o maquinista,
movimenta os móveis e obje- ras são os espetáculos que dão ocasião, a produção da Globo de cenários de até 500 quilos. mesmo sem ser visto, assume
tos dentro do palco, eletricis- mais trabalho. Porém, produzem me perguntou como é que eu “Temos um roteiro especico, para si os aplausos e honrarias
tas, iluminadores, cenógrafos e as maiores recompensas.“Teve fazia o efeito da chuva de papel que revisamos no início de cada daquele que é a razão de ser de
uma série de prossionais. São espetáculo que trabalhei com picado, para o ‘Quebra Nozes’. apresentação, e recebemos uma cada trabalhador que vive do
poucos os cursos que ensinam 60 homens. ‘La Traviatta’, por Chegando lá, z a demonstra- deixa para as montagens, mas o teatro, o público.
Jornal de Teatro 16 a 31 de Agosto de 2009
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Marketing Cultural
Entrevista
Roberto Lage
Roberto Lage e o teatro:
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para responder questões so- seriam uma estratégia para Lage: “sou um
ciais levantadas pela gente, por uma renovação das plateias? workaholic,
exemplo. O Ágora deu frutos RL – O teatro não tem condi- gosto muito
de trabalhar
e fez coisas muito interessantes ções de competir com cinema mas não abro
como, por exemplo, a monta- e com a televisão. Sua função mão da minha
gem de “Ricardo III”. primeira é divertir e promover vida pessoal”
a reexão. No caso de “Uma
JT – Você chegou a fazer te- Coisa muito Louca”, a ideia foi
atro com presidiários. Como trazer para o teatro um público
foi essa experiência? que não o frequenta. Não acho
RL – O trabalho com a popu- que usei tecnologia inovadora.
lação carcerária tinha como ob- Usei a linguagem do vídeo, que
jetivo trazer para esse indivíduo me pareceu a forma mais ade-
o entendimento do seu papel quada. Não acredito que seja
na sociedade. Tinha o desejo de uma renovação, mas uma es-
ressocializar esse indivíduo, dar timulação. O novo não existe.
a ele uma consciência. O teatro sempre vive da alqui-
mia dos elementos que sempre
JT – O teatro realmente é ca- existiram. Acredito, sim, na sua
paz de ressocializar qualquer reorganização.
indivíduo, por mais desenca-
minhado que ele esteja? JT – Você trabalha e já traba-
RL – A resposta que eu tive me lhou tanto com jovens atores
dá segurança para dizer que sim. quanto com atores experien-
O homem se transforma quan- tes. Como você vê a nova ge-
“
do ele consegue se ver e ver o ração de atores?
outro através do jogo teatral. RL – Acabo de sair de uma ex-
Inclusive um dos problemas periência muito feliz. Fiz um es-
que tivemos era porque conse- petáculo em homenagem a Fla-
”
dos elementos que sempre
existiram. Acredito, sim, na
sua reorganização
A identidade da
dança
contemporânea
brasileira
Por Ive Andrade
Pablo Ribera / JT
Em maio de 1978, foi apro-
vada a Lei 6.533, que, enm,
regularizou as prossões de
artista e técnico em espetácu-
los teatrais. Assim, os pros-
sionais do teatro passaram a
ter seus direitos de trabalhador COMO SER MEMBRO DA CPT
garantidos. Alguns artistas que
trabalhavam com produções 1) Assistir à reunião de integralização realizada às quartas-feiras às 14h.
coletivas, porém, sentiram que (aproximadamente com duas horas de duração);
era necessária uma organização 2) Entregar documentos no cadastro. O candidato, caso queira, pode entre-
para representá-los juridica- gá-los ao término da Reunião da Integralização;
mente. Foi assim que, em agos- 3) A cooperativa tem prazo de dois a cinco dias úteis para análise dos do-
to de 1979, nasceu a CPT (Co- cumentos;
operativa Paulista de Teatro). 4) Sendo o seu pedido de ingresso aprovado, o candidato será comunicado
Fundada conforme os ter- por e-mail ou por telefone;
mos da Lei 5.764/71, que de- 5) Efetuada esta comunicação, o candidato deverá comparecer ao setor
ne o cooperativismo no Brasil, de cadastro para o pagamento de taxas e assinatura do livro de matrícula.
a entidade surgiu para ajudar os
prossionais a regularizarem INGRESSO INDIVIDUAL
seus trabalhos junto àqueles
Maysa Lepique e Cenne Gots dirigem entidade modelo para o setor Documentos necessários:
que os contratam. “Nós traba-
lhamos com diversas atividades serviços como seguro de vida, A cooperativa é presidida
• Pedido de ingresso devidamente preenchido (no site)
para o mesmo m. Atores, au- estrutura jurídica nos contra- por Ney Piacentini, que conta
• Carta de indicação de um cooperado que esteja em situação regular (no site)
tores, cenógrafos, técnicos de tos, direito de imagens, aulas com o apoio de Cenne Gots, • Cópia do CCM (Cadastro de Contribuinte Municipal) – Inscrição na Prefei-
iluminação, camareiras, todas gratuitas de canto, voz, corpo, Maysa Lepique, Marcos Pava- tura onde você reside
essas prossões são abrangi- inglês e espanhol, ocinas de nelli, entre outros membros • Cópia da folha da carteira de trabalho contendo o número do DRT
das pela cooperativa”, explicou direção, arte social, fóruns e da atual diretoria. O mandato • Cópia do título de eleitor
a vice-presidente da entidade, uma biblioteca com diversas dura dois anos, com possibili- • Cópia do NIT (Número de Inscrição do Trabalhador) - INSS ou PIS/PASEP
Cenne Gots. “Aqui, os pros- publicações”, disse a vice-pre- dade de reeleição. – Inscrição na Previdência Social. A inscrição pode ser feita via internet:
sionais são autônomos. Nós sidente. Todos os cooperados http://www.dataprev.gov.br/servicos/cadint/cadint.html
apenas facilitamos a contrata- tem seus direitos garantidos. CPT 30 ANOS • Cópia do RG, CPF e Comprovante de residência
ção conforme as leis”. Além disso, o pagamento do Este mês, a CPT comemora • Breve currículo
A Cooperativa Paulista de associado é legalizado, tem sua 30 anos e, para festejar o ani- • 2 Fotos 3 x 4
Teatro tem como principais ob- inscrição como autônomo na versário, eventos foram realiza-
jetivos reunir artistas e técnicos, prefeitura, recolhe INSS e paga dos pela própria entidade. Em Taxas para ingresso individual
criando condições para o exercí- imposto de renda, tudo feito fevereiro ocorreu a cerimônia
cio de suas atividades – produzir, através da CPT. do Prêmio Cooperativa Paulis- • Capital Social (quota-parte): R$ 20
criar condições de distribuição, Para se associar, basta assis- ta de Teatro 2008. Em maio, • Matrícula: R$ 35
estabelecer contratos, convênios, tir à reunião de integralização, a 4ª Mostra Latino America- • FAD (Fundo Antecipado de Despesas): R$ 15 mensais.
representar os seus associados que acontece às quartas-feiras, na de Teatro de Grupo. Além
(individual ou coletivamente) às 14h, entregar documentos disso, durante este ano, está Obs.: Necessária quitação das FAD’s até o final do semestre.
e promover cursos, debates e necessários no cadastro (ver em desenvolvimento o Proje-
seminários para qualicar os box) e pedir para ser integra- to Teatro nos Parques, ampla
prossionais. “Nós oferecemos do à CPT. Caso o pedido seja temporada que pretende des- INGRESSO EM GRUPO JÁ CADASTRADO NA CPT
aulas, ocinas e workshops para aprovado, o candidato deverá centralizar o acesso à cultura
Documentos necessários:
que os associados tenham no- comparecer ao setor de cadas- na cidade de São Paulo e levar
vos conhecimentos ou se atua- tro para o pagamento de taxas aos parques públicos da capital • Pedido de ingresso devidamente preenchido (no site)
lizem”, disse Cenne. “Nós sem- e assinatura do livro de matrí- paulista apresentações teatrais • Carta de indicação de um cooperado que esteja em situação regular (no site)
pre visamos o aperfeiçoamento cula. “Nossa exigência é que gratuitas. Com a abrangên- • Autorização do representante para ingresso no grupo (no site)
dos prossionais”, explica. aquele que deseja ser coopera- cia de 32 parques municipais, • Cópia do CCM (Cadastro de Contribuinte Municipal) – Inscrição na Prefei-
Atualmente, são cerca de do por nós tenha o DRT. Tem somando 128 apresentações, tura onde você reside
3,1 mil associados ativos, sendo que ser prossional regulamen- espera-se atingir um público de • Cópia da folha da Carteira de Trabalho contendo o número do DRT
que a CPT é dividida em mais tado da área”, disse Cenne. mais de dez mil espectadores. • Cópia do título de eleitor
de 800 núcleos de produção. “É A CPT responde por gran- Será debatido ainda, nas • Cópia do NIT (Número de Inscrição do Trabalhador) - INSS ou PIS/PASEP
uma empresa igualitária, na qual de parte da produção artística comissões especícas do Con- – Inscrição na Previdência Social. A inscrição pode ser feita via internet:
todos os sócios têm os mesmos teatral do Estado de São Paulo gresso Nacional, outro projeto http://www.dataprev.gov.br/servicos/cadint/cadint.html
direitos e acesso aos mesmos e conta com amplo reconhe- da CPT, que visa a formação • Cópia do RG, CPF e Comprovante de residência
serviços prestados”, disse Cen- cimento de sua qualidade cul- de plateia para o teatro nas uni- • Breve currículo
ne. “Os núcleos são bem exí- tural. Já participou de impor- versidades federais brasileiras. • 2 Fotos 3 x 4
veis. O cooperado pode fazer tantes movimentos teatrais de Paralelamente, será lançado um
parte de um núcleo direcionado São Paulo, e, hoje, é referência livro, escrito em conjunto pelo Caso o interessado não tenha cadastro no CCM e INSS e não possua
ao público infantil e também de em todo o Brasil pelo trabalho jornalista Kil Abreu e pelo ex- DRT ou OMB, seu pedido de ingresso será negado.
um de palhaço, sem qualquer cooperativado na área artística. presidente da agremiação, Luiz
problema”, garante. “Nosso modelo é seguido por Amorim, sobre a trajetória dos Taxas para ingresso em grupo já cadastrado na CPT
Além disso, os artistas coo- muitas associações, como as artistas, técnicos e grupos asso-
perados têm à disposição uma Cooperativas de Música, Dan- ciados nesses 30 anos de vida. • Capital Social (quota-parte): R$ 20
• FAD (Fundo antecipado de despesas): R$ 15 mensais.
empresa estruturada, regular e ça e Culturas Populares”, disse Será dividido em três etapas,
legítima, que dá todo o supor- Maysa Lepique, secretária da cada uma relacionada a uma Obs.: Necessária quitação das FAD’s até o final do semestre.
te necessário. “Oferecemos diretoria do CPT. década da CPT.
12 16 a 31 de Agosto de 2009 Jornal de Teatro
Reportagem
TEATRO
PÚBLICO e sem
LIMITES
Eventos e editais
demonstram que
o teatro de rua está
cada vez mais forte
no Brasil
André Garcia Alvez, articulador da Rede Brasileira de Teatro de Rua e ator da Companhia “Será o Benedito?!”, conhece bem quais as vantagens de realizar peças em praça pública
então, tivemos essa ideia. Os está de parabéns por estar com Foi um gosto trabalhar nesse Hood de atingir um outro tipo a peça. “Utilizamos carros,
grupos já se conheciam, mas esse edital”, comenta. espetáculo”, comentou. de público menos ligado, talvez, ônibus, árvores, equipamentos
não havia esse contato mais O teatro de rua é forma- Um dos grupos de Teatro ao teatro que nos fez assumir o de obra... tudo serve quando
profundo entre os artistas. Co- do por artistas independentes de Rua mais expressivos do desao. Hoje, pelo menos para se faz teatro de rua. A rua não
meçamos, então, a catalogar to- e militantes da cultura, que Rio é o Grupo Teatral de Qua- mim, essa forma de fazer teatro tem limites como o palco e
dos as companhias. É notável acrescentam ao público não tro no Ato, que teve sua forma- é bem libertadora”, diz. isso é justamente o que desejá-
o crescimento do teatro de rua só quantidade, mas também ção em julho de 1994 com ato- Já o ator e coordenador do vamos quando, em 2003, deci-
em todo o Brasil. Na última conteúdo, com o objetivo de res formados em conceituados grupo de Goiânia Teatro que dimos formar esta companhia.
contagem que zemos, só no fortalecer uma cultura mais de- cursos e vindos de importantes Roda, Dionísio Bombinha, o Achávamos que as paredes li-
Rio de Janeiro contabilizamos mocrática no País. Os eventos montagens. “Somos muito fo- legal do estilo é poder utilizar mitavam a nossa arte”, explica.
96 grupos. Os atores têm per- se espalham nacionalmente e cados para a cultura popular e qualquer instrumento do ce- Nas ruas, estão todos livres – e
cebido que é vantajoso traba- festivais podem ser vistos em procuramos levar para as pes- nário urbano para enriquecer sem limites – para criar.
lhar nas ruas. Há muito espaço proliferação em todos os Esta- soas que estão na rua esse con-
para apresentações e o público dos. Nos lugares menos espe- teúdo tão pouco conhecido. Na O TEATRO NAS RUAS LATINO-AMERICANAS
costuma ser bem generoso. A rados alguém pode se deparar rua, além de você ter a oportu-
plateia não é obrigada a pagar com um grupo de teatro de rua nidade de levar a arte ao povo, Na América Latina, pode-se notar, nas ruas das cidades, uma grande
e o meio passa a ser um grande em ação. Durante a Flip (Festa sempre se espera a participação diversidade de práticas teatrais que se expressam em um movimento
espaço de divulgação de traba- Literária Internacional de Para- da plateia. Tem muito mais im- dinâmico e variado. Muito dessa multiplicidade de espetáculos, princi-
lho. Eu mesmo, desde 2002, ty), no Rio, no meio deste ano, proviso porque a qualquer mo- palmente no Brasil, deve-se aos processos de criação cujas raízes se
atuo na companhia Será o Be- o público se deparou com o mento algo pode acontecer. Só relacionam com o período final do regime ditatorial, na chamada etapa
nidito?!, que atua pelas ruas do consagrado ator Paulo Betti em que é esse improviso que ajuda de transição democrática dos anos 80. O teatro de rua ainda é visto
Rio de Janeiro, e conheço bem cena com o espetáculo “Sonho a manter o público”, conta o como uma prática artística que se contrapõe aos discursos autoritários.
as vantagens culturais e nan- de uma Noite de São João”, ba- ator Filippe Neri. A ligação desse tipo de arte com manifestações de caráter político e
ceiras deste tipo de arte”, de- seado em Shakespeare. Em en- Diretor da Companhia sem social, aliás, é antiga. No século 20, grupos de artistas revolucionários
russos, com a “missão” de divulgar suas ideias sociopolíticas. saíram às
clara André Garcia Alvez, ator trevista ao Jornal de Teatro, Máscaras, de São José dos
ruas após a vitória bolchevique de 1917.
e articulador da Rede Brasileira ele falou sobre a importância Campos, Valter Vanir Coelho No Brasil, em 1961, um movimento similar, organizado por um gru-
de Teatro de Rua. de se atuar no asfalto. “É o acredita que há preconceito por po de artistas e intelectuais do porte de Ariano Suassuna, Hermilo Bor-
Sobre o edital da Funarte, espaço mais livre e mais difí- parte de alguns críticos quanto ba Filho e Paulo Freire, entre outros, criaram, em Pernambuco, o MCP
o artista faz elogios, mas pede cil de se trabalhar. A pessoa ao estilo. “Alguns não apreciam (Movimento de Cultura Popular). No mesmo ano surgiria o CPC (Centro
uma amplitude maior do pro- assiste em pé. Quando enche o gênero por não quererem - Popular de Cultura), da UNE (União Nacional dos Estudantes), no Rio de
jeto. “Achei a ideia fantástica e o saco vai embora, toma uma car no sol ou ter de sentar no Janeiro, capitaneado por Oduvaldo Vianna Filho, o Vianninha.
eu, inclusive, já mandei alguns cerveja, fala com o amigo... Eu chão. Nossa última peça, “Do O primeiro registro de teatro de rua contemporâneo no Brasil data
projetos meus para a fundação. tenho verdadeira admiração e Alto do seu Encanto”, inclusi- de 1946, uma iniciativa que envolveu nomes como Hermilo Borba Filho
Só que, na minha opinião, acre- respeito pelos artistas que tra- ve, fala de vários preconceitos e Ariano Suassuna. Nos anos 1970 também há uma efervescência de
dito que a proposta seria bem balham na rua. Em Paraty, pa- da sociedade. Quando optamos, criações do estilo. Aparece, por exemplo, o Grupo Tá na Rua, de Amir
mais interessante se abranges- recia que estávamos num au- há sete anos, por sairmos do Haddad; e do Ventoforte, de Ilo Krugli, em 1974, também no Rio. O gru-
se não só o teatro de rua, mas têntico teatro elizabethano. A palco e irmos para as ruas, sabí- po de Ilo Krugli se mudaria, em 1981, para São Paulo. Em 1976, surge
todo tipo de manifestação de Igreja de Santa Rita e o casario amos das diculdades técnicas o Grupo de Teatro Mambembe, numa iniciativa do Sesc São Paulo, por
arte em público como música, de Paraty ecoavam uma acús- que teríamos, mas era justamen- meio da unidade Consolação, com direção de Carlos Alberto Soffredini.
pintura etc... Só que a Funarte tica perfeita para a nossa peça. te a nossa vontade meio Robin
14 16 a 31 de Agosto de 2009 Jornal de Teatro
Reportagem
Arte de
RUA
Festival Amazônia Encena nasceu com o objetivo de levar as artes cênicas aonde o povo se encontra
Fotos: Divulgação
Por Paloma Jacobina O espetáculo de mamulengo, encena-
do a partir do desejo do ator/boneco
O II Festival Amazônia Encena Severo se casar e que faz de tudo para
transformou Porto Velho na capital conseguir atingir seu objetivo, foi
do teatro de rua brasileiro. Em ple- muito aplaudido pelo público. Ou-
no Rio Madeira, a bordo do barco tros destaques ficaram com as apre-
Nossa Senhora Aparecida, grupos do sentações das montagens “De Olho
Acre, do Amazonas, de Roraima, do na Coisa” e “Velho Justino e suas Po-
Rio de Janeiro e de Rondônia fize- esias Matutas”, com o comediante e
ram a região, considerada o pulmão contador de causos Tancredo Silva.
do mundo, respirar arte, através de Tancredo é o artista acreano que mais
espetáculos, entre os dias 22 e 26 de shows faz pelo Brasil.
julho, que fizeram a alegria daqueles “Fui fazer apenas uma apresen-
que dificilmente entrariam em uma tação no Projeto do Sesc “Balaio
sala de teatro. Cultural”, em São Paulo, e terminei
Criado com o objetivo de pro- passando quase seis meses no estado
porcionar a interação dos inúmeros paulista, apresentando-me em várias
grupos que desenvolvem o teatro de cidades”, conta o artista, que se or-
rua no Brasil, o festival, em 2009, re- gulha de viver exclusivamente de suas
cebeu 10.400 espectadores, um ano apresentações artísticas.
depois de registrar público de apro-
ximadamente de 8.500 pessoas. Adul-
tos e crianças se divertiram durante
DEBATES: OUTRAS ATRAÇÕES
as apresentações diárias, que levaram
ao palco temas alegres, mas, também,
Além da promoção de espetácu-
discussões sobre cultura popular, mi-
los teatrais para o grande público,
tologia e causas sociais.
o Amazônia Encena se destaca por
A ideia, segundo o organizador
discutir o universo do teatro e, em
do festival Chicão Santos, é levar arte
especial, o teatro na rua. Foram nos “Filha da Mata” encantou o público do Festival Amazônia Encena
para locais de difícil acesso e ofere-
debates e mesas redondas com pro-
cer a possibilidade que isto aconteça
fissionais da área que os atores de
onde os expectadores se sintam livres
rua tiveram a oportunidade de trocar
e integrados. “Esse é o grande dife-
informações sobre experiências de
rencial do teatro de rua. Não temos
sucesso e alternativas para os pro-
portas e não impedimos ninguém de
blemas enfrentados pela classe.
entrar ou de sair”, explicou Chicão,
A capacitação também foi uma
acrescentando que o Amazônia En-
preocupação dos realizadores do en-
cena nasceu com o objetivo de vencer
contro, que ofereceram oficinas gratui-
qualquer barreira que impeça o públi-
tas durante a programação. Este ano,
co de assistir a um espetáculo teatral.
três oficinas foram oferecidas e resul-
“Na realidade, o Amazônia Ence-
taram em uma apresentação coletiva,
na na Rua faz parte de uma pesquisa
realizada no dia do encerramento do
que os dirigentes de O Imaginário
evento. Chicão faz um balanço positivo
estão realizando, há algum tempo, so-
do festival e promete ainda mais novi-
bre a melhor maneira de levar as artes
dades para o próximo ano.
cênicas aonde o povo se encontra”,
“Ficamos surpresos com o públi-
explicou o ator, diretor e produtor
co. Nem parecia teatro na rua, pois
cultural, líder do grupo rondoniense
a população compareceu em grande
O Imaginário – que assina a produ-
número, como se fosse mesmo em
ção do festival, patrocinado pela Cai-
uma sala de espetáculo ou em um
xa Econômica Federal com apoio da
teatro fechado”, disse Chico. “Esse
prefeitura municipal de Porto Velho,
fascínio que o teatro de rua trás,
através da Fundação Iaripuna, e do
com esses elementos dos espetácu-
governo estadual, através da Secel.
los que por aqui passaram, é imenso.
Um dos destaques da edição de
Estou muito satisfeito, pois o projeto
2009 foi a produção do grupo do
atingiu todos os seus objetivos”.
Acre “O Homem que Vendeu a alma
ao Diabo e Quase Perdeu seu Amor”. O objetivo do festival é levar arte para locais de difícil acesso e integrar expectadores
Jornal de Teatro 16 a 31 de Agosto de 2009
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Formação
Movimen Profissão palhaço
João Caldas / Divulgação
lio me apresentou a proposta e denitiva, mas realmente uma vas. A técnica instiga a pessoa
eu, como ator, me senti moti- apresentação nunca era igual a a ser criativa e a deixar que o
vado. Quando comecei a dar outra. Até a luz era improvisa- outro te alimente.”
INFORMAÇÕES
A Companhia Elevador de Teatro Panorâ- em São Paulo, ministra cursos e realiza apre-
mico está próxima de completar uma déca- sentações com seu grupo de atores dirigidos
da de existência e já tem sete peças em seu por Marcelo Lazzaratto. Para saber mais:
currículo. Com sede na Rua Treze de Maio, http://www.elevadorpanoramico.com.br Márcio Libar é o criador de “A Nobre Arte do Palhaço”
16 16 a 31 de Agosto de 2009 Jornal de Teatro
Festivais
Divulgação
O grupo pernambucano Magiluth estará em ação no festival A “Ópera dos Três Vinténs”, de Hugo Rodas, é uma das atrações locais no Cena Comtemporânea
Por Ive Andrade com Richard Galliano, im- cena Senhora D”, de Catarina miado trabalho da compa- exceto pelas apresentações
portante figura do jazz fran- Accioly, “Admirável Só Para nhia Armazém, “Inveja dos no Teatro do CCBB, onde o
O Cena Contemporânea cês, em conjunto com o bra- Selvagens”, de Miriam Virna, Anjos”, assim como o elo- preço é R$ 15. Assim como
– Festival Internacional de sileiro Hamilton de Holanda. “A Ópera dos Três Vinténs”, giado “Rainha[(s)]”, de Cibe- no ano anterior, o festival
Teatro de Brasília chega à Ainda no universo musical, de Hugo Rodas, “O Marajá le Forjaz, “Admirável Só Para terá o Ponto de Encontro na
sua décima edição já consa- Angelique Kidjo, diva da mú- Sonhador”, de Eliana Car- Selvagens”, de Miriam Virna praça do Museu Nacional da
grado como o maior festival sica africana, encerra as apre- neiro, “A Casa”, de Adriano e e “Mercadorias e Futuro”, República, onde acontecerão
de teatro da região Centro- sentações. Fernando Guimarães e “Alma incursão teatral do músico shows e atividades de forma-
Oeste e, em 2009, traz uma A dramaturgia francesa é de Peixe”, de José Regino, te- Lirinha, do Cordel do Fogo ção. Além disso, os partici-
novidade: o evento terá uma exaltada na programação in- atro especial para bebês. Encantando, são alguns dos pantes podem participar de
extensão no Sudeste, mais ternacional, que conta com Espetáculos de grupos destaques. oficinas, palestras e encon-
especificamente São Paulo, dois espetáculos: “La Pis- espalhados pelo Brasil tam- Os ingressos custam R$ tros. Para mais informações
no Centro Cultural Banco te Là”, renomado por ser bém trazem suas obras para 16, com meia entrada para e detalhes: www.cenacon-
do Brasil. Entre os dias 2 e uma peça de “puro circo”, o palco brasiliense. O pre- estudantes e aposentados, temporanea.com.br
13 de setembro, serão mais “Appris par ())Corps”, apre-
de 20 espetáculos nacionais sentação que une dança e
e internacionais de teatro e acrobacia. Além desses no-
dança apresentados em 12 mes internacionais, merecem PROGRAMAÇÃO DOS ESPETÁCULOS
teatros da capital brasileira. destaque o canadense “Kiss
A versão paulistana será Bill”, que propõe uma versão Quarta, 2 de setembro par corps - Cie. Un Loup par l’homme 20h - Teatro Newton Rossi -
realizada um pouco antes, no feminina da violência con- 19h - Teatro Garagem SESC - (França) SESC Ceilândia – Admirável
dia 27 de agosto, mas segue tida nos filmes do cineasta Rainhas[(s)] - Cibele Forjaz (SP) 20h - Teatro Paulo Autran - SESC Só Para Selvagens – Miriam
até o dia 20 de setembro com Quentin Tarantino; “La No- 19h30 – Teatro Funarte Plínio Taguatinga - Cru – Alexandre Ri- Virna (DF)
quatro espetáculos da grade che Canta suas Canciones”, Marcos – Ato – Grupo Magi- bondi (DF) 20h - Pavilhão de Vidro do CCBB
geral do festival. A estreia dirigido pelo argentino Da- luth (PE) 20h - Teatro Newton Rossi - SESC - Inveja dos Anjos - Armazém
acontece com “The Hobo niel Veronese, com texto do 20h - Pavilhão de Vidro do CCBB Ceilândia – A Obscena Senhora D – Companhia de Teatro (RJ)
Grunt Cycle (Part 1)”, de- norueguês Jon Fosse; “Delí- - Inveja dos Anjos - Armazém Catarina Accioly (DF) 20h - Teatro da Caixa - Appris par
pois com “Tercer Cuerpo”, rios de Grandeza”, solo do Companhia de Teatro (RJ) 21h - Sala Martins Penna - Kiss Bill - corps - Cie. Un Loup par l’homme
“El País de las Maravilhas” e artista espanhol David Es- Pigeons International (Canadá) (França)
“Dinossauros”, o única peça pinosa; “Duets”, que reúne Quinta, 3 de setembro 21h - Teatro do CCBB - The Hobo 21h - Sala Martins Penna -
nacional da Mostra São Paulo, seis bailarinos israelenses e 19h - Teatro Garagem SESC - Grunt Cycle, Part 1 - Lone Wolf Tri- Kiss Bill - Pigeons International
que encerra as apresentações. “Ausländer”, produção de Rainhas[(s)] - Cibele Forjaz (SP) be (USA) (Canadá)
Dos 23 espetáculos pre- dança contemporânea entre 19h30 - Teatro Funarte Plínio 21h - Teatro do CCBB - The Hobo
sentes na grade em Brasília, Uruguai e Alemanha. Marcos - Ato – Grupo Magi- Sexta, 4 de setembro Grunt Cycle, Part 1 - Lone Wolf
nove são internacionais, sete Entre as atrações locais, luth (PE) 19h - Teatro Garagem SESC - Tribe (USA)
nacionais e sete locais. A 20h - Pavilhão de Vidro do CCBB Rainhas[(s)] - Cibele Forjaz (SP)
sete grupos de Brasília foram
França terá destaque especial - Inveja dos Anjos - Armazém 20h - Teatro Paulo Autran - SESC Ta- Sábado, 5 de setembro
selecionados entre 40 inscri- Companhia de Teatro (RJ) guatinga - A Obscena Senhora D – 16h – Teatro da Caixa – O Marajá
como parte das comemora- tos para se apresentar. Os
ções de seu ano no Brasil: se- 20h - Teatro da Caixa - Appris Catarina Accioly (DF) Sonhador – Eliana Carneiro (DF)
vencedores foram: “Cru”, de
rão quatro shows ao ar livre Alexandre Ribondi, “A Obs-
Jornal de Teatro 16 a 31 de Agosto de 2009
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Festivais
Lili Barbon
Cláudio Etges
“ Om Co Tô? Quem Co Sô? Prom Co Vô?” é sucesso no Floripa Teatro Peça Infantil “Encantadores de Histórias” promete animar a garotada que também deve estar presente no evento
Por Adoniran Peres RECORDE R$ 1.000. “Entre os inscritos, mais espaços culturais alterna- desaos para a consolidação e
DE ESPETÁCULOS escolhemos os melhores do tivos, apresentações ao ar livre reconhecimento dessa arte são
Levar as artes cênicas para Este ano, o Floripa Teatro País, independentemente do em praças da cidade e em lonas assuntos em pauta na palestra
vários pontos culturais e alter- selecionou 30 espetáculos, de Estado”, destaca Sulanger. instaladas em algumas comuni- “Panorama do Teatro Brasileiro
nativos de Florianópolis, além sete estados brasileiros, que fa- dades na Ilha e na região con- Contemporâneo”, que será mi-
de fazer da cidade um espaço rão 138 apresentações durante HISTÓRIA DE SUCESSO tinental. Todas as peças de rua nistrada pelo ator Ney Piacenti-
de intercâmbio entre os gru- 13 dias. O evento recebeu 242 Desde sua criação, em 1993, apresentadas durante o Floripa ni. O evento, aberto ao público,
pos teatrais brasileiros. Estas inscrições de diversas regiões o Floripa Teatro escreve uma Teatro são gratuitas e abertas ao será realizado no Teatro Álvaro
são as metas do 16º Floripa do Brasil – um recorde em trajetória de sucesso. Sulan- público. As peças infantis tam- de Carvalho, dia 22 , véspera do
Teatro (Festival Isnard Aze- relação às edições anteriores. ger Bavaresco, após se formar bém têm entrada franca, com encerramento do festival.
vedo), no qual companhias Além desses, duas companhias no curso de artes cênicas, pela distribuição de ingressos a gru- Entre outras atrações do Flo-
de teatro de todo o Brasil, teatrais foram convidadas para UDESC (Universidade do Es- pos de alunos de escolas públi- ripa Teatro, haverá o lançamento
selecionadas para apresentar fazer a abertura e encerramento tado de Santa Catarina), apre- cas previamente agendadas. do “Almanaque Off-Sina”. A
os espetáculos, ministrarão do festival: a Cia. Leões de Cir- sentou o projeto do evento para Já nas peças de conteúdo publicação reúne o pensamento,
30 ocinas gratuitas pelo se- co Pequenos, do Rio de Janeiro, os órgãos públicos do Estado e adulto, as entradas variam entre as ações e os projetos do Gru-
gundo ano consecutivo. No com “A Descoberta das Améri- do Município. “Tudo foi elabo- R$ 5 (inteira) e R$ 2,50 (meia) po Off-Sina em 21 anos de ati-
evento, que teve início dia 11 cas”; e a Companhia do Latão rado de forma despretensiosa, para estudantes e idosos aci- vidade teatral. O material inclui
e segue até dia 23 de agosto, em São Paulo, com a peça “Co- mas, já na primeira edição, foi ma de 60 anos. De acordo com a síntese e a concepção dos es-
cerca de 300 alunos terão a média do Trabalho”. um grande sucesso. Enviamos a organização do evento, essa petáculos produzidos pela trupe,
oportunidade de contemplar O evento conta com 13 os convites para as prefeituras ampliação da infraestrutura e da criada em 1987, além de ações e
vários pontos de interesse na peças para o público adulto, de várias cidades brasileiras e grade de programação, incluin- projetos, entre eles ocinas, me-
formação de atores, técnicos, seis para o infantil e 13 de rua logo recebemos várias inscri- do mais espetáculos gratuitos todologia e textos sobre teatro
produtores e diretores. e circo-teatro, procedentes dos ções. Naquela época, o sucesso em diferentes regiões da cidade, de rua e circo-teatro.
“Mais que contribuir para Estados de São Paulo (20), do foi tão grande – tanto de ins- faz parte da política da FCFFC O material, que será distribu-
o aperfeiçoamento dos pros- Rio de Janeiro (cinco), de San- critos quanto de público –, que (Fundação Cultural de Florianó- ído gratuitamente aos participan-
sionais da área, os participan- ta Catarina (dois), do Paraná a mídia chegou a batizar o fes- polis Franklin Cascaes) de inves- tes do festival, aborda a natureza
tes terão a oportunidade de (dois), de Goiás (um), de Minas tival como o maior evento de tir na democratização do acesso sensível do teatro, como arte que
desvendar aspectos, técnicas e Gerais (um) e do Rio Grande Santa Catarina, comparando o da população aos bens culturais. transita entre o lúdico, o poético e
processos de tarefas de grupos do Sul (um). Ao todo, 193 artis- Floripa Teatro com a Oktober- o político. Ainda durante o even-
que trabalham com diferentes tas participarão do evento, em fest, um grande evento conhe- VASTA PROGRAMAÇÃO to, a capital catarinense sediará o
linguagens”, explica Sulanger Florianópolis, e contribuirão cido nacionalmente”, conta a Durante os 13 dias do 16º 2º Encontro de Articuladores de
Bavaresco, coordenadora do para fazer a maior grade de pro- idealizadora do evento. Floripa Teatro, além dos es- Teatro de Rua da Região Sul, no
Floripa Teatro, acrescentan- gramação da história do festival. petáculos haverá uma agenda dia 19 de agosto. O evento tem
do que só o fato de as oci- Além de hospedagem e DEMOCRATIZAÇÃO paralela de eventos, com o- como objetivo o fortalecimento
nas serem ministradas pelos alimentação, todos os grupos DA CULTURA cinas gratuitas ministradas pe- das ações da RBTR (Rede Brasi-
próprios grupos já se consti- recebem ajuda de custo. Os Entre as novidades em 2009, los participantes, lançamento leira de Teatro de Rua) no Sul e
tui em um valioso momento que se apresentam pela primei- o festival ampliou o número de de revista, encontro de teatro a discussão de propostas a serem
de intercâmbio entre eles e as ra vez no festival recebem R$ espaços para a apresentação de rua e palestras, entre outras levadas ao encontro nacional da
pessoas que pertencem à área 2.000, enquanto os que estão dos espetáculos. Além dos tea- atividades. As diculdades e organização, que acontecerá em
teatral da cidade. pela segunda vez cam com tros, passam a integrar o evento avanços do teatro brasileiro e os novembro, no Acre.
18 16 a 31 de Agosto de 2009 Jornal de Teatro
Política Cultural
O teatro no Tribunal
Por Pablo Ribera de teatro não tem um histórico JT – Os advogados espe-
Editais
Inscrições para Prêmio de Teatro Myriam Muniz
e Prêmio de Dança Klauss Vianna estão abertas MinC lança Programa de Promoção
da Cultura Brasileira no Exterior
Serão 86 projetos de teatro e 47 de dança viabilizados pela Funarte.
O Ministério da Cultura, através da Diretoria de Relações In-
Estão abertas as inscrições distribuídos por todas as regiões Centro do Rio de Janeiro. Os no- ternacionais, lança um novo programa de Promoção da Cultura
para a quarta edição do Prêmio brasileiras. Dessa forma, a Fu- mes dos prêmios homenageiam a Brasileira no Exterior para dar apoio a artistas com experiência no
de Teatro Myriam Muniz e para narte (Fundação Nacional de Ar- atriz Myriam Muniz (1931-2004), território nacional mas ainda desconhecidos no exterior. O objetivo
o Prêmio de Dança Klauss Vian- tes) dá continuidade à proposta que fez parte da geração precur- do projeto é fomentar e desenvolver atividades voltadas para o
na, que viabilizará a realização de descentralizar seus recursos. sora do Teatro de Arena; e o bai- processo de criação, produção e divulgação do produto cultural
brasileiro nas áreas de música, artes cênicas, artes visuais, artes
de 86 projetos da área teatral e O investimento total da ins- larino, coreógrafo, ator, diretor,
integradas e literatura. O Ministério da Cultura apoiará projetos
47 projetos de dança, voltados tituição no programa é de R$ 10 professor e crítico de teatro e que possam contribuir para a valorização da cultura do Brasil no
para montagem e circulação de milhões, sendo R$ 7 milhões para de dança Klauss Vianna (1928- exterior e aumentar o acesso da produção nacional no circuito
espetáculos ou outras atividades o teatro e R$ 3 milhões para dan- 1992), que criou um método pre- internacional.
especícas dos setores. Podem ça. Os candidatos devem enviar, cursor de preparação corporal O novo programa será disponibilizado no Siconv (Portal de
concorrer grupos e artistas inde- via correio, suas propostas de tra- para artistas cênicos. Convênios) do Governo Federal, no link Sistema de Gestão de
pendentes, inscrevendo-se como balho e documentação completa As inscrições gratuitas serão Convênios e Contrato de Repasses ou no programa de código
pessoa física. Os prêmios, que (disponível no site da fundação) encerradas no dia 3 de setembro. 4200020090078. O programa atenderá projetos mediante proces-
variam entre R$ 40 mil e R$ 150 para a Coordenação de Teatro da A cha de inscrição e o edital so seletivo. As inscrições vão até 11 de setembro.
mil para o teatro e R$ 30 mil à Funarte ou para a Coordenação completo podem ser acessados no
R$ 100 mil para a dança, estarão de Dança da instituição, ambas no site da Funarte, www.funarte.gov.br
Jornal de Teatro 16 a 31 de Agosto de 2009
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Especial
Grupo Corpo abre com pé direito a
“Temporada de Dança” do Teatro Alfa, em São Paulo
Fotos: Divulgação
Opinião
1. Outro dia jantei com amigos e começamos a falar de teatro. Perguntavam se vi tal peça, o 4. Outro dia, falei da Myriam Muniz e contei uma história sobre ela. A Myriam foi diretora, atriz
que penso de certo ator ou autor. Mais: o que achei de trabalhar com este ou aquele diretor. Já e empreendedora. Foi, sobretudo, foi uma grande mestra. Fala-se pouco dela. Foi homenageada
que me conhecem bem, os amigos de mesa e copo sabem de cara que podem esperar pela tão em uma obscura sala de espetáculos do Teatro Ruth Escobar, deu (ou dá) nome a um prêmio de
decantada sinceridade rude ou a honestidade cruel que, por vezes, me são peculiares. Sarcástica, incentivo, mas acho que não é citada em sala de aula. Aliás, penso que são poucos os nomes do
irônica ou avassaladora. Não importa o adjetivo que dêem a ela, minha opinião pertence exclusi- nosso teatro que são mencionados em sala de aula. Em boa parte delas, não se ensina história
vamente a mim, embora pareça interessar a uns e outros. Como se o que eu acho fizesse alguma do teatro ou estética e linguagem teatral; não se menciona seus pensadores; sequer são lidos
diferença àqueles que ainda se dedicam a pensar ou tentar entender o teatro que se faz em São textos de teatro.
Paulo de uns tempos para cá.
5. Da última vez em que trabalhei em uma escola, ouvi frases como: “Você pede para eles
2. O papo começou com o livro do Caetano, “Verdade Tropical”, e sobre o que ele diz de figurinhas lerem demais! Uma peça por semana! Assim eles vão embora!” Ou ainda: “Dirijam peças com
carimbadas do teatro brasileiro. Entre elas Vianinha e Zé Celso. A inquietação artística de ambos, no máximo uma hora de duração. Os convidados reclamam quando as peças são longas... por
a qualidade dramatúrgica do primeiro, a genialidade do segundo. E foi uma longa conversa. Lem- que insistem em Shakespeare e Nelson Rodrigues... seria melhor se adaptassem umas crônicas
bramos da montagem antológica de “Rasga Coração”, com Raul Cortez. Contei da minha emoção engraçadas.” E ainda por cima tem que ser comédia!
assistindo “Mistérios Gozosos” em pleno pátio do Colégio, em um remoto carnaval, ou um “Ham- Na maioria das atuais escolas, o importante é profissionalizar rapidinho o aspirante ao título
let” furioso de oito horas de duração, ambos sob a direção do Zé. Revivi os momentos em que dirigi de ator para que ele, também muito rapidinho, possa fazer um teste na Globo. E, em consequ-
“Mão na Luva”, do Vianinha, em duas montagens estudantis, ao mesmo tempo que recordava a ência, parar de fazer teatro bem rapidinho. Claro que para tudo há raras e honrosas exceções de
montagem histórica com Marco Nanini e Juliana Carneiro da Cunha. todos os lados – escolas, alunos e professores.
3. Reclamei do teatro. Ando queixoso dele. Passei a encará-lo como um amante fútil. Ele deseja Para acabar, voltemos à Myriam. Aprendi com ela que o teatro é, antes de tudo, uma grande
a sua juventude e o despreza quando ela se vai; ao invés de sustentar, alimenta sua vaidade com brincadeira, uma diversão que precisa ser levada a sério. Como qualquer amante. Gostoso,
migalhas de realização e sucesso. Por isso mesmo, atualmente é quase impossível manter com sedutor, criativo. E que dá uma trabalheira para gente conservar na nossa vida!
ele uma união estável. Como em qualquer relação com um amante tão sedutor, desprendem-se *Gerson Steves tem 25 anos de atividades teatrais
as lágrimas pelos rompimentos e reencontros sucessivos; o suor pela dedicação diária; o esforço na cidade de São Paulo, tendo atuado como diretor, dramaturgo,
de matar um leão por dia. ator, produtor e professor. Portanto, é um amante constante do teatro.
São Paulo
Polícia procura irregularidades em bares da classe artística
Por Rodrigoh Bueno Hugo Possolo, do Espaço disse.
Tuca Notarnicola
Peter Weiss:
Fotos: Carlo Bavagnoli
Obras
dos textos de Peter Weiss, tanto A trama, dividida por Weiss em GHUVRQ3UL]HHPR7KR-
‘Marat/Sade’ quanto ‘O Inter- três esferas temporais, se passa PDV 'HKOHU 3UL]H HP R
rogatório’, como eu os leio, é em 1808, em um manicômio Cologne Literature Prize, em
aquela própria de um drama- de Charenton, ao sudeste de H R %FKQHU 3UL]H R
turgo talentoso que, ao abordar Paris (França), onde o Mar- Bremen Literature Prize, o De
um tema dramático, trágico, não TXrVGH6DGHFRPS}HHSURGX] Nios Prize e o Swedish Theatre
1975 - “Estética da Resistência” faz dele um manifesto, uma es- uma peça sobre o assassinato Critics Prize, todos em 1982.
SpFLH GH SDQÁHWR SROtWLFR PDV de Marat, ocorrido em 1793, e A partir de 1970, a produti-
1971 - “Hölderling” apropria-se da historia e da for- WUDWDGRFRQÁLWRLQGLYLGXDOLGD- vidade do autor diminuiu por
1969 - “Trotsky no Exílio” ma poética, já que é arte, e toca de x necessidade de revolução. conta de um ataque cardíaco até
o coração do homem para que 1DSULPHLUDYHUVmR:HLVVÀQD- praticamente parar, em 1973. Pe-
1968 ele não se desumanize”, expli- lizou a peça com um impasse, ter Weiss morreu em Estocolmo
“Como se ensinou o Senhor Mockingpott a dei- ca a diretora Eugênia Thereza mas, posteriormente, sua verve (Suécia), em 1982, aos 65 anos.
xar de sofrer” de Andrade que, por sinal, foi inundada pelo contra-senso fa- 1DGD VLJQLÀFDWLYR R EDVWDQ-
a responsável pela escolha de lou mais alto e o autor concluiu te para apagar aquilo que ele já
“Discurso sobre os Preâmbulos e o Desenvol- “O Interrogatório” para o pro- em favor da revolução. havia deixado para a posterida-
vimento da Interminável Guerra da Libertação de. “O mais marcante em Peter
jeto 7 Autores, 7 Diretores, 7 Após sucesso retumbante, o
Armada contra a Opressão e as Tentativas dos
Encontros – Intolerância, que escritor alemão ainda escreveu Weiss é sua capacidade de nos
Estados Unidos da América de destruir os Ali-
cerces da Revolução” ela coordena no Sesc Consola- para o teatro o musical político mostrar os fatos. Muitos dizem
ção, em São Paulo. A proposta “A Balada do Fantoche Lusita- que seu teatro era documental e
1967 - “A Balada do Fantoche Lusitano” é apresentar sete obras de di- no”, em 1967, que tratou das os documentos são eternos”, re-
ferentes autores sob a temática formas de colonialismo racial sume o produtor André Moretti.
1965 - “O Interrogatório, Oratório em 11 Cantos”
1964 - “Perseguição e Assassinato de Jean-Paul Marat
representado pelo Grupo Teatral do Hospício de Charenton
sob a Direção do Marquês de Sade”
História
Molière, as pancadas e as histórias do teatro
Por Adoniran Peres de toda a Europa. Após o surgimento muito respeitado por Luiz XIV”, destaca.
Reprodução
dos teatros com iluminação elétrica, O professor da PUC-SP explica ain-
Dez minutos antes de começar o es- os momentos anteriores ao espetáculo da que, contrariando as formalidades
petáculo toca o primeiro sinal. Cinco mi- eram marcados com uma campainha das formas criadas por Aristóteles na
nutos depois, toca o segundo. Quando (sinais para as pessoas seguirem para execução de uma peça, Molière trouxe
toca o terceiro, aí, sim, as luzes se apa- os camarotes e frisas) e com o escureci- novas características para as encenações,
gam, abrem-se as cortinas e o silêncio, mento da sala. Pablo Moreira acrescenta na qual não se respeitava o tempo nem
assim sugerido, dá espaço à viagem, na que, naquela época, era comum fazer a estrutura de uma peça. Ele fazia co-
qual tudo é possível: o público mostra- as refeições nos teatros. “Além de ser o médias para o povo e retratava o povo
se visivelmente preparado para embar- ponto de encontro da população, o que com temas da vida cotidiana, em que os
car, a história é contada, a mensagem é causava uma grande bagunça”, diz. contrários se confrontam.
lançada e os artistas, consequentemen- “Parecia que tinha um pé onde es-
te, já estão concentrados para encarnar PANCADAS tavam os menos favorecidos nancei-
os personagens. Por mais estranho que Hoje, na maioria dos textos sobre te- ramente, que é da onde veio, e outro
possa parecer, tudo tem uma origem e atro disponíveis em sites e blogs na inter- na aristocracia. Molière sabia lidar com
esses sinais têm uma história. net, é possível se constatar que a palavra essas questões e ainda conseguia ser res-
No teatro vicentino, os sinais eram campainha é trocada pela antiga “Panca- peitado. Ele inventou de forma inteli-
manifestados através de gritos. Já no das de Molière”. Um grupo de teatro cha- gente uma nova maneira de fazer teatro
século XVII, na França, criado por mava a atenção pelo nome – As Pancadas e conseguia fazer isso contrariando o
Molière, foi batizado de “as pancadas”. de Molière não dói (sic), uma mistura do poder, sem ser censurado”.
Naquela época, a plateia francesa era funk carioca “Um Tapinha não Dói” – Segundo Moreira, Molière usava
barulhenta e agitada, as peças tinham com as históricas pancadas. Atualmente, muito da improvisação, elaborava cenas
uma cena inicial para acalmar o público o grupo usa o nome Pancadas. Segundo de aproximação dos artistas com a pla-
e impor o silêncio. Com o mesmo obje- Moreira, a palavra, quando trocada, pode teia, permitia uma fala mais coloquial,
tivo, Molière criou as suas três pancadas, ser usada e soar como ironia, dependen- fazia uma comunicação crítica com
usadas até hoje para avisar à plateia que do do tom e da circunstância que o autor brincadeiras, contextualizando as ques-
o espetáculo vai começar. utiliza. “No próprio espetáculo, hoje po- tões sociais e, às vezes, até criticava os
Segundo Pablo Moreira, coordena- demos interpretar as campainhas como próprios atores durante a peça. Além de
dor do curso de artes cênicas da PUC-SP uma metáfora. O barulho da campainha tudo isso, ele ainda inovou, ao colocar
(Pontifícia Universidade Católica de São ainda faz a aproximação entre os artistas mulheres para encenar, algo que até en- Molière pintado por Pierre Mignard
Paulo), o número das pancadas de Moliè- e a plateia. Quer dizer: atenção! Pode ser tão não acontecia”, naliza.
re eram várias e não existia uma forma- entendida como uma maneira de que é a
lidade na quantidade, como hoje, com as hora abrir a cabeça para o início da apre-
campainhas. “Primeiro ele tentava acal- sentação ou qualquer questão que possa
mar o público com várias pancadas com
as batutas ou um pedaço de madeira no
chão. Depois, quando a plateia já estava
imaginar”, explica Moreira.
MOLIÈRE E O TEATRO
www.jornaldeteatro.com.br
calma, vinham as três pancadas em uma NA FRANÇA
mesma sequência”, revela. O primeiro teatro público francês
Segundo Edélcio Mostaço, professor surgiu em 1548, mas apenas no século
de História da Arte, da Udesc (Universi- XVII surgiram os mais célebres autores
dade do Estado de Santa Catarina), en- franceses dos tempos modernos: Cor-
tre as pancadas e o sinal há uma longa neille e Racine, que escreveram tragédias,
evolução da prática no teatro. Todavia, e Molière, que foi o criador de adoráveis
o objetivo é o mesmo: avisar que a peça comédias. Molière, com as pancadas, es-
irá começar. “Se alguém vai ao banhei- creveu uma parte da história do teatro,
ro ou comprar balas, por exemplo, sabe mas o capítulo mais importante de sua
que tem um tempo determinado para biograa cou por conta da Comédie
voltar. Considere que esses sinais surgi- Française, primeira companhia pública
ram em uma época na qual os teatros ocial de teatro do mundo, fundada por
eram imensos e antigos, a plateia cava ele, em 1680, e abençoada – ou patroci-
circulando pelos corredores antes do nada – por Luiz XIV, no século XVII.
início da peça e ir de um lugar a outro “Essa sede está em funcionamento até
era longe. Por outro lado, os espetáculos hoje, ao lado do Palácio Real. As peças
reuniam dezenas de artistas, que cavam dos grandes autores franceses, como de
dispersos nos camarins. Os sinais eram Corneille, Racine e Molière ainda são
operados pelo contrarregra, como con- encenadas”, explica o professor da PUC-
venção para a reunião geral de artistas SP. Entre as obras de Molière estão “As
(no palco) e público (sentados na pla- Preciosas Ridículas”, representada em
teia) para abrir o pano”, explica Edélcio. 1659, “O Burguês Fidalgo”, de 1670, e
O professor da Udesc acrescenta, “O doente Imaginário”, de 1673.
ainda, que as famosas “pancadas de
Molière” surgiram em função das espe- DO POVO
cicidades do fazer teatral no período. Segundo Moreira, Molière escreveu
As apresentações eram realizadas no Pa- uma nova forma de fazer teatro e, mes-
lácio de Versalhes, residência do rei Luiz mo criando temas dentro da peça que
XIV e sua corte, em um ambiente no contrariavam o governo da majestade da
qual não havia divisão rígida entre pal- França, ainda assim conseguiu o respei-
co e plateia. Era apenas um amplo salão to de Luiz XIV. “Molière era um grande
do palácio, não uma sala de espetáculos. autor de comédia popular. Além de levar
Como a corte era ruidosa e não havia as suas peças para a população, se apre-
iluminação elétrica naquela época, o sentava também com exclusividade para
modo encontrado de marcar o início do
espetáculo foi através de ruídos – pan-
o rei em seu palácio. Quando a peça era
apresentada aberta para população, Luís
Todo o universo do teatro em um só jornal
cadas no chão – para fazer silêncio. XIV chegava a subir até ao palco para
Segundo o professor da Udesc, esse participar. “Ele fazia também duras crí-
hábito se disseminou nas demais cortes ticas à aristocracia e, mesmo assim, era
Jornal de Teatro 16 a 31 de Agosto de 2009
23
Internacional
Uma breve nostalgia parece ter tomado conta de nossos colunistas internacionais. Seria a saudade do Brasil? Direto
de Los Angeles, Luciana Chama resgata um momento de paixão intensa com o teatro, um encontro que aconteceu
quando viu o espetáculo “Rent”, no Brasil. A experiência de já ter sido fã pode se transformar em negócio. Saiba como!
Já Adriano Fanti aumenta o volume da cena londrina com brilhantina e muito rock´n roll. Em suas memórias
estão os espetáculos que já abordaram o tema, com destaque para as coreografias, figurinos e todo o visual
que marca os espetáculos. Let´s go!
seu fascínio, dedicação e dinheiro. A ciativas. Mesmo quando a publicida- geld, The Drifters, Sonny and Cher,
internet e o avanço da tecnologia tem de é negativa, o fã dedicado nunca The Supremes, Roy Orbison, Everly
elevado a experiência do fã a níveis pula do barco. Amor de fã, esse sim Brothers, The Monkees, Neil Sedaka e
sem limites. No mercado da música dura para sempre. outros – acaba de ter uma temporada
de sucesso no West End.
Bill Sellat