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Celso Ferreira em entrevista:
“Peço aos paredenses uma
maioria reforçada”
Ao fim da primeira semana de campanha eleitoral oficial
que balanço faz?
Muito bom. Está a ser uma experiência empolgante e que
me vai dar uma energia ainda maior para o próximo
mandato. Apesar de ter hoje mais experiência e de ter
aprendido muito nestes quatro anos, sinto que há sempre
muito a aprender e este contacto tão próximo com as
pessoas ajuda‐nos a compreender quais são os desejos
legítimos das populações.
Mas esse contacto com as pessoas não acontece durante
todo o ano?
Acontece, embora não tanto como desejaria. Tenho ouvido
as pessoas dizerem que confiam no meu trabalho e na
forma como temos desenvolvido o concelho. Mas algumas
dizem‐me também que gostariam de me ver mais vezes
junto delas. Eu aceito muito bem essa crítica e tudo farei para corrigir esse pormenor no próximo mandato. É
claro que as pessoas também percebem que Paredes é um concelho enorme, com 24 freguesias e quatro
cidades. E também entendem que um presidente de Câmara responsável não seria um bom presidente se
não fizesse o trabalho de gabinete bem feito. Esse é hoje é um trabalho cada vez mais importante, na
captação de investimento e no reordenamento de território, por exemplo. Mas, num mandato que vai ser
mais virado para a área social, reconheço que deverei estar mais próximo, até porque o contacto com as
pessoas é algo de que gosto muito.
“Esperava que as pessoas reconhecessem o trabalho que
fizemos. A obra feita. Mas confesso que às vezes é surpreendente
o entusiasmo e o apoio que nos têm dado nesta campanha”
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Tem sido recebido por milhares de pessoas em praticamente todos os comícios e acções de campanha.
Estava à espera?
Esperava que as pessoas reconhecessem o trabalho que fizemos. A obra feita. Mas confesso que às vezes é
surpreendente o entusiasmo e o apoio que nos têm dado nesta campanha, tal a sua expressão e dimensão.
Chego a comover‐me.
Como explica?
De duas formas. Por um lado, penso que as pessoas sentem que realmente é importante que Paredes
continue a ter um projecto consistente e ambicioso e uma visão de futuro. As pessoas sentem a obra que já
está no terreno e sabem que cumprimos o que prometemos. Mesmo num mandato marcado pela crise
mundial que se instalou, a verdade é que 90% do que estava no nosso programa de há quatro anos, está
feito. Isso não é normal, sobretudo quando os programas são tão ambiciosos como é o nosso.
“O que aqui está em causa não é futebol, onde queremos
que ganhe a nossa cor. A política não pode ser um jogo”
E qual é a outra razão?
Quer dizer que muita gente do PS vai votar em si?
Quero‐lhe dizer que muita gente do PS, CDS, BE ou PCP votou em mim há quatro anos e vai voltar a fazê‐lo.
Se assim não fosse, o resultado das eleições seria sempre o mesmo. Recordo‐lhe que o PS tinha tido, há
quatro anos, uma maioria absoluta para as legislativas pouco antes das autárquicas. No entanto, pouco
depois, eu ganhei com mais de 50% dos votos pelo PSD. Até lhe posso dizer uma coisa: há muita gente que diz
que vai votar no PS ou no PC, mas no dia, na urna, e sem ninguém ver, vota no PSD para as autárquicas.
Acredita, então, que vai renovar a maioria?
Acredito e acho importante. Mas essa decisão é do povo, não é minha. Contudo, pelo trabalho que fizemos e
pela forma como nos têm recebido, sinto‐me à vontade para pedir uma “maioria reforçada” aos paredenses.
Até porque essa será a melhor forma de mostrar que Paredes não aceita algumas coisas que se têm passado
nesta campanha.
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“O problema do que foi detectado, primeiro pela
imprensa nacional, mais tarde por nós e, agora confirmado pela
CNE, é que essas ilegalidades não se resumiam ao que estava à
superfície e era visível”
Refere‐se às ilegalidades que a CNE detectou na campanha do PS?
Também. As ilegalidades cometidas e que constam da decisão da Comissão Nacional de Eleições não são
pormenores sem importância nem são interpretáveis. São factos. Não foram meros “deslizes” que até admito
poderem, por vezes, acontecer. O problema do que foi detectado, primeiro pela imprensa nacional, mais
tarde por nós e, agora confirmado pelo plenário da autoridade máxima em matéria de eleitoral em Portugal,
é que essas ilegalidades não se resumiam ao que estava à superfície e era visível. O que aqui parece estar em
causa é um processo de financiamento ilegal da candidatura do Artur Penedos, por um lado, e um outro que
tem a ver com a compra dos jornais “Novas do Vale do Sousa” e “Progresso de Paredes” para manipular e
condicionar a campanha eleitoral em Paredes. Isso foi desmascarado, primeiro pela imprensa nacional,
depois pelo PSD, e agora também pela CNE, que decidiu enviar o processo para ser investigado também pelo
Entidade das Contas do Tribunal Constitucional, devido aos indícios que encontrou.
Sim, de duas formas. Por um lado, a opinião pública andou a ser envenenada, com notícias falsas e parciais e
com publicidade paga a que não podíamos responder, sob pena de cometermos as mesmas ilegalidades. Não
comprámos jornais nem fizemos anúncios e acções de campanha ilegais. Não oferecemos aulas de ginástica
patrocinadas por health clubs do Porto que agora estejam a ser investigados. E isso, a determinada altura,
prejudicou‐nos. Chamámos a imprensa e denunciámos a situação publicamente e às claras e acreditámos que
as autoridades acabariam por tomar as medidas correctas, como agora aconteceu. Por outro lado, agora a
CNE abriu processos de contra‐ordenação ao PS e aos dois jornais de Paredes e que insuspeitos órgãos de
comunicação, como o Diário de Notícias, Jornal de Notícias, Público, Sábado, TVI e outros, expõem o
comportamento do PS em Paredes, começa a dar‐se o fenómeno contrário. As pessoas em Paredes estão
revoltadas e querem mostrá‐lo nas urnas. O Artur Penedos apenas não nos envergonha mais, porque não é
de Paredes. E é preciso que as pessoas de Paredes digam isto: ele não é de cá. É o que eu digo quando vejo o
nome de Paredes ser envolvido em confusões nas páginas dos jornais devido às ilegalidades do Penedos. É
inédito vermos directores de jornais nacional criticarem, em editorial, um candidato a Paredes. É preciso dizer
que Penedos é candidato em Paredes, mas não é de cá.
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Porque pensa que o PS enveredou por esse caminho?
Pois têm, mas na única oportunidade que tiveram para debater a educação, o Artur Penedos não apareceu e
o Manuel Ruão fugiu. Foi num debate promovido pelas Associações de Pais de Paredes. Não podia ser mais
neutro e mais credível. Eu disse sempre que iria a esse debate, fossem quais fossem as condições e os
moderadores. Eu não fujo. Muito menos fujo a debater a educação e já convidei as associações de pais a
continuarmos o debate depois das eleições, com quem quiserem. Eu gosto de discutir a educação e estou
muito à vontade com as decisões que tomámos e que mereceram o voto favorável do PS e do CDS. Mas
penso que este debate foi útil, depois de algumas pessoas terem sido envenenadas pela demagogia e
populismo da campanha do Penedos. Uma campanha que se baseia em dizer que estava “distraído” quando
votou a Carta Educativa e que votava sem ler, as Leis na Assembleia da República. Nesse aspecto, tiro o
chapéu à CDU, que, para além do PSD, é a única força política coerente. Defende nas eleições o que votou na
Câmara. Com coragem!
O candidato do PS diz que não foi a esse debate porque Celso Ferreira não foi ao da Rádio Clube de
Penafiel…
É surrealista ouvirmos um candidato à Câmara de Paredes dizer que não vai a um debate em Paredes porque
eu não fui a outro em… Penafiel (!!). Aliás, acho que isso revela quase tudo o que se pode pensar desse
senhor. Já há oito anos tinha andado a colar cartazes em Paços de Ferreira, porque pensava que ainda era
Paredes, agora queria fazer debates em Penafiel. E quanto a esse debate, não fui eu quem faltou.
Comunicamos à Rádio Clube de Penafiel, por escrito e com mais de uma semana de antecedência, que não
estaríamos presentes e quais os motivos. Quem faltou a ambos os debates foi o Artur Penedos, que
confirmou ambos e no dia não apareceu a nenhum. Na carta que foi lida no debate, Penedos diz que trocou
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os pais e encarregados das crianças de Paredes pelo ministro da Agricultura… estranha opção para quem
elege a educação como único tema de campanha.
Nada. Estou habituado a que deixe a sua cadeira vazia na Assembleia Municipal, onde faltou mais de metade
das vezes. Aliás, acho que fez bem em faltar às Assembleias. De uma das poucas vezes que lá foi, votou a
Carta Educativa e agora diz que estava distraído.
A inauguração da sua sede de campanha foi transmitida em directo por todas as televisões. Acha que
Paredes está a ganhar importância política?
Acho que a Câmara de Paredes é uma autarquia credível. Acho que o território de Paredes é hoje respeitado
e, mais importante, começa a ser atractivo para os investidores graças ao trabalho incompreendido que
andámos a fazer. E acho que o PSD de Paredes tem prestígio nacional. Só assim se justifica que os jornais
nacionais hoje comecem a dar importância à campanha eleitoral em Paredes e que figuras como as do Dr.
Pedro Passos Coelho aceitem vir a Paredes inaugurar a nossa sede de campanha. Foi, de facto, um momento
inédito para a política de Paredes. Como foi inédito que, na véspera, Paredes tenha elegido para a Assembleia
da República uma deputada em terceiro lugar na lista do PSD pelo Distrito do Porto. Foi também inédito o
PSD ter começado em Paredes a sua campanha para as Eleições Europeias e ter encerrado a campanha para
as legislativas no Norte, em Paredes. São sinais de que alguma coisa mudou no mapa de Portugal. Hoje o PSD
reconhece Paredes e respeita o poder político de Paredes. Sinceramente, não estou a ver um companheiro do
meu partido a deixar‐me na rua à espera para uma acção de campanha…
Refere‐se ao episódio da vinda de Sócrates a Paredes?
Acho humilhante o que se passou. Só não entendi se foi José Sócrates que se esqueceu que tinha Penedos e
os seus apoiantes de Paredes à espera no meio da rua em frente à Caixa Geral de Depósitos ou se foi o Artur
Penedos que, mais uma vez, estava “distraído” quando disse que Sócrates cá vinha nesse dia. Há dias li num
jornal que Sócrates não veio por causa das ilegalidades a que está ligado o PS de Paredes. Mas esse também é
um assunto que não me interessa. Desejo que o PS de Paredes regresse à normalidade depois das eleições.
Ma não acha que foi um desrespeito de Sócrates para com Paredes?
Não. Eu acredito que o Primeiro‐Ministro respeita Paredes e os paredenses. Sempre tive, aliás, um excelente
entendimento com o Governo e não tenho nada a dizer do Primeiro‐Ministro. O trabalho que temos
desenvolvido com o Governo tem sido saudável e correcto de parte a parte. E por isso tenho a certeza que
José Sócrates aprecia as pessoas de Paredes e sei que aprecia muito o trabalho feito nesta Câmara. O
Governo sempre elogiou, por exemplo, a nossa Carta Educativa e a forma como temos tratado a questão da
educação. Penso é que foi um episódio triste para o Artur Penedos. Triste e inédito. Nunca tinha visto! Tanto
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mais que, segundo li na imprensa, Sócrates trocou uma acção de campanha ao lado de Penedos por uma
reunião com o seu staff… Penso que, em vésperas de eleições legislativas, José Sócrates terá sentido que não
se poderia colocar ao lado de alguém que tem cometido tanto insulto e tantas ilegalidades nesta campanha.
As eleições para as Assembleias de Freguesia são muito importantes. Todas elas. Nós, na Câmara, não
descriminamos ninguém. Se amanhã tivermos que trabalhar com socialistas ou comunistas nesta ou naquela
freguesia, trabalhamos com a mesma seriedade. Aliás, isso já acontece. Mas não vou esconder que desejo
que o PSD ganhe em todas as freguesias. Por uma razão simples: se o PSD ganhar as eleições para uma Junta
de Freguesia, significa que os eleitores votaram a favor de um projecto político comum e o relacionamento
será mais fácil. Se os nossos projectos forem semelhantes aos da Junta de Freguesia, o diálogo será mais fácil
e quem ganha são os eleitores.
Está a falar de alguma freguesia em particular?
Não. Estou a falar de todas. Todas as freguesias são importantes. O concelho não tem futuro se o presidente
pensar de forma parcial e se cada um de nós pensar na sua “quinta”. O concelho de Paredes não pode ter
freguesias que são a “quinta” de alguém. Uma freguesia não é uma fábrica que abrimos, fechamos, alugamos,
vendemos, hipotecamos e onde pomos e dispomos. Uma freguesia é de todos os que lá vivem e de todos os
que lá criam riqueza e trabalham. Às vezes, alguns candidatos nestas eleições parecem‐me aqueles patrões
que parecem muito solidários e prometem muitas coisas quando querem contratar um trabalhador, mas que
depois de o lá terem a trabalhar usam de todos os meios para o explorar. Nós não trabalhamos assim. Temos
o nosso projecto para cada uma das 24 freguesias, sabemos o que há para fazer em cada uma delas,
encontrámos as pessoas certas para fazermos as coisas certas. E, por isso, achamos que o melhor para quem
vive em cada freguesia é ter uma Câmara PSD e uma Junta PSD.
Fazer bem as coisas certas!
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