Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
!"
# !"
2
# !"
Introdução
$ ue nos resta para recordar na anunciada aurora do fim dos tempos? Que mais
vãs ou forjadas vozes do passado evocarão os poderes para justificarem os
meios e os fins de quaisquer actos. Qual é pois, a fronteira, ou melhor, quais os limites
da memória humana?
Se, por um lado, constantemente, aqui e ali, se constroem edifícios do saber sob
a capa dessa memórias, usando e abusando do passado, por outro vivemos na sociedade
do aqui e do agora, da aceleração do tempo até ao infinito. Ou seja existem, na
sociedade hodierna, duas atitudes antagónicas para com a Memória e o Esquecimento:
uma idolatra-a e para ela transfere a responsabilidades das acções humanas; a outra
tende a esboroar a necessidade de memória, como se o Homem fosse por natureza um
ser amnésico. Ora, se somos esse ser amnésico temos necessidade, fome de memória
porque ela é um dos elementos que definem a nossa identidade.
Não somos, nem suponho que viremos a ser, qual Funes de Borges, dotados de
memória prodigiosa. Esta perturbante personagem literária permite-nos descrever à
partida um limite da memória humana – o limite fisiológico. Ao contrário do que se
possa pensar tal limite, ou melhor, tais limites não são fácies de estabelecer e dentro da
própria psicologia, da neurobiologia ou das ciências afins e geram ainda hoje grande
polémica.1 Pretendemos não uma análise técnica e profunda da questão, para a qual nem
sequer possuímos as necessárias bases científicas, mas sim um panorama geral e
coerente sobre o actual estado da problemática da memória no campo das ciências
psíquicas. Entrámos assim no que optámos por chamar de Problemática da Memória,
neste primeiro ponto faremos uma breve análise dos processos memorativas de actual
estado busca neurológica dos limites da memória.
Não serão, no entanto, esses limites neurofisiólogicos que movem o nosso
estudo, mas sim, já no título o identificámos, o limite ético ou moral dos discursos
memorativos. Ainda dentro da Problemática da Memória e já com fito nesse limite
1
vejam-se as pesquisas de Luria, A. R., “O caso do homem que memorizava tudo”
3
# !"
2
Todorov, Tzvetzan, «Lés abus de la Mémoire»
4
# !"
3
Auge, Marc, «As Formas de Esquecimento»
5
# !"
%& ' (
6
# !"
7
# !"
!" # $!
simples acto de recordar tem à partida mais implicações para a vida do que
poderíamos supor. De facto o conhecimento do passado é vital para que os
organismos vivos sobrevivam e evoluam ao longo do tempo, do ponto de vista
biológico, a memória é uma capacidade vital para qualquer ser vivo. Neste caso
poderemos falar de apreender com o passado relembrado para prever e prover o futuro,
não numa ânsia de o controlar, mas de lhe sobreviver. Ou seja, todo o tipo de memórias
que qualquer ser vivo possui, desde do início dos tempos tem servido como capacidade
natural de adaptação ao meio e forma de assegurar a sobrevivência.4
Por outro lado, quando falamos da memória humana, outra grave consideração a
ser tida em conta é que desde a aurora do pensamento filosófico esta foi definida como
base do conhecimento. Sócrates define todo o conhecimento como reminiscência – ou
anamenese – de uma verdade última anterior à vida presente.5 Portanto, aspecto
essencial à vida, elemento basilar na constituição da identidade e para muitos, base
epistémica de todo o saber, a memória sempre constituiu problema filosófico de suma
importância. Contudo, só ultrapassando os métodos da filosofia e chamando para o
debate ciências experimentais como a psicologia, a neurologia ou a própria biologia, se
conseguiu chegar a conclusões consensuais sobre o funcionamento da memória humana.
Como nos lembramos? Porque duram umas memórias mais do que outras? Onde no
cérebro humano se localiza a memória? Será possível memória sem esquecimento? Será
toda a memória real, ou por definição ficção dos próprios sujeitos cognoscentes? Têm
sido estas as questões principais das ciências que estudam a memória desse ponto de
vista biológico. Para muitas, o espírito arguto de génios desvendou, nos interstícios da
mente humana, as respostas, outras permanecem em aberto. Pretendemos aqui uma
síntese centrada na evolução histórica do estudo físico da memória e a partir daí abordar
as relações problemáticas entre memória, verdade e identidade à luz das mais recentes
descobertas da neurologia.
4
Dennet, Daniel e Westbury, Crish, Mining the past to consctrut the future, in “Memory, Brain and
Belief”, pp. 11 a 32
5
Dennet, Daniel e Westbury, Crish, ob. cit., in ibidem, idem
8
# !"
Quando a psicologia era ainda criança travessa e dava os seus primeiros passos como
ciência autónoma da especulação filosófica, o estudo da memória foi um dos
vectores essenciais da acção dos pioneiros da psicologia e da psiquiatria. Foi
psicólogo experimentalista, H. Ebbinghaus, que, ainda durante a década de 80 do
século XIX, através de experiências nas quais ele próprio serviu de cobaia, descobriu
dois princípios chave acerca do
funcionamento da memória. O primeiro
distinguia entre dois tipos de uma
memória: memória a curto prazo e
memória de longa duração. O segundo
postulava que a “prática conduz à
perfeição”; ou seja, quantas mais
tentativas de memorização de um
determinado facto, objecto – ou no caso
das experiências de Ebbinghaus uma lista
de sílabas –, mais longa e perene será
memória dos mesmos. Estas
investigações antecipam as conclusões do
filósofo americano William James, que Imagem I
considera a memória a curto prazo como Hermann Ebbinghaus (1850 – 1909),
pioneiro do estudo da Memória Humana
uma extensão do imediato, ainda ligada,
de um ponto de vista ontológico, ao presente; só a memória de longa duração teria
essa relação ôntica com o passado.6 No final do século XIX, seria o psiquiatra russo
Korsakoff a iniciar um novo método do estudo da memória, analisando as disfunções
da memória humana com o intuito de alcançar a compreensão dos mecanismos de
funcionamento desta.7
6
cf. Kandel, Eric; Squire, Larry, “Memória: da Mente ás Moléculas”, pp. 12
7
Este método, centrado nas conclusões do estudo das disfunções memorativas ainda corrente nos estudos
neurológicos sobre a memória, e não só, como por exemplo nas investigações de Aleksandr Luira,
António Damásio ou Daniel Schacter
9
# !"
10
# !"
Ainda nos anos 60, surgiram importantes contributos para estudo da memória vindos
do campo da biologia. Descobertas chave como: as leis Mendel, a resolução da
estrutura do ADN ou o identificar do ARN; associadas a avanços técnicos, como os
exames de ressonância magnética, permitiram passos de gigante no estudo da
memória. As novas técnicas contribuíram para
o comprovar definitivo da doutrina do
neurónio, do fisiólogo espanhol Ramón y
Cájal. Segundo essa tese, o cérebro é
constituído por neurónios, células que
constituem sinalizadores elementares e
desenvolvem entre si relações simbióticas,
hoje conhecidas como sinapses. As sinapses
serão, posteriormente, identificadas como a
base elementar dos processos memorativos a
nível biológico. De facto, os postulados de
Ramón y Cájal, deitavam por terra a busca da
localização da memória no interior da
geografia encefálica e corroboravam as teses
Imagem II
Ramon y Cájal(1852 – 1934), de Hebb. Este defendia que a memória não
neurologista espanhol, defensor da dependia de uma, mas sim de várias regiões do
Teoria do Neurónio
cérebro. Contudo, as investigações de
Penfiled, e posteriormente de Brenda Miller, contribuíram para a identificação
definitiva do lobo temporal como região cerebral essencial na construção de
memórias. Por outro lado, verificou-se que, mesmo nas mais graves lesões do lobo
temporal, apesar de uma destruição assustadora da memória, um nível elementar
desta permanece e é susceptível de ser, inconscientemente, recuperado.10 Deste modo
renovou-se e consolidou-se a velha distinção entre memória a curto prazo e a longo
prazo. Só que, agora, não era apenas este nível de duração temporal que as
distinguia, mas o próprio processo memorativo e a consciência deste.
10
cf. Kandel, Eric; Squire, Larry, ob. cit, pp. 18 a 22.
11
# !"
Definimos há pouco memória declarativa como uma memória humana, não por
ser exclusiva aos seres humanos, mas por se apresentar como um processo que implica
capacidades normalmente associadas a estes. A memória declarativa pode definir-se
como memória voluntária dos factos, objectos ou estados de consciência passados, ou
nas palavras de William James “o conhecimento de um evento ou facto no qual não
pensávamos, com a consciência adicional de que já pensámos nele ou já o
experimentamos antes.”13 Ou seja, quando recordamos não evocamos apenas a
realidade passada, temos também consciência disso o que implica uma concepção
tridimensional do tempo e o gerar de ideia de continum que lhe é inerente. Será na base
dessa ideia que construímos a identidade do que somos.14
Hoje sabe-se que esta memória declarativa assenta em processos formais ao
nível cerebral descritos por Eric Kandel e Larry Squire, na sua obra de referência
11
Adoptamos as designações de memória não declarativa e memória declarativa de Eric Kandel e Larry
Squire, in ob. cit., pp. 23, por serem as que em nosso entender demonstram melhor o aspecto voluntário e
subjectivo da memória que aqui pretendemos analisar neste escorço, cf.
12
Para mais informações sobre memória não declarativa veja-se Kandel, Eric; Squire, Larry, ob. cit., pp.
31 a 76 e Hitier, Raphël; Petit, Florian e Pret, Thomas, Memories of a Fly, in Scientific American – Mind,
special edition, pp. 78 a 85.
13
citado por Kandel, Eric e Larry, Squire, in ob. cit., pp.78
14
veja-se Gyau, M. “La genèse de l’idée du temps“, pp. 17 a 28 ; Catroga, Fernando, “Memória, História
e Historiografia“, pp. 20 a 22
12
# !"
15
referimo-nos ao capítulo Memória Declarativa in Kandel, Eric; Larry Squire, ob. cit., pp. 79 a 89
16
veja-se sobre a codificação os processos mentais usados pelo paciente C. in Luria, A. R., ob. cit.
13
# !"
14
# !"
Das realidades que temos vindo a observar, ao nível dos nossos comportamentos
mnésicos, decorrem várias questões. Desde logo a irredutível subjectividade inerente
aos processos de anamenese, a qual implica o questionar da veracidade e da
referenciabilidade das nossas recordações.19 Por outro lado, a memória assume um pilar
fundamental na construção identitária do “eu” ontológico que somos. Por isso é
“escolha selectiva do passado”, já que nós temos uma natural propensão para construir
um passado aprazível do que fomos e das nossas vivências pretéritas.20 Além disso,
como já vimos, várias circunstâncias podem influenciar o processo de rememoração
comprometendo a realidade dos factos que este pretende evocar.
Muitos psicólogos, partilham a opinião da irrealidade geral dos conteúdos
mnésicos, que não sendo na totalidade registos ficcionais, muito devem à criatividade
dos indivíduos. A escola cognitiva de Bartlett teve um papel activo na difusão desta
teoria. Actualmente, o tema das memórias falsas é objecto de debate sobretudo a nível
dos processos psicanalíticos, no entanto as pesquisas de Daniel Schacter, apontam
várias perturbações comuns da memória que influenciam a sua veracidade. De facto por
vezes lembramo-nos de situações ou factos inexistentes, confundimos recordações
oníricas com a realidade, ou trocamos situações e locais no nosso passado.21
17
cf. Luira, A. ob. cit.
18
cf. Augé, Marc, “As formas de Esquecimento”, pp. 103 a 106; Catroga, Fernando, ob. cit., pp. 22 a 23
19
cf. Schacter, Daniel, “The Seven Sins of Memory”, pp. 5 a 11
20
cf. Catroga, Fernando, ob. cit., idem; Ross, Michael e Wilson Anne, “Constructing and appraising past
selfs”, in “Memory, Brain and Belief”, pp. 232 a 242
21
cf. Schacter, Daniel, ob. cit., idem
15
# !"
22
cf. Resende, Mário, “De que nos lembramos quando nos lembramos – a fragilidade da memória em
psicoterapia”, pp. 1 a 4
23
cf. Schacter, Daniel, ob. cit.
24
cf. Catroga, Fernando, idem, ibidem
16
# !"
Imagem III
Localização do lobo temporal e do hipocampo no cérebro humano –
in Eric Kandel e Larry Squire, “Memória - da Mente às Moléculas”, pp.
21
17
# !"
Entendemos, por tudo o que aqui já foi afirmado, que a História produz memória
e é simultaneamente produto desta. Contudo, Memória não será necessariamente
História. Na realidade, a História postula o conhecimento da verdade do passado
humano portanto, a memória só será historicizável na medida da sua verdade ou
referenciabilidade ao passado real dos homens. Daí, que neste contexto, analisaremos as
relações entre memória e história sob o signo da Verdade, não só na sua vertente
conceptual, mas também no seu sentido axiológico.
25
cf. Catroga, Fernando, ob. cit., pp. 15
26
veja-se Petit, Florian e Pret, Thomas, ob. cit. in ibidem pp. 78 a 85
27
cf. Namer, Gérard, ”Préface”, in Halbwachs, Maurice, ”La Memória Colective”, pp. 7 a 12
18
# !"
memória. Já que ela poderá constituir mera expressão das necessidades identitárias do
todo social e resumir-se a uma efabulação holística e não a conteúdos mnésicos comuns
a determinada sociedade ou grupo social.
Como já vimos, o acto anamenésico será sempre individual, subjectivo e para
além do mais passo fundamental na construção da identidade do “eu”. No entanto, e
como salienta Fernando Catroga, esse exercício de recordação não pressupõe o “eu”
isolado do “outro”, num passado vazio, mas implica a consciência da alteridade, que
também é fundada com a anamenese.28 Portanto, a memória não poderá ser vista apenas
na perspectiva da individualidade do “eu”, já que o relaciona com outros “eus” e o faz
ter consciências destes.
Para além do atrás exposto, não somos ascetas solipsistas arreigados na gruta a
um manancial de recordações estanques de qualquer contágio social. Na realidade, as
sociedades, as ideologias, os sistemas estruturais de organização social reflectem-se nos
conteúdos mnésicos de todos, na medida em que nos identificamos, ou não, com essas
realidades. Modelo paradigmático da dimensão colectiva da memória será a chamada
“memória-nacional”, que identifica determinados conteúdos memorativos com a
realidade da nação e com uma inerente necessidade de preservação desta. Nessa
perspectiva, o estado-nação será mais um usurpador da memória, usando e abusando
desta consoante as suas necessidade de poder.29 Encontrada está resposta que
buscávamos, na medida em que às realidades holísticas subjaz um conteúdo mnésico
inerente às suas necessidades de identidade e de afirmação.30 Daí, a existência de uma
memória colectiva, ou de memórias colectiva, que são a expressão clara dessas
necessidades.
De seguida questionaremos o papel da História na salvaguarda da Memória, e
28
cf. Catroga, Fernando, ob. cit., pp. 16 a 20
29
cf. Todorov, Tzvetan, “Memória do Mal, Tentação do Bem”, pp. 139 a 145
30
cf. Fentress, James e Wickham, Chris, ob. cit., pp. 156 a 168, 211 a 244
19
# !"
Assumimos, aqui, uma postura clara, para nós, os discursos da História são
expressão de duas realidades conceptuais. Por um lado, desse valor da Verdade que
perpassa, indelével, todo o processo de formação do conhecimento histórico. Por outro,
da Memória, porque à falta de um objecto que não o abstracto Homem do passado, é ela
que, para a História, assume esse papel. Desse labor historiográfico que à luz da verdade
constrói da memória um passado humano, nascerá a Memória Histórica. Assim, a
História poderá definir-se como uma relação epistémica entre Memória e Verdade.
Concluímos, na linha de Paul Ricoeur, que de ora em diante a objectividade, exigida ao
Historiador, não será componente lógica, mas sim ética do seu discurso.32
31
veja-se sobre esse aspecto Le Goff, Jacques, História, in Enciclopédia Einaudi, vol 1, pp. 158 a 162;
Schaff, Adam, História e Verdade, pp. 229 a 262
32
citado por Adam Schaff in, ob. cit., pp. 231
20
# !"
*+
, # # # % # $ $!
33
citado por Todorov, Tzvetan, Memória do Mal, Tentação do Bem, pp. 139
34
cf. Catroga, Fernando, Caminhos do Fim da História, pp. 102 a 111
35
Referimo-nos as teses relacionadas directamente com a Memória e os discursos de Poder, expressas nas
obras Les Abus de la Mémoire e Memória do Mal, Tentação do Bem – Uma análise do século XX para as
quais remetemos ao longo do texto.
36
cf. Todorov, Tzvetan, ob. cit., pp. 145
21
# !"
37
cf. Todorov, Tzvetan, Les abus de la Mémoire, pp. 14
38
cf. idem, ibidem, pp. 13
39
cf. idem, ibidem, pp. 51
40
cf. idem, ibidem, pp. 17 a 22
41
cf. idem, ibidem, pp. 57 a 58
22
# !"
trabalho do Historiador será dirigido não para a Verdade, mas para o Bem que surge
como valor universal.42 Todorov aponta-nos uma clara fronteira ética que os discursos
memorativos devem seguir, orientando a própria História sob o paradigma de uma
Justiça eterna, que se transforma em justificação da responsabilidade de recordar.43
Por mais que concordemos com esta noção de dever da memória, muito criada à
custa do Holocausto e do Gulag, não podemos concordar com o desvirtuar do labor
historiográfico. O discurso da História está, para nós, subordinado ao valor de Verdade
e a busca do passado não pode submeter-se a qualquer outra perspectiva axiológica que
não essa – sob pena sairmos do campo da historiografia para caminharmos nas águas
turvas da ficção. Fazer da recordação um dever moral de justiça, será também
transformar o Historiador no polícia dessa memória e orientar a História para um fim
que implica o deturpar do passado. Desse modo, por melhores que fossem as nossas
intenções cairíamos num novo abuso da memória. Só a Verdade poderá constituir limite
ético dos discursos memorativos, sem os comprometer com um determinado objectivo,
social político ou outro. Por outro lado para além do dever da memória, falemos antes
no dever do esquecimento como a fuga necessária para o presente. E será à luz desse
presente que deveremos equacionar o lugar e o papel da Memória nas sociedades
humanas.44
Imagem IV
Tzvetan Todorov (1939 - ), sociólogo
búlgaro exilado em França
Fotografia de A. Sagalyn
42
cf. idem, ibidem, pp. 50
43
cf. idem, ibidem, pp. 61; Todorov, Tzvetan, Memória do Mal, Tentação do Bem, pp. 246
44
cf. Augé, Marc, ob. cit., pp. 103 a 106
23
# !"
+ "
24
# !"
25
# !"
-+
* $ .$ # " % /
45
Rémond, René, “Introdução à História do Nosso Tempo”; Gates, Bill, “Estradas do Futuro”
26
# !"
46
sobre estes aspectos veja-se Catroga, Fernando, “Caminhos do Fim da História”; Fukuyama, Francis,
“O Fim da História e o Último Homem”; Pereira, Miguel Baptista, Filosofia e memória nos caminhos do
milénio
27
# !"
! "
47
cf. Ramonet, Ignatio, ob. cit., pp. 85 a 97
48
cf. Gyau, M. ob. cit, pp. 17 a 28
28
# !"
-+
- $! 0 ! . ## # 1 $ 23 /
49
cf. Todorov, Tzvetan, Les abus de la Mémoire, pp. 13 a 15
50
cf. idem, ibidem, pp. 61
51
cf. Augé, Marc, ob. cit., idem
29
# !"
$ - !
30
# !"
31
# !"
,+* #4 %# 23 # $
52
cf. Eco, Humberto, Sobre a Imprensa, in ob. cit., pp. 55 a 88; Ramonet, Ignatio, ob. cit., pp. 39 a 50
32
# !"
53
cf. Luria, A., ob. cit.
54
veja-se Todorov, Tzvetan, ob. cit., pp. 61
55
cf. Ost, François, O Tempo do Direito, pp. 146 a 158
56
cf. Gyau, M. ob. cit., idem
57
cf. Todorov, Tzvetan, ob. cit., pp. 13 a 15
58
cf. idem, Memória do Mal, Tentação do Bem, pp. 155 a 160
33
# !"
,+
- # $ 23 # $
$ " "
59
cf. Ost, François, ob. cit., pp. 12
60
cf. idem, ibidem, pp. 41 a 46
61
cf. Gyau, M. ob. cit., pp. 29 a 48; Pomian, Krzysztof, Temporalidade Histórica/Tempo, in Chartier,
Roger; Le Goff, Jacques e Rével, Jacques (dir), Nova História, pp. 580 a 582
62
cf. Catroga, Fernando, Caminhos do Fim da História, pp. 11 a 13 ; Pomian, Krzysztof, ob. cit., ibidem,
pp. 580 a 582
34
# !"
63
cf. Pomian, Krzysztof, ob. cit., ibidem, pp. 580 a 582
64
cf. Gyau, M., ob. cit., pp. 49 a 60
65
cf. Ost, François, ob. cit., pp. 12
66
cf. Machado, J. Baptista, Introdução ao Direito e ao Discurso Legitimador, pp. 219 a 226
67
cf. Ost, François, ob. cit., pp. 15 a 18 e 41 a 46
68
cf. idem, ibidem, pp. 15 a 18 e 41 a 46
69
cf. idem, ibidem, pp. 19
35
# !"
$ %
poder que a vitimização social exerce sobre o todo holístico.70 Contudo, ao contrário da
sem amnésia.71 De facto, pretendem instaurar o ano zero da Memória, sem, contudo
catarse colectiva da sociedade perante os crimes que permanecem vivos nas memórias
dos Homens. Este é o passado do Perdão, entendido como tempo jurídico, no qual, se
funda a própria noção de Justiça, que de ora em diante engloba castigo e absolvição.72
Será, no entanto, esse grau zero do passado possível ou mera imposição jurídica
sem eco concreto no quadro social da Memória? Sinceramente, não nos parece
exequível que essa demarcação de limites instaure, efectivamente, tais limites; quer nos
discurso memorativos, quer na própria relação dos indivíduos com as suas memórias.
Daí, que possamos concluir que os limites éticos dos discursos memorativos nascem no
processo anamenésico da sua construção, e não lhes são impostos por agentes externos
necessidades identitárias.
70
cf. Todorov, Tzvetan, ob. cit., pp. 57 a 58
71
cf. idem, ibidem , pp. 57 a 58 e Ost, François, ob. cit., pp. 139
72
cf. Ost, François, ob. cit., pp. 146 a 148
36
# !"
$ # $! # ## # 5 $
questões.
, o início deste nosso périplo pelas questões que ensombram o, que designámos
por, crepúsculo da Memória traçámos objectivos sob a forma primordial de
73
cf. Ricoeur, Paul, citado por Schaff, Adam, ob. cit. pp. 231
74
citado por Ost, François, ob. cit., pp. 30
37
# !"
75
cf. Augé, Marc, ob. cit., pp. 103 a 106
38
# !"
- . / ! "#$
012 " %
#$ %& & '( )* +,
&3 4 5$ - . ' () *
/ 0 )% 1 + 2 ""34
&$316 7 + , - .
+/ * 0 5 '6 .2 , /
, 7 """
&$316 - + * * 8 9 '
* , : )
; 6+ 2 3
3$1 ) +/ / <
)= > + 2
8 ! * / +<
) ? + 2# 3
$4463 $4 # @
- ? / 12 & . 0 A 7 "B"
A 9 8 9 % )= 7 7 +
= ""3
9 $ 3/ 3 4 4 + . $&
/ @% . %.
C ; %4 4 + . / 5
D ""#
39
# !"
6 $ 0 ; 3* 4 4 8 9
' " +-% % , ""$EC F
CF 6 %, ; ""B
8 2& 8 4
8 9 ' " +-% % , ""$E
CF CF 6 %, ; ""B
)64 36 - (: < , 9
& G 2
G )G %9 + 2 ""H
)0<0* ) 3 * / : / A
DF 7 ,A I ,! 4 /
!# A7 '( @ '6 """
1 6 & ++ 6 * 7, . ? 7 . @ '6
""J
10* 0 # ; <$ + ,F 5 9 59 K
, @ ) ?LM 7? ? +
7 "
+&: # $ D 9
N , ? ) ?LM OA O 9+ 7
""$
8 # = $ 7
0 A 5 ) ?LM 7? ?
F 9 59 K, +7 "J
63 3 ",=(#6 ) (#36 ,
* 2 $B BJ A H 2 N
P !
-$3 5$ ) 6# 4 $ # 9
5 * 7A 3 $BJ $"J ; Q%6 7
"""
40
# !"
+6 1$)) - @ / + 4 $ 4 A JB
J" - .. - '6 . 5
* N Q "BH
8 + 4 $ 4 A
J - .. - '6 . 5
* N Q "BH
8 @ + 4 $ 4
A "J # - .. - '6 .
5 * N Q "BH
+03 . 3 , 3 / " .
, " & 86 ; ?
,! "#BE- /. R. )-
D + 2 3
$ -/& # 8
# A , @ 6 """
3 06 3 3 * A
. '( Q* C F N ), +
2
6+ 3 34 2+6 / ,
N , / !$
S C9 A 7 ""JE
@ '6 ) + 2H 7
$ ) ! 73 + 5 = A
# * 7 . )C C + 2
H
#4 $ A , ! 5 '6 .
, / , 7 ""
41
# !"
#$ 4 <3B* B $) , / @, + FF
8 M T & UE
+? -. -9A 8 M T U
B / JB JB @ , - A
# B / +- V 7 7 "#B A ,
""
3 $46 , 8 .
% # , 9 """
3@ '6 ) + 2J 5 6
32 $4 3642 8 ?/ B ,
B A D
F 8 . . 7 A K
8 9% , G 8 ?
%! S % "$H "B"E A 7 '(
@ '6 3
3 $603 # # >
/ R . , V M 0 A
, / W, F7 )7 +E 2
""B
3$ , (: + $4 6 6
7 6 +5 5 7 3 JB +5 + 5 +
A 0 A 7 . ?
33* 6 ( 63 +/ ' (
)7 +5 +
5 + A 0 A 7 . ?
63 +/ ,! >!1 !
& .? FF 5
$4 '
!
$ $3$ % # & $ , 9 )C F
% + 23"5 7 ""J
$ $3$ % +, 5
$ DD V +, 5 S
- FF '( , ) +7
42
# !"
Índice Iconográfico
Páginas
Imagem da Capa
“A Memória”,
óleo sobre tela, René Magritte, 1963
6
Imagem I
Hermann Ebbinghaus (1850 – 1909),
pioneiro do estudo da Memória Humana
9
Imagem II
Ramon y Cájal (1852 – 1934),
neurologista espanhol, defensor da Teoria do Neurónio
11
Imagem III
Localização do lobo temporal e do hipocampo no cérebro humano –
in Eric Kandel e Larry Squire,
“Memória - da Mente às Moléculas”, pp. 21
17
Imagem IV
Tzvetan Todorov (1939 - ), sociólogo búlgaro exilado em França
Fotografia de A. Sagalyn
23
43
# !"
Índice
Introdução
1 # $! ## $ $ 6
3a5
!!"" ##$$ %%&& '' $$ ((!!
6 a 23
9
E FG
%D / F /. /
H FI
, 6 A 1 /
FI FJ
/ ; *
FJ FG
/ / 9& K ! ? .
FE IL
, 6 A /
FE FH
/ X / ;
FH IL
3= /
IF IM
, G A
IF IM
C/$ !
IN IH
= C A ) . +
IO IG
, '6
IE
/ / % *F '6
IH
MN MO
= C /
MN MJ
( ; - '6
44
# !"
MO
Conclusão
Dos limites da Memória ou da necessidade de Esquecimento
37 a 38
Bibliografia
39 a 42
Índice Iconográfico
43
Índice
44 a 45
Agradecimentos
46
45
# !"
46