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INTRODUÇÃO
Os Conselhos Gestores são considerados como esferas públicas, por terem como
elementos constitutivos a:
Visibilidade Social, com total transparência das suas decisões e representação dos
interesses coletivos através de seus sujeitos sociais.
Caráter Democrático, com ampliação dos fóruns de discussões e a interlocução
pública gerando decisões coletivas.
Controle Social, com a possibilidade de a sociedade participar das decisões e poder
acompanhar sua implantação.
Cultura Pública, com o reconhecimento dos interesses dos sujeitos sociais, tornando-
os visíveis na esfera pública, constituindo-os de fato como um direito.
Os Conselhos de Gestão atuam com parcelas de poder junto ao executivo, com
possibilidades de decidir sobre questões do governo. São organismos de luta e de organização
da sociedade civil organizada, com participação do governo e trabalhadores, criados para
articulação dos diversos interesses presentes na sociedade. Têm caráter permanente, ou seja,
não podem ser extintos; possuem natureza deliberativa, com competência legal para formular
políticas, redefinir prioridades e recursos orçamentários a partir da necessidade da população.
Outra função dos Conselhos é a de fiscalizar e acompanhar a implantação das políticas
públicas, de forma a apurar as irregularidades e buscar a correção de rumos ou levar ao
conhecimento de autoridades competentes para resolução dos problemas na execução dessas
políticas.
Segundo a legislação, o funcionamento dos Conselhos deve ser garantido pelo poder
público, assegurando sua infra-estrutura básica. A sua composição deve ter representantes do
poder público e da sociedade civil organizada respeitando sua paridade. Paridade esta que não
deve ser apenas uma questão numérica, mas também em condições de igualdade ao acesso à
participação, informações e às decisões. São serviços de relevância pública, não podendo ser
remunerados.
OBJETIVOS
METODOLOGIA
As mudanças que perpassam todas as esferas da vida social nos apresentam o desafio
de buscar o seu significado para a vida cotidiana e identificar a direção das novas práticas
sociais coletivas que surgem.
Na realização desta pesquisa desenvolvemos a abordagem quantitativa numa
perspectiva histórica crítica, fundamentada por dados quantitativos, convergindo
sinergicamente em complementaridade mútua.
A coleta de dados ocorreu nas diversas etapas da pesquisa utilizando como
instrumento a pesquisa bibliográfica e pesquisa documental. A pesquisa bibliográfi ca
contribuiu na construção do referencial teórico, perpassando por todo o processo de pesquisa.
A pesquisa documental possibilitou a identificação das legislações e normatizações
federais pertinentes ao nosso objeto de estudo, para traçar o paralelo de análise com as
legislações específicas (leis e regimentos internos) dos municípios que compõem a RMBS, de
forma a identificar seu processo de formação, sua composição e dinâmica de funcionamento.
Foram construídos alguns instrumentais para sistematização das informações e construção da
análise da conformidade ou não com a legislação federal e as relações com os conceitos
estudados.
A partir dos dados coletados foi realizada a sistematização quantitativa da
documentação pesquisada, considerando a dimensão histórica de nosso objeto de análise a
partir do método dialético.
1 – DINÂMICAS DE FUNCIONAMENTO
A estruturação dos Conselhos é fundamental para o seu bom funcionamento, para isso
devem ser constituídos de alguns mecanismos como as plenárias ou assembléias, Diretoria ou
Secretaria Executiva e Comissões ou Câmaras Temáticas que, de acordo com a área do
Conselho, tratarão de temas de suas especificidades.
1.2 – PLENÁRIAS
Segundo a legislação, a sociedade deve participar das definições das políticas públicas
e acompanhar sua implementação. Sua participação deve ser paritária com os gestores e
demais representantes. Alguns conselhos, como o de Saúde e Assistência Social já definem a
necessidade de uma composição também tripartite, onde estejam representados usuários,
trabalhadores e gestores, garantindo porém a paridade com os usuários.
As decisões coletivas com a ampliação dos fóruns de discussão de interlocução
pública, com representação efetiva da sociedade civil é que possibilitam o caráter democrático
dos Conselhos e a visibilidade de suas ações.
A pesquisa aponta 89%, ou seja, a maioria dos Conselhos dos municípios da RMBS
com caráter Deliberativo, garantindo assim a possibilidade de participação da sociedade na
elaboração e definição de Políticas Públicas.
Processo de Eleição dos Representantes do Poder Público nos Conselhos Municipais – RMBS
3 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a análise dos dados da pesquisa, podemos concluir que a maioria da legislação
dos Conselhos apresenta conformidade com as diretrizes e os parâmetros nacionais de
organização e funcionamento destas esferas. Principalmente nos itens referentes a sua
composição, estrutura e seu caráter de decisões.
Porém, nos aspectos referentes ao processo de eleição de seus membros e da
Presidência, os documentos analisados não apresentam com clareza como ocorre esse
processo. Salientamos inclusive a existência, em um dos Conselhos, de situação totalmente
divergente das diretrizes, onde consta a representação do Poder Legislativo na composição do
Conselho, sendo que há muito este ponto foi debatido, sendo excluída esta representação
considerando a não interferência entre os Poderes.
Uma característica positiva verificada é sobre a paridade, a qual se apresenta garantida
em 100% de todas as legislações municipais, cabendo ainda observar o avanço em alguns
Conselhos com o princípio também tripartite, ou seja, a participação da sociedade é garantida
entre 50% dos membros, e os trabalhadores também têm assegurado junto com os gestores, a
representação. A representação efetiva da sociedade civil é que possibilita o caráter
democrático dos Conselhos e a visibilidade de suas ações junto à sociedade. Ressaltamos,
entretanto, que a grande maioria das legislações e/ou regimentos internos não deixam claro o
processo de eleição dos mesmos.
Outro importante aspecto a destacar é a presença, em quase todos os Conselhos, do
caráter deliberativo de suas decisões, refletindo a possibilidade de interlocução pública
através das decisões coletivas, um grande avanço no caráter democrático destes espaços na
RMBS.
Não podemos deixar de registrar a grande dificuldade encontrada na obtenção das
legislações e/ou regulamentos dos Conselhos. Muitos municípios não os forneceram, obtendo-
se o acesso apenas através dos sites de suas respectivas prefeituras, o que em sua maioria era
bastante precário. Mesmo com o material em mãos, alguns deles não continham informações
necessárias para análise do funcionamento e principalmente dos processos de eleição de seus
membros, como relatado anteriormente, dificultando uma análise mais aprofundada com
relação à representação efetiva dos membros dos Conselhos.
Outro fator importante são as informações que chegam à sociedade civil sobre as
ações dos Conselhos, e o grau de participação da sociedade nestes espaços e em suas
decisões. Não identificamos nas legislações específicas e regimentos internos nenhum
processo ou estrutura que especifique como é feita a comunicação de suas reuniões e seus atos
junto à sociedade, assegurando a visibilidade social e conformidade com o especificado em
legislações e diretrizes nacionais. Bem poucos Conselhos apresentam claramente, nas suas
legislações/regimentos, que essas informações devem constar de Jornal Diário Oficial do
município ou local de grande circulação de pessoas.
Aparece com destaque, nas legislações e diretrizes nacionais, a garantia da existência
de capacitação de conselheiros, apontada como essencial. Essa capacitação é fundamental
para o exercício da função de conselheiro junto aos Conselhos Municipais, porém esse item
não foi encontrado em nenhum dos documentos analisados.
Por fim podemos afirmar que na RMBS muitos avanços são notados nas legislações
municipais, demonstrando sua conformidade com as legislações e diretrizes nacionais, com
destaque o aspecto deliberativo destas instâncias. Nota-se, entretanto, que um longo percurso
ainda há que ser seguido na conquista de espaços de participação pelos profissionais/
trabalhadores. A presença de paridade entre sociedade civil e governo é de fato um grande
avanço, mas fica aqui a percepção da necessidade de novos estudos que avaliem a
representatividade e qualidade desta participação, como também a efetivação das
deliberações ali tomadas.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS