REQUERENTE : COOPERATIVA HABITACIONAL DOS BANCÁRIOS DE SÃO PAULO - BANCOOP ADVOGADO : ALEXANDRE CESTARI RUOZZI E OUTRO(S) REQUERIDO : JORGE DA SILVA DECISÃO Trata-se de medida cautelar requerida pela COOPERATIVA HABITACIONAL DOS BANCÁRIOS DE SÃO PAULO - BANCOOP, visando atribuir efeito suspensivo ativo a recurso especial, interposto contra acórdão do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo que não conheceu de agravo de instrumento, ante a falta de peças facultativas, mas necessárias à compreensão da controvérsia. O agravo foi interposto contra antecipação de tutela, deferida no primeiro grau de jurisdição, em autos de ação declaratória, cumulada com obrigação de fazer e de não fazer, onde determinada a incorporação de empreendimento (prédio de apartamentos), denominado "Praias de Ubatuba", sob pena de multa diária no valor de R$ 5.000,00. O recurso especial interposto pela requerente, conforme consignado por ela mesma, na inicial (fls. 04), ainda pende de admissão, no Tribunal de origem. Nesse contexto, a presente súplica apresenta-se incabível, porquanto ao STJ, instância extraordinária por excelência, não é dado conhecer de pleito desta natureza, sem que, pelo menos provocada sua jurisdição pelo processo principal que, como visto, não se sabe nem se aqui aportará. Nesse sentido, as súmulas 634 e 635 do STF: "Não compete ao Supremo Tribunal Federal conceder medida cautelar para dar efeito suspensivo a recurso extraordinário que ainda não foi objeto de juízo de admissibilidade na origem." "Cabe ao Presidente do Tribunal de origem decidir o pedido de medida cautelar em recurso extraordinário ainda pendente do seu juízo de admissibilidade." Entender de modo contrário é transmudar esta Corte, pura e simplesmente, em terceira instância, desvirtuando a sua vocação precípua, qual seja, a uniformização do direito federal. Além disso, na espécie, a decisão que estaria a suscitar o presente pedido é de dezembro de 2006 (fls. 85) e o recurso especial é de abril de 2007 (fls. 144). Na melhor das hipóteses, o início da ameaça de dano já tem mais de três meses ou, na pior, quase um ano. Não há como falar, nesse contexto, em periculum in mora. De outra parte, ausente também o fumus boni juris, pois o entendimento do acórdão recorrido tem inteira consonância com o norte adotado e pacificado pela Corte Especial deste STJ: "PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. AGRAVO DE INSTRUMENTO. PEÇA NECESSÁRIA. ART. 525 DO CPC. JUNTADA POSTERIOR. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA N. 168/STJ. 1. A jurisprudência da Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça é pacífica quanto à impossibilidade de conversão do processo em diligência para juntada de peça necessária ao julgamento do agravo, seja na instância ordinária, seja na extraordinária. Documento: 3320189 - Despacho / Decisão - Site certificado - DJ: 28/08/2007 Página 1 de 2 Superior Tribunal de Justiça 2. Incidência da Súmula n. 168/STJ. 3. Agravo regimental improvido." (AgRg nos EREsp 665.155/RJ, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA,CORTE ESPECIAL, DJU 01.08.2006)
"PROCESSUAL CIVIL. EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. AGRAVO DE
INSTRUMENTO. AUSÊNCIA DE JUNTADA DE PEÇAS ESSENCIAIS. NÃO CONHECIMENTO DO AGRAVO. I - A ausência de juntada de peças essenciais, não incluídas dentre aquelas constantes do artigo 525, I, do CPC, importa em inadmissão do agravo de instrumento, porquanto o agravante deve velar pela instrução do processo com todas as peças necessárias para a compreensão e solução da controvérsia. II - Precedentes: AgRg nos EREsp nº 638.146/DF, Rel. Min. CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO, DJ de 18.04.2005; AgRg no AG nº 396.501/PR, Rel. Min. FRANCISCO PEÇANHA MARTINS, DJ de 28.03.2005 e REsp nº 512.133/RS, Rel. Min. JOSÉ ARNALDO DA FONSECA, DJ de 27.09.2004. III - Embargos de Divergência rejeitados." (EREsp 471.930/SP, Rel. Ministro FRANCISCO FALCÃO, CORTE ESPECIAL, DJU 16.04.2007)
Ante o exposto, nos termos do art. 34, XVIII, do RISTJ, nego seguimento à medida cautelar. Publicar. Brasília, 21 de agosto de 2007.
MINISTRO FERNANDO GONÇALVES, Relator
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