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MATO GROSSO
Leodete Benedita de Souza Miranda e Silva 1
e-mail: leodetemiranda@ig.com.br
RESUMO
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Introdução
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utilidades no ensino da geografia, pois portam uma incrível
capacidade de comunicação, sintetização de informações,
espacialização de dados, etc. Desta maneira, servem como ferramenta
para o aluno compreender e refletir o seu espaço, a sua realidade, visto
que “a representação do espaço através de mapas permite ao aluno
atingir uma nova organização estrutural de sua atividade prática e da
concepção do espaço” (Almeida; Passini, 1994).
A concepção de um Atlas geográfico para escolares tem como
proposta básica, a de não ser apenas uma coletânea de mapas, prontos
e acabados, mas sim, de compor uma organização sistemática de
representações trabalhadas com finalidade intelectual específica,
permitindo incluir num só volume mapas, textos, fotografias, gráficos,
imagens, entre outras formas de representação da informação a
respeito do espaço.
Para Le Sann e Almeida (2003), ao Atlas é “uma publicação
formada por um conjunto de mapas acompanhada, ou não, de
diagramas, textos explicativos, glossário, bibliografia e outros
documentos anexos”.
Conforme Le Sann (1995), citada por Silva (2002), a Atlas
escolar municipal tem por objetivo organizar um conjunto de
informações sobre determinado município, em função dos conceitos
geográficos básicos.
Os Atlas municipais escolares devem integrar um conjunto de
materiais cartográficos que possibilitam desenvolver atividades
significativas para o ensino de conceitos e conteúdos da Geografia,
História e Ciências no Ensino Fundamental (Oliveira e Almeida,
1994)
Para Almeida, (2000) “a produção de Atlas escolares deve
realizar-se com a colaboração entre especialistas em Cartografia,
educadores e professores. Caso contrário, corre-se o risco de criar
Atlas visualmente agradáveis e tecnicamente corretos, mas
inadequados para o uso escolar.” Ou seja, é imprescindível que o
Atlas contemple as reais necessidades do professor em sala de aula.
Na recente regulamentação da Lei de Diretrizes e Base da
Educação Nacional-LDB, Lei nº 9.394 de 20/12/96 , que disciplina a
educação escolar, o ensino de Geografia é obrigatório nos currículos
do ensino fundamental e médio (Brasil, 1996).
Os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs apresentam
sugestões para a organização do ensino fundamental. Segundo esse
documento, o ensino de Geografia da 1ª à 4 a série do ensino
fundamental poderá ser oferecido junto com o conteúdo de História
(Brasil, 1997). Nessa fase, conforme afirma Mello, (1999), devido à
organização curricular, os livros didáticos podem ser organizados por
série. Da 5ª a série em diante, estas duas disciplinas são
desmembradas, o que é uma característica do currículo disciplinarista.
A partir de então, os livros didáticos são escritos para cada ano escolar
e para cada disciplina.
No caso da Geografia, os professores adotam livros didáticos,
que são, geralmente, organizados nas unidades espaciais: mundo, país
e/ou regiões. De acordo com a LDB, “os currículos do ensino
fundamental e médio devem ter uma base nacional comum, a ser
complementada (...) por uma parte diversificada, exigida pelas
características regionais e locais da sociedade, da cultura, da economia
e da clientela” (Brasil, 1996). Para o ensino de Geografia, os PCNs
consideram que “a paisagem local e o espaço vivido são as referências
para o professor organizar seu trabalho” (Brasil, 1997).
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Uma das grandes dificuldades apontadas pelos alunos do ensino
médio das escolas públicas nas provas do Exame Nacional do Ensino
Médio –ENEM, referem-se a interpretação de mapas. Os Atlas
Escolares , na condição de instrumentos pedagógicos deveriam ser
presença obrigatória nas salas de aula da Geografia.
Entretanto, observa-se que, para a maioria das escolas brasileiras,
há uma carência de material didático local, para estudar o espaço
vivido pelo aluno, quer seja a cidade, o município e o estado onde
mora. Devido essa carência de material, vários trabalhos vêm sendo
realizados no sentido de contemplar o conhecimento do lugar onde o
aluno reside, através principalmente da elaboração de Atlas escolares
estaduais e municipais.
Na cartografia escolar a uma linha de pesquisa que se baseia nos
pressupostos teórico-metodológicas na produção do conhecimento do
ensino pelo mapa, - o lugar - ao distante desconhecido - o espaço
mundial.
No Brasil, diversos grupos vêm desenvolvendo pesquisas e
trabalhos tratando do ensino da Geografia escolar (Almeida e Passini,
1994), (Almeida: 1994), (Almeida, Passini e Martinelli: 1991),
(Oliveira e Almeida: 2000), (Martinelli: 1998). (Simielli: 1996) Entre
as contribuições mais significativas encontramos aquelas direcionadas
à fundamentação, ao desenvolvimento e à produção de materiais
didáticos, que propõem subsidiar práticas de ensino de Geografia. E,
nesse processo, temos nos últimos anos a edição de diversos Atlas
Estaduais e Municipais, alem dos Atlas Nacionais com destaque como
podemos citar o Atlas do Ceara, Rondônia, Amapá, e outro que
contribuem para a educação escolar brasileira.
Meneguette, Meneguette e Girardi (2003), ao elaborarem um
Atlas interativo do Pontal do Paranapanema/SP, enfatizam que o
conhecimento dos aspectos da região onde vivem os alunos auxilia e
facilita o processo ensino-aprendizagem. Os autores destacam ainda a
potencialidade desses materiais enquanto recursos pedagógicos
disponíveis aos professores, que passam a contar com mais um
instrumento didático de apoio ao planejamento de ensino.
Vários estudos foram realizados no sentido de avaliar a
eficácia da utilização dos Atlas Escolares Municipais em sala de aula.
Oliveira e Pierson (2001) analisaram a prática docente aliada à
utilização de mapas municipais em Limeira/SP. Esses autores
apontam que os mapas municipais e o conseqüente estudo da
localidade têm contribuído para um processo de ensino-aprendizagem
mais significativo, já que se trata de aspectos do lugar vivido pelos
alunos e professores. Estes últimos se identificam com o lugar onde
ensinam, o que se constitui em um saber valioso para o professor, cujo
conhecimento foi construído através da experiência vivida no lugar.
Para o ensino de Geografia, uma forma de contemplar o
conhecimento da realidade local é a representação cartográfica, pois
os mapas, conforme afirma Santo, (2001), desenvolvem uma visão
crítica com relação àquilo que é representado. Dessa forma, a
cartografia constitui- se em um instrumento didático importante para o
ensino da Geografia local.
O Atlas utiliza a linguagem cartográfica para representar os
fenômenos geográficos, a qual, de acordo com Carvalho e Felipe
(2002), “tem um enorme poder como recurso para a leitura dos fatos e
ocorrências espaciais”.
Na Universidade Estadual Paulista-UNESP, sob a coordenação
da Professora Rosângela Doin de Almeida, professores do ensino
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fundamental desenvolveram o projeto intitulado “Integrando
universidade e escola através da pesquisa em ensino: Atlas municipal
escolar”, cujo objetivo é construir material didático e procedimentos
de ensino para o estudo da localidade de três municípios paulistas,
bem como promover o processo de educação continuada entre os
professores participantes (Oliveira e Pierson, 2001).
O processo de elaboração do Atlas Geográfico de Mato
Grosso iniciou-se em 1995, no curso de especialização em cartografia,
da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT. O projeto foi
desenvolvido no Laboratório de Cartografia do Departamento de
Geografia da própria Universidade, com a participação de professores
da rede de ensino.
O formato escolhido para a publicação do Atlas, justifica-se
pelo formato do limite político-administrativo do estado e a
praticidade de manuseio do público alvo. Foi fundamental a
participação de professores da rede estadual e municipal de ensino,
que relatou a necessidade/dificuldade existente para reproduzir
material cartográfico-didático de temas regionais, para trabalhar com
os alunos em sala de aula, e a estrutura temática foi adequada ao
conteúdo programático do ensino fundamental da rede estadual e
municipal de ensino.
O ensino de noções de cartografia, linguagem que compreende um
sistema semiótico complexo que requer o conhecimento de categorias
formais específicas, merece destaque, pois, conforme o grau de
domínio de seu sistema lingüístico, poderá contribuir para a
interpretação dos conteúdos selecionados pela Geografia escolar
(Bertin: 1973).
Nessa perspectiva, para a efetiva promoção da aprendizagem, e
garantia do sucesso escolar,faz-se necessário que o tratamento dos
conteúdos das diferentes disciplinas sejam, de forma consciente,
integrados ao domínio das diversas linguagens constituintes do
universo comunicativo.
Os Atlas municipais abordam diferentes aspectos da localidade e,
de forma geral, seguem tópicos consagrados pelos conteúdos
selecionados pela Geografia escolar, como: localização geográfica;
processo Histórico de ocupação; clima (variação térmica,
pluviométrica); vegetação original; geologia, geomorfologia, tipos de
solo; rede hidrográfica; uso do solo urbano e rural; demografia;
mobilidade da população, circulação de mercadorias, entre outros.
Nesse sentido, fica aberta a possibilidade de tratamento de
diferentes conteúdos (temas, conceitos e categorias), tradicionalmente
selecionados pela Geografia escolar, integrados ao conhecimento do
espaço vivido pelos alunos da comunidade escolar local.
O Atlas em geral possibilitam o desenvolvimento de trabalhos
metodológicos em que cada conjunto de conteúdo, podendo envolver
propostas de atividades ou exercícios que promovam a investigação, a
observação, a descrição, a correlação dos elementos vividos com os
contemplados pelo currículo oficial.
Assim, colocamos a importância do desenvolvimento de projetos
de elaboração de Atlas municipais e Estaduais, que além de
contribuírem com a produção de materiais didáticos destinados as
escolas de Ensino Fundamental e Médio do país, tais projetos
mostram-se importantes para o desenvolvimento de trabalhos
acadêmicos. Porém deve ser feita a verificação dos materiais didáticos
disponíveis sobre a localidade a ser mapeada, estabelecido os
objetivos do Atlas no que diz respeito à forma e conteúdo.
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Considerando o potencial de integração ensino, pesquisa e
extensão e a necessidade de estimular trabalhos no campo, de
produção de matérias didáticos-pedagógicos, apresentamos, de forma
sucinta, algumas etapas de elaboração do projeto de produção de Atlas
Estadual de Mato Grosso.
Coleta de dados
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As informações contidas no mapa base, foram as que
frequentemente são utilizadas na representação de mapas em Atlas
Geográficos, como: limite estadual e internacional com a
denominação, coordenadas Geográficas, principais hidrografias com
denominação, capital estadual e principais núcleos urbanos,
Escala gráfica e numérica, fonte e outros.
Mapas temáticos
Resultados
CARTOGRAFIA
Da Paisagem ao Mapa
Projeção
Escala
Paisagem Transformada
Da Imagem ao Mapa
MATO GROSSO – TEMAS
Físico
Geologia
Geomorfologia
A Construção do Território
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Evolução Político-administrativa
Político
Microrregioes Homogeneas
Clima
Hidrografia
Solos
Vegetação
Pantanal
Fauna
Terras Indígenas
Áreas Protegidas
Recursos Minerais
Transporte
Energia
População
Zoneamento Sócio-economico Ecológico
Estrutura Fundiária
Uso da Terra
Agricultura
Pecuária
Economia
Turismo
Impactos Ambientais
Educação
Integração
Migraçao
Considerações Finais
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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ALMEIDA, Rosângela Doin de & PASSINI, Elza Yasuko (1994). O
espaço geográfico – ensino e representação. São Paulo: Contexto.
ALMEIDA, Rosângela Doin de (1994). “Uma proposta metodológica
para a compreensão de mapas geográficos”.Tese de doutorado,
FEUSP, datil.
ALMEIDA, Rosângela Doin de, PASSINI, Elza Yasuko e
MARTINELLI, M. (1999). “A cartografia para crianças:
alfabetização, educação ou iniciação cartográfica?” Boletim de
Geografia, ano 17, n.º 1. Departamento de Geografia, UEM. Maringá.
ANDERSON, J. & VASCONCELLOS, R. “Mapas para e por
crianças: possíveis contribuições dos cartógrafos”. Anais, I
Colóquio Cartografia para Crianças. Rio Claro: LEMADI-USP /
LEG-UNESP, 1995.
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MARTINELLI, M. Orientação semiológica para as representações
da Geografia: mapas e diagramas. In revista Orientação (8), IGEOG-
DG/USP. São Paulo, 1990 (p.55-62).
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