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012, de 6 de
agosto de 2009.
Gabriel Habib(*)
1. Introdução.
A lei nº 12.012, de 6 de agosto de 2009 inseriu no Código Penal a criminalização do
favorecimento do recluso ou do detento, ao tipificar a conduta de ingressar,
promover, intermediar, auxiliar ou facilitar a entrada de aparelho telefônico de
comunicação móvel, de rádio ou similar, sem autorização legal, em estabelecimento
prisional.
Com a lei nº 11.466, de 28 de março de 2007, o legislador criminalizou a conduta do
diretor do estabelecimento prisional e/ou agente público de deixar de cumprir o seu
dever de vedar ao preso o acesso a aparelho telefônico, de rádio ou similar, que
permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo.
Agora, com a lei nº 12.012, de 6 de agosto de 2009, o legislador quis reprimir a
conduta de quem faz o aparelho telefônico de comunicação móvel, de rádio ou
similar ingressar no estabelecimento prisional.
A opção do legislador foi colocar o novel delito dentro do capítulo III, do Título XI, do
Código Penal, que trata dos crimes contra a Administração da Justiça. Tal opção
legislativa não pode passar imune à críticas. Com efeito, o art. 349 do Código Penal
tipifica o delito de favorecimento real, que é o delito por meio do qual o agente
auxilia o autor de delito anterior a tornar seguro o proveito do crime. Nesse tipo
penal, o objeto material é o produto do crime anterior, devendo haver,
necessariamente, um crime anteriormente praticado, do qual se obteve algum
produto, normalmente um delito patrimonial.
O novel art. 349-A, na verdade, não possui nenhuma conduta relacionada a produto
de crime anterior. Ao contrário, o legislador, ao inseri-lo, quis vedar o auxílio
destinado à pessoa do preso. Em primeiro lugar, não dispôs que o aparelho
telefônico de comunicação móvel, de rádio ou similar é produto de crime anterior.
Em segundo lugar, o ingresso desses aparelhos no estabelecimento prisional só
pode se dar, única e exclusivamente, com a intenção de auxiliar a pessoa do preso.
Assim, trata-se, evidentemente, de espécie de auxílio pessoal, favorecimento
pessoal, delito tipificado no art. 348 do Código Penal.
Dessa forma, pensamos que melhor seria que o tipo penal ora comentado tivesse a
numeração 348-A, tratando, evidentemente, de uma espécie de favorecimento
pessoal.
2. Bem jurídico tutelado.
O bem jurídico tutelado pelo novel tipo legal de crime é a Administração da Justiça.
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa, tratando-se, portanto, de crime comum. O
sujeito passivo á a Administração Pública.
4. Tipo objetivo.
O tipo legal de crime dispõe que as condutas típicas devem ser praticadas sem
autorização legal. Verifica-se, com isso, que o que o legislador quis vedar foi o
ingresso, a promoção, a intermediação, o auxílio ou a facilitação da entrada de
aparelho telefônico de comunicação móvel, de rádio ou similar de forma ilícita,
clandestina, ao arrepio da lei, sem que a direção do estabelecimento prisional tenha
conhecimento. Assim, como a ausência de autorização legal é elemento do tipo,
caso haja, por um motivo qualquer, tal autorização, a conduta do agente será
formalmente atípica, resolvendo-se a questão no plano da tipicidade.
5. Tipo subjetivo.
6. Consumação e tentativa.
8. Classificação.
Crime comum; formal; doloso; comissivo; instantâneo; admite a tentativa.
9. Princípio da irretroatividade da lei penal mais severa.
Por tratar-se de inovação legislativa mais severa, não poderá retroagir para alcançar
fatos ocorridos anteriormente à sua vigência, em obediência ao princípio
constitucional de irretroatividade da lei penal mais severa, positivado no art. 5º, XL
da CRFB/88.
Como a lei foi publicada em 07 de agosto de 2009, o agente que ingressou,
promoveu, intermediou, auxiliou ou facilitou da entrada de aparelho telefônico de
comunicação móvel, de rádio ou similar até – inclusive – o dia 06 de agosto de
2009, não praticou esse delito.
*Gabriel Habib é Defensor Público Federal no Rio de Janeiro. Pós graduado pelo
Instituto de Direito Penal Econômico e Europeu da Universidade de Coimbra.
Professor e Coordenador do Curso Forum/RJ. Professor e Coordenador do Curso
IDEIA/RJ. Professor do Curso CEJUS – Centro de Estudos Jurídicos de Salvador/
BA. Professor da EMERJ – Escola da Magistratura do Rio de Janeiro. Professor de
FESUDEPERJ – Fundação Escola da Defensoria Pública do Rio de Janeiro.
Professor do Curso CEJUSF/RJ. Professor da pós graduação da Universidade
Estácio de Sá. Professor do Curso Jurídico/PR. Professor do Curso CEJJUF/MG.
Professor do Curso Praetorium SAT/MG. Autor do livro Leis Penais Especiais para
Concursos. Editora Jus Podivm.
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[1] Art. 89. Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas
ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do
processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha
sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão
condicional da pena (art. 77 do Código Penal). § 1º Aceita a proposta pelo acusado e seu defensor,
na presença do Juiz, este, recebendo a denúncia, poderá suspender o processo, submetendo o
acusado a período de prova, sob as seguintes condições: I - reparação do dano, salvo
impossibilidade de fazê-lo; II - proibição de freqüentar determinados lugares; III - proibição de
ausentar-se da comarca onde reside, sem autorização do Juiz; IV - comparecimento pessoal e
obrigatório a juízo, mensalmente, para informar e justificar suas atividades. § 2º O Juiz poderá
especificar outras condições a que fica subordinada a suspensão, desde que adequadas ao fato e à
situação pessoal do acusado. § 3º A suspensão será revogada se, no curso do prazo, o beneficiário
vier a ser processado por outro crime ou não efetuar, sem motivo justificado, a reparação do dano. §
4º A suspensão poderá ser revogada se o acusado vier a ser processado, no curso do prazo, por
contravenção, ou descumprir qualquer outra condição imposta. § 5º Expirado o prazo sem
revogação, o Juiz declarará extinta a punibilidade. § 6º Não correrá a prescrição durante o prazo de
suspensão do processo. § 7º Se o acusado não aceitar a proposta prevista neste artigo, o processo
prosseguirá em seus ulteriores termos.