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ENTENDENDO O LIVRO DE LEVÍTICO
Por Fabio Marchiori Machado
1. INTRODUÇÃO
Acredito que todo cristão tem o desejo de ler a Bíblia inteira, de Genesis a
Apocalipse. É muito comum ouvirmos pessoas relatando o seu empenho nesta tarefa.
E mais comum ainda é o relato desta jornada quando deparada com a “muralha”
chamada Levítico. Na primeira vez que eu li a Bíblia inteira, Levítico (juntamente com
Números, para fazer justiça) foi a minha grande dificuldade. Foi como se eu estivesse
andando sem dificuldades por uma planície e subitamente tivesse que transpor o
Monte Everest no mesmo ritmo.
Por causa desta suposta dificuldade, o livro de Levítico é, sem sombra de
dúvida, um dos mais poucos explorados textos por todos os cristãos. Conhecemos as
riquezas de Salmos, as histórias de Davi e Salomão, os milagres de Jesus, entre outros,
mas não conhecemos uma das principais fontes de diretrizes dada por Deus, chamada
Levítico.
Acredito, porém, que conhecendo um pouco dos pontos principais de Levítico,
a sua leitura se torna até agradável.
O meu melhor amigo na época de adolescente, foi durante alguns anos um dos
meus maiores desafetos. Se ele estivesse no lado direito do pátio da nossa escola, eu
certamente estaria no lado esquerdo. Se houvesse a necessidade de um trabalho em
grupo, primeiro esperava ver em que grupo ele ficaria, para depois escolher o meu e
não correr o risco de ter sua “desagradável” convivência. Quero ressaltar que a
antipatia era recíproca. A questão é que em um determinado momento de nossas
vidas, por questões avessas a nossa vontade, fomos obrigados a conviver, um com o
outro. Graças a esse convívio começamos a nos conhecer, e ver que tínhamos muito
mais coisas em comum do que nossas diferenças nos impediam de enxergar. Tornamo‐
nos grandes amigos, e vivemos muitas coisas importantes juntos. Nossa amizade
extrapolou o nosso ser, fazendo que a minha família experimentasse o mesmo nível de
amizade com a sua família.
Certamente, já lhe ocorreu de não gostar de uma determinada pessoa que
cruzou a sua vida, por causa de algum hábito ou coisa parecida. Entretanto, depois de
você conhecê‐la, passou até a gostar dela. Tenho fé que da mesma maneira, o livro de
Levítico terá o conceito mudado depois deste estudo.
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2. ANTTES DE QUA
ALQUER COISSA
A nossa ansiedade,
a n
nossa naturreza humana, manda q
que nós entremos de
cabeçaa no estudoo, pois nossaa curiosidade é maior que tudo (espero eu!). M
Mas é bom
conversarmos um pouco ante es disto.
Lv 11:44a
Pois eu sou o Senhor, o D
Deus de vocês;; consagrem‐sse e sejam san
ntos, porque e
eu sou
santo.
Em terceirro plano, veem a questão de como o deve ser a leitura de
d Levítico.
Certammente ele é um livro dee leitura dessafiadora, po or ser um livvro repleto d de ritos de
culto. Um dos grrandes segreedos para u uma leitura prazerosa de Levítico é usar a
imaginnação. Um bom
b caminh ho é ir crian
ndo mentalmmente os rittuais conforrme vamos
lendo,, exagerando o nos detalhhes.
Por último
o, entender q
que o livro d
de Levítico ffaz parte de um conjuntto, de uma
obra completa,
c que
q conheceemos por Pentateuco. Para tal elu ucidação, faaremos um
apanhhado geral e muito brevee do que é o Pentateucoo.
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3. O PENTATEUCO E SUA RELAÇÃO COM LEVÍTICO
O Pentateuco são os cinco primeiros livros da Bíblia. Formam o Pentateuco os
livros de Genesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. São conhecidos também
como os livros da Lei, ou a Torah hebraica.
Apesar de serem cinco livros em abordagens e assuntos distintos, conseguem
transmitir uma unidade sem igual nos seus textos. O Pentateuco compreende o
período histórico da criação do mundo por Deus até a morte de Moisés no Monte
Nebo, nas campinas de Moabe.
Os assuntos relevantes em cada livro são:
• Gênesis – Formação do mundo e dos patriarcas de Israel.
• Êxodo – Chamado de Moisés, libertação e a Lei Geral.
• Levítico – Lei Sacerdotal. Manual litúrgico.
• Números – O povo no deserto. Exortação para não perder a fé.
• Deuteronômio – Segunda leitura da Lei
Levítico, neste contexto, funciona em alguns casos como uma regulamentação
da Lei expressa nos outros livros, como o do Êxodo. É em Levítico 1‐9 que os rituais do
Tabernáculo são normatizados. A instituição ocorre em Ex 25‐40. O sacerdócio descrito
em Ex 29 tem em Lv 8‐10 a liturgia de ordenação sacerdotal.
Citamos acima que o livro de Levítico é um livro da Lei, mas não é um livro de
lei simplesmente. Ele é um grande manual de liturgia para o povo hebreu. Algumas
pessoas se confundem e afirmam que a Lei está toda em Levítico. Isto é um grande
equívoco. Basta analisarmos alguns exemplos para verificarmos que tais fatos são
infundados. A lei da circuncisão está em Gn 17.9‐14. A pena capital pela quebra do
Shabbat (Sábado) está em Nm 15.32‐36. O maior exemplo, porém, são os Dez
Mandamentos que se encontram em Ex 20.2‐17 e é repetido em Dt 5.6‐21.
4. INFORMAÇÕES BÁSICAS DE LEVÍTICO
Nome do Livro – O nome Levítico é herança do título do mesmo livro na
Septuaginta (Antigo Testamento traduzido para o grego) e quer dizer levitas. Os levitas
eram os descendentes de Levi, filho de Jacó e Lia, que foram separados por Deus para
o cuidado com trabalho religioso (culto) da nação de Israel. Existe muita confusão em
relação aos levitas e ao sacerdócio. O sacerdócio foi incumbido a Arão e seus
descendentes e não a todos os levitas. A confusão se dá porque Arão é descendente
de Levi, mas isto não inclui os seus irmãos levitas na herança do sacerdócio.
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O interessante é observarmos o nome hebraico do livro de Levítico. Em todo
Pentateuco, os israelitas colocavam como nome do livro as primeiras palavras do
mesmo. No caso de Levítico é “ chamou o Senhor”. E é impressionante a riqueza de
entendimento que podemos ter apenas observando o nome em hebraico. Levítico é a
chamada do Senhor para a santidade, serviço e adoração, base de qualquer
relacionamento com Deus. O senhor chama para a santidade que só provem Dele (Lv
11.44‐45)
Data – A data exata da compilação de Levítico é um tanto incerta. O certo é que
ela deva ter ocorrido durante a peregrinação o povo de Israel pelo deserto, nas últimas
décadas dos anos de 1.400 a.C. A confiança que temos é que foi dada a Moisés, pelo
próprio Deus, na Monte Sinai, quando o povo provavelmente acampou na região por
nove meses.
Autor – Como todo o Pentateuco, é comumente aceito a autoria de Moisés. O
maior indicativo desta tese é a própria Palavra de Deus. Em Neemias 8.1 há a menção
ao “Livro da Lei de Moisés”. Em Ne 13.1 e 2Cr 25.4, por exemplo, temos a citação de
“Livro de Moisés”. No NT apresentam citações similares em Mt12.5; Mc 12.26; Lc
16.16; Jo 7.19 e Gl 3.10).
Personagem Central – A figura central do texto recai sobre a figura do Sumo
Sacerdote, pois é sobre ele que incide as obrigações referentes ao culto de Israel. A
relação do Sumo Sacerdote com Levítico é fundamental por se tratar de um livro que
expõe de maneira muito explícita o conceito de pecado, sacrifício e expiação.
5. OS TRÊS GRANDES TEMAS DE LEVÍTICO
Já falamos acima que Levítico tem um tema central. A Santidade, de maneira
geral, é o ponto chave deste livro. No entanto esta abordagem pode ser entendida
através de três pilares que a sustenta.
Neste sentido, podemos observar que Deus deixa bem claro que ele se fez
presente no meio do seu povo. Da mesma maneira que Ele está presente, Deus é santo
e porque Ele o é, exige que o povo busque um estado de santidade. De sobremaneira,
Deus mostra que apesar do homem ter a possibilidade desta busca de santidade, ele é
pecador. A presença de Deus é incompatível com a presença do pecado, não há como
estas duas facetas, Deus e o pecado, coexistirem em um mesmo lugar. Para solucionar
tal impasse, Deus cria um sistema de expiação para este pecado. Vamos ver esta
dinâmica de maneira detalhada.
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a. Deus está presente.
O Senhor está presente. Ele está no meio do povo. No cap. 1.1 Ele chama
Moisés na tenda da congregação. Um Deus que habita no meio do povo é algo único. É
certamente uma grande dádiva. Muitos deuses da antiguidade sempre se mostraram
de forma distante e cruel para com os seus adoradores. O Senhor, Iavé, concede ao
seu povo estar junto deles, no Tabernáculos, na nuvem que dá sombra e na coluna de
fogo que ilumina (Ex 13.21) e no maná (Ex 16.11‐35).
Algumas coisas são inerentes a essa presença divina no arraial dos hebreus. A
primeira delas é que existirá a necessidade de se cultuar Deus (Lv1. 2). A outra é que
Deus estará presente no Santos dos Santos, local dentro do Tabernáculo para a sua
habitação. O Santo dos Santos era separado do resto do Tabernáculos por um véu, que
só poderia ser transposto pelo Sumo Sacerdote, uma vez por ano, no Dia da Expiação
(Lv 16.17). Por último, Deus manifestava a Sua Glória no arraial através de vários atos.
O principal está descrito no cap. 9.23‐24, quando da ordenação do sacerdote.
b. Santidade.
Com bem já falamos anteriormente, o ponto central de Levítico está nos
versículos 44 e 45 do capítulo 11, que diz assim:
A grande mensagem está na expressão “...sejam santos, porque eu sou santo.”, que
aparece igualmente nos dois versículos. Deus chama o povo à santidade. Ele mostra
que será vital a vontade do povo em buscar esta santidade.
O texto é explícito em dizer que o alvo do povo israelita, nesta busca de
santidade, deveria ser o comportamento de Deus. O padrão de santidade não é
humano, mas sim aquele (padrão) que se manifesta na pessoa de Deus. O caráter de
Deus tem que ser imitado.
Para a busca de santidade, Deus mostra ao povo a necessidade de se abolir
falhas. Veja o texto:
Lv 1:3
Se o holocausto for de gado, oferecerá um macho sem defeito. Ele o apresentará à
entrada da Tenda do Encontro, para que seja aceito pelo Senhor,
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A perfeição é a exigência de Deus para o seu culto. De igual maneira ao
holocausto, o sacerdote que apresentaria aquele ato de culto deveria ser livre de
defeitos, não só pecados, mas físicos também. Veja:
Lv 21.17‐23
Além da perfeição física, era exigida a mais importante característica da
santidade exigida ao hebreu. A santidade moral. Várias normas de conduta são
estabelecidas por Deus. Destaque aqui para o código de pureza sexual em Lv 18. Na
lista de comportamento condenáveis estão o incesto (v.6‐18), adultério (v.20), a
homossexualidade (v.22) e a bestialidade, ou zoofilia (sexo com animais ‐ v.23).
Um romper de águas na época de Levítico foi o código de ética em Lv 19.18.
c. Expiação.
Deus não habita onde existe pecado. Ele ama o pecador, mas é intolerante ao
pecado. Imbuído de promover santidade para o povo, Deus estabelece uma série de
maneira de livrar o povo do fruto do pecado (Rm 6.23) através de sacrifícios. Existem
basicamente cinco tipos de sacrifícios descritos no livro de Levítico, que estão
distribuídos nos sete primeiros capítulos. São eles1:
1
ARNOLD, Bill T. Descobrindo o Antigo Testamento. São Paulo: Ed Cultura Cristã, 2001. p.120
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1º. HOLOCAUSTO
Levítico 1 ‐ Era a típica oferta hebraica, predominante ao longo de toda
a história do Antigo Testamento e provavelmente a forma mais antiga
de sacrifício de compensação. O termo descreve uma "oferta de
ascensão" ou uma oferta que sobe. O animal era completamente
queimado no altar, e a fumaça subia em direção aos céus. Levítico exigia
que o animal fosse um macho sem manchas. Vários animais eram
permitidos, de acordo com as possibilidades financeiras.
2º. OFERTA DE CEREAL
Levítico 2 ‐ Originalmente, é possível que fosse um "presente", pois
exatamente isso que o termo significa. Nas regras de Levítico, o cereal
tinha um significado compensatório. Ele freqüentemente acompanhava
os sacrifícios queimados e as ofertas pacíficas. Provavelmente servia
como um tipo mais barato de sacrifício queimado para aqueles que não
podiam dispor de um animal
3º. OFERTA PACIFICA
Levítico 3 ‐ Era a forma básica de sacrifício trazida nos dias de festa. Era
uma oferta comemorativa, consumida pelas pessoas. Era
freqüentemente apresentada junto aos sacrifícios queimados, que eram
consumidos por Deus. Ao que parece, não era compensatória, mas
estava ligada a restauração e reconciliação. Tinha três subtipos:
sacrifício de ação de graças, sacrifício prometido e sacrifício de
espontânea vontade.
4º. SACRIFÍCÍO DE PECADO
Levítico 4.1‐5.13 ‐ Era compensatório por uma ofensa contra Deus.
Enfatizava o ato de purificação. Envolvia profanação cerimonial, engano,
apropriação indevida e sedução. Variava de acordo com quatro classes
de indivíduos: sacerdote, congregação, governante ou individuo do
povo.
5º. SACRIFÍCIO DE CULPA
Levítico 5.14‐6.7 ‐ Era uma subcategoria do sacrifício de pecado.
Compensatório, porem dedicado a restituição e reparação. Geralmente
tratava de profanação de artigos sagrados e violações de natureza
social.
Neste contexto, temos um personagem principal. O sacerdote. Vemos nos
capítulos de 8‐10 e 21‐22 as disposições referentes ao seu ofício. O sacrifício só
poderia ser realizado através deles, na maioria dos casos através do Sumo Sacerdote.
Outro ponto fundamental na expiação são as festas, como veremos mais a frente.
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6. OS QUATRO GRANDES BLOCOS DE LEVÍTICO
De uma maneira sistemática, o livro de Levítico pode ser dividido em quatro
grandes blocos de observação. Estes grupos podem ser observados no decorrer do
texto de uma maneira contínua. Cada tópico irá representar uma intenção de Deus na
compilação deste texto.
Esta sistematização é muito útil no momento da leitura do texto. É muito útil
observarmos esta divisão quando da leitura corrida do texto. O ideal é fazer a leitura
de Levítico como se fosse de quatro livros separados.
Abaixo apresentamos um excelente quadro extraído das notas da Bíblia
Thompson2. Observe as divisões, conflite com o que você já conhece do texto.
Acrescente as informações passadas até agora pelo nosso estudo e você poderá notar
que muitas coisas irão clarear na sua compreensão do texto de Levítico.
I. A VIDA DE ACESSO A DEUS.
(1) Por meio de sacrifícios e ofertas.
(a) Holocaustos, que significavam expiação e consagração, 1:2‐9.
(b) Oblações, que significavam ação de graças, 2:1‐2.
(c) Ofertas pelo pecado, que significavam reconciliação, cap. 4.
(d) Ofertas pela transgressão, que significavam limpeza de culpa, 6:2‐7.
(e) Ofertas de paz, 7:11‐15.
(2) Através da mediação sacerdotal.
O sacerdócio humano:
(a) seu chamado, 8: 1‐5;
(b) sua limpeza, 8:6;
(c) seus ornamentos, 8:7‐13;
(d) sua expiação, 8: 14‐34;
(e) exemplos de sua vida pecaminosa, cap. 10.
II. LEIS ESPECIAIS QUE GOVERNAM A ISRAEL.
(1) Quanta ao alimento, cap. 11.
(2) Quanta Ii limpeza, higiene, costumes, moral, etc., todas enfatizavam a pureza de
vida como condição para obter 0 favor divino, caps. 12‐20.
(3) Pureza dos sacerdotes e das ofertas, caps. 21‐22.
2
Bíblia de Referência Thompson – São Paulo: Ed. Vida, 1996. p. 1389.
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III. AS CINCO FESTAS ANUAIS.
(1) A Festa da Páscoa, 23:5.
(2) A Festa do Pentecoste (ou das semanas), 23: 15.
(3) A Festa das Trombetas, 23:23‐25.
(4) O Dia da Expiação, cap. 16, e 23:26‐32.
(5) A Festa dos Tabernáculos, 23:39‐43.
IV. LEIS E INSTRUÇÕES GERAIS
(1) O ano sabático. Um ano em cada sete a terra era deixada sem cultivo, 25:2‐7.
(2) O Ano do Jubileu. Um ano em cada cinqüenta era designado para que os escravos
fossem libertados, as dividas perdoadas e uma restituição geral tivesse lugar. 25:8‐16.
(3) Condições para as bênçãos e advertências acerca do castigo, cap. 26.
7. AS FESTAS DO POVO DE DEUS
As festas no cenário de Levítico representa uma moção do Senhor a fim de
atender objetivos religiosos e sociais. Em termos religiosos os sacrifícios tinham
posição central. Já em termos sociais, a assistência aos pobres e necessitados da nação
tinham ações práticas ao seu favor.
No entanto, o maior objetivo dos festas era que Deus e seus estatutos
estivessem sempre presentes na mente e no cotidiano do povo escolhido.
Um ponto a se destacar é quanto à questão da “Santa Convocação” (Lv. 23.2),
que consistia no chamado compulsório de Deus para as festas. Nos dias de santa
convocação não era permitido realizar nenhum tipo de trabalho, salvo os de
preparação da comida, como pode ser visto no texto em Êxodo:
Ex 12:16
Convoquem uma reunião santa no primeiro dia e outra no sétimo. Não façam nenhum
trabalho nesses dias, exceto o da preparação da comida para todos. É só o que poderão
fazer.
Eram sete as festas instituídas em Levítico, sendo que destas mesmas três eram
obrigatórias a todos os do sexo masculino: Páscoa (e conseqüentemente a dos Pães
Asmos), Pentecoste e Tabernáculos.
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∟Páscoa/Pães Asmos – Era comemorada para lembrança do sofrimento e da
libertação da escravidão no Egito. As duas festas estavam intimamente ligadas.
∟Pentecoste – Também era conhecida como festa das Semanas ou da
Colheita. Na verdade, o nome Pentecoste só veio ser comumente usado por volta de
300 a.C., devido ao domínio e influência do império Grego e sua cultura. Pentecoste
quer dizer “50 dias depois”, pois a festa ocorria 50 dias passados da Páscoa. Eram ao
todo sete semanas de celebração, começando com a colheita da cevada; o
encerramento acontece com a colheita do trigo (Dt 34.22; Nm 28.26; Dt 16.10).
∟Tabernáculos – Ocorria no sétimo mês e durava sete dias, fazendo jus ao
reconhecimento do número sete como o representante da perfeição nas Escrituras. A
festa tinha como objetivo lembrar os 40 anos de peregrinação no deserto. O povo
devia habitar sete dias em cabanas para que se lembrasse que o Senhor os fez habitar
em cabanas quando do êxodo (Lv 23.42‐43). Por isso também era conhecida como a
festa das Cabanas.
∟ Trombetas ‐ Comemorava o início do ano civil dos hebreus. O toque de uma
trombeta no 1º dia do mês tisri (7º mês) anunciava a festa. Provavelmente esta
trombeta era feita de chifre de carneiro, que era própria para as cerimônias solenes do
antigo Israel.
∟Dia da Expiação – Era o dia mais solene do ano. O povo devia cessar o seu
trabalho e “afligir a sua alma” (Lv. 23.27). Neste dia (10º dia do mês de tisri) o Sumo
Sacerdote entrava no Lugar Santíssimo do Tabernáculo, a fim de fazer a expiação do
pecado de todo o povo. Este era o único dia permitido por Deus para que alguém, e
neste caso somente o Sumo Sacerdote, entrasse no lugar mais sagrado do
Tabernáculo.
∟Primícias – Ocorria nas festas dos Pães Asmos e no Pentecoste, e consistia da
oferta dos primeiros frutos da colheita. Representava a benção o Senhor sobre a
fartura da Terra Prometida.
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Segue abaixo um quadro das festas anuais de Israel3:
8. CURIOSIDADES
1. Bode Expiatório – Uma das maiores curiosidades encontradas nos livro de Levítico é
certamente o da figura do bode expiatório (Lv 16.20‐22). A curiosidade é pelo fato de
muitas pessoas, hoje e de muito tempo, usarem esta terminologia para designar
alguém que sofreu algum tipo de punição em lugar de alguém, sem ter tido culpa. O
bode expiatório é um mandamento cerimonial de Deus. No Dia da Expiação, o
sacerdote colocava sua mão sobre a cabeça de um bode, e lhe imputava, ou seja,
transferia através de confissão, os pecados de todo o Israel. Depois, este bode, que já
levava sobre si os pecados que não eram seus, era conduzido para o deserto a fim de
que as iniqüidades não estivessem mais na presença do Senhor.
2. Sementes para os Pobres – Os Israelitas não tinham, certamente, um programa de
assistência social para ajudar os pobres nos tempos do Antigo Testamento, mas Deus
se mostra meticuloso ao cuidar dos pobres. Os agricultores deviam deixar sementes de
cereais da borda do campo e as que ficassem para trás na colheita para que as pessoas
pobres e viajantes pudessem ter algo para comer. Veja o texto:
Levítico 19.9‐10.
3
Bíblia de Estudo Genebra – São Paulo: Ed. Cultura Cristã, 1999. p. 153
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9"Quando fizerem a colheita da sua terra, não colham até as extremidades da sua
lavoura, nem ajuntem as espigas caídas de sua colheita. 10Não passem duas vezes pela
sua vinha, nem apanhem as uvas que tiverem caído. Deixem‐nas para o necessitado e
para o estrangeiro. Eu sou o Senhor, o Deus de vocês.
A história que encontramos em Rute 2.2‐9 mostra como o cumprimento dessa lei foi
fundamental para a provisão alimento para os forasteiros.
3. A Morte de Nadabe e Abiú – O Sumo Sacerdote Arão tinha quatro filhos, que foram
consagrados ao sacerdócio (Nm 3.2). Os dois mais velhos, Nadabe e Abiú foram
consumidos pelo fogo do Senhor (Lv 10.2), por apresentarem “fogo estranho” perante
Deus. Ninguém sabe ao certo o que é este “fogo estranho”. O mais provável é que as
instruções para a oferta do incenso não foram seguidas a risca. Alguns comentaristas
acreditam que os dois estavam embriagados no momento da oferta, mas tudo é
especulação. Não há nada de concreto.
4. Purificação Depois do Parto – No capítulo 12 é descrito algo semelhante com a dieta,
que se recomenda a toda gestante do nossos dias, faça depois do parto. O interessante
da história é que a purificação variava conforme o sexo da criança. Se o fruto do parto
fosse um menino, a purificação duraria sete mais trinta e três dias. Porém, se fosse
uma menina a purificação duraria duas semanas mais sessenta e seis dias. Outra fato
importante é que a mulher nesse período não podia ter contato com nada que fosse
santo.
9. O LIVRO DE LEVÍTICO E OS NOSSO DIAS
Muitos dos interpretes críticos das Escrituras, senão a maioria, não vê
aplicabilidade nos textos do AT, principalmente os do livro de Levítico. Isto é um
tremendo equivoco e perda de uma chance muito grande de edificação pessoal. Além
de que o texto de Levítico traz muitas fundamentações teológicas que se baseia o
cristianismo.
Como todo o AT, Levítico é um pano de fundo, um cenário para o desenrolar
da fé cristã. Como em uma peça de teatro, o cenário (neste caso Levítico) tem por
função ambientar a ação dos protagonistas. O que pretendemos fazer aqui é entender
por que este “pano de fundo” é importante para a Igreja de Cristo nos dias atuais.
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A primeira grande contribuição de Levítico é quanto à conscientização da
gravidade que o pecado tem para Deus. O capítulo 10 é rico em descrever tal fato.
Deus nos mostra em Levítico que o pecado é algo que impede o seu relacionamento
conosco, que é intolerável, mas que pode ser apagado através da expiação. E mais,
quando Deus indica que esta expiação deveria ser feito inclusive pelos pecados dos
Sumo Sacerdote, revela que o pecado é algo universal, inerente a toda a
humanidade(Mt 7.21‐23; Rm 3.23).
Através do rigor da Lei litúrgica de Levítico, temos noção do poder que
envolve a pessoa de Cristo.
O Sumo Sacerdote era o único que tinha acesso direto a Deus. E isto só
ocorria uma vez ao ano. Jesus é o sacerdote por excelência. É o sacerdote perfeito (Hb
7.28) que nos dá acesso direto ao Pai, por meio do Seu sangue, não uma vez, mas
constantemente. Por isso a sua morte rompeu o véu do Templo (Mt 27.51 – Hb 10.19‐
20).
Parar finalizar ressaltamos Deus como fonte de vida e que habitou no meio de
nós, em Levítico no Tabernáculo e nas suas manifestações miraculosas, e na Nova
Aliança na pessoa de Jesus Cristo como relata o texto na tradução Almeida revista e
atualizada:
Jo 1:14
E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua
glória, glória como do unigênito do Pai.
Jesus, o Deus encarnado, refletiu em sua vida aquilo que Deus prefigurava
quando exortava o povo à santidade. Jesus refletia esta santidade e por causa dela
pode ser o sacrifício perfeito e definitivo:
2 Co 5:21
Deus tornou pecado por nós aquele que não tinha pecado, para que nele nos
tornássemos justiça de Deus.
Graças a estes paralelos podemos entender a profundidade do ministério de
Jesus Cristo.
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10. CONCLUSÃO
A partir do estudo mais aprofundado de Levítico temos noção de muito que
Deus espera da nossa vida, e o que tem a oferecer a ela. Através deste estudo,
acredito que possamos entender um pouco mais que a Graça do Senhor é melhor que
tudo, é “melhor que a vida”.
Tendo a busca por santidade, o crescer em graça, na fé, como objetivo maior
descrito em Levítico, mas nos moldes da Nova Aliança em Jesus Cristo, o crente
certamente terá a verdadeira alegria e vida abundante que só vem de Deus.
“... eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância.”
Jo 10.10
Que Deus o abençoe.
FICHA TÉCNICA
1. Bíblia de Estudo Genebra
2. Bíblia de Estudo Thompson
3. Bíblia NVI
4. Texto Características do povo sacerdotal de Deus (II) ‐ Waltir P. da Silva
5. Descobrindo o Antigo Testamento – Ed Cultura Cristã
6. http://www.metodista.br
7. http://www.monergismo.com
8. Manual Bíblico Halley
9. Dicionário Bíblico John Davis
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