Vous êtes sur la page 1sur 4

TEMPO COMUM. VIGÉSIMA SÉTIMA SEMANA.

TERÇA-FEIRA

32. EM BETÂNIA
– Os afazeres da vida corrente, meio e ocasião para encontrar a Deus.

– Unidade de vida.

– Uma só coisa é necessária, a santidade pessoal.

I. SÃO LUCAS CONTA no seu Evangelho que Jesus ia a caminho de


Jerusalém e, poucos quilómetros antes de chegar à cidade, parou para
descansar em casa de uns amigos na pequena localidade de Betânia1. Eram
três irmãos – Lázaro, Marta e Maria – por quem Jesus nutria particular estima,
como podemos ler em outros lugares do Evangelho2. O Mestre sentia-se bem
naquele lar, rodeado de amigos. Marta quis preparar um refrigério para Jesus e
seus acompanhantes, cansados depois de uma longa jornada por aqueles
caminhos duros e polvorentos. Por isso, afadigava-se na contínua lida da casa.
Sua irmã Maria, sentada aos pés do Senhor, ouvia a sua palavra.

Durante muito tempo, Marta foi considerada como figura e imagem da vida
activa, enquanto Maria encarnava o símbolo da vida contemplativa. No entanto,
para a maioria dos cristãos que devem santificar-se no meio das suas tarefas
seculares, esses dois tipos não podem ser considerados dois modos
contrapostos de viver o cristianismo. Em primeiro lugar, porque careceria de
sentido uma vida de trabalho, imersa nos negócios, no estudo, ou preocupada
pelos problemas do lar, que se esquecesse de Deus; por outro, porque haveria
sérios motivos para duvidar da sinceridade de uma vida de oração que não se
manifestasse num trabalho realizado com maior perfeição, com uma caridade
mais fina.

O trabalho, o estudo, os problemas que se apresentam numa vida normal,


longe de serem obstáculo, devem ser meio e ocasião de um trato afectuoso
com o Senhor3. “Nesta terra, a contemplação das realidades sobrenaturais, a
acção da graça em nossas almas, o amor ao próximo como fruto saboroso do
amor a Deus, representam já uma antecipação do céu, uma incoação
destinada a crescer de dia para dia. Nós, os cristãos, não suportamos uma vida
dupla: mantemos uma unidade de vida, simples e forte, em que se
fundamentam e se compenetram todas as nossas acções [...].

“Sejamos almas contemplativas, absorvidas num diálogo constante com


Deus, procurando a intimidade com o Senhor a toda a hora: desde o primeiro
pensamento do dia até o último da noite; pondo continuamente o nosso
coração em Jesus Cristo, Nosso Senhor; achegando-nos a Ele por nossa Mãe,
Santa Maria, e por Ele, ao Pai e ao Espírito Santo”4.

Os afazeres profissionais, as aspirações nobres, as preocupações... devem


alimentar o nosso diálogo diário com Jesus. Se não fosse assim, de que
falaríamos com Ele? Aqueles amigos de Betânia – como também os Apóstolos
– contavam ao Mestre os pequenos episódios do seu viver diário,
perguntavam-lhe o que não entendiam. Alguns desses diálogos de Jesus com
os seus íntimos ficaram plasmados no Evangelho: Mestre – dizem-lhe os
Apóstolos certa vez –, vimos um que expulsava os demónios em teu nome e
lho proibimos porque não era do nosso grupo... Outras vezes, confessam de
maneira simples as suas inquietações: Eis que deixamos tudo e te seguimos; o
que será de nós? As suas próprias vidas eram o tema da conversa com Jesus.
O mesmo devemos nós fazer.

II. É BASTANTE POSSÍVEL que Marta, perante a urgência e o aumento de


trabalho que resultou da chegada de Jesus, estivesse mais preocupada com os
seus afazeres do que com o próprio Senhor. Além disso, foi como se Maria,
sentada aos pés de Jesus, lhe tirasse a paz. Por isso, apresentou-se diante de
Jesus e disse-lhe: Senhor, não se te dá que minha irmã me tenha deixado só
com o serviço da casa? Diz-lhe, pois, que me ajude. Podemos imaginar
facilmente o Mestre dirigindo-lhe esta afectuosa reconvenção: Marta, Marta,
afadigas-te e andas inquieta com muitas coisas. Na verdade, uma só coisa é
necessária.

Só uma coisa é necessária: o amor a Deus, a santidade pessoal. Quando


Cristo é o objectivo da nossa vida durante as vinte e quatro horas do dia,
trabalhamos mais e melhor. Este é o fio forte que – como num colar de pérolas
finas – une todas as obras do dia; assim evitamos a vida dupla: uma para Deus
e outra dedicada às tarefas no meio do mundo: às ocupações profissionais, à
família, ao relacionamento com os amigos, ao descanso...

Na existência do cristão, ensina o Papa João Paulo II, “não pode haver duas
vidas paralelas: por um lado, a vida chamada espiritual, com os seus valores e
exigências; e, por outro, a chamada vida secular, ou seja, a vida da família, do
trabalho, das relações sociais, do empenho político e da cultura. A vide,
incorporada na videira que é Cristo, dá os seus frutos em todos os ramos da
actividade e da existência. Pois os vários campos da vida laical entram todos
nos desígnios de Deus, que os quer como lugar histórico em que se revela e se
realiza a caridade de Jesus Cristo para glória do Pai e a serviço dos irmãos.
Toda a actividade, toda a situação, todo o empenho concreto – como, por
exemplo, a competência e a solidariedade no trabalho, o amor e a dedicação à
família e à educação dos filhos, o serviço social e político, a proposta da
verdade na esfera da cultura – são ocasiões providenciais de «um contínuo
exercício da fé, da esperança e da caridade» (Apostolicam actuositatem, 4)”5.

Os acontecimentos diários, a intensidade no trabalho, o cansaço, as


relações com os outros, são circunstâncias que se oferecem para praticarmos
não só as virtudes humanas, mas também as sobrenaturais. Temos Jesus
muito perto de nós, como Marta. Acompanha-nos no lar, no escritório, no
laboratório, quando vamos pela rua. Não deixemos de referir à sua Pessoa
tudo o que nos acontece ao longo da jornada. E então, mergulhados nos
diferentes afazeres que nos ocupam durante todo o dia, saberemos dizer, com
as palavras de um Salmo que hoje se reza na Liturgia das Horas: Quanto amo
a tua lei, Senhor! Ela é objecto da minha meditação todo o dia. Os teus
preceitos tornaram-me mais sábio que os meus inimigos, porque estão sempre
comigo. Sou mais prudente que todos os meus mestres, porque medito os teus
mandamentos6.

III. UMA SÓ COISA é necessária: a amizade crescente com o Senhor. “Este


deve ser o objectivo e o desígnio constante do nosso coração... Tudo o que o
afaste disso, por grande que possa parecer, deve ocupar um lugar secundário,
ou, para dizê-lo melhor, o último de todos. Devemos até considerá-lo como um
dano positivo”7, um grande mal.

O maior bem que podemos prestar à família, ao trabalho, aos nossos


amigos..., à sociedade, é o cuidado desses meios que nos unem ao Senhor: a
presença de Deus durante o dia – alimentada por actos de amor, de
desagravo, de acções de graças... –, o empenho na meditação diária, a
Confissão frequente cheia de contrição, etc. E o maior mal..., o descuido
desses meios que nos aproximam de Jesus, coisa que pode acontecer por
desordem, por tibieza ou mesmo pela busca de uma maior eficácia – aparente
– em outras actividades que podem apresentar-se como mais urgentes ou
importantes. Santo Inácio de Antioquia escrevia a São Policarpo que devemos
desejar este trato amistoso com Deus “da mesma forma que o piloto deseja
ventos favoráveis e o marinheiro surpreendido pela tempestade suspira pelo
porto”8.

O trato sincero com o Senhor enriquece todas as outras actividades. Sempre


que vejamos que a multiplicidade de afazeres e a urgência dos problemas
tendem a afogar os tempos que dedicamos especialmente a Deus, devemos
ouvir na intimidade da nossa alma – como Marta – as palavras de Cristo: Uma
só coisa é necessária. A busca da santidade é a primeira coisa que se deve
procurar nesta vida, a que sempre deve estar em primeiro lugar. Buscai, pois,
em primeiro lugar, o reino de Deus e a sua justiça, e tudo o resto vos será dado
por acréscimo9, anunciou o Mestre em outra ocasião.

“Agradece ao Senhor o enorme bem que te outorgou ao fazer-te


compreender que «uma só coisa é necessária». – E, juntamente com a
gratidão, que não falte todos os dias a tua súplica pelos que ainda não O
conhecem ou não O entenderam”10. Que enorme alegria podermos ter sempre
presente que o grande objectivo da nossa vida é crescer em amor a Jesus
Cristo! Que felicidade podermos comunicá-lo a outros!

Peçamos à Virgem Maria que nunca percamos de vista o Senhor enquanto


procuramos realizar com perfeição, acabadamente, as nossas tarefas
profissionais.
(1) Lc 10, 38-42; (2) cfr. Jo 11, 1-45; 12, 1-9; (3) cfr. Sagrada Bíblia, Santos Evangelhos; (4)
Bem-aventurado Josemaría Escrivá, É Cristo que passa, n. 126; (5) João Paulo II, Exortação
Apostólica Christifideles laici, 30.12.88, 59; (6) Sl 119, 97-99; (7) Cassiano, Colações, 1; (8)
Santo Inácio de Antioquia, Epístola a São Policarpo; (9) Mt 6, 33; (10) Bem-aventurado
Josemaría Escrivá, Sulco, n. 454.

(Fonte: Website de Francisco Fernández Carvajal AQUI)

Vous aimerez peut-être aussi