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MACAÉ - RJ
Glaucio José Marafon, Miguel Ângelo Ribeiro, João Rua, Aluisio de Araújo da Costa Junior, Andréa
Teixeira Acioli Ferreira, Augusto da Costa Ribeiro Neto, Caio César Andrade Bezerra da Silva, Dayane
Moraes Vidal, Eduardo Araujo de Melo, Ícaro Azevedo, Jurandir Amaro Junior, Leandro Ribeiro
Cordeiro, Renata da Silva Corrêa, Sâmea Silva de Melo Barcelos, Vinicius Neves Vasconcelos
Instituto de Geografia - UERJ
Resumo
O Instituto de Geografia da UERJ, através do NEGEF (Núcleo de Estudos de Geografia Fluminense), ao
longo dos seus dez anos de trajetória desenvolvendo trabalhos sobre o espaço fluminense, acumulando
materiais informativos, objetivando colaborar para a ampliação (qualitativa e quantitativa) do
conhecimento sobre o Estado do Rio de Janeiro. O grupo de alunos e professores responsáveis por estes
estudos, de caracterização do Território Fluminense teve a iniciativa de organizá-los didaticamente, e em
linguagem acessível, sob a forma de Atlas Municipais, a fim de divulgar os conhecimentos apreendidos,
face à ciência do conhecimento territorial do Estado do Rio de Janeiro, mesmo que contemplando o seu
município de estabelecimento.
Essa publicação apresenta aos estudantes das escolas de Macaé um riquíssimo material composto por
textos, fotos, mapas, tabelas e gráficos relacionados ao município onde vivem, possibilitando maior
conhecimento do território municipal, localizando-o em relação ao Estado e referenciando as interações
realizadas com os municípios fluminenses. Este Atlas pretende atuar no processo de construção da
identidade do estudante, além de fornecer aos professores instrumento de trabalho e objeto de estudo em
sala de aula que possibilitem maior entendimento, de forma abrangente e esquematizada, das dinâmicas
(naturais e humanas) presentes no município de Macaé. Seus objetivos são:
A ocupação da área do atual município de Macaé remonta ao início do século XVII, tendo o seu
núcleo inicial progredido com o apoio da economia canavieira, em torno da antiga Fazenda dos Jesuítas de
Macaé (1630), constituída de engenho, colégio e capela situada no Morro de Santana.
O desenvolvimento da localidade motivou sua elevação à categoria de vila em 1813, sob o nome
de São João de Macaé e, também, o seu desmembramento dos atuais municípios de Cabo Frio e Campos
dos Goytacazes. No período colonial a vila evoluiu rapidamente, favorecida pela posição geográfica de
maior acessibilidade ao Norte Fluminense, passando à categoria de cidade em 1846.
No período republicano, a cidade foi mantida como sede do município de Macaé, embora tivesse
sofrido várias modificações em sua malha distrital. A ultima modificação ocorrida foi em 1999 quando
Frade passou de aglomerado urbano a distrito do município de Macaé. Antes, em 1990, já havia ocorrido o
desmembramento de Quissamã, o qual, atualmente, apresenta-se como um município da Região Norte
Fluminense.
O açúcar e o café, historicamente, tornaram-se a principal atividade econômica de Macaé, além de
impulsionadores do crescimento demográfico nos séculos XVIII e XIX. No século XIX, foi construído um
importante sistema viário. Com a chegada da linha férrea, o porto de Macaé perdeu a sua importância e a
cidade entrou em declínio, permanecendo assim até meados do século XX, especificamente até o ano de
1974. A descoberta de petróleo, nesse ano, no litoral do Rio de Janeiro, propiciou grandes mudanças
estruturais na economia de alguns municípios litorâneos do Norte do Estado, a exemplo de Macaé
(território onde se instalou a Petrobrás), assim, alavancando e diversificando outros setores de sua
economia, além de vivenciar um acelerado crescimento demográfico, desenvolvendo novas práticas
espaciais.
Possuía no ano 2000, segundo o Censo Demográfico do IBGE, 132.461 residentes, distribuídos
em 1.206.000 km² de área territorial, que se constituía de área predominantemente rural (1.139,1 km²). Do
total de habitantes, 126.007 ocupavam o espaço urbano compondo uma taxa de urbanização de 95,1%,
superior àquela existente no início da década de 1990, de 91,4%. Este processo é resultado do maior
adensamento populacional na área urbana litorânea. Porém, tal passagem de um município de caráter rural
para urbano é conseqüência do período de 1960/70, ainda mais intensificado com a instalação da Petrobrás
em território macaense. O município cresceu, nos últimos 30 anos, três vezes mais que o Estado do Rio de
Janeiro (3,9% contra 1,3%).
A análise comparativa entre o número de habitantes da área rural e da área urbana revela
como o crescimento da população urbana ocorreu de forma mais acentuada a partir da década de
60 (vide gráfico 2). Como resultado, observa-se um maior adensamento populacional na área
urbana litorânea. A taxa de urbanização acumulada é de 95,1% e indica que o município cresceu,
sendo que, em 1980 era de 82,5%, o que indica o crescimento de atividades econômicas ligadas à
área urbana (no caso de Macaé ligadas à indústria do petróleo e ao setor de serviços). Os índices
anuais de crescimento demográfico são de 3,9% (Macaé) contra 1,3% (Estado do Rio de Janeiro).
Gráfico 2 – Crescimento total da população rural e urbana de Macaé 1940 – 2000
No que tange a densidade demográfica, o Mapa 3 indica que a maior densidade está no
distrito sede: o de Macaé, que possui cerca de 347,9 habitantes por Km2, ou seja, uma densidade
demográfica muito superior à dos outros distritos. Fato justificado por esse distrito concentrar
maior parte de infra-estrutura urbana, indústria, comércio e serviços do município, como
mencionado anteriormente.
Mapa 3 - A densidade demográfica por distritos de Macaé
O espaço geográfico pode ser considerado como o local onde os seres humanos vivem e
produzem constantes modificações. O espaço, ocupado e organizado pelas sociedades humanas,
torna-se, desta forma, o resultado da ação humana ininterrupta sobre a natureza explorada.
De acordo com essa perspectiva, a natureza é considerada a fonte necessária para a
sobrevivência do homem sobre a Terra. Ela é submetida à ação das sociedades ao longo dos
séculos, sofre modificações, torna-se modificada, humanizada ou segunda natureza.
A construção do espaço geográfico é um processo histórico e contínuo, em que o ser
humano tem um papel modificador, desestruturante, por um lado, e, ao mesmo tempo, assume o
papel de organizador desse espaço. Há aproximadamente 10 ou 15 mil anos, a humanidade
aprendeu, com as suas técnicas rudimentares, a domesticar animais e a utilizar o solo para a
agricultura. Contudo, foi a partir do século XVIII que a ação do homem sobre a natureza ganhou
um teor comercial e organizado de forma a estruturar o que chamamos de economia capitalista,
baseada na propriedade privada, no trabalho assalariado, no uso do dinheiro como capital, entre
outras características. Com o desenvolvimento das técnicas agrícolas, da revolução das máquinas
e da lógica capitalista, surge o processo que resultou em uma crescente industrialização e em uma
urbanização desenfreada.
Desde modo, a ação do homem sobre a natureza é tradicionalmente dividida de acordo
com as formas produtivas, ou seja, classificada em três grandes setores de atividade econômica.
Mesmo que as atividades econômicas tenham se tornado mais interligadas e complexas, tornando
difícil manter esse esquema de três setores, ainda o utilizamos por ser de uso comum na
sociedade contemporânea. Assim, são analisados os setores tradicionais da economia: Primário,
Secundário e Terciário.
3.1 - Os setores Primário, Secundário e Terciário no município de Macaé
Conforme indicado pela Fundação CIDE, o município de Macaé participa com 1,49 %
do PIB estadual e com 51,10% do PIB da região Norte Fluminense. Analisando a divisão através
dos setores da economia, podemos observar a pouca expressão do setor primário na estrutura
produtiva macaense em comparação aos outros setores da economia. Entretanto, pode-se destacar
o cultivo da banana e a pecuária extensiva de corte, caracterizadas por um trabalho executado nas
áreas rurais do município, especificamente onde se inicia a elevação de altitude em direção à
região serrana.
Setor primário: aquele que está diretamente ligado à natureza e à produção de matérias-
primas. Nesse setor, podemos incluir atividades como: agricultura (Figura 1), extração
mineral, criação de animais, pesca etc.
A hidrografia é muito influenciada pelo relevo (rios de planalto/ rios de planície), pelo
clima (maior ou menor precipitação e umidade) e pela vegetação (formação e preservação dos
mananciais). No mapa 4, pode ser visualizada a bacia hidrográfica do Rio Macaé.
MAPA 4 – Bacia Hidrográfica do Rio Macaé
Assim, sem levarmos em conta as múltiplas interações que marcam a dinâmica natural,
realizaríamos um estudo descritivo, parcial e antidinâmico.
Separamos os elementos componentes daquilo que alguns denominam “quadro natural”
somente para efeitos de exposição. Aconselhamos que todos sejam trabalhados em conjunto, para
que os alunos compreendam o movimento do ambiente natural, assim como devem entender o
movimento do ambiente social – duas dinâmicas que interagem formando o espaço geográfico.
É preciso compreender que, ao se alterar um componente da natureza ou da sociedade,
modifica-se o conjunto da dinâmica natural ou da dinâmica social e, também, altera-se a
totalidade, que é o espaço geográfico e os movimentos que o animam.
4.1 - Macaé e sua paisagem
A abordagem da dinâmica natural em suas múltiplas interações não diz respeito apenas
aos processos que se relacionam com os elementos físicos que a compõem. Mais que isso, a
evolução destes processos somada ao próprio movimento da sociedade macaense sobre esta base
material constituem a paisagem de Macaé.
Assim, as interações que se manifestam entre o clima, a geologia, o relevo, o solo, a
vegetação e a hidrografia influenciam e são também influenciadas pela dinâmica social, seja
através da economia com a extração do petróleo, por exemplo, seja através do movimento da
população.
A paisagem de Macaé, bem como os elementos que lhe dão forma e conteúdo, é
dinâmica e reflete os movimentos dos ambientes natural e social a ela relacionados.
Considerações finais
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