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Jazz pode explicar de onde vem

a criatividade
Lauren Neergaard
Inspirados pelas lendárias improvisações de músicos
de jazz como Miles Davis e John Coltrane, cientistas
estão estudando os cérebros de jazzistas modernos
para descobrir de onde vem a criatividade - pense na
origem dos sonhos. As experiências não representam
apenas uma curiosidade que interessa primordialmente
aos fãs do jazz, mas um experimento ousado quanto ao
aspecto neurocientífico da música, um campo que está
florescendo à medida que os pesquisadores percebem
que a música serve como forma de iluminar a maneira
pela qual o cérebro trabalha.
» Ouvir música pode ajudar pacientes
» Aula de música ajuda o aprendizado
» Cereais gostam de música clássica
» Música estimula áreas cerebrais
A maneira pela qual tocamos e ouvimos música oferece uma janela para a maior parte das funções
cognitivas cotidianas, da atenção à emoção e à memória, o que por sua vez poderia ajudar no
desenvolvimento de tratamentos para distúrbios cerebrais.
No entanto, a criatividade vem sendo há muito vista como um fenômeno fugaz demais para que se
possa medi-la. O Dr. Charles Limb, um saxofonista que se tornou especialista em audição, acredita
que a improvisação de jazz ofereça uma ferramenta perfeita para fazê-lo, ao permitir comparações
quanto ao que acontece no cérebro de músicos treinados nos momentos em que tocam de memória e
o que acontece nos momentos em que improvisam.
"Uma coisa é compor uma musiquinha curta. Outra é compor uma obra-prima, uma obra longa, uma
hora inteira de música apresentando idéia após idéia original", explica Limb, professor de
otorrinolaringologia na Universidade Johns Hopkins, cujo objetivo mais amplo é ajudar os surdos não
só a ouvir como a ouvir música.
Como observar um cérebro sob o efeito do jazz? Por meio de um aparelho de ressonância magnética
que mede as alterações no uso de oxigênio pelas diferentes regiões do cérebro à medida que elas
executam diferentes tarefas.
Não se pode tocar saxofone ou trompete no interior de um gigantesco imã como uma máquina de
tomografia. Por isso, Limb e o Dr. Allen Braun, do Instituto Nacional de Saúde, encarregaram uma
empresa de produzir um teclado especial de gesso que se encaixasse no espaço apertado da máquina
e não apresentasse componentes metálicos prejudiciais.
Depois, eles mediram as reações de seis pianistas profissionais de jazz, que tiveram sua atividade
cerebral medida pela máquina enquanto tocavam de memória e enquanto improvisavam. Os músicos
executaram, com a mão direita, tanto uma escala simples em Dó quanto uma canção em ritmo de
blues composta por Limb e batizada, apropriadamente, como Magnetism. Por meio de fones de
ouvido, os músicos ouviam um acompanhamento pré-gravado por um quarteto de jazz, como forma
de simular uma apresentação real.
Desenvolver criatividade emprega os mesmos circuitos cerebrais cujas atividades Braun havia
mensurado durante os sonhos. Primeiro, os mecanismos de inibição são desativados. Os cientistas
observaram a região do cérebro que centraliza os mecanismos de autocontrole, o córtex pré-frontal
dorsolateral, e as atividades dele foram suprimidas.
Depois, as atividades de auto-expressão começaram a se desenvolver. Uma área menor, conhecida
como córtex pré-frontal medial, foi ativada, o que representa uma das descobertas cruciais de
pesquisas anteriores de Braun sobre como as formas de linguagem vinculam essa região à narração
de histórias autobiográficas. A improvisação de jazz, nesse sentido, produz um estilo de expressão tão
individual que os observadores muitas vezes o descrevem como uma história musical pessoal.
O mais intrigante é que os músicos também demonstravam maior sensibilidade sensória. As regiões
envolvidas com o tato, a audição e a visão também se ativaram durante a improvisação, ainda que
nenhum dos músicos tivesse apalpado ou visto algo de diferente, e que os únicos sons novos fossem
os que eles estavam criando.
Isso não significa necessariamente que a área em questão seja o centro da criatividade. Os cérebros
de músicos altamente treinados podem funcionar diferente do cérebro de um pianista amador ou de
um escritor, uma hipótese que Limb e Braun planejam testar em seguida.
"Somos todos criativos, a cada dia. Será que nossos cérebros estão fazendo as mesmas coisas"?,
pergunta Braun, que estuda a relação entre a música e a linguagem no Instituto Nacional da Surdez e
Outros Distúrbios de Comunicação, parte do Instituto Nacional de Saúde.
A maior importância do estudo não está no que ele constatou, mas sim no fato de que tenha sido
possível realizá-lo, o que abre novos caminhos para a pesquisa cerebral. "A improvisação sempre tem
algo de mágico a ela associado", diz o Dr. Robert Zatorre, do Instituto Neurológico de Montreal, um
pioneiro na pesquisa da neurociência da música e organista clássico. "Eles abriram um caminho que
outros temiam percorrer".
Os neurocientistas atribuem plasticidade ao cérebro, o que significa que ele tem uma flexibilidade
notável no que tange a se reorganizar. Determinar como esses circuitos podem ser modificados
ajudaria os pesquisadores a desenvolver tratamentos para distúrbios cerebrais - e os mesmos circuitos
que processam música mostram forte relacionamento com outras regiões importantes do cérebro.
Estudos demonstram que pacientes que estejam reaprendendo a falar depois de um derrame podem
melhorar mais rápido caso cantem, em lugar de recitar, por exemplo. A equipe de Zatorre vem
encontrando paralelos entre a incapacidade de distinguir tons e a dislexia, uma deficiência de
aprendizado e leitura.
A criatividade ganhou importância nessas pesquisas porque está enraizada na espontaneidade da vida
cotidiana. Um exemplo é a conversa: Limb quer registrar imagens de cérebros de músicos envolvidos
em improvisos seqüenciais ¿ alguém sola por quatro compassos, o colega responde por tempo igual -
como paralelo para a conversa verbal.
E não, o pesquisador não acredita que a música possa perder sua magia caso sua lógica cerebral seja
determinada. "É como saber por que um avião voa. O efeito continua a ser mágico", diz.

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