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Filosofia da Administração - Uma breve introdução a uma idéia: a Transadministração Página 1 de 14

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Uma breve introdução a uma idéia: a Transadministração

Qual a definição de administração? De maneira simplista, podemos


definir Administração de duas maneiras diferentes:

a – pelo senso comum, como a profissão que tenta fazer as empresas


funcionarem, obtendo normalmente lucro, e

b – pelos próprios administradores, como a arte e a ciência de se fazer


coisas através de pessoas.

Um filósofo da Administração poderia contestar as duas definições


acima, e sugerir uma terceira, embora que possa ser uma definição
inicialmente não convencional, ou prematura, ou ainda provisória,
sujeita a modificações.

Mas, não há oficialmente filósofos da administração, nem formalmente


há cursos de formação em Filosofia da Administração. Então, por que
falar de uma Filosofia da Administração?

Primeiro, é importante enfatizar que Filosofia da Administração não é a


mesma coisa que uma “filosofia de administração”. Esta é apenas uma
forma pessoal de um administrador exercer sua atividade, da mesma
maneira que qualquer profissional pode ter sua própria maneira de ver
sua profissão, podendo ou não adotar certas linhas de pensamento ou
certas correntes ou teorias. Neste sentido, um profissional, tal como um
psicólogo, pode seguir o pensamento freudiano ou junguiano, ou um
economista pode ser da escola marxista ou capitalista, ou um médico
pode ser de filosofia holística ou qualquer outra. Como administrador,
um profissional pode definir-se como sendo da linha burocrática, ou
democrática, ou ditatorial, ou como adepto de qualquer outra forma ou
maneira de gerenciar ou planejar. Neste sentido - filosofia de trabalho –

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uma filosofia de administrar é apenas uma escolha pessoal de um


profissional, nem sempre consistente ao longo do tempo. Não é neste
sentido que falamos de Filosofia da Administração.

Como afirmamos, não há cursos de Filosofia da Administração. Mas ela


existe.

Então, como surgiu?

A Filosofia da Administração não surgiu, no sentido normal do termo.


Ela está surgindo. Melhor: está tentando surgir, como um corpo de
conhecimentos desvinculado da Administração tradicional.

Talvez a Filosofia da Administração nem mesmo devesse ter esse nome,


já que pode haver confusão entre um tipo de conhecimento e outro.

Por que devemos pensar que há dois corpos de conhecimento chamados


ambos, simultaneamente, de Filosofia da Administração?

Porque há, hoje, livros e escritores falando de algo que chamam de


Filosofia da Administração, mas que de certo modo, não é exatamente
um estudo da Administração e seus problemas usando-se de métodos
filosóficos. O que há é uma espécie de conjunção entre temas da
Filosofia tradicional e temas da Administração tradicional, temas
comuns às duas áreas, que não significa exatamente um conjunto de
ferramentas para o administrador, nem para o filósofo. É evidente que a
Filosofia, uma atividade que remonta a pelo menos 2.500 anos no
mundo ocidental, tenha várias vezes, através de diversos autores e
seus escritos, tocado em temas que hoje entendemos como pertinentes
ou pertencentes à Administração. E pode-se considerar que a temática
comum entre Administração e Filosofia é tão vasta que seria legítimo
que um estudioso se devotasse a estuda-la. Certamente seria de
utilidade para ambos os profissionais, administradores e filósofos, mas o

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conhecimento oriundo de um estudo dessa temática não substituiria o


método filosófico como ferramenta para o filósofo, nem substituiria a
Teoria da Administração atual como ferramenta para o administrador.
Essa Filosofia da Administração baseada na tangência entre duas
esferas de conhecimento distintas dificilmente chega a romper a
barreira oferecida pela maciça quantidade de conhecimentos
concorrentes e consolidados em ambas as esferas de saber, e assim,
acaba por permanecer como um ramo periférico e subsidiário em ambas
as áreas. Esse é o corpo de conhecimentos chamado de Filosofia da
Administração, o qual podemos chamar de tradicional, porque não é um
ramo do conhecimento que se propõe surgir como algo novo e
revolucionário.

No entanto, há uma homônima Filosofia da Administração, que se


esforça para nascer, e que podemos chamar de nova Filosofia da
Administração, desde que entendamos algumas diferenças.

As propostas que se delineiam dentro desta nova Filosofia da


Administração pouco ou nada tem a ver com a História da Filosofia e
com a História da Administração – áreas comumente abordadas pela
Filosofia da Administração tradicional – ou mesmo com o uso do método
filosófico para se resolver problemas administrativos. Na verdade, as
áreas estudadas por essa nova Filosofia da Administração estão mais
conectadas à Economia, Matemática, Biologia, Sociologia, Informática e
Psicologia, que propriamente à Filosofia ou mesmo à Administração
tradicional.

Por ter um enfoque teórico, numérico e transdisciplinar, talvez fosse


melhor classificar essa área de estudo como pertencendo à Economia,
mas não há na teoria econômica espaço para ela, uma vez que
tradicionalmente a Economia subdivide-se em macro e micro economia.
Para que se pudesse classificar os novos estudos dentro da Economia,

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teríamos que criar algo como novas categorias ou divisões, duas ao


menos, que poderiam denominar-se naturalmente, em função de seus
conteúdos, de nanoeconomia e transeconomia. O que sejam esses
conteúdos é questão que os próprios nomes apenas sugerem, embora
que tais sugestões não tragam nada além que seja mais específico.

Mas então, estaríamos indo longe demais ao propor novas categorias à


Economia, uma vez que essa proposta significa uma tentativa de
intervenção em uma ciência a qual não estamos suficientemente
familiarizados a estudar, nem autorizados a exercer. Convém que essa
nova Filosofia da Administração encontre seu espaço inserindo-se na
Administração, não na Economia, embora que de fato não seja nem
uma coisa, nem outra, ao mesmo tempo em que abarque partes de
ambas as áreas.

No entanto, e essa é a verdade, a dificuldade em se classificar essa


Nova Filosofia da Administração sugere fortemente que aquilo que
tradicionalmente entendemos por Administração necessita
urgentemente de um acréscimo vigoroso de músculos teóricos,
acréscimo que, quer queiramos ou não, envolve áreas de outras
ciências, e de forma tão vasta, que pode vir a desfazer a imagem e a
identidade que hoje a Administração tradicional possui, fazendo com
que a mesma passe a assemelhar-se mais a um arranjo multidisciplinar
que a uma disciplina específica e delimitada.

Os termos Nanoeconomia e Transeconomia não são de todo errados.


Entretanto, ao tratarmos de Filosofia da Administração, não é
exatamente de Economia que estamos falando. Então, para evitar
confusão, e ainda que possa soar prematuro, o que surge como um
novo campo de conhecimento é, na verdade, melhor descrito como
Transadministração. Mais que a Administração tradicional, a
Transadministração, para conter uma Filosofia da Administração,

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precisaria, por sua vez, ampliar seu leque conceitual, e, à maneira da


Economia, tratar de abordar seu corpo teórico de maneira macro e
micro. Mas não seriam somente essas as duas áreas necessárias. Seria
preciso que houvesse uma terceira, já sugerida, que trataria de um
ramo até agora negligenciado, a Nanoadministração. Assim subdividida,
a Transadministração se subdividiria em Macroadministração,
Microadministração e Nanoadministração.

Pareceria uma divisão tal como a da Economia tradicional? Em parte


sim, já que a Administração tradicional, assim como a ciência da
Contabilidade, podem ser classificadas como ciências econômicas
aplicadas. Mas, Administração não é exatamente Microeconomia, e
Contabilidade não poderia ser classificada como Nanoeconomia, se essa
suposta subdivisão da Economia realmente existisse.

A Transadministração como um todo suporia mais até que a


Macroeconomia, e a Nanoadministração esmiuçaria entidades menores
que a empresa, indo a níveis de detalhes que nem a Contabilidade
alcança hoje, ou alcançaria uma Nanoeconomia. A área de
conhecimento mais próxima da Transadministração seria a Teoria dos
Sistemas, mas não se confunde com ela também. Evidentemente que a
Transadministração se serve de muito daquilo que a Teoria dos
Sistemas concebeu, mas há diferenças.

Entender o que seja Transadministração parece ser o próximo passo


lógico, porque até então, sabemos apenas o que esta não é: nem
Administração, nem Filosofia da Administração tradicionais, nem
Economia, nem Contabilidade e nem Teoria dos Sistemas.

Antes que se possa saber exatamente do que trata esta área de


conhecimento, primeiro é preciso frisar que ela não poderia fugir de um
princípio, que podemos chamar de elementar: o de causa e efeito. E no

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que consiste este princípio? Qual a sua natureza e o que ele diz? E
porque a Transadministração não pode fugir dele?

O princípio de causa e efeito diz simplesmente que todo efeito possui


uma causa. Em outras palavras, ele diz que um evento sempre precede
outro. Uma afirmação dessas é obviamente de natureza filosófica, e
seria quase o mesmo que afirmar que existe o espaço e o tempo, no
sentido que a Física adota para esses termos. Esse princípio, ainda que
elementar, pode ser contestado por argumentos filosóficos sólidos, mas
não é essa a questão, ao menos por enquanto. Por ora, simplesmente
limitemo-nos a admitir como dado o fato de que existe o espaço e o
tempo, onde um evento precede outro, e que nada acontece sem uma
causa, fato este a partir do qual se funda toda a Transadministração. E
é por esse motivo que a Transadministração não pode fugir do princípio
da causa e efeito, ou do tempo e do espaço: na medida em que os
nega, deixa de haver razão para a mesma existir.

Mas a simples admissão de um princípio elementar como o de causa e


efeito pode servir de fundamento para se criar uma nova área de
conhecimento? Não é o princípio, na verdade, um pressuposto de toda e
qualquer ciência?

De fato, é por ser tão elementar que sequer é mencionado. Mesmo um


criança sabe que as coisas não ocorrem por acaso. Mesmo os animais e
as plantas, e até a matéria bruta sofrem seus efeitos. O problema do
princípio de causa e efeito é que podemos até não nos referirmos a ele
explicitamente em nossas alegações em geral, mas não podemos, em
hipótese nenhuma, negligenciá-lo.

A Transadministração surge, então, do resgate desse princípio


elementar negligenciado, se não por todas as áreas do conhecimento,
ao menos pela Administração.

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Por não ignorar o tempo, a Transadministração não pode ignorar sua


própria origem. Como surgiu? Que eventos a moldaram? Que percursos
seguiram os raciocínios que a deram forma? Se tomarmos a própria
Transadministração como efeito, quais foram as suas causas?

Ignorar as origens da Transadministração seria ignorar o princípio de


causa e efeito, o fundamento de sua própria existência. Ignorar sua
origem seria ignorar a si mesma.

A Transadministração não poderia cometer esse erro elementar. Daí a


importância de se voltar ao passado e traçar o percurso das idéias que
a moldaram, e ainda a estão moldando. Assim, o primeiro passo para se
entender o que seja a Transadministração é saber como ela surgiu.

Transadministração é apenas um rótulo, somente uma embalagem para


um produto, uma embalagem ainda vazia. Devemos admitir que é
pouco, embora seja de se admirar a petulância, ou ousadia, de se
tentar criar um novo campo de conhecimentos, o verdadeiro produto
que preencherá o invólucro vazio do nome Transadministração.

Mas o invólucro já existe. Talvez não seja novo, nem muito adequado,
mas foi concebido para conter um corpo de conhecimentos, e portanto,
ele não foi concebido aleatoriamente. Há alguma ousadia quando
afirmamos que temos a pretensão de desenvolver algo. No caso, a
ousadia se deve à segurança relativa proporcionada pelo fato de que já
existem algumas sementes em formas de idéias, que prometem
germinar. As sementes em si são quase inúteis como utilidades, mas
elas são o começo, sem o qual não se chega a utilidade nenhuma.

O que são essas sementes? O que elas prometem? Onde estão? Como
surgiram?

As sementes são idéias, insights, obtidos durante muitos anos de

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questionamentos em torno do que é hoje a Administração tradicional.


Como idéias, são sementes porque estão em estágio de embrião. Não
são idéias examinadas exaustivamente, debatidas, contestadas ou
analisadas. São apenas lampejos que insinuam algo diferente, novo, e
por vezes surpreendente. Elas prometem debates acalorados, e quem
sabe, uma visão melhor do terreno hoje confuso da Administração.
Muitas delas poderiam ser melhor estudadas por outras ciências, mas
agrupá-las não está errado, porque elas não vão ser estudadas com
base nas premissas da Administração tradicional. Esta, por sua própria
natureza, não comportaria estudá-las em seu seio sem que essa
incorporação de novas idéias não viesse a provocar críticas, indiferença,
ou mesmo sarcasmo e pilhérias. Não são idéias tradicionais ao meio
administrativo, embora versem sobre administração.

Essas idéias estão por toda parte. Elas estão nos jornais, nos livros, nos
problemas diários mais mundanos, mas também estão nos tratados
científicos e filosóficos sofisticados, nos embates acadêmicos, nos
grandes problemas globais. Essas idéias não são necessariamente
novas, nem estão agrupadas ainda. Se estivessem todas juntas,
compondo um conjunto coerente, um todo, já seria uma ciência, a
Transadministração, ou um outro nome qualquer, mas ainda não é uma
ciência própria porque ainda não nos demos conta da necessidade
destas idéias serem compiladas e coordenadas, comparadas, cotejadas.
Este é um trabalho longo, minucioso e monumental, fadado a ocupar
mentes por longas gerações. O processo em si não seria tanto de se
criar novas idéias, mas o de filtrá-las, classificá-las e analisá-las, as já
existentes, no universo fragmentado, porém esmagador, do
conhecimento disponível. Não se trata necessariamente de novas idéias,
mas de idéias esparsas, desligadas de um contexto. Muitas delas
precisarão de uma nova roupagem, mais adequada a um novo
contexto, mas serão basicamente as mesmas idéias.

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Como não há ninguém realizando essa tarefa atualmente, como ainda


não está em andamento o surgimento de uma compilação de idéias
conexas, o que dispomos é de uma espécie de sensibilidade individual,
que nos habilita ao menos, por assim dizer, farejá-las no meio da
massa diária de informação que nos bombardeia.

Farejar uma idéia que se enquadra no campo da Transadministração


requer algum treinamento e muita curiosidade.

Individualmente, podemos dispor de alguma facilidade para reconhecer


textos, problemas, autores, soluções e correlatos que conseguimos
classificar como pertinente ao assunto. Farejar idéias seria uma
característica fundamental, então, a um transadministrador.

Dispomos de uma pequena compilação de idéias, algumas originais, e


muitas nem tanto. As que não são originais, no entanto, são abordadas
sob um novo ponto de vista. O processo de compilação já dura alguns
anos, e compreende um material interessante, e ao menos em parte,
precioso. No entanto, o tempo decorrido coletando idéias naturalmente
que não se tratou de uma tarefa propriamente de Transadministração.
Mais uma vez, é importante enfatizar que a Transadministração será o
resultado do estudo dessas idéias em germe, e não elas mesmas. A
etapa de se compilar idéias é a que se poderia chamar de etapa
filosófica. Durante um longo tempo estudamos filosoficamente questões
relativas à Administração, mas, decorrido esse período de reflexões,
concluímos que o resultado decorrente não tem mais relação direta com
aquilo que entendemos tradicionalmente por Administração.

É importante ressaltar a diferença entre pensar filosoficamente sobre


questões de Administração, o que poderíamos chamar de farejar idéias
interessantes, da atividade da tradicional Filosofia da Administração,
que estuda mais a relação histórica entre Filosofia e Administração. A

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tarefa de farejar idéias interessantes enquanto se filosofa sobre


Administração é uma tarefa prévia à Transadministração. Farejar idéias
não é a mesma coisa que Transadministrar. Tão pouco é uma tarefa
que se possa dizer que seja da Administração ou da Filosofia. Farejar
idéias interessantes é uma tarefa intuitiva, personalizada,
assistemática, artística, por assim dizer, e pode durar uma vida toda
sem que se chegue a sistematizar nada de forma coerente e científica.
Já transadministrar é tomar de um conjunto de conhecimentos
científicos e aplicá-los na vida real. Como esse conhecimento científico
não está ainda validado, ou não está ainda em um formato adequado,
ou ainda não foi adequadamente sistematizado, não pode ser usado
adequadamente na vida real. Quer dizer, ainda não se é possível
transadministrar na prática. Antes disso, é preciso que se tome das
milhares de idéias-sementes coletadas durante o farejar filosófico e as
filtre, e se tome das melhores e mais profícuas, e as desenvolva de
maneira metódica, sistemática, científica. Só a partir daí, quando uma
idéia promissora se tornar de fato um conhecimento consolidado, um
procedimento operacional, uma tecnologia disponível, é que poderá ser
usado na prática da Transadministração. Por enquanto, isso é apenas
uma promessa.

Sabemos então que, mesmo como promessa, a Transadministração


teve como origem um período de vários anos de levantamentos de
questões, idéias, ponderações, relativas à Administração. Mas, como
uma atividade que teve um início, o período de filosofia investigativa
teve uma causa originária. Que causa foi essa? O que levaria alguém a
questionar toda a Administração? Como se deu esse questionamento? É
um questionamento válido?

Tentar responder a essas questões pode nos levar a um indesejável


retorno ao passado, sempre em busca de uma causa anterior, já que

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cada causa é um efeito que teve por sua vez uma causa anterior, num
retrocesso ad infinitum. Limitar a busca de causas por outro lado,
limitaria o poder de explicação de uma resposta qualquer. Tentaremos
um equilíbrio, sem cair na trivialidade, por um lado, e na dúvida, por
outro.

Suponhamos que tentássemos buscar as origens da Administração.


Como é sabido, acabaríamos descobrindo que Frederick Winslow Taylor
foi o pioneiro, ou precursor, tradicionalmente aceito, da chamada
Administração Científica, no final do século XIX e começo do século XX.
Essa resposta satisfaz a um administrador e ao senso comum, mas não
deveria satisfazer a um transadministrador, ou na inexistência deste por
enquanto, ao menos não deveria satisfazer ao filósofo da
Administração, o farejador de idéias interessantes. Sabemos que Santos
Dumont e os irmãos Wright iniciaram a era da aviação. Todos sabem e
comemoram, mas os passageiros e pilotos de aviões não precisam
sabem muito mais que isso do passado da aviação para voar. O fato de
haver um passado que remonta à origem do homem na Terra e seus
anseios de voar como os pássaros e o mito de Ícaro tem relevância
apenas histórica para a aviação moderna e seus usuários. Por que então
o passado da Administração que remonta a Taylor e antes dele deveria
suscitar indagações de um filósofo da Administração?

A pergunta em si sugere já uma resposta no sentido de que estudar o


passado é uma necessidade, não um capricho. Estudar o passado passa
a ser uma necessidade profissional na medida em que supomos estar
no passado a solução de algum problema presente, segundo o princípio
de causa e efeito. Mas qual o problema que a Administração enfrenta,
que nos obriga a estudar seu passado? O problema que a Administração
enfrenta é que seus resultados estão aquém do desejado. Não
precisamos estudar a história da aviação visando solucionar um

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problema presente, mas sim apenas para conhecer os problemas


históricos que a aviação precisou enfrentar e já superou. O passado da
aviação não suscita mais estudos com o intuito de se solucionar
problemas, já que não carrega mais enigmas à espera de serem
decifrados. Mas, se precisamos estudar melhor o passado da
Administração, em busca de respostas para problemas presentes, essa
necessidade se deve simplesmente porque, em termos gerais, a aviação
funciona a contento, enquanto que a Administração, nem tanto. O
passado da Administração, antes e depois de Taylor, deveria ser uma
mera curiosidade histórica se as questões debatidas no passado pelos
pioneiros da Administração estivessem resolvidas como estão as
questões debatidas por Dumont e os Wright no início do século XX, mas
não é esse o caso.

Um piloto não questiona se seus motores a jato podem ou não ser


capazes de decolar seu avião, e os passageiros não se preocupam com
a possibilidade de o piloto não saber o rumo a tomar para chegarem a
seus destinos. O mundo da aviação funciona bem. O mundo da
Administração, nem tanto.

A percepção de que a Administração, embora tenha as suas origens


históricas traçadas quase que simultaneamente às origens da indústria
aeronáutica e automobilística, dentre outras, não goza da mesma
segurança de princípios que estas. O administrador não dispõe dos
recursos que o engenho dispõe.

Essa observação não é um truísmo, nem é banal. Imaginemos um


mundo onde as empresas, criadas e geridas por administradores
profissionais, funcionassem com a eficiência e segurança de um Boeing
747 ou de um carro de corrida Fórmula 1 da Ferrari. A realidade, diz o
senso comum, não é essa. Constatar as deficiências da Administração
com base em comparações entre áreas tão distintas não parece correto

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ou justo. E de fato, não é. A Administração é uma atividade social, e


requer o manejo de vontades, desejos, enfim, requer que se lide com
pessoas para se atingir resultados, enquanto que engenheiros lidam
com a matéria bruta. Engenheiros não precisam convencer, nem liderar,
nem persuadir, nem negociar com a matéria bruta. Mas, sabemos que
algo deu errado com a engenharia quando um motor funde ou quando
um foguete espacial explode no lançamento de algum satélite, ou
quando um avião cai, ou quando um bug trava um programa de
computador. Sabemos que algo deu errado, e esse saber é válido tanto
para o trabalho de engenheiros quanto de administradores, médicos,
políticos, professores e cozinheiros. Os resultados mostram o que
funciona e o que não funciona em termos de conhecimento profissional,
tecnologia e ciência. Talvez esse critério, o dos resultados, não seja o
correto, mas ele serve de base neutra para se avaliar a eficiência tanto
da Administração quanto daquele que a aplica, o administrador.

A Administração funciona? E, mesmo que funcione, funciona o


administrador? Perguntas elementares, mas que só surgem em casos
especiais: depois que fracassamos. Quer dizer, só surgem quando os
fracassos são tantos que algo vermelho pisca sofregamente em nosso
nariz, e com tal alarde que, ou somos cegos e surdos para com a série
de desastres que insistem em se repetir, ou acabamos percebendo que
há algo errado nos processos que precedem esses desastres. Algo está
errado, alguma peça está faltando ou funcionando mal, ou há algum
parafuso solto no meio das engrenagens.

Quanto a mim, foi essa luz vermelha piscando em meu painel de


instrumentos administrativos que me alertou para as questões acima, e
muitas outras mais. No momento em que percebi algo errado, eu já era
um administrador, formado a cinco anos.

Como se deu esse alerta? Estaria falhando o administrador ou a

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Administração? Qualquer que fosse a resposta, eu não poderia ignorar


os resultados pífios e a frustração em não conseguir fazer as coisas
funcionarem.

Eu estava, então, enfrentando uma crise de identidade profissional. Era


preciso que eu a enfrentasse, e eu resolvi tentar.

***

Data original de criação do documento: domingo, 10 de setembro de


2006, 20:00 h

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