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1

Equação de Schrödinger e
Suas Aplicações

André Luis Bonfim Bathista e Silva

Instituto de Física de São Carlos – Universidade de São Paulo


São Carlos – 2003
2

1 Introdução

Em 1926, o físico austríaco Erwin Schrödinger (1887-1961) publicou quatro trabalhos


nos Annales de Physique Leipzig (1) nos quais desenvolveu a sua famosa Mecânica Quântica
Ondulatória, cujo resultado principal é a equação para as órbitas estacionárias dos elétrons
atômicos, a igualmente famosa equação de Schrödinger:

2
∇ Ψ( x, y, z ) +
h2
2m
[ ]
E − V( x, y, z ) Ψ( x, y, z ) = 0 [1]

Em relação ao trabalho de Bohr, o trabalho de Schrödinger foi bem mais completo. Uma
vez que prevê também o seguinte:

• As autofunções são correspondentes a cada autovalor.


• Prevê o cálculo da probabilidade de um determinado estado.
• Prevê o cálculo da probabilidade de transição de um estado para outro.
• Calcula os momentos angulares orbitais.

A equação de Schrödinger nada mais é que uma equação diferencial de segunda ordem,a
qual podemos aplicar para um sistema como o átomo de 1H e calcularmos os seus níveis de
energias correspondentes. Historicamente foi o primeiro sistema que Schrödinger tratou, onde os
autovalores de energia são os mesmos que previstos por Bohr.
3

2 Construção da Equação de Schrödinger

Primeiramente temos que resolver um problema de dois corpos. Neste caso, podemos
reduzir o sistema de dois corpos a um sistema de um corpo (2), considerando a massa reduzida
do sistema:
m1m2
µ= [2]
m1 + m2

Este é o termo que é introduzido na equação Schrödinger e podemos adquiri-lo através do


cálculo do centro de massa e para acharmos o centro de massa temos que fazer a seguinte
igualdade m1r1=m2r2 e se variarmos r logo teremos o centro de massa. Considerando m2>>m1
m1r1 = m2 r2 [3]
r = r1 + r2 [4]
r1 = r − r2 ; r2 = r − r1 [4.1]
Substituindo [4.1] em [3] obtemos,

m2 m1
r1 = r e r2 = r [5]
m2 + m1 m1 + m2

Como o próton e o elétron estão translacionando e girando com velocidades próprias. Podemos
obter a expressão da energia cinética total do sistema e a velocidade angular.

m1v12 m2v22
EK = + [6]
2 2

v1 v
ω= eω= 2
r1 r2

EK =
1
2
(
m1r12ω 2 + m2 r22ω 2 ) [7]

EK =
1
2
( )
m1r12 + m2 r22 ω 2
4

sendo I=
1
2
(
m1r12 + m2 r22 ) [8]

Substituindo [5] em [8]

1 mm 
I =  1 2 r 2 [9]
2  m1 + m2 

m1m2
µ= [10]
m1 + m2

1 2 2
EK = µr ω [11]
2

No átomo de 1H o núcleo é massivo e o elétron tem massa reduzida µ dada pela eq. [10]
de tal maneira que gira em torno do núcleo estacionário.

elétron

Figura 1: representação do átomo de hidrogênio

O potencial de interação (coulombiano) do elétron-próton é dado pela relação

Z .e 2
V( x , y , z ) = − [12]
4πε 0 ( x 2 + y 2 + z 2 )1/ 2

Onde e- = carga do elétron, Z = carga do núcleo ( para o 1H, Z = 1)

A eq. de Schroedinger dependente do tempo para este sistema é a seguinte relação,


conforme mostrado abaixo:
5

h2  ∂2 ∂2 ∂2  ∂Ψ( x, y, z,t )
−  2 + 2 + 2 Ψ( x, y, z,t ) + V( x, y, z) Ψ( x, y, z,t ) = ih [13]
2µ  x y z  ∂t

ou numa notação mais compacta: onde se consideramos o operador laplaciano

∂2 ∂2 ∂2
∇2 = + + [14]
x2 y2 z2

Assim a eq. de Schroedinger pode ser reescrita assim:

h2 2 ∂Ψ
∇ Ψ + VΨ = ih [15]
2µ ∂t

Cuja solução é dada:

Ψ(x, y, z, t) = ϕ (x, y,z) e -iEt/h [16]

Onde ψ(x,y,z) é a função onda independente do tempo dada pela resolução da eq. de Schroedinger
independente do tempo a seguir:

h2 2
− ∇ Ψ( x , y , z ) + V( x , y , z ) Ψ( x , y , z ) = EΨ( x , y , z ) [17]

ou

h2 ∂2 ∂2 ∂2 
−  2 + 2 + 2  Ψ( x , y , z , ) + V( x , y , z ) Ψ( x , y , z , ) = E Ψ (x,y,z) [18]
2µ x y z 

Para resolvermos a equação acima é melhor escreve-la em coordenadas esféricas e usar o


método de separação de variáveis
6

elétron

Próton y
φ

Figura 2: representação da interação coulômbiana entre o próton e o elétron,


aplicando as notações de coordenadas esféricas para resolver a equação de
Schrödinger.

De acordo com a Figura 2, r é o raio vetor posição do elétron,

r = x2 + y 2 + z 2 [19]

θ é o angulo polar, o qual cresce a partir do eixo z para o plano xy

z
θ = arccos [20]
x 2 + y2 + z 2

e φ é o ângulo azimutal, o qual cresce de x para y.

y
ϕ = arctg [21]
x

 x = r sen θ cos φ

onde temos  y = rsenθsenφ
z = rcosθ

E o laplaciano em coordenadas esféricas é dado assim:


1 ∂ 2 ∂ 1 ∂ ∂ 1 ∂2
∇2 = ( r ) + (sen θ ) + [22]
r 2 ∂r ∂r r 2 sen θ ∂θ ∂θ r 2 sen 2 θ ∂ϕ 2

A equação de Schroedinger em coordenadas esféricas fica assim após aplicarmos o operador


laplaciano esférico: eq. [18]
7

h 2  1 ∂  2 ∂Ψ  1 ∂  ∂Ψ  1 ∂ 2Ψ 
−   r  +  sen θ  +  + V( r ,θ ,ϕ ) Ψ( r ,θ ,φ ) = EΨ( r ,θ ,φ ) [23
2µ  r 2 ∂r  ∂r  r 2 sen θ ∂θ  ∂θ  r 2 sen 2 θ ∂ϕ 2 

Nota importante: Podemos escrever a função de onda Ψ( r ,θ ,φ ) Como um produto de três funções

(3) tal que

Ψ (r , φ , θ ) = R(r )Φ (φ )Θ(θ )

1. A primeira R(r) = dependência em r ( radial afastamento do elétron)


2. A segunda Θ(θ) = dependência em θ (mostra a posição polar do elétron)
3. A outra função Φ(ϕ) = mede a posição azimutal do elétron na sua trajetória

Podemos realizar esta representação porque há um campo de força central na equação.


Aplicando agora a separação de variáveis. A equação [23] pode ser reescrita (veja notação da
derivada e o que deriva parte constante fica fora da derivada)

h 2 1ΘΦ d  2 dR  1RΦ d  dΘ  1RΘ d 2 Φ 


−   r  +  sen θ  +  + V( r ,θ ,ϕ ) RΘΦ = ERΘΦ
2 µ  r 2 dr  dr  r 2 sen θ dθ  dθ  r 2 sen 2 θ dϕ 2 

h 2 1ΘΦ d  2 dR  1RΦ d  dΘ  1RΘ d 2Φ 


−   r  +  sen θ  +  + V (r ) RΘΦ = ERΘΦ
2 µ  r 2 dr  dr  r 2 sen θ dθ  dθ  r 2 sen 2 θ dϕ 2 
[24]
e2
Substituindo o potencial V(r )=- e divindo por RΘΦ a equação [23] fica:
4πε 0 r

 sen 2 θ d  2 dR  sen 2 θ d  dΘ   2 µ 2 2  e2  1 d 2Φ
  r  +  sen θ   + r sen θ  E +  = − = − m 2 [25]
Θ dθ  dθ   h 2  
4πε 0 r  Φ dϕ 2
 R dr  dr  

1 d 2Φ
− = − m 2 (constante)
Φ dϕ 2
8

 sen 2 θ d  2 dR  sen 2 θ d  dΘ   2 µ 2 2  e2 
  r  +  sen θ   + r sen θ  E +  = −m 2 [26]
Θ dθ  dθ  h 2  4πε 0 r 
 R dr  dr  

Multiplicando por r2sen2 θ todos os membros fica

 sen 2 θ 1 d  2 dR  sen 2 θ d  dΘ  1 d 2Φ  2 µ 2 2  e2 
 r +  sen θ + 
+ 2 r sen θ  E + =0
2  
 R dr  dr  Θ d θ  d θ  Φ d ϕ  h  4πε r
0 

Ou

 r 2 sen 2 θ d  2 dR  r 2 sen 2 θ d  dΘ  r 2 sen 2 θ d 2Φ  2µ 2 2  e2 


  r  +  sen θ  +  + r sen θ  E + =0
2
dr  dr  Θ r 2 sen θ dθ  dθ  Φ r 2 sen 2 θ dϕ 2  h 2  4πε 0 r 
 Rr 

Isolando os termos em ϕ (passando ao segundo membro)

 sen 2 θ 1 d  2 dR  sen 2 θ d  dΘ  2 µ 2 2  e2  1 d 2Φ
  r  +  sen θ  + r sen θ  E +  = −
Θ dθ  dθ  h 2  4πε 0 r  Φ dϕ 2
 R dr  dr  

Note : do lado direito a equação depende só de ϕ e do lado esquerdo a dependência é em θ e r.


Como temos uma igualdade a constante de separação (-m2) deve ser a mesma para ambas as
equações.

 sen 2 θ d  2 dR  sen 2 θ d  dΘ  2µ 2 2  e2  1 d 2Φ
 r +  sen θ  + 2 r sen θ  E + =−
 = −m 2
 R dr  dr  Θ d θ  d θ  h  4πε r
0  Φ dϕ 2

1 d 2Φ
− = −m 2 (constante)
Φ dϕ 2

 sen 2 θ d  2 dR  sen 2 θ d  dΘ   2 µ 2 2  e2 
  r  +  sen θ  + r sen θ  E +  = −m 2 [27]
Θ dθ  dθ  h 2  4πε 0 r 
 R dr  dr  
9

1 d 2Φ d 2Φ
= −m 2 ou + m 2 = 0 cujas raizesλ = ±im
Φ dϕ 2
dϕ 2

logo a solução é
Φ (ϕ ) = Ne ± imϕ [28]

que é a solução particular, sendo m número quântico magnético. Φ(ϕ) é a função onda átomo de
1
H que contém toda a dependência em função do Potencial ϕ. Onde ϕ varia de 0 a 2π.
Normalizando a função Φ(ϕ)

Φ Φ =1

imϕ
ΦΦ = ∫ N *e Ne -imϕ dϕ = 1
0


Φ Φ = N 2 ∫ e imϕ e -imϕ dϕ = 1 [29]
0

1
ou N 2 [2π ] = 1 ⇒ N=

logo a função vale
1
Φ (ϕ ) = e imϕ [30]

como Φ (ϕ ) = Φ (ϕ + 2π ) ⇒ ela é única

e imϕ = e imϕ e im 2π ⇒ 1 = e 2πim ⇒ 1 = cos 2πm + i sen 2πm

veja que satisfaz se m = 0 ± 1 ± 2 ± 3... m = inteiro ( número quântico magnético) escolhe a


solução λ = im (movimento de giro elétron sentido horário).

Assim temos até o momento

1
Ψ ( r ,θ , ϕ ) = eimϕ R(r )Φ(ϕ ) [31]

10

Tomando a equação [27] (5.15),

 sen 2 θ d  2 dR  sen 2 θ d  dΘ  2µ 2 2  e2 
  r  +  sen θ  + r sen θ  E +  = −m 2
Θ dθ  dθ  h 2  4πε 0 r 
 R dr  dr  

Dividindo por sen 2θ fica

 1 d  2 dR  1 d  dΘ  2µ 2  e2  m2
 R dr  r  +  sen θ  + r  E +  = − [32]
  dr  Θ dθ  dθ  h 2  4πε 0 r  sen 2 θ

Separando os termos da R(r ) da função Θ(θ) fica

1 d  2 dR  2µ 2  e2  m2 1 d  dΘ 
r 
 + 2 r E +  =− −  sen θ  [33]
R dr  dr  h 
4πε 0 r  sen θ Θ dθ 
2
dθ 

devido a igualdade a constante de separação é a mesma

1 d  2 dR  2µ 2  e2  m2 1 d  dΘ 
r  + 2 r  E + =−
 −  sen θ  = l (l + 1) [34]
R dr  dr  h  4πε 0 r  sen 2
θ Θ dθ  dθ 

1 d  2 dR  2µ 2  e2 
r  + 2 r  E +  = l (l + 1) [35]
R dr  dr  h  4πε 0 r 

Ou

m2 1 d  dΘ 
− −  sen θ  = l (l + 1) [36]
sen θ
2
Θ dθ  dθ 

Divide a [35] (5.19) por r2 e arrumando fica


11

1 d  2 dR  2 µ
2
 e2 
r + E +  R = l (l + 1) R
r 2 dr  dr  h 2  4πε 0 r 

ou [37]
1 d  2 dR   2µ  e2  
2
 r  +   E +  + l (l + 1) R = 0
r 2 dr  dr   h 2  4πε 0 r  

Esta é a equação Radial – cujas soluções são as funções de Laguerre. Apresentaremos a solução
que é: Solução particular:

3/ 2
 2  − 1 ξ l 2l +1
Rn (r ) = −  e 2 ξ Ln+1 (ξ ) [38]
 na 
[(n + l )!]2 ξ p
1/ 2
 (n − l − 1)!  n − l −1
Sendo L 2 l +1
n +l (ξ ) =   . ∑ (−1) p +1

 2n[(n + l )!]
3
 p =0 (n − l − 1 − p )!(2l + 1 + p)! p!

2r
Com ξ =
na

n = 1,2,3..., l = 0,1,2,3..., m = l,-l+1,...l-1,l

3/ 2
1
Se n=1, l=0, R10 (r ) =   2e − r / a
a

h2
Veja que se n=2, l=1 temos dois l=o e l=1, Nota a =
mq 2

3/ 2 3/ 2
 1  r  1  r
R20 (r ) =   ( 2 − )e − r / 2 a e R 2 l ( r ) =   e −r / 2a
 2a  a  2a  a 3
A outra equação:

1 d  dΘ   me 2 
 sen θ  + l (l + 1) − Θ = 0
sen θ dθ  dθ   sen 2 θ 
12

As soluções desta equação são as funções associadas de Legendre. Os harmônicos esféricos –


são soluções das equações diferenciais: Φ (ϕ ).Θ(θ ) representadas por

1/ 2
 2l + 1(l − m )!
Ylm (θ , ϕ ) =   Pl m (θ )e imϕ
 4π (l + m )! 

m
m d Pl (ξ )
onde Pl (θ ) = sen
m
θ m
d (cos θ )

Pl (ξ ) =
[
1 d l (ξ 2 − 1) l ]
2 l l! dξ l
onde ξ = cos θ

A solução geral para o átomo de Hidrogênio é : Ψnlm (r ,θ , ϕ ) = Rn (r )Ylm (θ , ϕ ) e-(i/h)Et

Que pode ser escrita assim:

2 − 1ξ
Ψnlm (r , θ , ϕ ) = −( ) 3 / 2 e 2 ξ l Ln + l
2l +1  (n − l − 1)! 
(ξ )
1 / 2 n − l −1
. ∑ (−1) p +1
[(n + l )!]2 ξ p .Ylm (θ , ϕ )e − (i / h ) Ent

na  2n[n + l ] !  p =0 (n − l − 1 − p)! (2l + 1 + p)! p!

2r
Com ξ =
na

n =1,2,3... número quântico principal


l =0,1,2,3... número quântico de momento angular
m = l,-l+1,...l-1,l número quântico magnético
13

3 Números Quânticos

Cada conjunto de n, l, m define uma função de onda – que é um estado eletrônico do


átomo.

n=1 camada k
n=2 camada l
n=3 camada m
n=4 camada n
n=5 camada o

As funções de onda de cada camada são chamadas de orbitais.

a) para cada valor de n, há n-1 valor de l


n=1 l=0
n=2 l=1
n=3 l=2

n define o estado de energia

b) para cada valor de l há (2l+1) valor de m. -l< m < l

l =0 m=0

m = −1

l=1 m = 0
m = 1

c) para cada valor de n há n2 autofunções. Exemplo, se n = 3, há 9 autofunções


14

m = −2
m = −1

l=2 -l<m<l m = 0
m = 1

m = 2

m = −1

l=1 -l<m<l m = 0
m = 1

l=0 m=0

Concluindo, quando resolvemos a equação de Schrödinger para o átomo de hidrogênio,


obtemos as energias para os níveis energéticos (En) e os orbitais atômicos (Ψn,l,m). Temos então
um diagrama de níveis energéticos no interior do átomo, i. e., dizemos que um átomo se constitui
de um sistema energético quantizado.

Foi no Annales 80, que Schrödinger estudou o efeito Stark através de sua Mecânica Quântica
Ondulatória (1).
15

4 Função de Onda na Concepção de Max Born

Born (1928) deu um passo a esta dificuldade propondo uma interpretação estatística das
funções de ondas do elétron, à qual, devido às inúmeras vantagens apresentadas, tem sido
amplamente aceita. Born supôs que as ondas não têm existência real, e assim, as define como
ondas de probabilidade.
2
O produto Ψ*Ψ ou Ψ em um ponto representa a densidade de probabilidade de

encontrar o elétron, ou um outro corpúsculo qualquer, em um ponto x, y, z, num dado instante t e


igualdade
2 2
Ψ dxdydz = Ψ dv

Representando a densidade de probabilidade de encontrar o mesmo elétron em um


elemento de volume dv, e também o número de elétrons dentro do mesmo volume. Esta
interpretação teve um pleno acordo com as condições de Schrödinger (5).
Em processos vibratórios o conhecimento da amplitude é importante como o
conhecimento da freqüência própria; analogamente, é de se esperar que, em mecânica
ondulatória, esteja ligado um importante significado físico à função de onda Ψ ou antes, ao
quadrado do seu módulo, visto ser evidente que o valor instantâneo da própria função oscilatória
não pode desempenhar qualquer papel em virtude da sua alta freqüência. O motivo por que se
toma o quadrado do módulo é que a própria função de onda (devido ao coeficiente imaginário da
derivada em ordem ao tempo da equação diferencial) é uma quantidade complexa, enquanto as
grandezas suscetíveis de interpretação física devem evidentemente ser reais (6).
Suponhamos que no estado caracterizado pela função de onda Ψ1 se efetua uma medição
que conduz com certeza a um determinado resultado, e que o mesmo fazendo o estado no estado
Ψ2, conduz ao resultado 2. Admite-se então a combinação linear de Ψ1 e Ψ2, o que significa que
toda função de forma CΨ1 + CΨ2 (C1 e C2 , constantes) representa um estado em que a mesma
medição pode dar um resultado 1 ou o resultado 2. Podendo afirmar, que se conhecemos a
dependência dos estados com respeito ao tempo, dependência a qual é dada pela função Ψ1 (x,t)
e em outro, por Ψ2 (x,t), pode-se notar que qualquer combinação linear destas dá também a
possível dependência de um estado do tempo. Estas afirmações constituem o conteúdo do
princípio de superposição dos estados – um princípio positivo fundamental de mecânica quântica
(7).
16

5 Valor Esperado da Função de Onda

Consideramos uma partícula e onda associada, a função Ψ(r,t) e se essa função não se
anula num intervalo entre r e r + dr, na medida de sua posição há uma probabilidade finita dessa
partícula ser encontrada. Não podemos, atribuir a coordenada um valor bem definido, no entanto,
é possível especificarmos uma posição média da partícula.
Imaginemos a medida da posição da partícula no instante t, a probabilidade de encontrá-
la entre r e r + dr é dada pela equação.

P( r ,t ) = ψ ∗( r ,t )ψ ( r ,t ) (16)

onde P(r,t) é a probabilidade de encontramos a partícula. Repetindo essa experiência a uma certa
freqüência no mesmo instante e registrando os valores de P(r,t), podemos usar a média dos valores
observados para caracterizar a posição da partícula no instante t.
Este valor é representado por <r>, valor esperado da coordenada r. Veja abaixo como
podemos demonstrar matematicamente este cálculo.

+∞
< r >= ∫ rP(r ,t )dr (17)
−∞

como: P( r ,t ) = ψ ∗( r ,t )ψ ( r ,t ) ,
+∞

∫ rψ

substituímos (16) em (17) temos que: < r >= ( r ,t )ψ ( r ,t ) dr (18)
−∞
17

6 Aplicação da Equação de Schrödinger

Tabela 1: Exemplos do operador Hamiltoniano para o movimento de uma partícula de massa m em


diferentes campos de força definidos pela função (operador) potencial V.
Operador
(a) Partícula livre h2 d 2
V=0 Hˆ = −
x 2m dx 2

(b) barreira de h2 d 2
V=V0 Hˆ = − (x<0; x>0)
potencial 2m dx 2
x
0 a h2 d 2
Hˆ = − + V0 (0<x<a)
2m dx 2

(c) Oscilador h2 d 2 1 2
K V=(1/2)Kx2 Hˆ = − + Kx
harmônico 2m dx 2 2

Tabela 3: Exemplos do operador para átomos e moléculas.[4.A]

Operador H
(a) Átomos de h 2 2 Ze 2
Hˆ = − ∇ −
um elétron 2m r

(b) Átomos de h2
n n
Ze 2 e2
muitos elétrons
Hˆ = −
2m ∑
i =1
∇2 − ∑
j =1
rj
+ ∑∑ r i j >i ij

(c) moléculas 2 n
1 2 h2
n
Zα e 2 e2 Zα Zα e 2
∑ ∑ ∑∑ ∑∑ ∑ ∑
h
Hˆ = − ∇α − ∇ i2 − + +
2 i =1
mα 2m i =1 β i
riα i j >i
rij αβ >α
rαβ
18

6.1 Poço de Potencial não relativístico

Considerando um potencial degrau unidimensional definido por

V ( x ) = 0, x < 0
V ( x ) = V0 , x > 0

ΨΙ
V0 ΨΙΙ
x (0)= 0 x

Supor que uma energia incidente da esquerda para a direita tem energia E = 4V0. Neste exemplo
podemos calcular a probabilidade de que a onda será refletida (coeficiente de reflexão).
Analisando o contorno do problema, para V ( x) = 0 quando x<0, o potencial na região I é nulo e
consideramos a partícula livre. A equação de Schrödinger se reduz à.

h 2 ∂ 2 ΨI
− = EΨI
2m ∂x 2

∂ 2 ΨI 2m
− = EΨI
∂x 2 h2
∂ 2 ΨI 2m
2
+ EΨI = 0
∂x h2
2mE
sendo k12 =
h2

∂ 2 ΨI
2
+ k12 EΨI = 0
∂x

As raízes da equação:
19

λ 2 + k12 = 0 , λ 2 = −k12 , λ = ±ik1


ik 1 x − ik 1 x
Ψ I = Ae + Be

 ik1x
 Ae → onda incidente
sendo 
 Be −ik1x → onda refletida

Solução geral

ΨI = ΨI e −iEt / h

( )
ΨI = Ae ik1x + Be −ik1x ΨI e −iEt / h

ΨI = Ae i (k1x − Et / h ) + Be −ii (k1x + Et / h )

Na região II há um potencial V (x) , sendo assim a partícula sofre uma ação do potencial.

h2 2
− ∇ ΨII + V0 ΨII = EΨII
2m
h2 2
− ∇ ΨII = [E − V0 ]ΨII
2m
2m
∇ 2 Ψ II + [E − V0 ]ΨII =0
h2
2m
Considerando k II2 = [E − V0 ]
h2
∇ 2 ΨII + k II2 ΨII = 0

Achando as raízes da equação

λ 2 + k 22 = 0 , λ 2 = −k 22 , λ = ±ik 2

(
ΨII = Ce ik 2 x + De −ik2 x )
A solução aceitável é
ΨII = Ce ik2 x
20

Solução geral

ΨII = ΨII e iEt / h

ΨII = Ce ik2 x e iEt / h

ΨII = Ce i (k2 x − Et / h )

logo temos as duas funções para as duas regiões I e II

ik 1 x − ik 1 x
Ψ I = Ae + Be para x ≤ 0

Ψ II = Ce ik2 x para x ≥ 0

Analisando as condições de contorno

a) ΨI | x =0 = ΨII | x =0 Ae ik1x + Be −ik1x = Ce ik2 x


A+B=C deve ser contínua no ponto x=0

b) A sua derivada também

∂ΨI ∂ΨII
| x=0 = | x =0 ik 1Ae ik1x − ik1 Be −ik1x = ik 2 Ce ik2 x
∂x ∂x
ik1 ( A − B ) = ik 2 C
k2
(A − B) = C
k1

Montando o sistema
21

Achando B Achando C
A + B = C A + B = C C  k1 + k 2 
    + B = C
+ k2 + k2 2  k1 
A − B = k C  A − B = k C ⋅ (−1)
 1  1
B 1  k1 + k 2 
+   = 0
2A =
k2
C+C
 k  C 2  k1 
2 B = C 1 − 2 
k1  k1 
 k + k2 
C k  C = −2 B 1 
A= 1 + 2  C  k1 − k 2   k1 
B=  
2 k1  2  k1 

Substituindo os valores de A, B e C em ΨI e ΨII

C  k1 + k 2  i (k1x − Et / h ) C  k1 − k 2  −i (k1x − Et / h )
ΨI =  e +  e x<0
2  k1  2  k1 

C  k1 + k2  i (k1x − Et / h )  k1 − k2  − i (k1x − Et / h ) 
ΨI =  e +  e  x<0
2  k1   k1  

k −k 
ΨII = −2 B 1 2 ei (k 2 x − Et / h )
 k1 

Obedecendo ao princípio da complementaridade temos a combinação linear do dois estados da


função de onda

ΨTotal = ΨI + ΨII

C  k1 + k 2  i (k1x − Et / h )  k1 − k 2  −i (k1x − Et / h )   k1 − k 2  i (k2 x − Et / h )


ΨTotal =  e +  e  − 2 B e
2  k1   k1    k1 
22

BIBLIOGRAFIA:

(1) Bassalo, J. M. F. Nascimentos da Física (1901-1950), Belém: EDUFPA, 2000. 503 p


(2) Peixoto, E.M.A. Química Nova, (1978)
(3) Eisberg, R. Resnick, R. Física Quântica, Ed. Campus, Rio de Janeiro, 1979. 15ª Edição.
(4) Bathista, A.L.B.S., Nogueira, J. S. Uma Breve Discussão da Mecânica Quântica IX Encontro
de Iniciação Científica, Cuiabá, UFMT. 2001.
(5) Rey, A.B. Mecânica Quântica e Ondulatória, In: Fisica/Química Modernas. V. 3, SP, Ed.
Fortaleza, 1970.
(6) Born, M., Física Atômica, 1962, 4ª Edição. Ed: Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.
(7) Landau, L. Lifshitz, E. Mecânica Quântica, Teoria não relativista, 1985. Mir, Moscou. Vol.1.

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