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R$ 5,00 · www.revistaviracao.org.br
Mudança, atitude
e ousadia jovem
V iRAÇÃO
500
PROJETOS
para
para mudar
mudar oo mundo
mundo
te pa ra
Ar ão sexualvencer a
explo ra ç Jovens utilizam a arte para enfrentar a
exploração sexual contra crianças e adolescentes
Veja quem faz a Vira
pelo Brasil
Associação Imagem Comunitária Universidade Popular – Belém (PA) Centro Cultural Bájò Ayò
Belo Horizonte (MG) – www.aic.org.br www.unipop.org.br João Pessoa (PB)
Ciranda
Casa da Juventude Pe. Burnier Curitiba (PR) – www.ciranda.org.br
Goiânia (GO) Catavento – Fortaleza (CE)
www.casadajuventude.org.br www.catavento.org.br
Companhia Terra-Mar
Natal (RN) – www.ciaterramar.org.br
MAPA da
Cartão virtual no portal da Vira:
www.revistaviracao.org.br
CONCEIÇÃO DOS BUGRES
Conselho Editorial
Eugênio Bucci, Ismar de Oliveira,
Izabel Leão, Immaculada Lopez,
João Pedro Baresi, Mara Luquet
mina
e Valdênia Paulino
Equipe Pedagógica
Aparecida Jurado, Cássia Vasconcelos,
RG
Isabel Santos, Juliana Rocha Barroso, • IMPOSSÍVEL VIVER SEM ELA 6
Maria Lúcia da Silva, Nayara Teixeira, Telefonema ao invés de e-mail,
Roberto Arruda, Robson Oliveira enciclopédia ao invés do Google,
e Vera Lion passeio no shopping ao invés de bate
Diretor papo on line. Você conseguiria
Paulo Pereira Lima imaginar a vida sem a Internet? Cristino Martins
paulo@revistaviracao.org.br
Equipe
• BRINCADEIRA SEM GRAÇA 11
Adriano Sanches, Amanda Proetti,
Camila Caringe, Carol Lemos, Gisella Eles sofreram preconceito e humilhação
Hiche, Rafael Stemberg, Rassani Costa, na escola por serem gays, mas superaram
Sálua Oliveira, Vitor Massao as mágoas e os complexos causados
e Vivian Ragazzi pelo bullying.
Administração/Assinaturas
Juliana Giron
• JUSTIÇA RESTAURATIVA 1 4
Midiadores da Vira Um sistema de justiça onde
Acássia Deliê (Maceió – AL), Alex
Pamplona (Belém – PA), Gardene Leão
o que importa são a participação
de Castro (Goiânia – GO), Graciema Maria dos envolvidos, o foco das discussões
(Natal – RN), Ionara Talita da Silva (Brasília no fato, e não nas pessoas, e a
– DF), Ismael Oliveira (Teresina – PI), reparação do dano nos seus aspectos
Ivanise Andrade (Campo Grande – MS), simbólicos ou psicológicos.
João Paulo Pontes e Bruno Peres (Porto
Alegre – RS), Lizely Borges (Curitiba – PR),
Maria Camila Florêncio (Recife- PE), Marcelo • PRÊMIO TIM LOPES 18
Monteiro de Oliveira, Maxlander Dias Enfrentamento à exploração sexual
Gonçalves, Patrícia Galleto, Thiago Martins de crianças e adolescentes. Confira
e Vitor Bourguignon Vogas (Vitória – ES), nesta edição a primeira reportagem
Niedja Ribeiro (João Pessoa – PB), Pablo Personagem Felic e Caurê Cruz
Márcio Abranches Derça (Belo Horizonte – MG),
da série vencedora da 4ª edição do
Concurso Tim Lopes de Investigação do Projeto Ateliê da Vida
Raimunda Ferraz (São Luiz – MA), Gisele
Martins (Rio de Janeiro – RJ), Renata Gauche Jornalística.
e Clarissa Diógenes (Fortaleza – CE), Scheilla
Gumes (Salvador – BA) e Eric Silva e Ubirajara
• EDUCAÇÃO SEXUAL 31
Barbosa (São Paulo – SP)
Coletar dados referentes ao comportamento sexual
Colaboradores
Bianca Pyl, Cristina Uchoa, Lentini,
de jovens a fim de fomentar ações educativas.
Márcio Baraldi, Natália Forcat, Novaes, Este é o objetivo da pesquisa Este Jovem
Paloma Klysis e Sérgio Rizzo Brasileiro. Confira!
Consultor de Marketing
Thomas Steward
Projeto Gráfico IDENTITÀ
Adriana Toledo Bergamaschi
Marta Mendonça de Almeida • MANDA VÊ 17
Fotolito Digital SANT’ANA Birô
Impressão Tarfc
• GALERA REPÓRTER 24
Jornalista Responsável
Paulo Pereira Lima – MTB 27.300 • TODOS OS SONS 27
Divulgação Equipe Viração • NO ESCURINHO 30
E-mail Redação e Assinatura
redacao@revistaviracao.com.br
assinatura@revistaviracao.com.br • VIRARTE 32
Preço da assinatura anual • PARADA SOCIAL 34
Assinatura Nova R$ 48,00
Renovação R$ 40,00 • RAP DEZ 35
De colaboração R$ 60,00
Exterior US$ 50,00
4 Revista ViRAÇÃO · Ano 6 · nº 47
○ ○ ○ ○
GALERA EM SINTONIA
○○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
FÁTIMA BULHÕ
BULHÕEES, do Rio de Janeiro (RJ) – via e-mail
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
sos para auxiliar nosso trabalho pedagógico. Os textos e os temas
são de riquíssima contribuição! Solicito, se possível, doação de
exemplares desta e outras edições para as duas escolas. Com fé!
RENILDO MORAES,
Esquecemos
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ créditos
dos ○ ○ ○ ○ ○das
○ ○ ○E
rramo
OPS!
de João Pessoa (PB) – via e-mail fotos do Vira Virou s
da edição de outubro:
“O lá, gente linda da Revista Viração!
Nós que fazemos ASTEIAS – Juven-
Pablo Almeida e Miguel
Chikaoka. A seção Escuta Soh!
tude, Atitude e Cidadania, estamos lhes
de outubro trouxe matéria com a
escrevendo para informar a revista está
fazendo sucesso com as/os alunas/os das ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○○do EDUCAIDS, Encontro Nacio-
chamada
escolas públicas de João Pessoa. Nós nal de Educadores para a Prevenção
○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○ ○
ERIC SILVA,
Por que as crianças, juventudes
do Virajovem São Paulo (SP) e
JULIANA CORDEIRO,
do Virajovem Curitiba (PR)
e adolescências atuais estão tão ligadas
à internet e como seria sua vida sem ela?
DIEGO BRENNER
BRENNER,, 17 anos,
Ouro Preto (MG)
Arquivo Pessoal
Arquivo Pessoal
15 anos, Fortaleza (CE)
ele consegue pensar é na internet,
onde ele arruma a maioria dos seus
Porque é uma forma de se
novos amigos, onde faz trabalhos
interagir com pessoas de todos
de escola, o mundo fica mais fácil
os cantos. Acho que sem amigos,
com internet. Sem internet a vida
ás vezes você não pode ir à casa do colega, e no
seria um pouco mais difícil, ela já está
telefone só da pra ouvir a voz, já na internet você
integrada a minha vida, é muito
pode ver, escrever ouvir a voz, seria um pouco
interessante ter uma internet que faz tudo.
atrasada, não só a juventude, mas
o mundo no geral.
Arquivo Pessoal
JOICE BRANDÃO
BRANDÃO,, 15 anos, Porto Velho (RO)
importante, e a internet é um meio que surgiu pra você comunicar, então hoje temos a
precisão de comunicação em segundos, você pode conversar com uma pessoa do
outro lado do mundo, ai internet tem essa função, por isso a juventude está ligada à
tecnologia e não teme as novidades e esse é o diferencial da juventude. Minha vida sem
internet seria muito mais complicada, tudo que eu aprendi dependente da internet, mas
acho que o ser humano tem a capacidade de se habituar a todas as condições, só que
depois de ter a internet, não tê-la mais é muito difícil.
Arquivo Pessoal
Eu acredito que é devido a necessidade de computador com acesso
comunicar, conhecer pessoas que pensam do mesmo à internet no nosso país,
jeito e, que juntos podem fazer alguma coisa. Seria segundo o IBOPE, em
uma coisa difícil, não conseguiria, porque qualquer dezembro de 2007, chegou
coisa que você precisa, é só buscar via internet. há 21,4 milhões o número
de internautas residenci-
ais, isso representa um
JEAN CARLOS
CARLOS,, 16 anos, aumento de 48,4% em
São Paulo (SP) relação ao ano de 2006,
que o número era de
Porque é um meio onde você se comunica, e
Arquivo Pessoal
Arquivo Pessoal
revolução mundial e está em
constante transformação, havendo
sempre algo que nos surpreende.
A minha vida não seria muito diferente,
pois eu não uso muito a internet. Porém é
ela que me traz muitas informações.
“O Encontro de 2 Mundos”
mostrado aqui de uma forma
inteligente e provocante em 56
crônicas, essa leitura é indis-
pensável para profissionais de
Internet e Comunicação e
recomendada para todos os
seres vivos que falam ao telefone, lêem um
blog, vêem um filme e conversam via instant
messenger ao mesmo tempo.
M
de atividades e promove debate sobre participação juvenil ais de 70 pessoas, entre estu-
dantes universitários e de esco-
las públicas, estiveram presentes
no debate da Agência Bate-Papo, realiza-
do pela Agência Unama de Comunicação
pelos Direitos da Criança e do Adolescen-
te, no campus BR da Univer-sidade da
Amazônia (Unama), em Ananindeua (PA),
na manhã do dia 9 de outu-bro. O evento
foi em homenagem aos quatro anos da
Agência Unama, completados no
dia 16 de agosto deste ano.
Com o tema “Participação
juvenil – por uma atitude cidadã”,
a discussão contou com a presença
do jornalista da Revista Viração de São
Paulo, Paulo Lima; da coordenadora do
projeto da Agenda Criança, Lúcia Garcia;
e do coordenador do grupo de protago-
nismo juvenil do Instituto Universidade
Popular (Unipop), Alex Pamplona.
O adolescente George Miranda,
de 15 anos, estudante da escola Estadual
Dr. Agostinho Monteiro, conta que ficou
surpreso com o que aprendeu no debate.
“Pude perceber que eu já fazia ações de
protagonismo juvenil na minha escola e
nem tinha noção disso. A discussão de
hoje me fez ver com outro olhar o projeto
de comunicação que eu participo na
escola”, afirma o adolescente.
Para Paulo Lima, a garantia dos
direitos de meninos e meninas deve ser
construída a partir de discussões entre os
jovens e a sociedade. “É importante ter a
participação dos jovens na construção de
políticas, só assim podemos pensar em
uma verdadeira democracia”, acredita.
Na opinião da coordenadora do projeto
de Extensão da Unama “Agenda Criança”,
Lúcia Garcia, trabalhar com protagonis-
mo juvenil, é “criar as possibilidades, as
oportunidades para que os jovens pos-
sam descobrir o seu potencial, os seus
caminhos”, diz. O coordenador do Grupo
de Protagonismo Juvenil da Unipop,
Alex Pamplona, utiliza a metodologia
da educomunicação (educação voltada
para a comunicação), com o objetivo de
capacitar os jovens como atores princi-
V
eja a entrevista que rolou iremos levar a peça pro Vale do pois teve uma hora em que eu até
com o ator Paulinho Borges, Jequitinhonha (interior de Minas me emocionei, porque eu me senti
do Grupo Teatral Cia. Conde- Gerais). Sei que iremos levar pra como jovem que está do outro lado,
lon, que apresentou a peça Pedaços muitas pessoas informações que, não como Paulinho Borges que está
de Vida no 3o Encontro Nacional de de certa forma, não chegam na fazendo teatro, passando informa-
Jovens Vivendo com HIV/aids, rea- mesma velocidade do que chega ções. Eu me senti como o jovem
lizado entre 25 e 28 de setembro, aqui pra gente. É uma satisfação que está recebendo a informação.
em Caetés (MG). no Hotel fazenda enorme estar alertando muitos Passar por isso é algo inexplicável,
Tauá. A peça, que já foi vista por jovens, batendo de porta em porta, é muito complexo falar sobre isso.
cerca de 1 milhão de jovens, proble- falando sobre a prevenção, sobre os Mas a gente não tem também só
matiza vários temas que são presen- riscos como se transmite ou não o que lembrar da prevenção, pois a
tes no dia-a-dia da galera, como vírus, porque é muito importante a televisão lembra e fala o tempo todo
abuso e exploração sexual, violên- gente ter essa informação. Por isso, sobre isso. A gente tem que também
cias, homofobia, preconceitos, eu não aceitei fazer outro trabalho alertar sobre o preconceito e mostrar
entre outros. de teatro, pois a área de educação realmente o que é ter HIV.
é a área onde eu me sinto bem.
Paulinho, como é pra você Qual a mensagem que
estar fazendo essa peça e pro- Nós sabemos que é muito você deixa pra Rede Nacional
porcionando mais informações importante estar colaborando de Jovens Vivendo com HIV/
pros jovens sobre HIV/aids? junto aos jovens, levando até AIDS (RNJVHA)
(RNJVHA)?
Trabalhar com os jovens na eles mais informações sobre Que ela venha se fortificar cada
educação geralmente não é tão fácil, prevenção. Como é pra você vez mais e que nunca desista, pois
porque o jovem tem uma barreira saber que essa peça já conse- eu tenho certeza de que a Rede hoje
que, às vezes, é muito difícil de guiu atingir cerca de um ajuda muita gente de todo o Brasil e
quebrar. Mas eu sinto uma satisfa- milhão de jovens? pode estar colaborando com muito
ção enorme de trabalhar com eles.
Por exemplo, ano que vem nós
Participar hoje um pouco desse
evento pra mim é muito importante, .
mais na luta contra a discriminação
e a prevenção do HIV.
Q
uando Tiago Alves, 16, estudantes não gostariam de ter trabalhar com a classe, poderia criar
entrava na sala de aula colegas homossexuais em sala de trabalhos interessantes com pesqui-
de sua escola, já começava aula. O estudante Heyder Maga- sa bibliográfica e pesquisa de
a zoação. Na época, tinha apenas lhães, de 17 anos, se assumiu aos campo, apresentação dos trabalhos
12 anos e não sentia mais vontade 15. Estudante da Escola Estadual em classe e diminuir assim a inci-
de se empenhar nos estudos. Os Central de Belo Horizonte, ouvia de dência da prática”, explica Edith.
meninos de sua classe davam a ele seus professores dizeres preconcei- Tiago sofreu bullying na
apelidos taxativos como “chabiagui- tuosos. “Eu tinha um professor que escola por quatro anos seguidos.
nho” e “bichaninho”, que o faziam chegava à sala e dizia que todos os Poderia ter crescido com sentimen-
chorar quase todos os dias. Durante gays tinham que morrer, eu sentia tos negativos, com baixa auto-es-
o intervalo, mexiam em sua mochila, medo”, conta. tima e ter assumido um comporta-
pegavam seu estojo e passavam a De acordo com Edith Modesto, mento agressivo. Mas, assim como
jogar de um lado para o outro. pesquisadora, escritora, mãe de Heyder, encontrou apoio em grupos
Tiago não tinha a quem recorrer, homossexual e fundadora do Grupo de juventude LGBT como o Projeto
já que diretores e professores
fingiam não ver o que acontecia.
“Uma vez pegaram uma régua na
de Pais de Homossexuais (GPH),
os professores não estão preparados
para lidar com a diversidade sexual.
Modesto. .
Purpurina idealizado por Edith
minha mala. Eram seis meninos, “A maioria nem sabe o que é isso. *Thiago é colaborador da Vira
eles me viraram de costas, riam Tenho ido a escolas fazer capacita- e o texto foi publicado
muito, eles tentavam a todo custo ção de professores, mas, até hoje, originalmente no site da http://
colocar a régua na minha bunda”, só consegui fazer em duas escolas www.acapa.com.br/site/
conta. Histórias como a de Tiago particulares”, diz. noticia.asp?codigo=5403revista
fazem parte do cotidiano escolar O que fazer então para A Capa:
de gays. Ainda que negada pelos impedir a prática?
educadores, a prática existe e recebe
o nome de bullying homofóbico.
O termo bullying é utilizado
para caracterizar todas as formas
de atitudes agressivas, repetidas e
sem motivo aparente. O ato é um
problema mundial praticado por
um ou mais estudantes, e causa
dor e sofrimento.
Quando o preconceito é
por parte dos professores a
situação fica mais compli-
cada. Uma pesquisa da
Organização das Nações
Unidas para a Educação,
a Ciência e a Cultura
(UNESCO), de 2004,
Jovens gays
contam sobre
humilhações que
sofreram nas escolas
M
eio ambiente, desemprego, exclusão, futuro. Estas são algumas
das preocupações dos jovens empreendedores do Programa Geração
MudaMundo (GMM), da Ashoka Empreendedores Sociais.
Lançado em 2006, no Brasil, com o objetivo de envolver a/o jovem no emergente
movimento de agentes de transformação social positiva no País, o programa global
da Ashoka ultrapassou, em setembro, a marca de 500 projetos sociais liderados e
gerenciados por mais de 2.400 jovens brasileiros. São cerca de 35 cidades diferen-
tes nos Estados do Ceará, Minas Gerais, Santa Catarina e São Paulo.
Este marco coloca o Brasil em destaque, sendo o país que, dentro da iniciativa
global, proporciona a maior multiplicação de projetos e inspira o movimento em
todo o mundo. A diretora do Programa no Brasil, Olivia Martin, explica o moti-
vo: “É uma junção de vários fatores, como metodologia adequada ao perfil
e aos interesses dos jovens brasileiros, uma rede de parceiros que hoje
integra mais de 25 organizações que atuam diretamente com jovens nas
suas localidades, e por último, acredito que o GMM vem somar esforços
com um movimento de juventude já articulado e atuante na linha de
participação e protagonismo juvenis em escala nacional. Tudo isso
é complementado pela força, o entusiasmo e a paixão,
próprios da juventude brasileira”.
O GMM apóia, metodológica e financeiramente, todos os projetos.
O Programa capacita educadoras/es das organizações parceiras e
prepara e orienta as/os jovens na elaboração de seus projetos.
É o caso da educadora da União Brasileiro-Israelita do
Bem-Estar Social (Unibes), Anita Pereira do Amaral.
Ela foi indicada pela própria organização. Anita
acredita na metodologia do Programa, que dispo-
nibiliza material com o passo a passo para a
construção dos projetos. “O GMM é ousado,
mexe com a questão do sonho e desperta
no jovem o olhar solidário”, explica.
Um dos projetos orientados pela
educadora é o Mãos que Falam.
O objetivo de Fernanda da Silva
Andrades, Bruno Cordeiro de Lima
e Thaís Bezerra da Silva é capacitar
jovens e adultos em Língua Brasilei-
ra de Sinais (LIBRAS). As aulas
terão início em 2009 e acontecerão
na Escola da Família, no Itaim
Paulista, bairro da zona leste de
São Paulo (SP). “A idéia principal
do Mãos que Falam, mais do que
ensinar LIBRAS, é conscientizar
as pessoas para acabar com
a exclusão”, conta Fernanda.
12 Revista
RevistaViRAÇÃO
ViRAÇÃO· ·Ano
Ano66· ·nnº º47
47
SEMANA GLOBAL
DO EMPREENDEDORISMO
JUNTE-SE!
nnºº 47
47 ·· Ano
Ano66··Revista
RevistaViRAÇÃO
ViRAÇÃO 13
13
O problema
é nosso
O
s corações batiam acelera de falar e de serem ouvidos.
Confira como a Justiça dos e com medo. Objetivos Algumas horas depois chegaram
Restaurativa coloca vítima e motivações divergentes
os fizeram perder a cabeça e, como
a um acordo, em que todos se
sentiam contemplados. Acima disso,
e ofensor cara a cara resultado, a briga aconteceu. Depois sentiam-se responsáveis por suas
de insultos mútuos, um deles partiu atitudes e convictos em não
com o conflito para a agressão física. O outro caiu repetir tal feito.
inconsciente. Na pequena comuni- Os conflitos são inerentes à vida
dade, amigos e vizinhos comenta- em sociedade e podem ser vistos
ALEXANDRE SACONI e vam o ocorrido, ora tomando parte como instrumentos de amadureci-
JULIANA ROCHA BARROSO
BARROSO,, de um, ora de outro. Esperavam, mento humano. Durante séculos,
do Portal Setor 3 ansiosos, o desfecho da história. em várias partes do planeta, os
(www.setor3.com.br) Foi proposta uma assembléia conflitos entre membros de uma
ilustrações: CRIS JACOMINO pública. Todos tinham o direito comunidade eram solucionados
TÁ na MÃO
• Leia mais sobre Justiça Restaurativa
na série especial publicada no Portal
Setor3 (www.setor3.com.br), parceiro da Vira
à cidade
ECA
PALOMA KLISYS* sa
Sou
Ivo
D
esde o I Fórum Social Mundi- Nas discussões travadas
al realizado em Porto Alegre, entre membros de movimentos
uma rede composta por culturais e sociais sobre as relações
organizações não governamentais, entre o espaço urbano e a constru-
movimentos sociais e culturais vem ção da subjetividade, destaca-se Saiba sobre seus
trabalhando na elaboração de uma como desafio: a formulação de es-
carta que pretende servir de instru- tratégias de ocupação dos espaços direitos e deveres,
mento para contribuir “no processo públicos e de afirmação da cidada-
de reconhecimento no sistema nia tendo como objetivos específicos garantidos pelo
internacional dos direitos humanos o desenvolvimento da reflexão
do direito à cidade. O direito à crítica partindo da relação homem/
Estatuto da
cidade se define como o usufruto mundo; possibilitando a superação Criança e do
eqüitativo das cidades dentro dos das posturas passivas pela proposta
princípios da sustentabilidade e da de participação crescente, respon- Adolescente
justiça social”, afirma o documento sável e livre; construindo condições
disponível na internet. para que se construa um processo
O acesso a espaços públicos onde
seja possível realizar atividades de de equilíbrio da pessoa na socie-
lazer, cultura e conviver com outras dade atual, pela ação trans-
pessoas, é um direito que deve ser formadora no seu contexto.
reconhecido e respeitado, mas para Os espaços públicos das
que isso aconteça de fato, ainda é nossas grandes e caóticas
necessária uma boa dose de persis- cidades precisam ser revitali-
tência e organização. O Art 59 do zados como parte de estraté-
Estatuto da Criança e do Adoles- gias que percebam os espaços
cente determina que: “os municí- públicos como lugares que
pios, com apoio dos estados e da favorecem experiências de
União, estimularão e facilitarão a relação com o mundo,
destinação de recursos e espaços com a diversidade e a multipli-
para programações culturais,
esportivas e de lazer voltadas
para a infância e a juventude”.
cidade, não como apenas
lugares de trânsito. .
No caso específico do direito *Paloma Klisys é
à cidade, a carta do Fórum escritora, autora de
Nacional de Reforma Urbana Drogas: Qual é o barato
e o ECA podem ser utilizados e Do avesso ao direito
como material de embasa- Lentini
paloklis@hotmail.com
mento para ações que
possam culminar em transforma-
ções reais na gestão do espaço
público. Os espaços urbanos devem
TÁ na MÃO
ser utilizados como espaços privile-
giados de convivência. Devem ser • Carta Mundial pelo Direito à Cidade
pensados para favorecer a interação http://www.forumreformaurbana.org.br/_reforma/
social. A cultura e o lazer são direitos pagina.php?id=749
que têm conexão direta com a
• Não-lugares, Marc Auge
ocupação criativa dos espaços
públicos, inclusive com
http://www.ufrgs.br/ppgas/ha/pdf/n2/HA-v1n2a26.pdf
manifestações artísticas.
O
s jovens são muitos no Brasil. Segundo
o Instituto Brasileiro de Geografia e Esta-
tística (IBGE), até 2010, nosso país terá
42,9 milhões de jovens, 32,7 milhões deles entre
12 e 18 anos. E é justamente nessa idade que
muitos estão mais vulneráveis aos crimes sexuais.
Dados do Disk Denúncia da Secretaria Nacional
dos Direitos Humanos mostram que, em 2007,
5.992 crianças e adolescentes foram vítimas de
abuso, exploração sexual e/ou tráfico de seres
humanos para fins sexuais. Isso significa que,
todos os dias, pelos menos 14 meninas ou meni-
texto: ALINNE ABRAÃO, nos sofreram algum crime sexual no nosso país. É muita gente! Isso sem contar
AVELINA CASTRO e que muitos casos nem chegam a ser denunciados e que, a cada dia, aparecem
JAQUELINE ALMEIDA, mais situações – até abril deste ano, foram 2.158 denúncias, 17 por dia.
do Virajovem Belém (PA) O problema está aí para quem quiser ver! E ele atinge em cheio os mais
e KAREN KRSNA, novos, sem emprego, sem escola, com a família desestruturada e
do Virajovem Salvador (BA) com a sexualidade nascendo de modo distorcido.
fotos: SHIRLEY PENAFORTE Entre os meses de agosto e setembro, jornalistas e virajovens
percorreram as cinco regiões do Brasil para mostrar que meninas e meninos
de todas as partes estão enfrentando os crimes sexuais com amizade e alegria.
Sim, é possível pegar leve mesmo com um tema tão triste, e com muito compro-
misso e seriedade. Ué! Tá pensando que jovem também não fala sério?
Percorremos algumas capitais brasileiras e descolamos histórias iradas
que vamos contar nesta e nas próximas edições da Vira Vira.
SILÊNCIOS SENTIDOS
A adolescente Carol
nasceu com o vírus HIV.
Jovem, descobriu o precon-
ceito quando uma prima se
negou a dividir um sanduí-
che. Viver ficou pior com
a chegada do primeiro
namorado e o medo de ser
maltratada de novo. O jeito
foi desabafar com Guto,
um amigo.
Carol e Guto são bone-
cos de pano da peça de
teatro Fala Sério, expressão
usada pelas/os adolescen-
tes do projeto Tecer o
Futuro, do Centro Social
Nossa Senhora do Bom
Parto (Bompar), em São
Paulo, para falar de sexo,
sexualidade, gênero, DSTs Teatro de fantoches para acabar com o preconceito
e violência sexual na cidade.
O grupo reúne 10 jovens, a metade Uma das críticas vai para o NO PARÁ, UM
portadores do vírus HIV. serviço público de saúde, que ATELIÊ DE VIDA
Na platéia, o tema, doloroso e ignora que o jovem começa sua
difícil, vira um bate-papo em que vida sexual cada vez mais cedo e, O projeto Ateliê da Vida nasceu
a vergonha não tem lugar e impera não raro, de modo enviesado. quando mulheres do Grupo de
a liberdade para falar tudo o que “Oficialmente, é como se não Mulheres Prostitutas (Gempac)
passa pela cabeça. existissem meninas de 11, 12 anos decidiram falar sobre gênero,
A peça foi escrita pelas/os que já transam e engravidam”, preconceito e crimes sexuais
próprias/os adolescentes e muda diz outra adolescente do grupo. com suas filhas e seus filhos. Hoje,
sempre. “Não falávamos de méto- Depois apresentações o projeto atende também crianças
dos contraceptivos, mas como esse a mais de 8 mil crianças, adoles- e adolescentes em situação de
tema gera dúvidas, incluímos no centes e jovens, fica a impressão vulnerabilidade e vítimas de crimes
bate-papo”, diz Rafael Biazão, de 17 de que sobra desinformação sexuais. E apesar dessa carga, as/os
anos, educador e um dos atores. e faltam ações. adolescentes se expressam com
arte e alegria. “Eu tinha preconcei-
to, mas agora sei que eles querem
mudar essa situação, disse Caurê
Cruz Cuité, de 18 anos, monitora
de teatro. No total, 80 jovens entre
14 e 18 anos participam do projeto.
“Aqui me sinto muito feliz”,
afirma outra jovem.
As/os adolescentes discutem
cidadania, sexualidade e temas do
cotidiano. No final, elas/es mesmas/
os escolhem o tipo de expressão em
que vão se envolver, fazem seus
instrumentos musicais e escrevem
peças e músicas para os espetácu-
los. “O ateliê mudou minha vida.
Antes eu era irritada e só queria
estar na rua”, diz outra jovem,
autora de uma das peças teatrais.
Adolescente valorizado
é adolescente mais feliz
nnºº 47
47 ·· Ano
Ano 6 · Revista ViRAÇÃO 21
NO PARANÁ,
UM CHAMADO À LUTA
Promovido pela Agência de Notícias dos Direitos da Infância, o Concurso Tim Lopes
de Investigação Jornalística é uma iniciativa em homenagem ao jornalista brasileiro Tim Lopes, assassinado
enquanto fazia uma reportagem sobre exploração sexual de crianças adolescentes no Rio de Janeiro.
nnºº 47
47 ·· Ano
Ano 6 · Revista ViRAÇÃO 23
Mude de Programa da Viração entrevista
canal
o Rapper Slim Rimografia
REPÓRTER
fotos: ADRIANO SANCHES e SIMONE NASCIMENTO
O
Projeto/Revista Viração conquistou mais um espaço para a/o
jovem falar o que pensa. Além da revista impressa e do portal na
Internet, agora a Vira ganhou as telinhas da TV. Através de uma
parceria com a TV USP, um grupo de 12 adolescentes de escolas públi-
cas, particulares e de abrigos de São Paulo, com histórias de vida
muito diferentes, criaram o programa Quarto Mundo.
Para as/os adolescentes, o projeto começa com oficinas minis-
tradas pela equipe da TV USP e a Revista Viração
Viração. Eles aprendem
a história da televisão, os tipos e formatos de programas existen-
tes, todos os passos para a produção de um programa de TV,
além de operação de câmeras, regulagem de áudio, ajuste
de luz e outros aspectos técnicos e jornalísticos.
Em setembro, foi feita a primeira gravação, executada pelos
jovens, com apoio técnico da TV USP e do diretor de fotografia
André Moncaio. O tema foi Música e o entrevistado foi o
Rapper Slim Rimografia conhecido pelos manos do hip hop.
Slim iniciou sua carreira como grafiteiro, conhecendo outros
elementos da cultura hip hop como o break dance. Em 2000, encontrou
o rap, se identificou e passou a dedicar sua vida a pesquisar diferentes sons
Rapper Slim Rimografia e batidas para, a partir daí, começar a sua carreira como multiprodutor.
Seu primeiro CD, Slim Rimografia – Financeiramente Pobre, é uma produção
totalmente independente. O CD vendeu duas mil cópias. O álbum foi indi-
cado ao prêmio Hutuz, na categoria Artista Revelação, com destaque
no Freestyle (rima improvisada, feita na hora).
Confira um trecho da entrevista realizada com o Rapper!
LINHA DO TEMPO
1996 – Slim iniciou no cenário 2000 – Encontra no Rap, a forma artística ideal
da cultura HIP HOP como grafiteiro e para sua expressão. Passou a pesquisar música brasileira,
marcando sua passagem também em buscando também conhecer todos os meios disponíveis para
outro dos elementos como break a sua produção em estúdio. Slim é responsável
dance. por todas as etapas da realização de suas músicas.
24 Revista ViRAÇÃO
ViRAÇÃO · Ano 6 · nº 47
Toda a equipe de produção
2003 – Lançou seu primeiro disco totalmente independente 2006 – Finaliza seu último trabalho, “
com 17 faixas, “Slim Rimografia – Financeiramente Pobre”, Introspectivo”, confirma seus
que vendeu 2.000 cópias de mão-em-mão. O álbum de estréia alicerces na música brasileira de
foi classificado como um dos 10 melhores de Hip Hop dos últimos três qualidade, e revela seu processo de
anos sendo indicado ao prêmio Hutuz 2004 na categoria evolução e amadurecimento como
Artista Revelação e destacando-se no freestyle e em batalhas disputadas artista. Este álbum conta com apoio
entre os principais MC’s do país.
nº 47 · Ano 6 · Revista ViRAÇÃO 25
Filmando e discutindo
Por que é tão difícil entrar Você faz um trabalho junto Como você começou
no circuito comercial? com a Fundação Casa, antiga a andar de skate?
Boa pergunta! Eu estou há oito FEBEM. Como é trabalhar Comecei a andar com 12 anos
anos e não sei ainda, não descobri com os jovens de lá? e sempre foi muito importante pra
o segredo. Existem muitos padrões É difícil mesmo. Na primeira mim. Eu tive muita dificuldade
e às vezes é um cara que controla, vez que eu entrei na FEBEM, eu era com a minha família. Eles são do
existe muito investimento, não dá moleque e você sempre entra meio Nordeste e tinham a visão de que
pra comparar um cara que investe curioso, nossa, como será que é? skate é algo de vagabundo e era
dez mil com o que investe cem mil. É um lugar que é meio triste, as uma época em que ele não estava
Você tem que pagar para tocar nas vibrações que rolam ali... cheio de na mídia. O skate é um mecanismo
rádios, tem que pagar para o cara jovens talentosos que acabam se de transporte e também de aproxi-
ficar divulgando você na Internet, desviando disso e caindo lá. mar as pessoas, o cara que tem a
tem que pagar para fazer o clip, você Mas foi bem legal porque eles maior grana com o que é o pobrão,
tem que pagar tudo! Então o dinhei- não tinham contato com a minha com o cara que é louco e todo
ro é uma coisa que faz com que música. A gente trabalhou com eles mundo naquela mesma vibe, não
muitos artistas vivam às margens. a arte-educação e acabamos fazen- importa a cor, ele ensina a respeitar
Mas não sei também se é cem por do amigos, muitos amigos, e as pessoas. Hoje em dia eu não
cento maravilhoso. Eu sonho um dia descobrindo fatos das vidas das pratico diariamente. A primeira
poder estar numa estrutura melhor, pessoas, o cara vai te contando, música que eu escrevi foi quando
e continuar a fazer o que sempre fiz você procura entender e não julgar. fui andar de skate, então vai ter
e me divertir fazendo música, se Eu aprontei bastante coisa na sempre uma ligação muito forte
não, depois vai acabar virando um
trabalho normal, uma coisa chata.
Diverte as pessoas, é divertido pra
adolescência, mas não cheguei
perto do ponto de cair lá.
comigo.Com música, skate ou
graffiti, Slim ganha na humildade..
gente e enquanto for assim está bom.
TÁ na MÃO
• O programa Quarto Mundo vai
importante da loja ao ar toda segunda-feira, às 19h30,
Cash Beats Records, que apostou em sua qualidade no Canal Universitário (canal 11 da NET,
e repercussão no meio especializado e propiciou a 71 da TVA e 187 da TVA Digital). Acompa-
prensagem de um vinil com cinco faixas, e a execução nhe as experiências no blog:
através dos DJs em festas e eventos e em 2008 Slim www.quartomundotvusp.blogspot.com.
Rimografia “ Financeiramente Pobre e Introspectivo”
estarão a venda em todo o mundo pela (©urve) music™.
26 Revista ViRAÇÃO · Ano 6 · nº 47
Congo, felicidade e sorte
Muito Zimbo pra vocês!
SONS
SÁLUA OLIVEIRA
OLIVEIRA,,
TODOS OS SONS
da Redação
U
ma conversa boa, porém fora de jazzista ajudou muito os três, mas os novos
sintonia com o conhecimento da repórter músicos e cantores nacionais vêm contribuindo
e a imensa trajetória musical do grupo, com o repertório já consagrado. Eles já trabalha-
que não foi sanada com o briefing básico da tarde ram com a cantora Eliseth Cardoso, Elis Regina,
anterior a entrevista. O Zimbo Trio tem 44 anos de em programas como Fino da Bossa e
estrada, tocou na noite “Broadway”, que caracteri- Bossaudade.
zava São Paulo há 40 anos, visitou todos vários Por que então, você que está lendo a matéria,
países das Américas, 86 cidades na Alemanha, ou a repórter mal informada (vulgo eu) conhece-
França e Portugal várias vezes. mos pouco (ou não conhecemos) a música da
Valorizar e divulgar a música brasileira maioria da galera citada até agora?
através de novas interpretações é o foco, princi- Segundo Rubens e Itamar, por dois motivos:
palmente a música instrumental: “O que a gente O fim das casas noturnas que investem na
faz com a música brasileira, nós fazemos com a música, e nos músicos, ao vivo e a péssima
americana, mas não no palco. Porque essa não programação do maior veículo de comunicação
é a marca do Zimbo” esclarece Rubens Barsotti, do país, a televisão.
o bateirista e maior porta-voz no bate-papo. “O pior é o que entra em todas as casas.
Rubens foi quem formou o grupo, na verdade O cara chega na televisão e fala ‘Ah! Hoje vai
apresentou o único integrante que já não tocava ter tum ti ta tum ti ta..’ ou axé num sei o que lá.
com ele na noite, o pianista Amilton Godoy. Luiz Entendeu? É isso que entra na casa das pessoas,
Chaves, baixista, fechava o triângulo, e continua- o que você acha que as pessoas vão gostar?
ria completando até hoje se não tivesse morrido O jovem vai querer fazer o que todos
em fevereiro do ano passado, dando lugar ao fazem, se estão adorando ouvir
contra baixo de Itamar Collaço. bossa nova o jovem compra a
O trio estreou com a grande atriz Norma idéia. Qualquer ser humano
Bengell em 17 de março de 1964 na boate Oásis, gosta de música bem feita,
“Com vocês, Zimbo Trio!”. “Fizemos uma pesquisa eles não têm acesso, têm
na biblioteca municipal e encontramos uma acesso a outras coisas”.
palavra chamada Jimbo. E depois uma determi- Acessibilidade e respeito são as
nada pessoa nos falou que era a maneira caipira palavras de ordem. Respeito entre
de se falar Zimbo, significa além de antiga moeda eles (afinal, são quarenta e quatro anos
do Congo, felicidade e sorte”, disse Rubens. Várias juntos), promoção e ensino da boa
versões de músicas brasileiras foram consagra- música, através da escola que a
das com o Zimbo, a batida, a “pegada” que dá banda mantém, o Centro Livre de
espaço aos três músicos e valoriza detalhes
continua cativando muita gente. A formação
Aprendizagem Musical (CLAM),
que já formou vários talentos. .
F
oi no bairro Monte Cristo, região continental o assunto é futebol”, mas a jogadora da comunida-
de Florianópolis, que Tathiane Gonzaga, 17, de da Ilha da Magia não desanima. Seu próximo
cresceu jogando bola. A adolescente é a atual objetivo é ser contratada por um time do exterior,
lateral direita da seleção brasileira de futebol onde essa modalidade é mais valorizada. E se ela
feminino sub-17 e já encarou quatro jogos como for embora, com certeza vai deixar saudades.
titular. No dia 12 de setem-
bro, Tathiane embarca para EXEMPLO DE FAMÍLIA
Arquivo Pessoal
a Granja Comary e passará
por um período de prepara- A mãe de Tathiane,
ção juntamente com mais Ângela, jogou futebol,
21 meninas atletas. No dia inclusive, durante a gravidez
30 de outubro estará em- no mesmo time em que,
barcando para Nova Zelân- anos mais tarde, a filha viria
dia para defender as cores a fazer parte. Ela fundou a
da camisa verde e amarela, Associação Ângela Cardoso,
que ela ostenta com tanto que hoje possui um time de
orgulho, no Mundial sub-17 futebol, o FAC – Fundação
feminino 2008. Ângela Cardoso.
“Eu sempre acreditei Há alguns anos Ângela
que iria conseguir chegar criou e administrou, sozi-
à seleção, minha mãe é que nha, quatro times de fute-
não acreditava”, brincou bol, tanto masculino, quanto
Tathiane. A garota começou feminino. Visando melhorar
no futebol aos nove anos de e facilitar seu trabalho ela
idade influenciada pela parou com os times para
própria mãe, Ângela Maria poder estudar, se formar
Cardoso, também jogadora. e ter “conhecimento”
As duas jogaram pelo suficiente para melhorar
mesmo time, o Scorpions- e retomar os projetos que
Figueirense. Em 2007 a havia deixado de lado.
jogadora foi ao Rio de Janeiro competir na Liga Formou-se em pedagogia e a cerca de um ano
Nacional, ocasião em que foi convidada pelo organizou o 1o Campeonato Comunitário de
técnico do Saad Esporte Clube a entrar para o time. Capoeiras. O jogador da seleção de futsal Willian
Foram seis meses treinando em Araraquara, também começou jogando com Ângela.
São Paulo, até voltar para Florianópolis e entrar Para a dona de casa e mãe de duas jogadoras,
para o time do Avaí, time que está até hoje. a filha mais nova “ Thaise Gonzaga também joga
A última competição da qual Tathi participou futebol “ a falta de estrutura e o preconceito é o
foi os Joguinhos Abertos de Criciúma, competindo que mais dificulta o trabalho com o seu atual time
por Biguaçu. A equipe ficou em 4a lugar. o FAC. Segundo Ângela, as meninas estão sem
Mas a jovem não está sozinha na seleção e nem local fixo para os treinos, pois, esta não é a priori-
no futebol. Anelise Salváro Lorenzon, 16, goleira do dade ao uso da quadra do Conjunto habitacional
Avaí e amiga de Tathiane também já foi convocada onde mora. Quando chove não há como trabalhar
pela seleção, mas, infelizmente, não participará do com as meninas e não se tem apoio da comunida-
mundial por causa da idade. Anelise declara que os de porque a grande maioria não dá valor e não
jogos pela seleção brasileira serviram de experiên- acredita no futebol feito por mulheres. Várias vezes
cia para ela crescer e lutar pelo seu sonho. os moradores boicotaram Ângela e seu time.
Em casa, a coleção de troféus e medalhas, Mas ela não desiste e usa como exemplo tantas
nada pequena, é cuidada pela família com orgulho meninas do bairro que já estão no futebol profis-
e carinho, além da coleção de notícias sional mesmo com todos os problemas. “Imagina
e fotos de jornais em que saiu. se elas tivessem estrutura e apoio para de desen-
Contudo, uma reclamação é feita:
o preconceito que ainda existe contra o futebol
feminino. “Não se vê estádios lotados, a não ser
conclui Ângela. .
volverem no esporte aonde não chegariam?”
pelos próprios familiares e a divulgação das com- *Um dos Conselhos Jovens da Vira
petições é precária. Ninguém houve falar sobre os presentes em 21 Estados do País
campeonatos femininos que tem por aí, quando (sc@revistaviracao.org.br)
Pais e filhos
A
Fotos: Divulgação
s difíceis relações entre pais e
filhos já forneceram excelente
matéria-prima para obras notáveis
na literatura e também no cinema, mas
poucas vezes foi possível encontrar, em
páginas ou na tela, tanta poesia quanto
em “As Chaves de Casa” (2005), do italiano
Gianni Amelio (de “As Portas da Justiça”,
“América – O Sonho de Chegar” e “A Estrela
Imaginária”), baseado em romance de
Giuseppe Pontiggia.
Durante quase duas horas, um jovem pai
(Kim Rossi Stuart, de “Além das Nuvens” e
“Estamos Bem Mesmo sem Você”, outro filme
sobre relações familiares) e seu filho mais velho
(o menino Andrea Rossi, estreante no cinema)
ficam juntos o tempo todo. Ambos são italianos
de Roma, mas estão juntos (e bem deslocados)
em Berlim. Como nenhum deles fala alemão,
eles têm apenas um ao outro.
O que faz a dupla na Alemanha? O menino
nasceu com lesão cerebral e, embora seja adoles-
cente, se comporta como criança. Foi criado pela
avó e por um casal de tios; a mãe morreu no parto,
aos 19 anos, e o pai, desde então, nunca mais quis
vê-lo. Os médicos acreditam, no entanto, que o
processo de recuperação possa ser acelerado se
o pai biológico acompanhar o filho que abandonou
até o moderno hospital alemão que cuida de seu
caso. A viagem apresenta os dois, pai e filho.
Descrito dessa maneira, “As Chaves de Casa”
talvez se pareça com dramalhões norte-americanos
sobre doenças, realizados sobretudo para provocar
as lágrimas do público, como “Laços de Ternura”
(1983) e “Flores de Aço” (1989). É possível mesmo
que o espectador chore durante o filme, mas não
será porque Gianni Amelio o force a isso. Ao
contrário: a notável sobriedade do filme evita as
habituais armadilhas sentimentalistas e permite
que se experimente, com os personagens, o drama
profundo envolvido nessa relação entre pai e filho.
Há uma importante e simbólica participação
brasileira no filme: a trilha sonora destaca a canção
“Deus do Fogo e da Justiça”, de Geraldo Lima e
.
Osvaldo Almeida, interpretada por Virginia
Rodrigues.
O
Portal Educacional (www.educacional.com.br) em parceria com o
Dr. Jairo Bouer realizou a pesquisa Este Jovem Brasileiro que abran-
geu 6.300 estudantes da 8a série do ensino fundamental ao 3o ano
do ensino médio de escolas particu-
lares de todo o país. O objetivo
é coletar dados referentes ao
comportamento sexual de jovens
e entender como vêem a questão
da sexualidade para fomentar
ações educativas nas escolas.
A pesquisa aponta, por exemplo,
que as meninas têm sua primeira
vez geralmente aos 15 anos, e os
meninos aos 14, e que há menor
rotatividade de parceiros entre as
meninas. Ela também revela que
apenas 38% desses jovens usam
algum método anticoncepcional,
além da camisinha.
Confira abaixo a entrevista
com Andréa Maia de Santana,
Natália Forcat
gerente da Central de Projetos
do Portal Educacional.
D
esde o dia 11 de agosto, 200 pontos de mobiliário
urbano espalhados pelo Rio de Janeiro ganharam
um novovisual.São nove cartazes diferentes com os temas
Água, Direitos Humanos e Gravidez Precoce
Precoce, criados por jovens
formados na Oi Kabum! – Escola de Arte e Tecnologia do
Rio de Janeiro, Salvador e Recife.
Positivo
Positivo é amizade
de quem conhece a verdade,
construindo um mundo novo
com amor e igualdade
CUPOM DE
ASSINATURA
Três deles estamparam o Virarte por Alain Le Quernec durante mais anual e renovação
da última edição. de três anos na cidade de Quimper, 10 edições
O trabalho, batizado de Kabum! no sul da França. Aqui no Brasil, a
Mix, foi idealizado pelo designer proposta destes workshops foi É MUITO FÁCIL FAZER OU
Felipe Taborda, a partir de um gerar cartazes sobre temas atuais RENOVAR A ASSINATURA DA
projeto do designer francês Alain que são uma realidade à popula- SUA REVISTA VIRAÇÃO
Le Quernec, e reuniu dezenas de ção jovem. Foram escolhidos três
jovens numa série de workshops cartazes de cada Estado, um sobre Basta preencher e nos enviar
o cupom que está no verso
nas três cidades. O Kabum! Mix é cada tema, e que agora estão
junto com o comprovante
semelhante a um projeto realizado espalhados pela cidade.
(ou cópia) do seu depósito.
2. DEPÓSITO INSTANTÂNEO
numa das agências do seguinte
banco, em qualquer parte do Brasil:
4. BOLETO BANCÁRIO
(R$2,95nºde
47 taxa
· Ano bancária)
6 · Revista ViRAÇÃO 33
PARADA SOCIAL
R$
R$
US$
Grito por moradia em
Assinatura nova
Aparecida de Goiânia
De colaboração
Renovação
Exterior
N
o dia 7 de setembro, enquanto muitas capitais se reuníam para
comemorar a Independência do Brasil com desfiles, numa política de
Depósito bancário no banco ___________________________________ em ____ / ____ / ____
Boleto Bancário
Outro morador, Gilvani de Paula e Silva, afirmou que ainda é muito cedo
Consolação – 01305-100
para definir o que acontecerá: “Tudo que a gente viveu foi muito difícil
TIPO DE ASSINATURA:
ameaça de despejo é constante. Para nós, parece que é o final de toda uma
Assinatura nova
De colaboração
.
trabalho e não sabe se quando chegar em casa ela vai estar de pé. A luta
Renovação