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SCHOPENHAUER, FILOSOFO
DOABSURDO
(Schopenhauer, philosophe de I'absurde)
publicado em co-edicao por Quadrigel Presses
Universitaires de France, 1994 (2 a • Edi~io)
. ,
180
Capitulo Primeiro
A INTUn;A.o GENEALOGICA
1- DESLUMBRAMENTO E CAUSALIDADE
causalidade real: elas estao la, dadas sem dificuldade, sem rmo
explicativa ou justificativa. Elas se omitem de dar sobre elas mes
mas duas informa¢es essenciais: sua origem e sua qualidade. Na
medida em que a causalidade pennanece muda a respeito dessas
duas questees, e evidente que 0 mundo permanece incompreensi
vel. Vem dai a ideia de urn substratum sempre inexplicado, de urn
inevitavel resto de misterio, cada vez que a inteligencia, remontan
do de causa em causa, redescobre a forca que escapa a toda cau
salidade:
..
"Existe sempre um res/duo para 0 qualniJo existe qualquer
explicafiJo, e que, pelo contrario, toda explicafiJo supoe,
isto e: forfas naturais, um modo determinado de atividade
no interior das coisas, uma qualidade, um carater do fen6
meno, alguma coisaque e semcausa... "(Monde, 165-166)
. ,
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nada alem de uma imagem exterior? Como poder colher "do inte
rior" uma motiv~ao que parecia condenada a permanecer impene
travel? Este momento essencial da filosofia de Schopenhauer, esta
intrusio no desconhecido, encontra-se ja esbocada na sua disserta
~o de 1813. Analisando a "quarta classe de objetos", aquela que
se refere as ~es do "eu que deseja", Schopenhauer observa que a
experiencia intima da nossa pr6pria vontade nos permite collier em
pleno voo uma forca de motivacao que, em todos os outros casos,
p~ece obscura para a consciencia:
fil6sofo, 0 mais proprio seria traduzi-la por "Teoria do Desejar", Penso que
tal ~o facilitaria inclusive a exata compreenslo do conoeito, pois es
taria mais proxima cia palavra alemi wille ( do verba wollen) usada por
Schopeuhauer. .
s 0 pensamento de Schopenhauer, Payot, p. Vll.
6 Este tema do falante encontra-se tambem na analise bergsoniana do homo
loquax ( 0 pensamento e 0 movente) .
7 Ver a este respeito FAUCONNET, A. Schopenhauer precursor de Freud,
artigo publicado no Mercure de France em dezembro de 1933.
8 FREUD, Contribuifiio a histaria do movimemo psicana/ltico, tomo IV das
Obras Completes, edi~ de 1922 ( sublinhado por Freud).
- N.T. - Letho epara os gregos da antigUidade 0 rio do esquecim.ento.
9 Todas essas formulas 540 extratos dos Suplementos ao Mundo, capitulo
XXXII (/Jonde, pp. 1130-1134).
10 Novas conftrlncias sobre a psicana/ise, Gallimard, p. 147.