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SÃO

Temos o
verão à porta. Vamos pôr

LUIZ
os chinelos nos dedos e pensar que
seremos melhores no outono. O calor faz-nos
dormir e sonhar. E às vezes ir à praia na hora do

JUN ~ O7 cancro. Os sumos frescos de malancia ou as conversas


de lusco-fusco a comer caracóis alimentam-nos o espírito.

QUANDO
Assumimos o nosso amor pelo sol e passamos o dia todo na
areia a ouvir o rádio do niga ao lado. As bolas de berlim fazem-

O INVERNO
nos putos de novo. Gostamos das peles salgadas das garotas de

FOTOGRAFIA: ANDRÉ PRINCIPE


Ipanema e dos cremes 35 que nos fazem gratinar. No fim, quando
voltar o frio, seremos todos, outra vez, normais.

CHEGAR
7 A 3O DE JUNHO
CAPA
Ying, fotografia de Rodolphe Simeon
FICHA TÉCNICA
Director de arte e conteúdos: Ricardo Galésio
TEXTO JOSÉ LUÍS PEIXOTO Colaboradores: Ângelo Fernandes, Clara Tehrani,
ENCENAÇÃO MARCO MARTINS Farley Baricuatro, Juliana Reis, Linus Lohoff,
COM BEATRIZ BATARDA, DINARTE BRANCO, Mo Riza, Monica Menez, Pedro Palrão,
GONÇALO WADDINGTON E NUNO LOPES Rodolphe Simeon

SÃO LUIZ TEATRO MUNICIPAL BILHETEIRA todos os dias das 13h às 20h;T: 21 325 76 50;
Rua António Maria Cardoso, 38 bilheteira.teatrosaoluiz@egeac.pt; Informe-se sobre descontos e assinaturas.
1200-027 Lisboa
www.egeac.pt teatrosaoluiz@egeac.pt Bilhetes à venda em: www.ticketline.pt, lojas FNAC, Agência Alvalade.
CÂMARA MUNICIPAL DE LISBOA toda a temporada em www.teatrosaoluiz.egeac.pt
tiles
of
life
clara
tehrani So that evening I would talk to him. I had to make some sense out of
that presence no one else seemed to notice. I’d been watching him for
a week doing over and over again the same things, sitting in the same
Last week, the last walking hippie arrived to the last place on earth place, always alone, with a funny smile on his lips.
you’d ever think on searching. Cowboy hat, sloppy used-to-be-white Esta ilha é precisamente o sítio onde os convalescentes deveriam
shirt, worn off snickers, tight black pants didn’t make him look like estar. Palmeiras em cima do mar transparente, areia fina e quente
much of a hippie, so even if you were looking you’d never guess. He aconchegando os pés... sim, este cenário era bem melhor! O mergulho
got off the 3.30 train alone, lite up a cigarrete and sat quickly smoking limpou-lhe as entrenhas, precisava de mais rapidamente. Merda, nem
and playing his guitar. The rest of the world was of no matter to him. aqui!
Na sala de espera há horas. Estranho como as salas de espera são What are you waiting for? He took off the sun glasses that hid his eyes
uma metáfora da vida, pensou, com a senha na mão. Ainda havia from anytime light and stared, surprised. I got you a sandwich, hope
10 pessoas à frente, à espera da sua vez. Sentia, sempre que tinha you like cheese. Took off two beers from my bag and sat next to him.
tempo para matar, as ondas filosóficas forçarem as sinapses, trazendo Olhasse para onde fosse, estava rodeado de branco. Isso não era
pensamentos mais negros. A imaginação partiu a trela e corria livre bom sinal, pensava. Está tudo limpo, eu também. Está tudo limpo, eu
agora... também. O pensamento entrou em loop e, infelizmente, esse loop era
Working at the ticket office, there was no way I could’ve missed him. bem familiar.
He sat on the stairways for hours, smoking, drinking, singing, killing For a whole week we just sat and talked. It was a single conversation,
time. I recall thinking who would ever forget to pick up someone like that we paused when I had to go. It was a talk of freedom…
him… he was still there when I left, he was still there when I came in the 33. Senha número 33. Despertou do loop. Estava de volta à sua vidinha
next day, still alone. mediocre e miserável, mas ao menos já não tinha que esperar mais.
Este deserto não tem fim. Estava longe de tudo, procurando Ùltima porta à esquerda. Seguiu.
desesperadamente onde reabastecer de gasolina e companhia. Devia And one day, he wasn’t there anymore. No name, no note, no goodbyes,
estar a conduzir há já 2 dias sem parar e sem ninguém com quem no way to find him again. He just left.
conversar. Encostou na berma de uma estrada onde ninguém passava Entrou, recebeu o seu cocktail detox e saiu.
nunca e voltou a cair na linha.


APPARAT
MODESELEKTOR
REX CLUB
juliana
reis


Eram 5 no início. Dois perderam-se pelas avenidas e recantos da capital, Os dois, já só conseguiram ouvir o final da sua actuação, enquanto
enquanto uma delas bebia em comunhão, os quatro meses passados esperavam pelas suas bebidas na fila do bar. O Rex Club não é um
nesta cidade. As outras duas, esperavam sentadas numa esplanada espaço muito grande, o que faz com que encha num instante. Os
de Saint-Michel. Quando chegou a hora, os dois primeiros ainda não dois, ainda perdidos mas já nada sonolentos, com um copo na mão,
tinham chegado. A outra estava demasiado sorridente para conseguir subiram a um dos palcos da pista e logo sentiram o contágio da energia
dar mais um passo em frente. As outras duas, de tanto esperar tinham rexiana. Os rexianos distinguem-se pela sua paixão pela música e
perdido a vontade. pelas pessoas, mas sobretudo, pela sua energia fulgurante, e pelos
seus risos histéricos e movimentos livres de preconceitos. Foi então
Ficaram os dois que andavam perdidos e sonolentos, mas para quem que entraram as segundas estrelas da noite.
a vontade é sempre a última a morrer. Lá foram, pelas ruas nocturnas
como se não houvesse amanhã. Correram, rebolaram, saltaram as Os Modeselektor, conhecidos como os Fundamental Knowledge
barreiras, desafiaram o tempo e, em cima dele, chegaram à meta: Rex entre 1992 e 1996, são uma banda de música electrónica alemã
Club de Paris. formada por Gernot Bronsert e Sebastian Szary. Os estilos que mais
os definem são o IDM (Intelligent Dance Music), o glitch, o electro e o
Eram 2 da manhã. A fila estendia-se pelo asfalto até ao vendedor de hip-hop. Modeselektor têm colaborado nomeadamente com Apparat,
cachorros quentes e cervejas. Foi aí que tomaram o aperitivo, no meio Pfadfinderei, Ellen Alien, Team Shadeteck, Sasha Perera (Jahcoozi) e
de uma nuvem de gente animada que pintava bigodes com bocados Paul St-Hilaire.
de carvão. Uns diziam que seria impossível entrar. Outros mostravam
imagens tiradas do interior, que iam recebendo nos seus telemóveis. No Rex, os Modeselektor mostraram mais uma vez o seu talento
30 minutos foi quanto foi preciso para descer os degraus e apanhar contagiante e a sua sensibilidade para interagir com o público. Criaram
ainda a primeira estrela alemã da noite. um ambiente descontraído, brindaram várias vezes com o público (desta
vez infelizmente não se atreveram a atirar Champanhe para a multidão)
Lá estava ele, Apparat, no fim do seu set, a aquecer a pista de dança. e conseguiram surpreender mais uma vez os seus fãs. E assim foram,
Apparat, palavra alemã que designa uma máquina ou um instrumento, duas horas de diversidade sonora guiadas pelos Modeselektor, na pista
é também um dos talentos da música electrónica que combina mais quente da noite, onde elevaram a energia do Rex, englobando-a
uma intensa flexibilidade de funções e mistura de sons ecléctica, numa dimensão acolhedora motivada pela proximidade do aconchego
transportando os corpos para um universo musical que abrange vibrante entre os músicos e o público.
principalmente o tecno e o electro.

Sascha Ring, aka Apparat, saiu da província de Alemanha de Leste


em 1997 para ir viver para Berlim. Foi aí que conheceu T.Raumschiere
com quem fundou dois anos mais tarde a editora “Shitkatapult”. A
principal característica de Apparat é a forma como a intensidade das
suas músicas cresce proporcionalmente ao prazer que ele dedica à
experimentação.

11
new yorkers
mo riza
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ângelo
fernandes

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phantasie
monica menez

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“I was born ’74 in Croatia (Yugoslavia at that time). I grew up there and
in Germany.
Memories of my early Croatian childhood: Golden summers and
breathtaking cold winters, poor Country life on a farm, a fall into a
cesspit.
Since I was a little girl I loved the ballet. I did ballet excessively, but
a severe knee injury forced me to give up my dream of becoming a
dancer. End of story.
But over the years another interest evolved: Fashion.
When I was 10 years old I began to go to school all dressed up and
with heavy make-up, with 13 I started to take pictures of all my shoes.
I documented my footwear until my 30th birthday.
Punkrock discovered me and we had many wild nights together -
always my camera at the ready. “Do it yourself” becomes ideology and
my hard elbows smack the gobs of countless men, smart-asses who
think they know everything about the photography business and try to
teach a little girl how its done.

Why photography? Well, because my camera is even harder than my


elbows. Photography is like stage diving: You jump without knowing
where you’ll crash.
If photography was predictable, I would loose interest in a second.
With 21 I did an apprenticeship but I’m truly an autodidact. I was a
freelanced assistant for a while and then opened my own studio. I
shot for Madame, Visions (China), VW, Hugo Boss, emotions, Etapes,
Galore, Qvest, Blond, Brigitte Woman and many more.
I would describe my work as conceptual, artistic fashion photography.
It’s vibrant, steamy and often surreal.” 33
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STICKERS
PROJECT: PERSONAL
MAKE UP & HAIR: SABSE NANIA
MODELS: MIA & CARO

MISS POLLY HAD A DOLLY


CLIENT: BLUTSGESCHWISTER
STYLING: SANNE WITTIG
HAIR: SABSE NANIA
MODELS: ELLEN & CINDY BY BRODY MODELS & SANDY LIEBEHENSCHEL
(5 TIMES GERMAN MASTER OF RHYTHMIC GYMNASTICS)

KALEIDOSKOP
CLIENT: BLOND MAGAZINE
MAKE UP: SABSE NANIA
STYLING: ANNIKA BECKER & FRIEDA TALKENBERGER
MODELS: PETER BY BRODY MODELS & JULIANE BY SEEDS

TO RUSSIA WITH LOVE


CLIENT: BLUTSGESCHWISTER
MAKE UP & HAIR: SABSE NANIA
STYLING: SANNE WITTIG
MODELS: DOREEN & MARIE BY IZAIO

CHAIRS
CLIENT: HARTBO&LWIG (Fashionlabel Berlin)
MAKE UP: DANIEL BAUER /ARTISTGROUPMIERAU
STYLING: FRANZISKA WIDENMANN/ STYLEHOUSE PAM
MODELS: ULRIKE BY M4 & MATTHIAS
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delírio
de uma
noite de
primavera
pedro palrão Eis pois que qual nobre armado cavaleiro por esse tão magno
sentimento, lutador de espada em punho defendendo os interesses do
seu amo, tambor de ribombar incansável a bater no peito, me lancei
em vossa busca minha bondosa senhora. A vossa imagem pulsava-
me na mente, o sangue corria com imagens vossas irrigando-me os
olhos com visões de tão belo rosto, tão brilhantes olhos e amistoso
sorriso…sentia-me trémulo com a paixão, tornava-me um turbilhão
de arrepios… E as minhas mãos? Como desejavam tocar-vos a doce
pele, os meus dedos desenhavam-vos no ar desejosos de vos sentir
nos socalcos da sua identidade.
E o aroma que eu antecipava…Ai de mim, antecipava o odor frutado
que vos banhava e me inundava os sentidos. Névoa que me enfeitiçava
por entre os aromas mundanos e ordinários das ruas da cidade…Como
desejava bebê-lo com os meus lábios…E como esses vos ansiavam
de encontro a eles, como imaginavam os vossos desenhando um
beijo saudoso, um beijo delicioso que apenas lhes aumentaria a sede
insaciável de vos beber…como matava essa secura de vós…
E a vossa doce de voz…a mais perfeita harmonia, a melodia mais
bela que alguma vez havia ouvido… um gentil embalo que me levaria
à loucura, uma melosa música que me renderia insano e entregue à
devoção por vós… ao amor que me preenche e que respiro a todo o
momento que passa…Ai de mim…
Absorto em pensamentos vossos lancei-me em cruzada…desalmado
e infatigável por um breve vislumbrar de minha amada, uma pequena
gota que fosse do oceano que a minha sede por vós requer. A noite ia
longa, a lua banhava as ruas por entre o clarão das luzes da cidade…
qualquer incauto julgaria ser dia com tamanha claridade (como poderá
alguém quedar-se surpreso por não ver as estrelas no céu?!). O meu 53
cavalo aguardava-me bem perto dos meus aposentos…fiz-me lesto braços…As imagens demoraram eternidades na minha mente (pois que
em pô-lo em marcha por entre tantos outros que percorriam a cidade ainda hoje ecoam nas paredes da minha memória). Tudo o que sonhara
nocturna…bufava e rugia furioso enquanto os seus olhos brilhavam desfeito em poeira no chão imundo que os meus pés pisavam…os
abrindo caminho por entre os incautos que se interpunham no seus lábios esmagando os vossos, os seus braços tomando-vos de
caminho. encontro ao seu corpo, os vossos odores misturando-se…Acorreu-
Cheguei ao meu destino…deixei o meu cavalo seguro e voei até ao me à ideia desafiá-lo para um duelo por tamanha selvajaria e ultraje,
vosso encontro, correndo veloz, cuspindo o ar que me enchia o peito, mas vós depressa me parecíeis agradada, sorrindo e…valha-me quem
sentindo o peso da velocidade nas pernas enquanto o coração batia possa que vós o tomáveis também nos vossos braços e o beijáveis com
descompassada e desenfreadamente…seguia rumo incerto pois intenção…tamanha entrega assemelhava-se a um banquete corporal
eram muitos os que desatentos se interpunham na distância que me onde se prenunciava uma degustação minuciosa do que cada um teria
afastava de vós (encurtava-se, sabia-o, mas quão longa me parecia para oferecer…
ainda…), suspirava quer de cansaço quer de saudade, quer de ânsia Sentia um lago ferver-me nos olhos, de tristeza, de raiva ou quem sabe
para ver-vos diante de mim…para vos vislumbrar com estes olhos que da poeira que flutuava no ar que respirava…O corpo ficou entorpecido
sonhavam já convosco…para vos tocar com as mãos que mesmo à e deixei de senti-lo…receei mesmo ser bafejado pelo vento para
distância vos sentiam já tão próxima…a vossa voz parecia já ecoar nos longínquo e incerto lugar (intimamente o desejava até)…os meus dedos
meus ouvidos e o vosso aroma enchia-me já plenamente o corpo que e todos meus sentidos se esmoreciam…e os meus lábios? Esses
sugava o ar desmesuradamente. uniram-se secos e gretados da secura e com uma fragilidade ténue e
O caminho pareceu eterno até vos encontrar, mas eis que vos trémula expeliram: “F***-se” e ansiavam o sabor do álcool, para que este
mostrastes a mim, este teu humilde servo e adorador…vi-vos brilhar pudesse arder corpo e essência adentro numa esperança de apagar
entre os outros imberbes, incautos do cavaleiro que tentava alcançar- tão vis memórias que cravavam o peito…além disso esquecera-me de
vos…sorríeis e eu ia enchendo o peito de ar, recobrando o fôlego dar uma moeda ao guardador de cavalos por isso perdi-me na crença
perdido por vós, por poder encontrar-vos…e, ai de mim, ali estáveis… de que o meu devia já ter um pneu furado…
como que esperando-me.
Atravessei a multidão de espada em punho pronto para batalhar quem
quer que ousasse impedir-me de alcançar-vos…Ah! A felicidade que
me inundava já os olhos, o desejo que pulsava cada vez mais forte
no meu corpo…Mas eis que se dá a desgraça…Pois que a míseros
instantes de tocar-vos se aproxima um selvagem e vos toma nos seus 55
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“La série des M-People est un projet que j’ai depuis longtemps. Je Les M-People ne sont pas des portraits traditionnels comme je peux
l’avais imaginé avant de commencer la photographie (je me suis acheté en faire par ailleurs dans mes série en Noir et Blanc. Les M-People ne
mon premier appareil en octobre 2005). sont peux-être même pas de la photographie traditionnelle au sens
Le “M” de M-People est l’initiale de “Make-Up”. Les M-People sont classique du terme. Dans ses prises de vues, je cherche à produire
des personnages maquillés, déguisés. En fait, ils sont une version des personnages icônes. Le style est assez figés, très contrôlé. Les
outrancière et exagérée de nous-mêmes, et de l’existence sociale que personnages doivent porter des valeurs et des émotions qui dépassent
nous menons. Nous avançons masqués chaque jour aux yeux des leurs histoires personnelles. Les personnages doivent être des
autres et nous cherchons plus ou moins à contrôler notre image avec archétypes. Mais j’aime aussi conserver l’aspect un peu mystérieux
ce masque. Malgré ce que nous imaginons, ce masque est souvent et ouvert : si mes personnages sont des archétypes, on ne sait jamais
très visible, terriblement maladroit et nous dévoile plus qu’il ne nous vraiment ce qu’ils représentent.
cache. C’est ce que montre cette série M-People.
Les M-People sont les enfants fous (vraiment fous) qui se cachent au
Les M-People sont aussi une version moderne et radicale des contes fond de nos cerveaux...
de fées de notre enfance. Les thèmes développés dans cette série
touchent l’inconscient de chacun car ils sont assez universels : la Cette série m’a valu de nombreuses publications durant l’année 2006-
nourriture, le sexe, la violence, les rêves et les cauchemars, le pouvoir, 2007.
l’identité, la religion, la dégradation du corps, etc... Les M-People vont continuer à vivre et de nombreux photoshoot sont
Avec les M-People, on ouvre la boîte à fantasmes. Je ne cherche jamais déjà en préparation...”
à imposer un point de vue dans mes images : je n’apporte pas de
réponses. Mes images sont plutôt des questions. Par exemple, lorsque
j’étale du sang à travers le visage d’un personnage, je ne cautionne rien
et ne déclame aucune vérité : je pose juste le problème de la violence
et j’interroge le spectateur. Je lui demande de façon implicite pourquoi
il regarde cette image. 59
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deolinda
parte i

Onde posso encontrar a Deolinda?

Tens de ser mais especifico!


Encontrar fisicamente ou metafisicamente?
A Deolinda encontra-se em toda a parte...
Queres combinar um encontro?
É caro!

Em toda a parte? A Deolinda é uma espécie de Deus? Tem seguidores


fanáticos? Cobra dízimo?

Tenho uma canção que fala por mim:


“...Ó, mas ainda não sou Deus para reinar nos olhos teus que só olham
o divino... e eu, tão bela e imaculada, só não sou idolatrada por quem
eu mais admiro...” É lixado, mas acontece a muito boa gente... a palavra
a reter é o “ainda”.
Isso de estar em toda a parte não é um requisito exclusivo de um
Deus... se assim fosse já teríamos o nosso Deus, bem português: o Zé
Povinho... ele está em todo o lado... nos cafés, nos hipermercados, nos
autocarros, nas piscinas dos algarves, etc, etc... Há também muitas
Deolindas por aí que eu sei... a trabalhar em boutiques de moda, a
passar baton nos lábios numa fila da 2ª Circular, a sorrir ao piropo
dos homens dos andaimes, etc etc... algumas vivem até casadas com
alguns desses Zés Povinho... Afirmar que a Deolinda tem o dom da
omnipresença está correcto, em relação à omnipotência é que a coisa
pia mais fino...”ainda”...
Segundo alguns sites que dão significados a nomes próprios http://
www.signomes.com/nomes_d.html , Deolinda é “a serpente adorada
pelo povo”... Lá está! 79

acesso
facilitado
Não sei que raio de povo é que adora serpentes... (devem ser A expressão “fazer-se à vida” aplicada a um heterónimo é das
encantadores de serpentes... encantadores encantados, lalalai... isto melhores coisas que vi nos últimos tempos. E tem corrido bem a vida
já dava um fado!), mas serpentes à parte, muito me tenho encantando à Deolinda?
com o público que me tem aparecido nos concertos. Já são uma
espécie de seita e o dízimo, como ainda não temos CD, é “ainda” e A vida corre-me bem. Faço o que gosto, vou tendo onde cantar as minhas
somente o bilhete do concerto... cantigas, o público gosta, a palavra passa e os meus espectáculos vão
estando cada vez mais compostos com pessoas que já começam a
Oh Deolinda, eu não sei se tu sabes que, hoje em dia, a importância saber de cor algumas das minhas canções (o myspace tem dado uma
das coisas se mede em resultados de pesquisa no Google. E já que boa ajuda)... Para heterónimo sem álbum gravado, bem me posso dar
falamos da tua omnipresença, a palavra “Deolinda” tem apenas por satisfeita...
353.000 referências, bem abaixo dos 1.470.000 do “Caldo Verde” ou
dos tão invejáveis 1.380.000 do “Pedro Santana Lopes”. Achas, de E vais gravá-lo?
alguma maneira, que isso te afecta enquanto artista?
Sim, gravar um CD está nos meus planos para os próximos meses...
Não me afecta o número de referências ao meu trabalho artístico na
internet. As referências muitas vezes não significam nada... nem toda a Diz-me onde vais cantar no próximo mês.
gente que fala de caldo verde, mata a fome a quem procura a receita...
nem toda a gente que se refere a Pedro Santana Lopes é para lhe dar Vou actuar dia 16 de Julho na Feira de Artesanato de Loulé, dia 21 de
os parabéns pelos 6 meses como Primeiro Ministro... Julho, nos Recreios da Amadora e dia 27 de Julho em Serpa, no Festival
Noites da Nora..
És capaz de ter razão. Sim, acho que sim.
Pergunto a mim mesmo, sendo tu uma pessoa feita de quatro, como E este mês?
consegues ser sempre uma só e ter uma personalidade própria e
marcada? Este mês actuo em Montemor-o-novo, dia 23 de Junho e em Lisboa,
no Santiago Alquimista, dia 30 de Junho. Entretanto, já no dia 21, a
Meio a brincar meio a sério, costumo dizer: ao contrário de Fernando minha canção “Contado ninguém acredita” vai sair na compilação
Pessoa, que tinha 4 heterónimos (os mais importantes são 4), a “Novos talentos 2007” do Henrique Amaro a lançar pela FNAC...
Deolinda é apenas um heterónimo partilhado por 4 pessoas. A questão
da personalidade própria e marcada advém da necessidade que os
heterónimos têm de se fazer à vida... www.myspace.com/deolindalisboa
81
83
85
87
89
past
perfect linus
lohoff 91
93
95
97
tirem férias das agendas e façam o que vos apetecer

99

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