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Beethoven

Ludwig van Beethoven nasceu em 16 de dezembro de 1770, em


Bonn, Alemanha. Mas sua ascendência era holandesa: o nome de
sua família é derivado do nome de uma aldeia na Holanda,
Bettenhoven (canteiro de rabanetes), e tem a partícula van, muito
comum em nomes holandeses - não confundir com o nobiliárquico
alemão von. O avô do compositor, também Ludwig van Beethoven,
contudo, era originário da Bélgica, e a família estava há poucas
décadas na Alemanha.

Vovô van Beethoven era músico. Trabalhava como


Kappelmeister (diretor de música da corte) do eleitor de Colônia e
era um artista respeitado. Seu filho, Johann, que viria a ser o pai de
Ludwig, menos talentoso, o seguiu na carreira, mas sem igual êxito.
Depois da morte do pai, entregou-se ao alcoolismo, o que traria
muitos problemas emocionais ao filho famoso.

Johann percebeu que o pequeno Ludwig (que fora batizado


assim em homenagem ao avô) tinha talento incomum para música e
tratou de encaminhá-lo à carreira de músico do eleitor. Mas o fez de
forma desastrosa. Obrigava o filho a estudar música horas e horas
por dia, e não raro o batia. A educação musical de Beethoven tinha
aspectos de verdadeira tortura.

Desde os treze anos Ludwig ajudou no sustento da casa, já que o


pai afundava-se cada vez mais na bebida. Trabalhava como
organista, cravista ensaiador do teatro, músico de orquestra e
professor, e assim precocemente assumiu a chefia da família. Era
um adolescente introspectivo, tímido e melancólico, freqüentemente
imerso em devaneios e "distrações", como seus amigos
testemunharam.

Em 1784, Beethoven conheceu um jovem conde, de nome


Waldstein, e tornou-se amigo dele. O conde notou o talento do
compositor e o enviou para Viena, para que se tornasse aluno de
Mozart. Mas tudo leva a crer que Mozart não lhe deu muita atenção,
embora reconhecendo seu gênio, e a tentativa de Waldstein não
logrou êxito - Beethoven voltou em duas semanas para Bonn.

Em Bonn, começou a fazer cursos de literatura - até para


compensar sua falta de estudo geral, já que saíra da escola com
apenas 11 anos - e lá teve seus primeiros contatos com as
fervilhantes idéias da Revolução Francesa, que ocorria, com o
Aufklärung (Iluminismo) e com o Sturm und Drang (Tempestade e
Ímpeto), correntes não menos fervilhantes da literatura alemã, de
Goethe e Schiller. Esses ideais tornariam fundamentais na arte de
Beethoven.

Apenas em 1792 que Beethoven haveria de partir definitivamente


para Viena. Novamente por intermédio do conde Waldstein, dessa
vez Ludwig havia sido aceito como aluno de Haydn - ou melhor,
"papai Haydn", como o novo pupilo o chamava. A aprendizagem
com o velho mestre não foi tão frutífera quanto se esperava. Haydn
era afetuoso, mas um tanto descuidado, e Beethoven logo tratou de
arranjar aulas com outros professores, para complementar seu
estudo.

Seus primeiros anos vienenses foram tranqüilos, com a


publicação de seu opus 1, uma coleção de três trios, e a
convivência com a sociedade vienense, que lhe fora facilitada pela
recomendação de Waldstein. Era um pianista virtuose de sucesso
nos meios aristocráticos, e soube cultivar admiradores. Apesar
disso, ainda acreditava nos ideais revolucionários franceses.

Então surgiram os primeiros sintomas da grande tragédia


beethoveniana - a surdez. Em 1796, na volta de uma turnê,
começou a queixar-se, e foi diagnosticada uma congestão dos
centros auditivos internos. Tratou-se com médicos e melhorou sua
higiene, a fim de recuperar a boa audição que sempre teve, e
escondeu o problema de todos o máximo que pôde. Só dez anos
depois, em 1806, que revelou o problema, em uma frase anotada
nos esboços do Quarteto no. 9: "Não guardes mais o segredo de
tua surdez, nem mesmo em tua arte!".

Antes disso, em 1802, Beethoven escreveu o que seria o seu


documento mais famoso: o Testamento de Heiligenstadt. Trata-se
de uma carta, originalmente destinada aos dois irmãos, mas que
nunca foi enviada, onde reflete, desesperado, sobre a tragédia da
surdez e sua arte. Ele estava, por recomendação médica,
descansando na aldeia de Heiligenstadt, perto de Viena, e teve sua
crise mais profunda, quando cogitou seriamente o suicídio. Era um
pensamento forte e recorrente. O que o fez mudar de idéia? "Foi a
arte, e apenas ela, que me reteve. Ah, parecia-me impossível deixar
o mundo antes de ter dado tudo o que ainda germinava em mim!",
escreveu na carta.

O resultado é o nascimento do nosso Beethoven, o músico que


doou toda sua obra à humanidade. "Divindade, tu vês do alto o
fundo de mim mesmo, sabes que o amor pela humanidade e o
desejo de fazer o bem habitam-me", continua o Testamento. Para
Beethoven, sua música era uma verdadeira missão. A Sinfonia no.
3, Eroica, sua primeira obra monumental, surge em seguida à crise
fundamental de Heiligenstadt.

No terreno sentimental, outra carta surge como importante


documento histórico: a Carta à Bem-Amada Imortal. Beethoven
nunca se casou, e sua vida amorosa foi uma coleção de insucessos
e de sentimentos não-correspondidos. Apenas um amor
correspondido foi realizado intensamente, e sabemos disso
exatamente através dessa carta, escrita em 1812. Nela, o
compositor se derrama em apaixonadíssimos sentimentos a uma
certa "Bem-Amada Imortal":

"Meu anjo, meu tudo, meu próprio ser! Podes mudar o fato de que
és inteiramente minha e eu inteiramente teu? Fica calma, que só
contemplando nossa existência com olhos atentos e tranqüilos
podemos atingir nosso objetivo de viver juntos. Continua a me
amar, não duvida nunca do fidelíssimo coração de teu amado L.,
eternamente teu, eternamente minha, eternamente nossos".

A identidade da "Bem-Amada Imortal" nunca ficou muito clara e


suscitou grande enigma entre os biógrafos de Beethoven. Maynard
Solomon, em 1977, após inúmeros estudos, concluiu que ela seria
Antonie von Birckenstock, casada com um banqueiro de Frankfurt -
seria, portanto, um amor realizado, mas ao mesmo tempo
impossível, bem beethoveniano. Ludwig permaneceria solteiro.

Em 1815, seu irmão Karl morreria, deixando um filho de oito anos


para ele e a mãe cuidarem. Porém Beethoven nunca aprovou a
conduta da mãe dessa criança - também Karl - e lutou na justiça
para ser seu único tutor. Foram meses de um desgastante processo
judicial que acabou com o ganho de causa dado ao compositor.
Agora Beethoven teria que cuidar de uma criança, ele que sempre
fora desajeitado com a vida doméstica.

Nos anos seguintes, Beethoven entraria em grande depressão,


da qual só sairia em 1819, e de forma exultante. A década seguinte
seria um período de supremas obras-primas: as últimas sonatas
para piano, as Variações Diabelli, a Missa Solene, a Nona Sinfonia
e, principalmente, os últimos quartetos de cordas.

Foi nessa atividade, cheio de planos para o futuro (uma décima


sinfonia, um réquiem, outra ópera), que ficou gravemente doente -
pneumonia, além de cirrose e infecção intestinal. No dia 26 de
março de 1827, morreria Ludwig van Beethoven - segundo a lenda,
levantando o punho em um último combate contra o destino.
Einstein

Albert Einstein nasceu na cidade de Ulm, Alemanha, no dia 14 de


março de 1879, em uma família de judeus não praticantes. Ainda
criança, mudou-se para Munique, graças aos negócios de seu pai
— instalações e aparelhos elétricos —, numa época em que a
eletricidade era, por assim dizer, artigo de luxo.

Em 1894, acompanhou a família em mais uma mudança, desta vez


para Milão, Itália. Nesta época, o jovem Albert desistiu de sua
cidadania alemã, para nunca mais reclamá-la. Antes de terminar o
ensino médio (onde sempre tirou boas notas, ao contrário do que é
comumente divulgado), tentou ingressar no Instituto Federal de
Tecnologia da Suíça (Politécnica de Zurique) e foi reprovado. Foi
aceito em 1896, terminando o curso em 1900, habilitado a ensinar
física e matemática para o ensino médio.

Após dois sofridos anos onde enfrentou o desemprego e vários


postos temporários, sobrevivendo basicamente através da ajuda de
seus pais, Albert conseguiu se empregar no escritório suíço de
registro de patentes. Durante o tempo em que ali trabalhou (1902-
1909), ele produziu grande parte de sua obra científica. Obteve o
título de doutor pela Universidade de Zurique, sem nunca ter
formalmente freqüentado o meio acadêmico, em 1905.

Neste mesmo ano, produziu três artigos de suma importância para


a comunidade científica da época. O primeiro serviu de introdução
ao quantum da luz (o agora popular fóton), numa tentativa de
explicar alguns resultados obtidos por Max Planck. Com este artigo,
Einstein explicou o efeito fotoelétrico e, por isso, ganharia o prêmio
Nobel de física em 1921.

O segundo artigo — o mais importante para nós — trazia ao mundo


a Teoria da Relatividade Restrita. Ele não foi o primeiro a propor
todos os elementos que compunham esta nova teoria, mas foi o
único que soube amarrar todos os conceitos fundamentais de forma
coerente.

O terceiro artigo explicava algumas novas idéias quanto ao


movimento browniano, o movimento de partículas em suspensão
aquosa. Relacionava estas propriedades à nova mecânica
estatística de Boltzmann e Gibbs. Com ele obteve seu título de
doutor.

Em 1909, deixou seu posto no escritório de patentes para assumir


uma cadeira de professor nesta mesma instituição. Einstein passou
pela Universidade Alemã de Praga e pela Politécnica de Zurique
até, finalmente, em 1914, conseguir o mais prestigioso cargo que
um físico teórico poderia conquistar na Europa daquela época:
professor no Kaiser-Wilhelm Gesellschaft, em Berlim. Daí em
diante, nunca mais lecionou cursos regulares, dedicando o máximo
de seu tempo à pesquisa.

Enquanto mudava entre estas instituições, Einstein sentiu a


necessidade de levar sua Relatividade Restrita aos sistemas
acelerados. Com isso, nasceu a Teoria da Relatividade Geral. A
Relatividade Geral previa que a luz sofreria deflexão gravitacional,
fato comprovado no eclipse total do Sol de 1919. Previa, ainda, uma
anomalia, que há muito já se havia detectado sem explicação
aparente, na órbita do planeta Mercúrio. E previa, também, o desvio
para o vermelho (redshift) devido à força da gravidade.

Com a ascensão do fascismo na Europa, Einstein se mudou para


os Estados Unidos em 1933. Lá, assumiu um posto de pesquisador
no Instituto de Estudos Avançados de Princeton. Os tempos
conturbados obrigaram-no a deixar de lado seu pacifismo. Em 1939,
através de uma carta endereçada ao presidente Roosevelt,
conclamou o governo americano a construir uma bomba atômica,
antes que os alemães o fizessem. Ele, no entanto, repudiou o uso
da bomba em 1945.
Einstein terminou sua carreira científica perseguindo uma teoria que
unificasse todas as quatro forças elementares da natureza (as
forças nucleares forte e fraca, a força eletromagnética e a força
gravitacional). Mais uma vez foi um pioneiro. Embora não tenha
alcançado seu objetivo, ele deu o impulso inicial a uma área que
hoje já conseguiu unificar três forças fundamentais (falta a
gravidade).

Einstein faleceu em Princeton, no estado de Nova Jérsei, no dia 18


de abril de 1955.
Gandhi

Mohandas Karamchand Gandhi nasceu no dia 2 de outubro de


1869 na Índia ocidental. Seu pai era um político local, e a mãe dele
era uma Vaishnavite religiosa. À idade de 13, Mohandas foi casado
com uma menina da mesma idade dele e começou uma vida de
sexo ativa. Depois de um pouco de educação indistinta foi decidido
que ele deveria ir para a Inglaterra para estudar Direito. Ele ganhou
a permissão da mãe, prometendo se conter de vinho, mulheres e
carne, mas ele desafiou os regulamentos de sua casta que proibiam
a viagem para a Inglaterra.

Cursou a faculdade de Direito em Londres. Procurando um


restaurante vegetariano, havia descoberto na filosofia de Henry Salt
um argumento para o Vegetarianismo e se tornou convencido. Ele
organizou um clube vegetariano e as pessoas se encontravam com
teósofos e interesses altruísticos. Sua primeira leitura do Bhagavad-
Gita estava em Edwin Arnold, a tradução poética: "A Canção
Celestial". Esta escritura hindu e o Sermão da Montanha, se
tornaram mais tarde as suas bíblias e guias de viagens espirituais.
Ele memorizou o Gita em suas meditações diárias, logo após
escovar os dentes e freqüentemente recitou seu sânscrito original
em suas orações.

Quando Gandhi voltou à Índia em 1891 a mãe dele houvera


falecido, e ele não obteve êxito a exercer na Índia sua profissão
legal como advogado devido sua timidez. Assim ele aproveitou a
oportunidade de ir para África do Sul durante um ano,
representando uma firma hindu em Natal durante um processo
judicial naquela terra .

África do Sul, imóvel notório para discriminação racial, deu para


Gandhi os insultos que despertaram sua consciência social. Como
advogado Gandhi fez o melhor para descobrir os fatos. Depois de
resolver um caso difícil, ele passou deste modo a ser "visto" e
comentado. Segundo ele: " eu tive um aprendizado que me levou a
descobrir o lado melhor da natureza humana e entrar nos corações
dos homens. Eu percebi que a verdadeira função de um advogado
era unir rivais de festas a parte".

Ele também teimou em receber a verdade dos clientes dele, e se


ele descobrisse que eles tivessem mentido, ele derrubaria os casos
de seus clientes. Acreditava que o dever do advogado era ajudar o
tribunal a descobrir a verdade, não tentar provar o culpado inocente.
Ao término do ano durante uma festa de adeus antes que ele fosse
viajar para a Índia, Gandhi notou no jornal que uma lei estava sendo
proposta e que privaria os hindus do voto.

Os amigos dele o insistiram: "fique e conduza a briga para os


direitos de nossos compatriotas na África do Sul." Gandhi fundou
em Natal o Congresso hindu em 1894, e seus esforços eram uma
vigorosa advertência para a imprensa.

Quando Gandhi retornou à África após buscar a esposa e filhos na


Índia em janeiro de 1897,os sul-africanos tentaram interromper suas
atividades de maneiras sórdidas, como subornando e ameaçando o
agropecuário Dada Abdulla Sheth; mas Dada Abdulla era cliente de
Gandhi, e finalmente depois de um período de quarentena, Gandhi
recebeu permissão para aterrissar. A turba de espera reconheceu
Gandhi, e alguns brancos começaram a espancá-lo até que a
esposa do Superintendente Policial veio ao salvamento dele. A
turba ameaçou lincha-lo, mas Gandhi escapou usando um disfarce.

Depois ele se recusou processar os que haviam lhe espancado,


permanecendo firme ao principio de ego-restrição com respeito a
uma pessoa infratora; além de que, tinha sido os líderes da
comunidade e do governo Natal que haviam causado o problema.
Não obstante Gandhi sentia o dever de apoiar o povo britânico
durante a Guerra bôer, organizando e conduzindo um Corpo médico
hindu para alimentar os feridos no campo de batalha. Quando
trezentos hindus e oitocentos criados foram contratados, os brancos
foram surpreendidos.
Gandhi acabou permanecendo vinte anos na África do Sul
defendendo a minoria hindu, liderando a luta de seu povo pelos
seus direitos . Ele experimentou o celibato durante trinta anos de
sua vida, e em 1906 levou o juramento de Brahmacharya para o
resto da vida dele.

O primeiro uso de desobediência civil em massa ocorreu em


setembro de 1906. O Governo de Transvaal quis registrar a
população hindu inteira. Os hindus formaram uma massa que se
encontrou no Teatro Imperial de Joanesburgo; eles estavam
furiosos com a ordem humilhante, e alguns ameaçaram exercer
uma resposta violenta a ordem injusta.

Porém, eles decidiram em grupo a se recusarem a obedecer as


providências de inscrição; havia unanimidade completa, apenas
alguns se registraram. Ainda, Gandhi sugeriu aos indianos que
levassem um penhor em nome de Deus; embora eles fossem
hindus e muçulmanos, todos acreditavam em um e no mesmo
Deus. Gandhi decidiu chamar esta técnica de recusar submeter a
injustiça de Satyagraha que quer dizer literalmente: "força da
verdade" . Uma semana depois de desobediência, as mulheres
Asiáticas foram dispensadas do registro. Quando o governo de
Transvaal finalmente pôs em pratica o Ato de Inscrição Asiático em
1907, Gandhi e vários outros hindus foram presos.

A pena dele foi de só dois meses sem trabalho duro, dedicando-se


durante esse período à leitura. Durante a vida , Gandhi passaria um
total de mais de seis anos como prisioneiro. Enquanto lendo em
prisão Gandhi descobriu a "Desobediência Civil" de Thoreau e os
trabalhos de Tolstoy. Logo ele começou a perceber cada vez mais
as possibilidades infinitas do "amor universal".

O movimento de protesto para a conquista dos direitos indianos na


África do Sul continuou crescendo; em um certo ponto foram presos
2.500 indianos dos 13,000 existentes na província, enquanto 6,000
tinham fugido de Transvaal.
Sendo civil aos oponentes durante a desobediência, Gandhi
desenvolveu o uso de ahimsa que significa "sem dor " e
normalmente é traduzido "não violência ". Gandhi seguiu o Ódio de
preceito " o pecado e não o pecador . Desde que nós vivemos
espiritualmente, ferir ou atacar outra pessoa são atacar a si mesmo.
Embora nós possamos atacar um sistema injusto, nós sempre
temos que amar as pessoas envolvidas. Assim ' ahimsa' é a base
da procura para verdade".
Gandhi também foi atraído a vida agrícola simples. Ele começou
duas comunidades rurais em Satyagrahis-Phoenix Farm e Tolstoy
Farm. Escreveu e editou o diário "Opinião indiana", para elucidar os
princípios e a prática de Satyagraha. Três assuntos foram
apontados: a indagação para direitos dos hindus na África do Sul;
sobre a proibição de imigrantes Asiáticos; e por fim, sobre o
invalidamento de todos casamentos não Cristãos.

Em novembro de 1913 Gandhi conduziu uma marcha com mais de


duas mil pessoas. Gandhi foi preso e solto por pagar fiança. Logo
após o prenderam novamente e o libertaram, e novamente foi preso
depois de quatro dias de liberdade. Foi então condenado ao
trabalho forçado durante três meses, mas as greves continuaram,
envolvendo aproximadamente 50.000 operários e milhares de
índianos foram escravizados na prisão. Alguns missionários
Cristãos doaram todo seu dinheiro para o movimento. Foram
libertados Gandhi e outros líderes, e foi anunciada outra marcha.
Porém, Gandhi recusou tirar proveito através de uma greve em uma
estrada de ferro dos "brancos" (já que certa vez Mohandas Gandhi
havia sido expulso de um compartimento de primeira classe de um
trem, ao se recusar a "ceder" o seu lugar à um branco e se mover
para a terceira classe), sendo que Gandhi cancelou a marcha,
apesar de estar "quebrando" o penhor de Sujeira (1908). "Perdão é
o ornamento do valente", Gandhi explicou.

Finalmente através de negociação os assuntos estavam resolvidos.


Todos os matrimônios independente da religião eram válidos; os
impostos em atrasos foram cancelados e inclusive os operários
contratados; e foi concedida mais liberdade aos indianos.

Gandhi constatou o poder do método de Satyagraha e profetizou


como poderia transformar a civilização moderna. "É uma força que,
se ficasse universal, revolucionaria ideais sociais e anularia
despotismos e o militarismo."

Enquanto isso a Índia ainda estava sofrendo debaixo de regra


colonial britânica. Gandhi sugere que a Índia pode ganhar sua
independência por meios não violentos e por via da ego-confianca.
Ele rejeita a força bruta e sua opressão e declara que a força da
alma ou amor e que se mantém a unidade das pessoas em paz e
harmonia.

De volta a Índia em 1915, Gandhi passou a exercer o papel de


conscientizador da sociedade hindu e muçulmana na luta pacífica
pela independência indiana, baseada no uso da não violência. O
uso da não violência baseava-se no uso da desobediência civil.

Gandhi estava pronto para morar nas ruas sujas intocáveis se


necessário, mas um benfeitor anônimo doou bastante dinheiro que
duraria um ano. Passa a ajudar os necessitados e as crianças
carentes.

Em 1917 Gandhi ajudou as pessoas que trabalhavam em


tecelagens, diante exploração injusta dos proprietários sobre esses
trabalhadores. Ele foi detido, mas logo perceberam que o Mahatma
era o único que poderia controlar as multidões.

Reformas foram ganhas novamente por meio da desobediência


civil. Os trabalhadores têxteis de Ahmedabad também eram
economicamente oprimidos. Gandhi sugeriu uma greve, e como os
trabalhadores temiam as conseqüências dela, ele faz um jejum para
encorajar que eles continuem a greve. Gandhi explicou que ele não
jejuou para coagir o oponente, mas fortalecer ou reformar esses
que o amaram. Ele não acreditou que jejuando resultaria em
salários mais altos.

O primeiro desafio de Gandhi contra o governo britânico na Índia


estava em resposta contra os poderes arbitrários do Rowlatt Act em
1919. A Índia tinha cooperado com a Inglaterra durante a guerra, no
entanto estavam sendo reduzidas as liberdades civis.

Guiado por um sonho ou experiência interna Gandhi decidiu pedir


um dia de greve geral. Porém, a filosofia de Mahatma não foi bem
entendida pelas massas, e violências estouraram em vários lugares.
O Mahatma se arrependeu declarando que tinha feito "um erro de
cálculo", e ele cancelou a campanha.

Gandhi fundou e publicou dois semanários sem anúncios - a Índia


Jovem em inglês e o Navajivan em Gujarati. Em 1920 Gandhi
iniciou uma campanha de âmbito nacional de não cooperação com
o governo britânico que para o camponês significou o não
pagamento de impostos e nenhuma compra de bebida alcóolica,
desde que o governo ganhou toda a renda de sua venda.

Gandhi realizou várias viagens ao longo de todo território índio, com


a função de conseguir a conscientização em massa de todas as
pessoas, mostrando a necessidade da prática da desobediência
civil e do uso da não violência.
Durante finais dos anos 20, Ghandi escreve uma auto-bibliografia
retratando suas experiências vividas. Ele é bastante sincero nesse
livro, chegando ao ponto de se humilhar pelos erros cometidos,
mostrando o esforço de os superar. Nas falas ele mostra o
programa de cinco pontos dos dedos da mão : "igualdade; nenhum
uso de álcool ou droga; unidade hindu-mulçumano; amizade; e
igualdade para as mulheres. Esses pontos (os cinco dedos
representando o sistema) estavam conectados ao pulso,
simbolizando a não violência.

Finalmente em 1928, ele anunciou uma campanha de Satyagraha


em Bardoli contra o aumento de 22% em impostos britânicos. As
pessoas se recusaram a pagar os impostos, sendo repreendidas
pelo governo britânico. No entanto os indianos continuavam não
violentos. Finalmente, após vários meses, os britânicos cancelaram
os aumentos, libertaram os prisioneiros, e devolveram as terras e
propriedades confiscadas; e os camponeses voltaram a pagar seus
tributos.

Ainda nesse ano, o congresso indiano quis a autonomia da Índia e


considerou guerra aos ingleses para conseguir esse fim. Gandhi
recusou a apoiar uma atitude como esta, porém declarou que se a
Índia não se tornasse um Estado independente ao final de 1929,
então ele exigiria sua independência.

Por conseguinte em 1930, Mahatma Gandhi informou ao vice-rei, de


que a desobediência civil em massa iniciaria no dia 11 de março.
"Minha ambição é nada menos que converter as pessoas britânicas
à não violência, e assim lhe faz ver o mal que fizeram para a Índia.
Eu não busco danificar as pessoas.". Gandhi decidiu desobedecer
as Leis Salgadas que proibiram os índios de fazer seu próprio sal;
este monopólio britânico golpeou especialmente ao pobre.

Começando com setenta e oito sócios, Gandhi iniciou uma marcha


para o mar de 200 milhas, que levaria mais de vinte e quatro dias.
Milhares tinham se juntado no começo, e vários milhares uniram-se
durante a marcha. Primeiro Gandhi e, então outros juntaram um
pouco de água salgada na beira-mar em panelas, deixando ao sol
para secar. Em Bombaim o Congresso teve panelas no telhado;
60.000 pessoas juntaram-se ao movimento, e foram presas
centenas delas. Em Karachi onde 50.000 assistiram o sal sendo
feito, a multidão era tão espessa que impedia a policia de efetuar
alguma apreensão. As prisões estavam lotadas com pelo menos
60,000 ofensores. Incrivelmente lá "não havia praticamente
nenhuma violência por parte da população; as pessoas não queriam
que Gandhi cancelasse o movimento. Gandhi foi preso antes de
que pudesse invadir os Trabalhos Dharasana Sal, mas o amigo dele
Sr. Sarojini Naidu conduziu 2.500 voluntários e os advertiu não
resistir às interferências da polícia. De acordo com uma testemunha
ocular, o repórter Miller de Webb, eles continuaram marchando até
serem detidos abaixo do aco-shod lathis, por quatrocentos policiais,
mas eles não tentaram lutar . Tagore declarou que a Europa tinha
perdido a moral e o prestígio na Ásia. Logo, mais de 100.000 índios
estavam na prisão, incluindo quase todos líderes.

Gandhi foi chamado à uma reunião com o Vice-rei Irwin em 1931, e


eles firmaram um acordo em março. A Desobediência civil foi
cancelada; foram libertados os prisioneiros; a fabricação de sal foi
permitida na costa; e os líderes do Congresso assistiriam à próxima
Conferência de Mesa Redonda em Londres. Gandhi viajou para
Londres onde ele conheceu Charlie Chaplin, George Bernard Shaw,
e Maria Montessori, entre outros. Em transmissão de rádio para os
Estados Unidos, ele falou que a força não violenta é um modo mais
consistente, humano e digno.Discutindo relações com os britânicos,
ele disse que ele não quis somente a independência, mas também
a interdependência voluntária baseada no amor.

Enquanto, preso em 1932, Gandhi entrou em um jejum em nome


dos Harijans porque a eles tinha sido determinado um eleitorado
separado. Poderia ser um jejum até morte, a menos que ele
pudesse despertar a consciência hindu. O assunto estava resolvido,
e até mesmo templos hindus intocáveis eram abertos pela primeira
vez. No próximo ano, Gandhi fez um jejum de vinte e um dias para
purificação, e os funcionários britânicos, amedrontados de que ele
pudesse morrer, colocaram-no na prisão. Gandhi anunciou que não
se ocuparia da desobediência civil até que sua oração fosse
completada.

Mesmo com a Segunda Guerra Mundial se aproximando, Gandhi


havia confirmado seus princípios pacifistas. Ele mostrou como a
Abissínia (Etiópia) poderia ter usado a não violência contra
Mussolini, e ele recomendou isto para os Tchecos e para os
Chineses. "Se é valente, como é, para morrer a um homem que luta
contra preconceitos, é ainda bravo para recusar briga e ainda
recusar se render ao usurpador"

Já em 1938 ele exortou os judeus para defender os direitos deles e


se necessário morrer como mártires. "Um manhunt degradante
pode ser transformado em um posto tranqüilo e determinado,
oferecendo aos homens e mulheres desarmados, a força dada a
eles por Jehovah." Mahatma recomenda o uso de Métodos não
violentos aos britânicos para combater Hitler; já que não podia dar
seu apoio a qualquer tipo de guerra ou matança.

O Congresso prometeu a Gandhi que ele ficaria fora da prisão, mas


outros 23.223 indianos foram presos, inclusive Vinoba Bhave,
Nehru, e Patel. Em 1942, Gandhi sugeriu modos para resistir não
violentamente aos japoneses. Ele propôs uma atração às pessoas
japonesas, a causa da "federação mundial da fraternidade sem a
qual não poderia haver nenhuma esperança para a humanidade".

Porém, Gandhi continuou exercendo uma revolução não violenta


para a Índia, e em 1942 ele e outros lideres foram presos. Ele
decidiu jejuar novamente, sendo que apenas ele sobreviveu.
Quando a guerra terminou, ele afirmou da necessidade de "uma paz
real baseada na liberdade e igualdade de todas as raças e nações".
Nos últimos anos de sua vida, se tornou mais do que um socialista.
Ele havia dito, "Violência é criada por desigualdade, a não violência
pela igualdade". Ele foi a uma peregrinação para Noakhali para
ajudar aos pobres.Independência para a Índia era agora iminente,
mas Jinnah o Líder muçulmano estava exigindo a criação de um
estado separado: o Paquistão. Gandhi prega para unidade e
tolerância, até mesmo lendo às reuniões um Alcorão de orações.
Os hindus o atacaram porque pensaram que ele era a favor dos
muçulmanos, e os muçulmanos exigindo dele a criação do
Paquistão. Gandhi foi para Calcutá para acalmar a discussão e a
violência entre hindus e muçulmanos. Mais uma vez ele jejuou até
que os lideres da comunidade assinaram um acordo para manter a
paz. Antes de que eles assinassem, ele os advertiu de que se
rebelassem ele jejuaria até a morte. Gandhi também, em janeiro de
1948 fez muito para acalmar os conflitos entre hindus e
muçulmanos, permitindo a divisão da Índia em dois países.

Embora este ódio religioso entristeceu a Gandhi, a Índia tinha


conquistado sua independência no dia 15 de agosto de 1947 que
realizando a maior revolução não violenta da historia mundial.

Finalmente, Gandhi era assassinado por um hindu enfurecido em


30 de janeiro de 1948 numa reunião de oração; com seu último
suspiro o Mahatma cantou o nome de Deus.
Edison

John Krusei, chefe das oficinas do laboratório de Menlo Park, em


1877, apostou com seu chefe uma caixa de charutos que aquilo não
funcionaria. Para ele, Thomas Alva Edison só podia estar brincando
quando disse que o tubo metálico com uma espécie de funil serviria
para repetir quaisquer palavras ditas nele. Para provar, Edison girou
o cilindro e cantou dentro do funil: "Maria tinha um carneirinho." A
sua voz fez vibrar a membrana de pergaminho. Essa vibração
comandou uma agulha que ia sulcando a superfície macia do
estanho.

Em seguida, posto novamente para funcionar, o sulco do estanho


vibrou a agulha e esta acionou a membrana de pergaminho que
devolveu pelo funil: "Maria tinha um carneirinho." Assim, o ditafone
recém-inventado deu a Edison uma caixa de charutos e outra
patente. Ele registrou 1.093 delas, mas a maioria não era original, e
sim, melhorias. Edison foi criticado por não compartilhar os seus
créditos com os empregados.

O irlandês Samuel Edison, militante pela independência do Canadá,


teve de fugir com a mulher, Nancy Elliot. Foi para a cidade de Milan,
Ohio, onde nasceu Thomas a 11 de março de 1847. Na juventude,
sem dinheiro, a inteligência ajudava Edison a arrumar e a perder
empregos, pois não se conformava com a rotina. Queria inovar.
Durante o tempo passado como operador de telégrafo, ele criou um
aparelho registrador de números e letras para mensagens
telegráficas. Assim não teria de ouvir os sinais em código morse o
tempo todo. Foi demitido, acusado de preguiça. Em 1869, vendeu o
teletipo na Bolsa de Valores de Nova York por 40 mil dólares e os
especuladores puderam ler as cotações mais rapidamente. Nas
décadas seguintes, desenvolveu um meio de enviar duas e, depois,
quatro mensagens simultâneas num mesmo cabo.

Da noite para o dia, ficou rico e abriu um laboratório de pesquisas


que se tornou um precursor da tecnologia do século 20. Ao mesmo
tempo, seu exemplo de empreendedor legou uma grande influência
cultural sobre a nação. Sua maior invenção, porém, foi próprio
laboratório criativo, onde uma coisa leva à outra. Ele acreditava que
a experiência de lentas reelaborações da idéia e do aparelho
sempre conduzia a resultados práticos decisivos.

O próprio Edison ficou admirado com fonógrafo. Por dez anos, o


aparelho ficou de lado porque muita gente suspeitava da presença
de algum ventríloquo escondido. Gradualmente, foram surgindo o
gramofone e o disco sulcado que revolucionou a música. E esse
desenvolvimento ajudou a orientar o aperfeiçoamento do telefone.

Em 1876, Menlo Park era uma cidade industrial, com oficinas,


laboratórios e técnicos capacitados. Edison chegou a propor a meta
de produzir uma novidade a cada dez dias. Por quatro anos,
conseguiu uma criação a cada cinco dias.

Outros pesquisadores já haviam tentado, mas, em 1878, aos 31


anos, Edison decidiu obter luz a partir da energia elétrica. No ano
seguinte, sua lâmpada brilhou por 48 horas contínuas e, nas festas
do final de ano, uma rua inteira foi iluminada para demonstração
pública.
Martin Luther King

Eu tenho um sonho. O sonho de ver meus filhos julgados pelo


caráter, e não pela cor da pele." Este é um trecho do famoso
discurso de Martin Luther King em Washington, proferido no dia de
28 de agosto de 1963, numa manifestação que reuniu milhares de
pessoas pelo fim da discriminação racial.

Martin Luther King Jr. era filho e neto de pastores protestantes


batistas. Fez seus primeiros estudos em escolas públicas
segregadas e graduou-se no prestigioso Morehouse College, em
1948. Formou-se em teologia pelo Seminário Teológico Crozer e,
em 1955, concluiu o doutorado em filosofia pela Universidade de
Boston. Lá conheceu sua futura esposa, Coretta Scott, com quem
teve quatro filhos.

Em 1954 Martin Luther King iniciou suas atividades como pastor em


Montgomery, capital do estado do Alabama. Envolvendo-se no
incidente em que Rosa Parks se recusou a ceder seu lugar para um
branco num ônibus, King liderou um forte boicote contra a
segregação racial. O movimento durou quase um ano, King chegou
a ser preso, mas ao final a Suprema Corte decidiu pelo fim da
segregação racial nos transportes públicos.
Em 1957 tornou-se presidente da Conferência da Liderança Cristã
do Sul, intensificando sua atuação como defensor dos direitos civis
por vias pacíficas, tendo como referência o líder indiano Mahatma
Ghandi.

Em 1959, King voltou para Atlanta para se tornar vice-pastor na


igreja de seu pai. Nos anos seguintes participou de inúmeros
protestos, marchas e passeatas, sempre lutando pelas liberdades
civis dos negros. Os eventos mais importantes aconteceram nas
cidades de Birmingham, no Alabama, St. Augustine, na Fórida, e
Selma, também no Alabama. Luther King foi preso e torturado
diversas vezes, e sua casa chegou a ser atacada por bombas.

Em 1963 Martin Luther King conseguiu que mais de 200.000


pessoas marchassem pelo fim da segregação racial em
Washington. Nesta ocasião proferiu seu discurso mais conhecido,
"Eu Tenho um Sonho". Destas manifestações nasceram a lei dos
Direitos Civis, de 1964, e a lei dos Direitos de Voto, de 1965.

Em 1964, Martin Luther King recebeu o Prêmio Nobel da Paz. No


início de 1967, King uniu-se aos movimentos contra a Guerra do
Vietnã. Em abril de 1968, aos 38 anos, foi assassinado a tiros por
um opositor, num hotel na cidade de Memphis, onde estava em
apoio a uma greve de coletores de lixo.
Santos Dumont

Alberto Santos-Dumont nasceu no dia 20 de julho de 1873 no sítio


Cabangu, no Distrito de Palmira, em Barbacena, MG. Filho de
Henrique Dumont, engenheiro civil de obras públicas e mais tarde
cafeicultor em Ribeirão Preto, SP, e de Francisca Santos Dumont,
filha de tradicional família portuguesa vinda para o Brasil com D.
João em 1808.

.......O pai Henrique, de ascendência francesa, teve papel


fundamental na trajetória do filho Alberto, pois percebendo nele o
fascínio pelas máquinas – que existiam em grande quantidade na
fazenda Andreúva – direcionou os estudos do rapaz para a
mecânica, a física, a química e a eletricidade, não fazendo questão
que ele se formasse em engenharia, como foi o caso dos outros
filhos.

.......Em 1891, Alberto contando 18 anos, emancipado pelo pai, foi


para Paris completar os estudos e perseguir o seu sonho de voar,
surgido aos 15 anos com a visão, nos céus de São Paulo, de um
balão livre (balões livres são aqueles que fazem sua ascensão sem
possuir nenhum tipo de dirigibilidade, ficando ao sabor das
correntes aéreas). Ao chegar em Paris, Alberto se admira com os
motores de combustão interna a petróleo que começavam a
aparecer impulsionando os primeiros automóveis e compra um para
si, esquadrinhando todo o seu funcionamento. Logo estava
promovendo e disputando as primeiras corridas de automóveis em
Paris.
.......Com a morte do pai um ano depois, o jovem Alberto sofre um
duro golpe emocional, mas as palavras do velho Henrique não
foram esquecidas. Alberto continua os estudos e não se deixa levar
pelos encantos perigosos da Cidade-Luz.

.......Em 1897 Alberto, já conhecido como Santos-Dumont pelos


próximos, faz seu primeiro vôo num balão livre alugado. Um ano
depois projeta e constrói, com a ajuda de operários e construtores
de balões franceses, seu primeiro balão livre, o “Brasil”,
homenageando sua pátria. Logo em seguida, associando os leves
motores de combustão interna a petróleo a seus leves balões e
construindo engenhosos lemes, Santos-Dumont inventa os balões
dirigíveis: Balão 1, Balão 2, Balão 3, Balão 4, Balão 5, Balão 6, que
se sucedem em prêmios no Aeroclube de França e sucesso na
imprensa européia, imprensa norte-americana e no Brasil. O
inventor agora é o centro das atenções, despertando o interesse
militar para seus balões.

.......Em 1905, na platéia de uma corrida de lanchas num quente


verão em Cote D’Azur, Santos-Dumont avista uma potente lancha
com motor Antoinette de 24 HP, e começa aí a planejar o mais-
pesado-que-o-ar. Aproveitado o sucesso dos planadores e em
especial o planador cubo de Hargraves, o inventor constrói o
primeiro avião, o 14 bis, com o motor Antoinette, usando o balão nº
14 para testes de estabilidade. Já em 7 de setembro de 1906 o 14
Bis deu um primeiro salto no ar, mas faltou potência. Em 23 de
outubro, com motor Antoinette de 50 HP, o 14 Bis voou, decolando,
mantendo-se no ar por uma distância de 60 metros, a três metros
de altura e aterrisou. Era o primeiro vôo homologado do mais-
pesado-que-o-ar, para uma multidão de testemunhas eufóricas no
campo de Bagatelle. Toda a imprensa francesa no dia seguinte
louvou o fato histórico. Era o triunfo de um obstinado brasileiro e a
conquista do prêmio Archdeacon oferecido pelo Aeroclube de
França. O dinheiro do prêmio foi distribuído para seus operários e
os pobres de Paris, como era o costume do inventor.

.......Santos-Dumont recebeu diversas homenagens por toda a


Europa, nos EUA e América Latina, em especial no Brasil, onde foi
recebido com festas e euforia. Seus projetos foram aperfeiçoados
por outros aviadores e projetistas, já que ele não os patenteava e
não desejava adquirir bens materiais com suas invenções, mas
idealizava dotar a Humanidade com meios de facilitar as
comunicações, desgostando-se com o uso agressivo que o avião
teve na I Guerra Mundial. Ainda projetando, vemos Santos-Dumont
construir o avião n°19 e n°20, conhecido como Demoiselle, com
grande sucesso.

.......Em 1909, cansado e com a saúde já abalada por tantos perigos


– afinal era projetista, financiador, construtor e piloto de testes de
suas aeronaves – Santos-Dumont resolve deixar de lado os projetos
aeronáuticos, recebendo, até a sua morte, em 23 de julho de 1932,
muitas e merecidas homenagens no Brasil e no exterior, recebendo
o justo epíteto de “o Pai da Aviação”.
Simón Bolívar

Militar e estadista venezuelano


24/7/1783, San Mateo, Venezuela
17/12/1830, Santa Marta, Colômbia

Um dos maiores vultos da história latino-americana, Bolivar


comandou as revoluções que promoveram a independência da
Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia.
Simón José Antonio de la Santísima Trinidad Bolivar Palacios y
Blanco nasceu na aristocracia colonial. Recebeu excelente
educação de seus tutores e conheceu as obras filosóficas greco-
romanas e as iluministas.

Aos nove anos, perdeu os pais e ficou a cargo de um tio. Este o


enviou à Espanha, aos 15 anos, para continuar os estudos. Lá,
Bolivar conheceu María Teresa Rodríguez del Toro y Alayza, com
quem casou em 1802. Pouco depois de terem voltado para a
Venezuela, a esposa morreu de febre amarela. Bolivar então jurou
nunca mais casar.

Em 1804, retornou para a Espanha. Na Europa, presenciou a


proclamação de Napoleão como imperador da França e perdeu o
respeito por ele, considerando-o traidor das idéias republicanas.
Após breve visita aos EUA, regressou para a Venezuela em 1807.

No ano seguinte, Napoleão provocou uma grande revolução popular


na Espanha, conhecida como Guerra Peninsular. Na América,
organizações regionais se formaram para lutar contra o novo rei,
irmão de Napoleão.
Caracas declarou a independência, e Bolivar participou de uma
missão diplomática à Inglaterra. Na volta, fez um discurso em favor
da independência da América espanhola. Em 13 de agosto de
1811, forças patriotas, sob o comando de Francisco de Miranda,
venceram em Valencia. Mas, no ano seguinte, depois de vários
desastres militares, os dirigentes revolucionários entregaram
Miranda às tropas espanholas.

Bolivar escreveu o famoso "Manifesto de Cartagena", sustentando


que Nova Granada deveria apoiar a libertação da Venezuela. Em
1813, invadiu a Venezuela e foi aclamado Libertador. Em junho
daquele ano, tomou Caracas e, em agosto, proclamou a segunda
república venezuelana.

Em 1819, organizou o Congresso de Angostura, que fundou a


Grande Colômbia (federação que abrangia os atuais territórios da
Colômbia, Venezuela, Panamá e Equador), a qual nomeou Bolivar
presidente. Após a vitória de Antonio José de Sucre sobre as forças
espanholas (1822), o norte da América do Sul foi enfim libertado.

Em julho de 1822, Bolivar discutiu com José de San Martín a


estratégia para libertar o Peru, mais ao sul. Em setembro de 1823,
ele e Sucre chegaram a Lima para planejar o ataque. Em agosto de
1824, derrotaram o exército espanhol. No ano seguinte, Sucre criou
o Congresso do Alto Peru e a República da Bolívia (assim batizada
em homenagem a Bolivar). Em 1826, Bolivar concebeu o
Congresso do Panamá, a primeira conferência hemisférica.

Em 1827, devido a rivalidades pessoais entre os generais da


revolução, eclodiram guerras civis na Grande Colômbia. Em 25 de
setembro de 1828, em Bogotá, Bolivar sofreu um atentado,
conhecido como "conspiração setembrina", da qual saiu ileso
graças à ajuda de sua companheira, Manuela Sáenz.
Com a guerra civil de 1829, a Venezuela e a Colômbia se
separaram; o Peru aboliu a Constituição bolivariana; e a província
de Quito tornou-se independente, adotando o nome de Equador.

Acuado e tuberculoso, o Libertador morreu no ano seguinte, aos 47


anos.
Casal Curie

No ano de 1878, no pequeno laboratório de Schutzenberger, na


Escola Municipal de Paris, nascia a precursora da física do estado
sólido. Era o resultado de uma longa série de pesquisas levadas a
cabo por Pierre Curie e seu irmão Jacques. Certos cristais como o
quartzo, por exemplo, têm a propriedade de converter tensões
mecânicas em impulsos elétricos e vice-versa: às alterações de um
campo elétrico respondem com vibrações. A descoberta da
piezeletricidade não encerrou os trabalhos de Pierre. Continuando
os seus estudos sobre o estado cristalino, determinou a
temperatura acima da qual as substâncias perdem as propriedades
ferromagnéticas: o ponto de Curie.

Homem esquivo, Pierre vivia exclusivamente em função da física,


dedicando à pesquisa todo o seu tempo. Essa situação mudou,
porém, quando conheceu uma jovem polonesa - Marja Sklodowska
- que, em 1891, com apenas 24 anos, havia deixado sua cidade
natal - Varsóvia - e procurado em Paris um clima mais compatível
com sua inteligência e seus ideais científicos. Apesar de uma série
de fatores adversos que tivera de enfrentar, matriculara-se na
Sorbonne.

Entre Pierre e Marja - agora Marie - as afinidades eram perfeitas,


tanto sob o aspecto social, como do ponto de vista científico.
Marie, ao lado do homem, via também um físico eminente a quem
poderia pedir opinião. Pierre, por sua vez, reconhecia a inteligência
de Sklodowska, seu raciocínio rigoroso e principalmente, uma
acentuada vocação para a pesquisa. Nessa altura Pierre já havia
conquistado certo renome científico, tanto na França como no
exterior. Marie era apenas uma estudante de física e matemática.
Mas, entre os dois, desenvolveu-se uma amizade profunda,
consolidada um ano depois com o casamento. Nesse mesmo ano,
1895, Pierre defendia sua tese de doutoramento sobre magnetismo
a temperaturas variáveis. Casada, Marie Curie passou a cuidar do
lar, não se descuidando todavia de suas pesquisas. Em 1897
nascia lrène, futuro Prêmio Nobel de Química.

Marie publicava os resultados de suas primeiras pesquisas e


preparava sua tese de doutoramento. Foi atraída pelos trabalhos de
Becquerel, que, dois anos antes, descobrira que um minério de
urânio, colocado sobre uma chapa fotográfica envolta em papel
preto, produzia uma impressão análoga à que poderia produzir a
luz. Becquerel percebeu que essa impressão era devida a uma
radiação que atravessava o papel. Essa propriedade não dependia
de uma insolação preliminar e persistia quando o minério era
conservado no escuro durante meses. Mas de onde provinha a
energia emitida em forma de radiação pelos minerais de urânio?

Instalando num lugar úmido da Escola de Física e Química uma


câmara de ionização e alguns instrumentos de detecção criados por
Pierre, o casal procurou a resposta. Por meio de um eletrômetro
conseguiram medir tais radiações, afirmando que elas eram uma
propriedade atômica do elemento urânio. Sua intensidade era
proporcional à quantidade de urânio presente na substância, não
dependendo do estado de combinação química, nem de
circunstâncias exteriores.

O casal Pierre-Marie foi mais além: o urânio não era o único


elemento que apresentava tal propriedade. Os sais de tório emitiam
radiações análogas.

Como resultado de todo esse longo trabalho, iniciado pelo físico


alemão Konrad von Roentgen, continuado por Becquerel e
concluído pelo casal, nascia o estudo do fenômeno da radiatividade.

Pierre e sua companheira deram mais um passo à frente. Em uma


comunicação à Academia de Ciências, a 12 de abril de 1898,
anunciaram que a pechblenda - óxido de urânio - era bem mais
ativa que o próprio metal. Tal fato levava a crer que o minério
continha, além do urânio, outro elemento.

Conseguiram do governo austríaco uma tonelada de pechblenda,


proveniente das minas de Joachimsthal. Quebrar, ferver, filtrar o
minério, lutar contra os gases asfixiantes, foi um trabalho árduo,
mas compensador. Em julho do mesmo ano informavam que
haviam conseguido isolar da pechblenda um metal que, na tabela
periódica, seria vizinho do bismuto. Em homenagem à pátria de
Marie, foi designado como polônio.

O casal, porém, tinha razões suficientes para acreditar que a


presença do polônio não explicava o excesso de radiatividade do
minério. Impunha-se repetir toda a tarefa que conduzira à
descoberta do polônio. E, novamente, os resultados foram positivos.
Não havia mais segredos na radiatividade da pechblenda. Quase no
final de 1898, uma comunicação assinada por Marie, Pierre e seu
colaborador G. Bémont anunciava a descoberta do segundo
elemento radiativo - o rádio.

Perfeitamente identificados em suas pesquisas, tornando assim


difícil saber o que pertence a um ou a outro, Pierre e Marie não
foram, de início, notados pelos meios científicos. Seus trabalhos
eram acolhidos com reservas, pois implicavam a destruição de um
conjunto de noções até então plenamente aceitas. E, se a
existência do rádio tinha sido comprovada, o seu isolamento ainda
não tinha sido concluído. Mas, após quatro anos de luta, o resultado
foi feliz: obtiveram 1 decigrama de rádio puro e determinaram o seu
pêso atômico: 226. Elemento espontaneamente luminoso, dois
milhões de vezes mais radiativo que o urânio, teve seu valor
terapêutico rapidamente comprovado. Sua ação sobre o câncer foi
testada por Pierre e pelos professores Charles Bouchard e
Balthasard.

A essa altura dos acontecimentos, qualquer dúvida sobre o gênio e


valor do casal seria gratuita. Em todo o mundo o seu mérito era
reconhecido. Mas as maiores honras eram sempre dirigidas a
Pierre. O governo francês condecorou-o, e a Sorbonne ofereceu-lhe
uma de suas cátedras.

A 25 de julho de 1903, Marie enfrentou o julgamento da Sorbonne.


Sua tese Recherches sur tes substances radioo-actives,
brilhantemente defendida, concedeu-lhe o título de Doutora em
Ciências Físicas, com menção de alto louvor. A Royal Society de
Londres solicitou a presença do casal. Nesse mesmo ano foi
lançada a segunda edição da memorável tese de Marie, que,
juntamente com Pierre e Antoine Henri Becquerel, recebeu o
Prêmio Nobel de Física.

A França e o mundo inteiro despertaram para a importância do


casal. Criou-se uma cátedra para o cientista na Faculdade de
Ciências e Marie foi nomeada chefe de pesquisas do departamento.

Um mês depois nasceu a segunda filha Ève -, que seria pianista e,


mais tarde, escritora, tendo como obra de maior repercussão a
biografia de sua mãe.

A 19 de abril de 1906 um trágico acidente separou o casal: Pierre,


ao atravessar a Rua Dauphine, rumo à Sorbonne, foi colhido por
uma carruagem.

Marie, profundamente chocada, ocupou a cátedra deixada vaga


pelo marido, e, sozinha, continuou sua grande obra científica. Era a
primeira vez que uma mulher ocupava tal lugar na Sorbonne.

Em 1908 organizou, reviu e prefaciou as Obras de Pierre. Em 1910


publicou um longo trabalho intitulado Traité de radio-activité.

Nessa época, dividia suas pesquisas entre a física e a química. Em


1911 foi distinguida com um segundo Prêmio Nobel: o de química.

Durante a Primeira Guerra Mundial organizou centros de


assistência radiológica para os feridos. Em 1918, restabelecida a
paz, Marie retorna a suas pesquisas. Começaram, então, as
viagens ao estrangeiro. Em 1921, acompanhada por lrène, visitou
os Estados Unidos, onde recebeu das mulheres americanas 1
grama de rádio, que doou ao Instituto Curie de Radioterapia, criado
na França. Alguns anos mais tarde chegou mais 1 grama, dessa
vez destinado ao Instituto de Rádio de Varsóvia, que Madame Curie
dirigia de Paris. Em agosto de 1926, o Brasil também conheceu a
famosa cientista.

Pesquisas, viagens e, novamente, o laboratório. Em 1933 publicou


Les rayons alfa, bêta et gama des corps radioactifs en relation avec
la structure nucléaire: era um esquema de todos os progressos
realizados na física nuclear.
Morreu com 67 anos, a 4 de julho de 1934, no sanatório de
Sancellemoz, vítima das radiações do próprio elemento que anos
antes descobrira. Os precursores da era atômica estavam mortos,
mas sua obra não. lrène Curie e seu marido, Fréderic Joliot,
assumiriam a responsabilidade de continuar o grande edifício
estruturado pelo casal.

Em 1935 receberiam o Prêmio Nobel de Química, pela criação de


novos elementos radiativos, isto é, pela descoberta da radiatividade
artificial.
Charles Chaplin

Nasceu no dia 16 de abril de 1889 às 20 horas, em um subúrbio de


Londres. Sua mãe, Lili Harley, era atriz de comédia. Seu pai,
também artista do music-hall, abandonou a família quando Charles
ainda era pequeno. Um grave problema de laringite acabou com a
carreira da jovem Lili Harley, obrigando Charles Chaplin a debutar
artisticamente com apenas cinco anos de idade.

O teatro, muito freqüentado por soldados, não era propriamente um


local "seletivo", mas foi onde o pequeno Chaplin pôde demonstrar
pela primeira vez o seu grande talento para a interpretação.

Os primeiros anos da vida de Chaplin se passaram em orfanatos, e


foi neles onde Chaplin encontrou todos os elementos que utilizaria
mais tarde nos roteiros dos filmes que dirigiu e interpretou. Essa
primeira etapa da sua vida não tinha o humor nem a ironia com a
qual o cineasta sensibilizou o público do mundo inteiro.Felizmente,
Chaplin acabou construindo a sua vida com a única coisa positiva
que poderia ter herdado da sua família: a paixão pelo teatro. Graças
a seu pai, comemorou o seu oitavo aniversário contratado por uma
companhia de bailarinos chamada Eight Lancashire Lads. Pouco
depois, a morte de seu pai e a internação da sua mãe em um
sanatório marcariam a vida de Chaplin profundamente. Nessa
época assinou seu primeiro contrato estável como ator,
interpretando um mensageiro em uma versão de Sherlock Holmes.
Com esse trabalho, melhorou sua situação financeira. Nesse
mesmo ano conseguiu um emprego no Circo Casey, onde pôde
desenvolver as suas habilidades cômicas. Já na primeira
apresentação, conseguiu arrancar sonoras gargalhadas do público
pela maneira desesperada com a qual recolhia as moedas atiradas
à arena.

O adolescente Chaplin conseguiu um lugar na companhia do


acrobata Fred Karno, apresentado por seu irmão Sidney. Karno,
que fazia sucesso com espetáculos de mímica, chegou a ter cinco
companhias, apresentando-se em todas simultaneamente. Chaplin
rapidamente superou o artista Harry Weldon, com quem dividia o
número e, em 1909, teve a sua primeira

temporada em Paris.

Chegando em Paris, conheceu os favores das prostitutas, e a


cidade onde os irmãos Lumiére, George Méliés e Max Linder
fizeram nascer a magia do cinematógrafo. Anos mais tarde, Max
Linder diria: "Chaplin teve a gentileza de me confessar que os meus
filmes o levaram a fazer os seus próprios filmes. Chamou-me de
mestre, mas fui eu que tive o prazer de aprender com ele". Naquela
época, o mundo das imagens animadas ainda lutava para conseguir
uma linguagem própria e um reconhecimento social.

Depois de outra turnê pelo norte da Inglaterra, Karno ascendeu


Chaplin a primeiro ator das representações que a companhia faria
nos Estados Unidos, em 1910. Toronto e Nova Iorque foram as
primeiras paradas desta turnê, antes de prosseguir para o oeste. A
Broadway não assimilou o humor inglês, mas Chaplin chamou a
atenção de alguns jornais e de um jovem espectador, que nessa
época trabalhava para o cinema; era Mack Sennett, que voltaria a
encontrar Chaplin dois anos mais tarde, em uma nova turnê pelos
Estados Unidos.
Enquanto estava na Filadélfia, em 1913, Chaplin recebeu um
telegrama pedindo-lhe que fosse até um escritório no centro da
Broadway. Ali funcionava a sede da Keystone Comedy Film
Company, onde lhe ofereceram um salário de 150 dólares para que
fizesse três filmes por semana. Depois de algumas negociações,
Chaplin acabou aceitando o trabalho e, ao chegar em Los Angeles,
reencontrou Mack Sennett, que seria seu novo chefe.

Chaplin dividiu camarim com estrelas da casa, como Ford Sterling,


Roscoe Arbuckle e Mabel Normand. No início, Chaplin teve que se
adaptar ao estilo de Sennett, com perseguições policiais e exibições
de insinuantes banhistas. O seu primeiro filme, estreado em
fevereiro de 1914, mostrava as aventuras de um personagem
cômico na redação de um jornal. Em seu segundo filme, Corrida de
automóveis para meninos (1914), criou um personagem que logo
seria identificado pelo público. Sennett pediu-lhe que se vestisse de
maneira engraçada. "Pensei que poderia usar umas calças muito
grandes e uns sapatos enormes, além de uma bengala e um
chapéu coco. Queria que tudo fosse contraditório: as calças
folgadas, o paletó apertado, o chapéu pequeno e os sapatos
enormes. Não sabia se deveria parecer velho ou jovem, mas
quando me lembrei que Sennett tinha pensado que eu era bem
mais velho, coloquei um bigodinho que me daria alguns anos sem
esconder a minha expressão". Assim nasceu o famoso "Tramp"
(que os povos dos países de idioma espanhol passaram a chamar
de "Carlitos"). As disputas com outros diretores e a ambição
dificultaram sua relação com a Keystone, depois de ter filmado 35
longas-metragens em apenas um ano. Não foi difícil conseguir, em
1915, um contrato com a Essanay, a produtora que tinha por estrela
principal Gilbert M. Anderson, o famoso Bronco Billy dos primeiros
filmes western. A partir desse contrato, Chaplin começou a ganhar
1.250 dólares por semana e uma bonificação extra de 10.000
dólares, com a qual formou uma equipe bastante competente,
consolidando uma técnica e um estilo próprios.

Insatisfeito com os estúdios da Essanay em Chicago e em São


Francisco, instalou-se em Los Angeles. Desde o primeiro dos
quinze filmes que realizou para essa produtora, teve a colaboração
de Rollie Totheroth, seu fiel câmera durante sua carreira nos
Estados Unidos. Contratou Edna Purviance como primeira atriz dos
filmes que realizaria nos próximos quinze anos , logo após ter
começado a dirigir, percebeu "que o posicionamento da câmera não
era apenas uma questão psicológica, ms também constituía a
articulação da cena; na verdade, era a base do estilo
cinematográfico". O sucesso de Chaplin foi consolidado pelo
contrato com a Mutual em 1916. Em troca de 10.000 dólares
semanais e de uma bonificação inicial de 150.000 dólares, Chaplin
comprometeu-se a entregar doze curtas-metragens de duas
bobinas, dentre os quais estão algumas das sus primeiras obras-
primas: "No Armazém" (1916), "Rua da paz" (1917), "O balneário"
(1917), "O emigrante" (1917). A produtora colocou um novo estúdio
à sua disposição, o Lone Star, e o cineasta pôde trabalhar com
liberdade, rodeado por uma equipe de fiéis colaboradores como os
atores Eric Campbell, Henry Bergman, Albert Austin e Edna
Purviance.

A respeito de seu envolvimento com Edna Purviance, o próprio


Chaplin reconheceu na sua autobiografia: "Como Balzac, que
achava que uma noite dedicada ao sexo significava a perda de uma
página de algum dos seus romances, eu também achava que seria
perder um ótimo dia de trabalho nos estúdios".

Quando os Estados Unidos decidiram entrar na Primeira Guerra


Mundial, em 1917, Chaplin utilizou a sua popularidade para vender
bônus de guerra com Mary Pickford e Douglas Fairbanks. Dessa
experiência surgiram dois filmes: The Bond e Nas Trincheiras
(1918), uma paródia do exército. Apesar do compromisso com a
Cia. First National, o cineasta se uniu a Fairbanks, Pickford e ao
realizador David Grifith para criarem juntos a companhia United
Artists. A primeira intenção era romper o monopólio de Hollywood,
mas Chaplin só pôde começar a dedicar-se à United Artists depois
de rodar nove filmes que havia prometido à First National. Entre
eles, rodou Vida de Cachorro (1918), Os Clássicos Vadios (1921),
O Peregrino (1923) e O Garoto (1921). Essa obra-prima de seis
rolos contou com a participação do pequeno Jackie Coogan e teve
que ser montada longe do domínio dos diretores do estúdio. Nessa
mesma época, Chaplin, que já era um cineasta, casou-se com a
atriz Mildred Harris, em outubro de 1918, quando ela tinha apenas
dezessete anos, tiveram um filho que morreu logo depois de ter
nascido, e o casamento durou pouco. Em setembro de 1921, oito
anos depois da sua chegada aos Estados Unidos e quando ainda
não tinha concluído o seu contrato com a First National, Chaplin
decidiu viajar à Europa. A sua passagem por Paris e Londres foi
memorável. Durante essa viagem, conheceu várias personalidades
do mundo da cultura e escreveu um livro, My Trip Abroad, baseado
nessa experiência.

Edna Purviance deveria ter interpretado o papel de Josefina no


filme sobre o imperador francês, mas, nesse momento, outras
mulheres surgiram na vida de Chaplin. A primeira foi a sua própria
mãe, que se mudou de Londres para uma casa na costa da
Califórnia, onde o seu filho a instalou sob os cuidados de uma
enfermeira. Nessa casa, a velha atriz assistiu com grande orgulho
todos os filmes de Chaplin, até morrer, em 1928, durante a
filmagem de O Circo, filme com que Chaplin ganhou o seu primeiro
Oscar. A segunda destas mulheres, com a qual Chaplin teve uma
relação muito agitada foi Peggy Hopkins Joyce, dona de uma conta
bancária de três milhões de dólares. Ela contava histórias sobre as
suas relações sentimentais, como a de um jovem que se suicidou
por sua causa em Paris. Chaplin não deixou nenhuma dessas
histórias escapara e inspirou-se nelas para o filme A Opinião
Pública (1923), sua estréia definitiva na United Artists, que
curiosamente não contou com a presença do "Tramp".

Chaplin também tinha conhecido Pola Negri, quando a atriz alemã


estreou em Hollywood. A relação de Pola Negri com Chaplin foi um
escândalo alimentado pela imprensa sensacionalista, com
manchetes que anunciavam um casamento que nunca chegou a
ocorrer. A aventura foi rapidamente superada pela chegada de uma
jovem admiradora mexicana, que vestiu o pijama de Chaplin,
meteu-se na sua cama e depois tentou envenenar-se diante da
porta da sua casa.

Porém Chaplin acabou sucumbindo aos encantos de Lita Grey. Lita,


ainda adolescente, conseguiu ser escolhida para protagonizar a
primeira comédia de Chaplin para a United Artists, o longa-
metragem Em Busca do Ouro (1925). Durante as filmagens, Lita
demonstrou sintomas de gravidez, e o cineasta, que sabia que
manter relações sexuais com uma menor era um delito, resolveu
casar-se rapidamente com ela. Em junho de 1925, nasceu Charles
Chaplin Jr. e, nove meses mais tarde, o segundo filho, Sidney Earle.
Mas a relação entre o casal deteriorou-se e o divórcio foi anunciado
em agosto de 1927. Nas suas memórias, Chaplin guarda um
prudente silêncio sobre esse casamento, alegando que "como
temos dois filhos que amo muito, não entrarei em detalhes".

A única satisfação desse casamento infeliz foi a substituição da sua


esposa por Geórgia Hale como protagonista de Em Busca do Ouro.
Durante as filmagens, Chaplin conheceu a atriz Marion Davies,
amante do magnata William Randolph Hearst e anfitriã de festas
memoráveis na sua mansão de San Simeón. Um outro importante
produtor que esteve em contato com Chaplin foi Josef Von
Sernberg. Ele produziu um filme intitulado The Seagull, baseado em
um relato do próprio Chaplin sobre os pescadores da costa
californiana. Edna Purviance e Eve Sothern eram as protagonistas,
mas o produtor ficou insatisfeito com o resultado, retirando o filme
de circulação e destruindo-o antes de ter estreado.

Chaplin dirigia, depois, O Circo, mas a liberdade de que tinha gozo


até então parecia estar com os dias contados. Em 1927, enquanto
Chaplin recebia o cientista Albert Einstein na sua mansão e
emprestava a sua quadra de tênis para o produtor soviético Serguei
Eisenstein relaxar, o produtor Joseph M. Schenk assumiu a
presidência da United Artists. O maior problema foi a aparição do
cinema sonoro. A partir da estréia do filme O cantor de Jazz, em
outubro de 1927, o cinema começou a incorporar o som. Chaplin
começou as filmagens de Luzes da Cidade (1928) e percebeu que o
cinema mudo tinha seus dias contados. Apesar disso, não admitia
que o "Tramp" falasse e, depois de interromper as filmagens por
algumas semanas, decidiu tomar partido por seu personagem e
opor-se totalmente ao cinema sonoro. Em uma entrevista para a
revista Motion Pictures Herald, declarou: "Detesto os talkies. Eles
chegaram para destruir a arte mais antiga do mundo, a arte da
mímica. Derrubam o edifício atual do cinema. A beleza plástica
continua sendo a coisa mais importante do cinema.O cinema é uma
arte pictórica". Ao contrário de Eisenstein, que conseguiu adaptar o
som à sua revolucionária concepção de montagem, a partir do
Manifesto do Contraponto Orquestral, de 1930, Chaplin foi ainda
mais reacionário. Ao retomar as filmagens de As Luzes da Cidade,
decidiu que o seu filme incorporaria uma partitura sonora que ele
mesmo compôs, baseada na popular La violetera, mas vetou o uso
da palavra. Só uma pessoa com tanto poder em Hollywood, como
ele, poderia ter tomado uma decisão tão radical; alugou uma sala
de exibição em Nova Iorque, com mais de mil lugares, onde exibiu o
filme durante doze semanas.

A estréia de Luzes da Cidade em Londres foi o pretexto para uma


outra viagem à Europa. Dentre as personalidades públicas, políticas
e culturais com as quais entrou em contato, estavam Winston
Churchill, Mahatma Gandhi, John Maynard Keynes, George Bernard
Shaw, H. G. Wells, Aristide Briand, a condessa de Noailles, além de
alguns membros da realeza. Chaplin era uma celebridade mundial e
era também uma personalidade pública que nunca escondeu sua
simpatia pelo socialismo e pela defesa das classes oprimidas.
Somerset Maugham escreveu: "Tenho a impressão de que sente
saudade dos subúrbios. (...) Acho que se lembra, com nostalgia, da
liberdade da sua juventude difícil, com a pobreza e as amargas
privações, e sabe que nunca estará satisfeito". O cineasta escreve
na sua biografia: "Esta maneira de querer fazer com que a pobreza
do próximo seja atraente é péssima. Eu ainda não conheci um
pobre que sinta falta da pobreza ou que se sinta livre sendo pobre".
Depois da crise de Wall Street, com o New Deal e com a
efervescência dos movimentos fascistas europeus, a consciência de
Chaplin intensificou-se: "Eu não sou patriota. Como se pode tolerar
o patriotismo, quando seis milhões de judeus foram assassinados
em seu nome?". O cineasta transferiu essas inquietações para os
seus dois únicos longas-metragens feitos durante os anos trinta.

Primeiro filme, Tempos Modernos (1936), é uma sátira sobre a


alienação dos operários no processo de produção em série. O
protagonista continua sendo o "Tramp", que não diz nenhuma
palavra durante todo o filme. O segundo filme é ainda mais radical:
apesar de toda a prudência que Hollywood manteve com relação ao
nazismo até 1938, Chaplin não duvidou em caricaturar Adolf Hitler.
O Grande Ditador (1940), de Chaplin, e Confessions of a Nazi Spy
(1939), de anatole Litvak, foram os dois primeiros filmes americanos
a declararem guerra ao nazismo. Na Alemanha, nos países
ocupados ou aliados o filme foi proibido, os países neutros tiveram
que esperar um outro momento político para exibirem o filme. Nem
todos os americanos se identificaram com o discurso pacifista que o
protagonista divulga no final (confira aqui). Franklin D. Roosevelt
recebeu Chaplin, pessoalmente, na Casa Branca, depois de ter
solicitado uma projeção privada de O Grande Ditador, sendo seu
único comentário bastante lacônico: "Sente-se, Charlie, o seu filme
nos está dando muitas dores de cabeça".

Pelo simples fato de ter sido o diretor e intérprete do filme, Chaplin


foi rotulado pelos movimentos anticomunistas que surgiram depois
da Segunda Guerra Mundial. Rodar um filme antinazista e
expressar argumentos humanitários em favor de uma nação aliada
eram motivos suficientes para ser mal visto nos Estados Unidos,
que, paradoxalmente, estavam em guerra com a Alemanha e ao
lado da União Soviética.

Nessa época, Chaplin já tinha conhecido a sua quarta esposa. Era


Oona O'Neil, filha do famoso dramaturgo Eugene O'Neil. Os dois se
casaram em 1943, em uma pequena cidade da costa da Califórnia.
Uma curiosa coincidência fez com que, nessa mesma época,
Chaplin decidisse filmar Monsieur Verdoux (1947(, baseado em um
biografia de Landru, um sádico assassino que matava mulheres
depois de seduzi-las. Apesar da idéia de rodar esse filme ter sido de
Orson Welles, o cineasta inglês decidiu realizar o projeto e fazer o
primeiro filme em que o "Tramp" estaria excluído definitivamente.
Monsieur Verdoux não apenas foi censurado pela Motion Picture
Association, mas também por um amplo setor da imprensa e por
algumas organizações de direita. O filme acabou sendo um
verdadeiro fracasso. O círculo de intelectuais formado por Salka
Viertel, Clifford Odets, Aldous Huxley, Hanns Eisler, Theodor
Dreiser e Bertold Brecht fortaleceu a sua imagem antiamenricana.
Nessas circunstâncias, o Comitê de Atividades Antiamericanas
incluiu Chaplin numa primeira lista de "testemunhas hostis",
tornando-se conhecidos como "os dez de Hollywood". Como
Chaplin demorou a ser citado, decidiu antecipar-se e declarar por
escrito: "Para a sua conveniência, direi o que eu acho que desejam
saber. Não sou comunista e nunca fiz parte de nenhum partido ou
organização política na minha vida. Sou o que vocês chamam de
traficante da paz. Espero que não se sintam ofendidos por isso".

Apesar desse ambiente totalmente hostil, Chaplin ainda rodou outro


filme nos Estados Unidos, Luzes da Ribalta (1952), um melodrama
sobre um artista do music-hall que dedica seus últimos anos de vida
a incentivar a carreira de uma jovem bailarina. Nesse filme, Chaplin
trabalhou com Buster Keton, outro grande ator cômico da época.

Em setembro de 1952, Chaplin recebeu a visita de funcionários do


Departamento de Imigração por causa da suspeita sobre a sua
militância comunista, a falta de patriotismo que tinha impedido a sua
nacionalização e a suspeita de adultério.Eram os últimos dias de
Chaplin nos Estados Unidos. Com a desculpa de tirar umas férias,
foi para Nova Iorque apresentar Luzes da Ribalta à imprensa e,
junto com sua mulher e os quatro filhos do casal, embarcou para
Londres, no Queen Elizabeth. Depois de dois dias de viagem,
Chaplin recebeu um telegrama comunicando a abertura de uma
nova investigação, solicitada pelo Fiscal Geral do Estado, na qual
voltavam a aparecer as antigas acusações sobre suas atividades
políticas e sua vida particular, o que significou a ruptura definitiva
com o país onde tinha vivido durante quarenta anos. A estréia de
Luzes da Ribalta (1952) em Londres, Paris e Roma fez com que
Chaplin viajasse bastante pela Europa, instalando-se em uma
mansão perto da cidade suíça de Vevey. Oona voltou aos Estados
Unidos para resolver questões bancárias, pegar os negativos dos
filmes de Chaplin e, de volta à Europa, no consulado americano de
Lausanne, renunciou à sua cidadania. Chaplin também devolveu
seu visto de regresso, alegando que "já estava velho demais para
agüentar tantas bobagens". Mesmo assim continuou a encontrar-se
com importantes políticos como Winston Churchill - que o censurou
por não ter respondido à sua felicitação pela estréia de Luzes da
Ribalta -, Kruschov, Nehru e Chu En-Lai, sem abandonar
completamente a possibilidade de continuar trabalhando para o
cinema.

Apesar de Chaplin ter escrito a sua autobiografia entre 1958 e 1964,


não mencionou em nenhum momento o filme Um rei em Nova
Iorque (1956). O filme, rodado em Londres, foi sua vingança
definitiva por todas as humilhações passadas nos Estados Unidos.

Nove anos mais tarde, em 1965, Chaplin retomou um antigo roteiro


que havia escrito para Paulette. A Condessa de Hong Kong foi
protagonizado por Sofia Loren e Marlon Brando. Chaplin interpretou
um pequeno papel de garçom e o filme teve uma péssima crítica na
Europa.

Apesar disso, o cineasta ainda viveu o suficiente para receber


vários prêmios.Em 1971, a Academia de Hollywood quis restaurar a
sua reputação nos Estados Unidos com um Oscar especial "pela
incalculável contribuição à arte do século: o cinema". Um ano mais
tarde recebeu outro Oscar com um sabor especial, o de melhor
trilha sonora pelo filme Luzes da Ribalta, que por não ter estreado
em Los Angeles pôde ser candidato ao Oscar vinte anos depois.
Nessa ocasião Chaplin decidiu voltar aos Estados Unidos e pisou
um palco pela última vez, sendo aplaudido durante muitos minutos.
Três anos mais tarde, a rainha da Inglaterra o nomeou cavaleiro do
Império Britânico. Em 1977, na fria madrugada de 25 de dezembro,
o cineasta deu seu último suspiro, aos oitenta e oito anos de
idade.Morria o gênio de infância triste que, com os seus filmes, fez
com que milhares de espectadores do mundo inteiro rissem e
chorassem.
Conan Doyle

(1859 - 1930)

Sir Arthur Conan Doyle, criador do mais famoso detetive do mundo,


Sherlock Holmes, e autor de suas sessenta histórias, nasceu em
Edimburgo no dia 22 de Maio de 1859. Filho de Charles Doyle,
pintor casual de descendência Irlandesa, e Mary Foley Doyle,
também de parentesco Irlandês.

Em Outubro de 1876, Conan Doyle ingressou na Universidade de


Edimburgo a fim de formar-se em medicina. Foi lá que conheceu o
Dr. Joseph Bell, cirurgião do Hospital de Edimburgo e professor na
Universidade, cujos surpreendentes métodos de dedução e análise
serviram de grande inspiração na futura criação de seu detetive. De
maneira similar a Holmes, o Dr. Bell explicava os sintomas de seus
pacientes, até mesmo contava-lhes detalhes de suas vidas, antes
que eles pronunciassem uma palavra sequer.

Incentivado pelos conselhos de um amigo, que mencionara como


suas cartas eram expressivas, Conan Doyle percebeu que algum
dinheiro poderia ser efeito fora do campo medicinal. Foi então que
ele escreveu sua primeira história, "O Mistério de Sassassa Valley",
publicada, anonimamente, por míseros três guinéus no Chamber's
Journal, em 1879. O conto revela sua precoce idéia da aparição de
uma "besta demoníaca", tema que ele mais tarde explorou na mais
famosa história de Sherlock Holmes, "O Cão dos Baskervilles".

Foi nas horas de ócio em seu consultório médico que Doyle


começou a esboçar o que mais tarde seria seu detetive. Inspirado
em Gaboriau, no detetive Dupin, de Poe, e logicamente, no seu
tutor Joseph Bell, Conan Doyle criou a primeira versão do que seria
o detetive que conhecemos hoje - um tal de Sherringford Holmes,
posteriormente Sherlock Holmes.

Depois de muitas tentativas e frustrações, Doyle conseguiu que sua


primeira história estrelando o detetive e seu escudeiro Watson fosse
publicada. "Um Estudo em Vermelho" apareceu na Beeton's
Christmas Annual, em 1887. A boa aceitação do público levou-o a
escrever sua segunda história de Holmes, o "Signo dos Quatro". O
detetive começava a chamar a atenção, atraindo aos poucos o que
se tornariam mais tarde fiéis leitores.

Nos intervalos das histórias do detetive, Doyle dedicou-se a obras


"mais sérias", mais apreciadas pelo escritor, como "A Companhia
Branca", "As Façanhas do Brigadeiro Gerard" e "Micah Clarke".
Esse último, um grande sucesso. Doyle acabou, assim,
abandonando a medicina para seguir definitivamente a carreira
literária.

As histórias de Sherlock Holmes tornavam-se mais e mais


populares, obrigando Conan Doyle a continuar criando casos para
seu detetive. E quanto mais vezes o detetive expunha suas
habilidades para o público estupefato, mais as outras obras de
Doyle tornavam-se obscurecidas. Em 1891, escreveu à sua mãe:
"Tenho pensado em matar Holmes... e livrar-me dele para sempre.
Ele mantém minha mente afastada de coisas melhores".
A idéia de acabar com Holmes permanecera com Doyle, e durante
sua visita à Suíça, em 1893, conheceu as cataratas Reichenbach,
local que escolheu como palco para o encontro fatal entre Holmes e
o Professor Moriarty. Pretendia, assim, pôr um fim às histórias de
Holmes e dar espaço às suas obras mais clássicas.

Para a grande surpresa de Doyle, a morte de Sherlock Holmes,


publicada em 1893 no caso "O Problema Final", chocou milhares de
pessoas de todos os cantos do mundo. Muitos marcharam em luto
pelas ruas de Londres, em protesto. O público não se conformava e
clamava pela volta do detetive.

Assim, em meio a um turbilhão de protestos e insultos, Doyle foi


obrigado a ressuscitar seu detetive no caso "A Casa Vazia", em
1903. Era a prova de que a criatura tornara-se mais forte do que o
criador. Sherlock Holmes tinha tornado-se imortal.

No final de 1899, o conflito iminente entre a Inglaterra e a África do


Sul deu a Doyle, um fervoroso patriota, a possibilidade de auxiliar
seu país. Conseguiu a supervisão de um hospital estabelecido na
África, onde tomou posto em 1900.

Juntamente com a guerra, veio de todo o mundo um surto de


críticas contra a conduta do Império Britânico. Coube a Doyle
defender os interesses de sua pátria, no panfleto amplamente
traduzido "A Guerra na África do Sul: Suas Causas e Conduta".

Pelos seus esforços na defesa dos interesses de seu país, Conan


Doyle recebeu, em 1902, o título de nobreza do Império. Passou,
então, a portar o soberbo título Sir antecedendo seu nome.
Em 1912, Doyle introduziu ao mundo da literatura o célebre
Professor Challenger, de "O Mundo Perdido", um conto sobre o
renascimento da pré-história num lugar remoto da América do Sul.

Em seus últimos anos de vida, Conan Doyle dedicou-se ao estudo


aprofundado do espiritismo, assunto sobre o qual escreveu
exaustivamente. O espiritismo tornou-se uma religião para ele, e o
levou a promover palestras em vários países, como a Austrália e
África do Sul. Em 1922, declarou que a famosa foto das fadas de
Cottingley era autêntica.

Morreu em 7 de Julho de 1930, debilitado por um ataque cardíaco


que o afligira meses atrás.
Graham Bell

Professor e inventor escocês naturalizado americano, nascido em


Edimburgo, cujos estudos sobre a transmissão do som por corrente
elétrica deram origem ao telefone. Iniciou seus estudos em
Edimburgo e depois foi continuá-los em Würzburg. Com o pai,
reconhecida autoridade em elocução e correção da voz e autor de
um livro com cerca de 200 edições, foi morar na província
canadense de Ontário, no Canadá (1870) para tratamento de uma
tuberculose.

Curado, retomou os estudos sobre os sons e o trabalho de difusão


do método de dicção do pai, mudou-se para Boston (1872), onde
cursou a universidade, especializando-se em lingüística do som,
fisiologia e física ondulatória. Trabalhando na recuperação de
surdos-mudos, o resultado técnico transformou-se no seu invento
mais notável: o telefone (1876), transformando-o numa figura de
destaque nos meios científicos e tecnológicos. Ganhou a patente na
justiça por tê-la requerido duas horas antes de Elisha Gray.

Ganhou da Academia de Ciências francesa o Prêmio Volta (1880),


que doou para pesquisas sobre a surdez, foi naturalizado
americano (1882) e recebeu o Prêmio Volta do Instituto de Paris
(1890) pelo aperfeiçoamento do gramofone, inventando a gravação
em disco de cera. Foi presidente da National Geographic Society
dos Estados Unidos (1898-1903), sucedendo ao pai no cargo.
Fundou a Associação Americana de Ensino de Surdos e Mudos, foi
diretor do Smithsonian Institut e da Sociedade Nacional de
Geografia dos EEUU, e professor de fisiologia vocal da
Universidade de Boston.

Também projetou sistemas de comunicação sem fio como o


fotofone, que transmitia sons por meio de vibrações luminosas,
inventou o audiômetro e aperfeiçoou o fonógrafo. Em Nova York, e
Thomas John Watson, em São Francisco, fizeram a primeira ligação
telefônica transcontinental (1915). Passou os últimos anos de sua
vida na ilha de Cape Breton, em Nova Escócia, Canadá, onde havia
instalado um laboratório.
Henry Ford

30/07/1863, Greenfield Township, Michigan

07/04/1947, Dearborn, Michigan

Parecia não haver futuro para os automóveis do início do século 20:


eram caros, difíceis de dirigir e de fazer funcionar. Até que Henry
Ford criou a fábrica moderna e um carro simples, acessível e fácil
de usar. Lançado em 1908, a 850 dólares cada, o Modelo T foi um
sucesso e foram vendidos 15 milhões em cerca de 20 anos. Ao
contrário dos outros modelos, não eram brinquedos quase
artesanais para os ricos se exibirem e sim um produto em série
para usar todos os dias.

Para ter um produto mais barato, Ford inventou a linha de


montagem. As várias etapas de fabricação foram distribuídas ao
longo de uma esteira rolante e cada empregado deveria acoplar um
componente padronizado. A idéia era evitar hesitações e perda de
tempo.
Gente de todos os Estados Unidos foi atraída pelo trabalho que era
repetitivo e cansativo, mas bem pago: cinco dólares por jornada de
oito horas de trabalho - o dobro do que se pagava na época por 12
horas. Além da criação de uma classe média, essas mudanças
provocaram grandes transformações econômicas e sociais,
conhecidas como fordismo.

Com o avanço de Ford e seus concorrentes, de fornecedores de


peças, de revendedores e oficinas de reparos, os postos de
gasolina e as estradas asfaltadas se multiplicaram. Com o carro, as
pessoas puderam viajar mais e morar longe das áreas centrais. A
poluição, o barulho, os acidentes e os congestionamentos
substituíram outros problemas urbanos: no início do século, os
cavalos espalhavam em Nova York mais uma tonelada de esterco e
200 mil litros de urina por dia.

Nascido e criado numa fazenda, passou a infância desmontando


coisas, especialmente relógios. Começou a carreira como
mecânico, engenheiro e, depois, tornou-se dono de um império com
siderúrgicas, usinas, navios, ferrovia e minas de carvão. Apesar de
empresário genial, era mau administrador. Gostava da fábrica e não
do escritório. Não tinha paciência para balanços, detestava
banqueiros e mantinha dinheiro vivo no cofre.

Também não era muito bom em marketing. Durante 19 anos,


produziu apenas o Modelo T preto. Um dos slogans da campanha
de vendas era exatamente esse: você pode ter o Ford que quiser,
desde que seja na cor preta. Lançou o Modelo A em 1927, com
mais cores, mas já estava sendo ultrapassado pela General Motors.

Além de carros, Henry Ford fez escola e revolucionou a produção


industrial no planeta. A visão empreendedora do norte-americano,
nascido no estado de Michigang, em 1863, de fabricação em série,
em larga escala e que assegurasse preços acessíveis aos
consumidores, garantiu a ele lugar em capítulos de todos os livros
de administração e o nome de um modelo produtivo: o Fordismo.
Na eleição realizada pela revista Time para a escolha das 100
maiores personalidades do século XX, Henry Ford ocupa uma das
20 posições destinadas à categoria Builders & Titans (Construtores
& Titãs) e, em trecho da matéria dedicada a ele, escrita pelo ex-
presidente da Ford, Lee Iacocca, descreve-se: "Produziu carros
acessíveis, pagou altos salários e ajudou a criar a classe média.
Nada mau para um autocrata".
Ford sofreu seu primeiro acidente vascular cerebral em 1938, o que
o afastou da vida pública. Ele morreu aos 83 anos de hemorragia
cerebral. O fordismo teve seu ápice após a Segunda Guerra, e, nos
anos 1970, houve queda da produtividade e lucros, o que obrigou a
uma revisão da filosofia produtiva criada e implantada pelo fundador
do império Ford.
Lavoisier

Antoine-Laurent Lavoisier

Químico, filósofo e economista francês

26/08/1743, Paris, França

8/05/1794, Paris, França

"Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma".


Com essa frase Lavoisier definiu, baseado em reações químicas, a
famosa lei da conservação da matéria.

Com suas pesquisas e obras, o cientista francês revolucionou a


imagem da química moderna - suas contribuições foram
fundamentais. Ao publicar, com outros estudiosos, o "Método de
Nomenclatura Química", provocou uma reforma radical na
linguagem desse ramo da ciência - a terminologia criada por ele
para as substâncias químicas é semelhante à que se usa nos dias
atuais.

Seu "Tratado Elementar da Química" nivelou a química com a


física, como ciência específica e quantitativa, distanciando-a
definitivamente da alquimia. A obra tornou-se um clássico e logo foi
traduzida para vários idiomas - isso em pleno século 18.
Antoine Lavoisier foi o primeiro a observar que o oxigênio, em
contato com uma substância inflamável, produz a combustão.
Pertence a ele a constatação de que a água é uma substância
composta, formada por hidrogênio e oxigênio. Foi uma
comprovação surpreendente para uma época em que a água era
tida e aceita como substância simples, ou seja, impossível de se
decompor.

Nessa pesquisa ele completou os estudos de John Priestley (1733-


1804), químico inglês autor de experimentos pioneiros com gases,
em especial o que hoje chamamos de oxigênio, e de Henry
Cavendish (1731-1810), outro químico inglês, famoso por ter
reconhecido o gás que atualmente é denominado hidrogênio.

Embora fosse brilhante, Lavoisier por vezes seguia os passos bem-


sucedidos de outros pesquisadores e tentava englobar para si todo
o mérito das descobertas. Quando estudante, ele declarou: "Sou
jovem e ávido por glória".

Filho de família nobre, foi educado de forma tradicional. Formado


em Direito, nunca exerceu a profissão: era fascinado pela ciência.
Ganhou um prêmio, ainda na escola, ao iluminar as ruas de Paris.
Criou um novo método para preparar salitre, um dos ingredientes da
pólvora, além de descobrir que o diamante é uma forma cristalina
do carbono.

Casou-se com Marie-Anne, uma garota belíssima, de apenas 13


anos - ela traduzia textos do inglês para o marido poder estudá-los
e também ilustrou seus livros.

Uma das principais características do trabalho de pesquisa de


Lavoisier era a freqüente utilização da balança: ele pesava tudo,
todo o tempo. Isso o levou à descoberta da importância
fundamental da massa da matéria em estudos químicos. Ao concluir
que a soma das massas dos reagentes é igual à soma das massas
dos produtos de uma reação, o cientista estabeleceu a Lei de
Conservação das Massas.

Pesquisador convicto, Lavoisier acreditava na verdade testada e


obtida em laboratório, não em suposições ou teorias. A revolução
que ele causou na química foi resultado de um esforço consciente
de provar várias experiências sob o enfoque de uma única teoria.
Ele declarou: "Tentei chegar à verdade ligando fatos, seguindo o
mais possível o rumo da observação e do experimento, suprimindo
o mais possível o uso de deduções, o qual não costuma ser um
instrumento digno de confiança e que nos decepciona".

Membro da Academia de Ciências na França e reconhecido como


pai da moderna química, Lavoisier também era deputado,
representante da nobreza de Blois, na região de Orléans. Em 1768,
associou-se à Ferme Générale, organização de financistas que
possuía um convênio com o rei francês para recolher impostos
sobre um grande número de produtos comerciais.

Como o clero e a nobreza estavam isentos, isto é, não eram


obrigados a pagar impostos, estes eram cobrados em triplo sobre
as classes sociais inferiores, que viviam esmagadas com o peso
das taxas e tributos, num sistema opressivo e corrupto.

O clima político e social da França era conturbado, antecipando a


revolucão que viria depois. A ligação de Lavoisier com a Ferme
Générale e seu envolvimento com os nobres e a Monarquia eram
malvistos pela população e lhe trouxeram a fama de corrupto. Caiu
em desgraça na Revolução Francesa, iniciada em 1789. Lavoisier
foi preso e acusado de desvio de dinheiro público. Julgado culpado,
foi guilhotinado, aos 51 anos de idade.
Marconi

Nasceu em Bolonha em 25 de abril de 1874 e morreu em Roma em


1937.

Desde pequeno manifestou interesse em física e eletricidade,


estudando os trabalhos de Maxwell Hertz, Ridge e Lodge além de
outros.

Em 1895 ele inicou experimentos de laboratório onde teve sucesso


ao enviar sinais sem fio a distâncias de perto de 2 quilometros,
tornando-se assim o inventos da telegrafia sem fio.

Em 1896 Marconi levou seu equipamento para Londres onde foi


apresentado William Preece, engenheiro-chefe dos correios.

No mesmo ano ele conseguiu a primeira patente de um sistema de


telegrafia sem fio.

Em julho de 1897 ele criou a Wireless Telegraph & Signal Company


Limited que em 1900 foi rebatizada como Maroni's Wireless
Telegraph Company Limited.

Depois disso ele construiu diversas estações em Needles, llha de


Wight, e outros locais importantes da Europa.

Em 1900 ele tirou a patente nO 7777 para um sistema de "telegrafia


sintonizada" e em Dezembro de 1901, demostrou que as ondas não
eram afetadas pela curvatura da terra, usando seus sinais para uma
transmissão através do Atlântico.

Entre 1902 e 1912 ele patenteou diversas invenções importantes


como o detector magnético que, durante muitos anos se tornou o
receptor padrão de sinais.
Mozart

Wolfgang Amadeus Mozart (1756 – 1791)

A palavra “gênio” é sempre e apropriadamente usada para nos


referimos à criatividade e à personalidade firme, libertária e
polêmica do criador de algumas das mais importantes peças
musicais da história da humanidade.

Seu nome de batismo era Johannes Chrysostomus


Wolfgang Gottlieb Mozart. Nasceu em Salzburg, pequena cidade da
Áustria sob o domínio Habsburg, em 27 de janeiro de 1756.

Começou cedo sua carreira musical. Incentivado pelo pai,


Johann Georg Leopold Mozart (1719 – 1787), conceituado violinista
e professor, aos 4 anos já dedilhava bem e compunha seus
primeiros duetos para piano. Aos 6 anos, conduzido pelo pai, iniciou
sua primeira “turnê” pela Europa a todos encantando com sua
habilidade, versatilidade e precocidade!

Sua primeira Ópera completa, “La finta semplice”, foi escrita


em 1768, quando o pequeno Wolfgang contava apenas 12 anos!

Aos dezesseis anos já tinha composto quase 200 obras em todos


os gêneros! Conseguiu o título de maestro de concertos do
arquiduque de Salzburg e em 1769 viajou para a Itália (extensão do
então poderoso Império Austro-Húngaro), onde passou dois anos
percorrendo Milão, Roma e Nápoles. De volta à sua Salzburg natal
começam os problemas de que somente o túmulo libertará... Seu
gênio indomável, seu espírito libertário, em síntese, ficam por 4
anos suportando as agonias de um semi-encarceramento imposto
pelo despótico Bispo da cidade, que se havia tornado seu suserano,
seu “senhor” e lhe proibia viagens e apresentações fora de seus
domínios.

No final do Feudalismo, Mozart encontra dificuldades em se


libertar das cadeias que o prendiam e somente o consegue quando
o déspota “esclarecido” José II se decide por contratá-lo,
requisitando-o ao Bispo de Salzburg, e convocando-o a Viena,
“capital da música”.

Lá apaixona-se desbragadamente por Aloysia Weber, mas


não é correspondido. Casa-se anos mais tarde com Constanze
Weber, irmã caçula de Aloysia.

Uma recepção calorosa em Viena – toda a novidade


provoca celeuma – é seguida de um poderoso reconhecimento
artístico e o desprezo de quantos o invejavam na Corte e tinham
poderes para limitar-lhe até as condições de sobrevida material.

Genialidade não se contém, vem de Deus e segue fluindo


enquanto há vida! Mozart, libertário e indômito compõe “As Bodas
de Fígaro” em 1786 e é sabotado pelos músicos concorrentes de
Viena, que esvaziam os grandes teatros transformando aquela peça
num fiasco financeiro. A seguir, compõe “Don Giovanni” – um
sucesso quase imediato, por exemplo, em Praga (atualmente
República Tcheca) e um fracasso retumbante em Viena, novamente
não pelo valor intrínseco da Obra em si, que os séculos julgam
apropriadamente, como testemunhamos, mas pelos seus
contemporâneos incapazes de compreender ou aceitar o Autor.

A cada passo tinha de explicar-se, de justificar sua escolha.


“Como é que V. Sa. ousa pensar em apresentar uma Ópera locada
num harém turco à sociedade vienense?”; “Que ousadia é essa de
trazer à alta sociedade vienense a temática de D. Juan, banida pelo
próprio Imperador?” Sempre recebido com reticência e ressalvas
numa sociedade ultra-conservadora, quão mais feliz teria sido se
houvesse conseguido reduzir o seu tamanho ao nível das regüinhas
mediocremente milimétricas daqueles que se auto-arrogavam o
direito de medir-lhe a competência...
Em decadência econômica, acaba aceitando a empreitada
de trabalhar num projeto de Ópera para o povo na periferia de
Viena. Ali dá vazão a seu espírito criativo. Seu trabalho mais
conhecido do período – porque a um só tempo genial, polêmico e
perene – ainda é “A Flauta Mágica”, composta em 1791. Nela
coloca, de maneira sugestivamente velada, uma seqüência genial
de alusões a uma Iniciação Maçônica, fazendo referência a
praticamente todos os 33 Graus do que hoje conhecemos como
Rito Escocês Antigo e Aceito.

A Ópera foi um sucesso retumbante de público na periferia


pobre de Viena – com maestria ele utilizava todos os recursos a seu
alcance: efeitos especiais, explosões, representação de animais
fantásticos e mitológicos, uma serpente gigante, uma “rainha da
noite” que faz malabarismos inacreditáveis com sua voz (segundo
seu biógrafo Peter Schaffer, retrataria a própria sogra de Mozart,
insistente e repetitiva em brigas com ele por causa dos problemas
materiais da pequena família). A isto correspondeu um fracasso
igualmente retumbante por parte da crítica mais conservadora em
música, assim como por parte dos puristas em temática maçônica:
ousou demais e, embora nada revelasse, apresenta uma temática
que muitos preferiam ver circunscritas a outros espaços que não
uma Ópera popular.

Foi o tiro de misericórdia no gênio. Já com a saúde


combalida e as finanças periclitantes recebe ainda uma encomenda
– através de um misterioso emissário secreto, somente revelado
anos depois – de um Conde Austríaco para uma Missa Fúnebre, um
Réquiem, que lhe toma o resto da saúde física e mental. A missa é
deixada incompleta; termina-a mais tarde Franz Süssmayr, um de
seus discípulos.

A 5 de dezembro de 1791, aos 35 anos de idade, a lâmpada


de Mozart se apaga neste mundo e ele é enterrado como indigente
numa cova pública em Viena, sem sequer um raminho de mato a
marcar o local de sua sepultura.

“Naturalmente”, à medida que sua Obra se expande em


fama pelo mundo, os austríacos despertam para o fenômeno e, a
quem se disponha, há um monumento a Mozart em sua Salzburg
natal, o “Mozarteum”.

Das notas biográficas mais abalizadas pinço estas linhas:


“... O seu enterro estava sendo acompanhado por poucos amigos,
quando caiu violenta tempestade que os dispersou. Mozart teve um
funeral de terceira categoria e foi enterrado numa fossa comum,
com uma dúzia de cadáveres de indigentes. Não houve monumento
nem lápide (ou sequer um raminho de planta para marcar-lhe a
sepultura...). Dez anos depois, a viúva voltou ao cemitério (ouvira
dizer que as valas comuns permaneciam intactas, apenas por sete
anos), mas os restos do imortal compositor não haviam sido
respeitados. Hoje nem se sabe o lugar exato onde foi sepultado.
Seus restos mortais desapareceram e o crânio conservado no
Mozarteum de Salzburg certamente não é o seu.”

Conto essa história a meus sobrinhos e sublinho: se Mozart,


com sua genialidade e brilhantismo, teve uma vida desgraçada e
complicada, morrendo solitário, no ostracismo e enterrado como
indigente, com que direito deveria alguém que sequer lhe chega aos
pés em talento reivindicar melhor sorte?

Há uma peça teatral magnífica de Peter Schaffer sobre a


vida de Mozart, intitulada “Amadeus”, levada às telas de cinema
pelo enorme talento artístico de Milos Forman. Nas melhores
locadoras de vídeo se encontram a biografia de Mozart, “Amadeus”,
de Milos Forman e a Ópera que coroa sua vida e sua obra
verdadeiramente enciclopédica (à época do lançamento, em Viena,
com uma coroa de espinhos; post-mortem com a coroa da glória
imorredoura...): “A Flauta Mágica”.
Salomão

Templo

Rei dos judeus ( ~ 970-931 a.C.) filho de Davi nascido em Israel,


célebre por sua sabedoria. Ascendeu ao trono graças a manobras
de sua mãe, Betsabéia, que fora esposa de um general de Davi, o
hitita Urias. Ao assumiu o poder, executou um a um seus
oponentes, entre eles o irmão Adonias e o general Joab, que
haviam conspirado contra Davi. Governou como déspota depois da
morte de Davi, construiu fortalezas e equipou seu exército, levando
Israel ao máximo poderio militar e comercial.

Durante seu reinado, protegeu as artes e o comércio,


estabelecendo boas relações e alianças com os países vizinhos
como Fenícia, Síria e Arábia. Com o rei de Tiro, Hiram, criou uma
frota mercante cujas expedições chegaram aos limites do mundo
conhecido. Projetou grandiosas construções como o majestoso
templo de Jerusalém, chamado depois de templo de Salomão, que
se tornou o centro da unidade nacional dos hebreus e do
cristianismo primitivo. Construiu também importantes obras
hidráulicas, principalmente reservatórios e aquedutos para
abastecimento e irrigação, como por exemplo, o aqueduto de Siloé,
no vale de Cedron.

Compôs obras poéticas e escreveu o Cântico dos cânticos, além


dos livros bíblicos Eclesiastes e Provérbios e o salmo 72, embora
haja controvérsias históricas sobre estas autorias. Segundo os
livros bíblicos, principalmente em I Reis e II Crônicas, ganhou
notoriedade como juiz como na sentença dada no caso de duas
mulheres que reclamavam a posse de uma criança como filho.
Também ficou famoso por suas tramas matrimoniais, chegando a
ter um harém com 700 esposas e 300 concubinas. Após sua morte,
seu reino foi dividido em Israel e Judá.
Buda

Siddhartha Gautama nasceu no século VI A.C., aproximadamente a


2.500 anos (565 A.C.- 486A.C. ), na cidade de Kapilavastu, na
região onde é agora o Nepal. Seu pai, Suddhodana e sua mãe
Mahamaya ( pertencentes à casta Kshatriyas - de governantes e
guerreiros) eram o rei e rainha do povo Sakya próximo à fronteira
ao norte a Índia. Quando a rainha tinha dezesseis anos ela sonhou
que um elefante de seis trombas havia entrado em seu útero; e a
partir daquele instante, ela sentiu uma grande mudança, sentindo
uma enorme paz. Ela quis ir para um retiro e o rei assim o permitiu.
Ela foi se estabelecer em uma grande floresta lá permanecendo por
nove meses e dez dias quando ela sentiu algo muito estranho.
De repente, ela se agarrou a um galho de árvore e o Buda saiu de
seu lado direito sem lhe causar qualquer tipo de dor. Assim que
surgiu, o Buda deu sete passos em cada uma das quatro direções,
e apontando para o céu, Ele disse: "Neste Universo, Eu vim para
purificar as mentes confusas de todos os seres". À medida que
andava, flores de lótus brotavam de onde seus pés tocavam a terra.
E ainda disse: "Não passarei por outros nascimentos pois este é o
meu último corpo. Agora eu deverei destruir e cortar pela raiz o
sofrimento causado pelo nascimento e morte". Estes eventos foram
o bastante para fazer com que o rei e a rainha levassem a criança a
um grande visionário que predisse que esta criança se tornaria um
grande rei se Ele tomasse o caminho mundano, ou um Buda se Ele
tomasse um caminho espiritual.
Sete dias depois de seu nascimento a rainha Maya faleceu.
Mahaprajapati, a irmã de Maya cuidou de Siddhartha.

Siddhartha, que significa "aquele cujos objetivos são conquistados",


cresceu vivendo uma vida opulenta e extravagante como um jovem
príncipe pois seu pai determinado em perpetuar a sua
descendência real, fez tudo a seu alcance para preparar o jovem
Siddhartha para a vida de um grande governante. Ele foi tutorado
por mestres cuidadosamente escolhidos de todos os campos do
conhecimento e das artes, tradicional à realeza Indiana da época, e
Ele se excedeu tanto em Seus estudos que acabou se tornando um
professor de seus próprios tutores.

De acordo com os costumes, ele se casou com a idade de 16 anos


com a jovem Yasodhara. Seu pai num esforço de protegê-lo de toda
infelicidade providenciara todo tipo de diversão, mas Siddhartha era
introspectivo por natureza e freqüentemente se afastava da
companhia de seus amigos e família para se sentar calmamente
nos jardins que circundavam o palácio. Sentindo que seu filho
crescia insatisfeito com uma vida luxuosa, e temendo que a profecia
de Seu Budato poderia se realizar, o que conseqüentemente
terminaria com a linhagem real, ordenara que ele vivesse uma vida
em total isolamento sem poder jamais deixar as dependências do
palácio.

Entretanto, os esforços de Seu pai foram em vão. E no florir de seus


29 anos, o Príncipe Gautama Siddhartha se torna inquieto e se
aventura em quatro escapadas para fora dos limites do palácio
onde vivia para se deparar com a cruel realidade de sofrimento
inevitável da vida. Assim Ele se deparou com o que é conhecido no
Budismo por "os quatro sinais". Saindo pelo Portão Leste no
primeiro dia ele se depara com um velho decrépito. No segundo dia,
passando pelo Portão Sul, ele encontra um homem sofrendo de
uma doença terrível. No terceiro dia, saindo pelo Portão Oeste, ele
vem a contemplar um defunto rodeado por parentes chorosos. E,
profundamente afetado por tal visão da qual Ele havia sido, em toda
sua vida, previamente poupado, Ele começou a questionar a
natureza e causas do sofrimento.

Em sua quarta escapada, saindo em direção ao Norte, Ele


encontrou um monge que procurava por liberação. E assim, no dia
seguinte, com a idade de 29 anos, ele parte a procura de uma
solução deixando tudo para trás, sua vida opulenta de Príncipe,
inclusive o seu recém nascido filho, que se chamava Rahula (que
significa "impedimento") para levar uma vida de jejuns e meditação
dos ascetas e determinar uma maneira de aliviar o sofrimento
universal.
Acompanhado por seu vassalo, Chandaka, Siddhartha escapa do
palácio uma noite enquanto todos dormiam. Depois de cavalgar por
horas ele param só o tempo suficiente para Siddhartha trocar Suas
roupas de príncipe e jóias pelas vestimentas simples de Chandaka.

E pede Chandaka que retornasse à sua família real e os


confortasse explicando que não havia razão para sentirem tristeza
por Ele, uma vez que Ele estava se preparando para por um fim à
velhice e à morte. Falando ainda que todos deviam se libertar de
todo apego. E assim, com uma determinação inabalável, Siddhartha
diz que não voltaria para casa até que tivesse encontrado a
iluminação completa.

Por seis anos, Siddhartha levou uma vida espiritual e diligentemente


estudou com vários mestres. Mas ele nunca estava
verdadeiramente satisfeito. Num esforço para obter uma mente
tranqüila, Ele seguiu os diferentes métodos de meditação iogues,
que prevaleciam na Índia da época e se submeteu às práticas
rigorosas dos ascetas, às margens do Rio Nairanjana, que
culminaram num período de jejum radical que o deixou
completamente debilitado. E mesmo tendo ficado à beira da morte
durante o jejum, Sua mente era brilhante e clara. Lá lhe fizeram
companhia, cinco homens santos que se juntaram à Ele na
esperança de aprender com Seu exemplo.

Um belo dia, ao ouvir um barqueiro que passava no rio ensinando


música à seu discípulo que dizia que as cordas de um instrumento
se muito frouxas não emitiam um som adequado, e se muito
esticadas elas arrebentavam. A partir daí, Ele encorajou o seu povo
a seguir o caminho do equilíbrio e não do extremismo. A isto Ele
chamou de o "Caminho do Meio". Naquele momento ele percebeu
que as austeridades físicas não eram o caminho para se alcançar a
liberação. Que privação excessiva não era o caminho para se
alcançar iluminação.

Ele concluiu que se o corpo fica debilitado por fome e sede, a calma
interior não é possível. Assim, um dia, Ele aceita de uma jovem
garota, uma tigela de arroz e um pouco de leite, quebrando o seu
jejum. Os outros ascetas que tinham sido Seus companheiros
durante os seis longos anos de austeridades decidiram que Ele
deveria abandonar a vida religiosa e O expulsam de seu meio.
Siddhartha toma um banho ritualístico em um rio perto, e para
confirmar sua percepção, ele colocar a tigela de arroz vazia sobre a
água e pede que se ele estivesse certo, que a tigela subisse a
correnteza. A tigela rodopiou e subiu. E assim, renovado, Ele ruma
para Bodh Gaya. Lá, ao por do sol, Ele se senta na postura de lótus
em uma almofada de grama sob uma gigantesca figueira (a árvore
Bodh ou a árvore da Iluminação) para meditar, com os votos de só
sair dali quando tivesse alcançado a iluminação, mesmo que seus
ossos e carne apodrecessem.

Enquanto Sakyamuni meditava sob uma árvore, uma luz começa a


brilhar no meio de sua testa. Mara, O Grande Mal, estremeceu: ele
sabia que seu poder para desvirtuar a humanidade estava
ameaçado. Durante a noite, muitas distrações surgiram, sede,
luxuria, descontentamento e distrações de prazer. E ao longo de
Sua concentração meditativa, Ele foi tomado por visões de
incontáveis exércitos atacando-O com as mais terríveis armas.
Mara enviara um exército de demônios para destruí-lo.

Mas por causa de Sua meditação indestrutiva Ele pode converter


negatividade em harmonia e pureza, as flechas lançadas se
transformaram em flores. Algumas filhas de Mara apareceram,
como belíssimas mulheres, para distraí-lo ou seduzí-lo. Outros
assumiram formas de animais ferozes. Mas seus rosnados,
ameaças e qualquer outra tentativa foram em vão para tirar
Sakyamuni de sua meditação. e quando estas outras visões e
distrações surgiram, com a estabilidade de Sua meditação, Ele
permaneceu imóvel. Sentado em um estado de total absorção Ele
alcança todos os graus de realização incluindo total onisciência,
adquirindo o conhecimento de todo o Seu ciclo de mortes e
renascimentos.

A terra tremeu e uma chuva caiu de um céu totalmente sem nuvens


em resposta à Sua sua suprema conquista. Com o amanhecer Ele
se levantou como Buda ou "O Iluminado", numa noite de lua cheia,
com a idade de 35 anos. A partir deste dia, esta árvore ficou
conhecida como a árvore Boddhi, a árvore da Iluminação. E, como
ele estava sozinho com ninguém para testemunhar este momento
glorioso, ele chama a própria terra como testemunha tocando o
chão com a ponta dos dedos da mão direita num gesto chamado de
Bhumisparsa.
Seus desejos e sofrimentos haviam terminado e como Buda Ele
experienciou o Nirvana. e assim disse: "Existe uma esfera onde não
é terra, nem água, nem fogo, nem ar... que não é nem este mundo
e nem outro, nem sol e nem lua. Eu nego que esteja vindo ou indo,
que permanece e que seja morte ou nascimento. É simplesmente o
fim do sofrimento".
Nos quarenta e nove dias seguintes à sua iluminação, o Buda
permaneceu em silêncio, evitando falar pois os outros jamais
compreenderiam a natureza de Sua experiência. Eventualmente
alguns seres dos reinos dos deuses requisitavam o Buda para
ensinar a todos que eram capazes de compreender em resposta à
seus pedidos. Ele foi para Benares onde Seus antigos
companheiros estavam, no Deer Park. Quando eles O viram à
distância, eles fizeram piadas, determinados a desmerecê-lo, mas à
medida que Ele se aproximava todos eles viram a Sua forma
radiante, e aí naturalmente o trataram com respeito. Quando eles O
inquiriram por ensinamentos Ele começou a expor o Dharma. Estes
ensinamentos foram chamados de O Sermão do Deer Park ou
"Acionando a Roda da Doutrina" onde revelou que Ele havia se
tornado um Buda, e descreveu os prazeres que havia conhecido
como um príncipe e a vida de austeridade que havia praticado como
asceta. E que nenhum destes era o verdadeiro caminho para o
Nirvana. O verdadeiro caminho era o Caminho do Meio que o
mantém livre e distante dos extremos.

"Satisfazer as necessidades da vida não é mal...Manter o corpo


com saúde é um dever, porque de outra forma não poderemos
manter a chama da sabedoria e a nossa mente forte e clara".

Durante 49 anos, até a idade de 80 anos, ele ensinou o Dharma


que consistia nas "Quatro Verdades Nobres" e o "Caminho de Oito
Passos”, num esforço para ajudar outros seres a alcançar a
iluminação. Numa de suas peregrinações, ele caiu terrivelmente
enfermo após ter comido uma refeição oferecida por um ferreiro
chamado Cuanda.

Já debilitado, viajou para Kushinagara onde se deitou sobre seu


lado direito para descansar. Buda diz a Ananda: "Eu estou velho e o
fim de minha jornada está próximo. Meu corpo é como um carro
velho mantido junto com a ajuda de tiras de couro."E finalmente
disse:" Tudo que foi criado está sujeito a deteriorar e morrer. Tudo é
transitório. Trabalhem suas próprias salvação com diligência".
Depois de passar por vários estados de meditação, Buda morreu
alcançando o Parinirvana (o cessar da percepção e da sensação.
Leonardo da Vinci

Leonardo da Vinci nasceu em Vinci, próximo a Florença, na Itália,


em 15 de abril de 1452. Filho ilegítimo do notário florentino Ser
Piero e de uma camponesa, foi criado pelo pai. Ao revelar vocação
para a pintura e o desenho, empregou-se como aprendiz do
escultor e pintor Andrea del Verrocchio, por volta de 1467.
Trabalhou com Verrocchio até 1477 e, nos quatro anos seguintes,
sozinho.

Por volta de 1480 começou a pintar "São Jerônimo", que deixou


inacabado. No ano seguinte mudou-se para Milão e trabalhou na
"Adoração dos magos", encomenda dos monges de San Donato,
em Scopeto. Também inacabada, essa é a primeira tela que pode
ser atribuída com segurança a Leonardo. Nela se percebe o gênio
do artista que, embora se considerasse continuador direto de Giotto
e de Masaccio, já não apresentava em sua pintura semelhança
alguma com a tendência plástico-formal própria da escola florentina
do Renascimento.

A serviço de Ludovico Sforza, desenvolveu vários projetos de


engenharia militar, realizou estudos hidráulicos sobre os canais da
cidade e, como diretor das festas promovidas pela corte, organizou
competições, representações e torneios, para muitos dos quais
desenhou cenários e figurinos.

Dedicou-se também ao estudo da anatomia, física, botânica,


geologia e matemática. Nesse período, pintou algumas de suas
obras-primas -- a primeira versão da "Virgem dos rochedos" (c.
1483) e a "Última ceia" (1495-1497) --, decorou a Sala delle Asse
(c. 1498) e trabalhou numa estátua eqüestre de Francesco Sforza,
jamais fundida em bronze.

Iniciou nessa fase a redação dos manuscritos do Trattato della


pittura, cuja primeira edição impressa data de 1651.

Quando, em 1499, tropas francesas invadiram Milão, Leonardo


voltou para Florença, já como artista consagrado. Em 1502 decidiu
acompanhar Cesare Borgia na campanha de Romagna, como
arquiteto e engenheiro militar.

No ano seguinte estava de volta a Florença, onde, durante o


cerco de Pisa, desenvolveu um projeto para desviar o curso do rio
Arno, de forma a cortar o acesso da cidade ao mar. No mesmo ano,
começou a pintar "Mona Lisa", uma de suas obras mais conhecidas
e na qual a arte da pintura atinge um de seus grandes momentos.

Iniciou também o quadro "Leda", conhecido apenas por


intermédio de cópias, que parece ter sido o único nu de toda a sua
obra, e, com Michelangelo, cujo prestígio já começava a superar o
seu, decorou a sala do conselho do Palazzo Vecchio. Michelangelo
pintou uma cena da batalha de Cascina, enquanto Leonardo pintava
a "Batalha de Anghiari". Nenhum dos dois trabalhos foi concluído.

Entre 1506 e 1513 Leonardo novamente residiu em Milão, onde


tornou-se conselheiro artístico do governador francês, Charles
d'Amboise, e projetou para ele um novo palácio. Com o
restabelecimento da dinastia Sforza, Leonardo foi para Roma, em
1513, onde permaneceu sob a proteção de Giuliano de Medici,
irmão do papa Leão X.

Nessa época, aprofundou suas pesquisas ópticas e


matemáticas. Depois da morte de Giuliano, em 1516, Leonardo foi
para Amboise, a convite de Francisco I, que o nomeou primeiro-
pintor, engenheiro e arquiteto do rei. Continuou então os estudos de
hidráulica, ao mesmo tempo em que organizou cadernos de
apontamentos e preparou festas para a corte.

Leonardo voltou sua curiosidade para todos os campos do saber


e da arte, e em cada um deles afirmou seu gênio. Apesar de não ter
realizado as grandes obras com que sonhava na pesquisa
científica, a vasta informação contida em seus apontamentos e
desenhos é suficiente para demonstrar a universalidade de seu
saber. Ao estudo da estática e da dinâmica dedicou algumas de
suas pesquisas mais valiosas. Baseou-se na leitura da obra de
Aristóteles e de Arquimedes, às quais foi um dos primeiros a
acrescentar contribuição original.

Da Vinci estudou ainda as condições de equilíbrio sobre um


plano inclinado e enunciou o teorema do polígono de sustentação
da balança. Realizou pesquisas originais sobre os centros de
gravidade -- no que antecipou-se a Galileu -- e idealizou uma
máquina destinada a testar a resistência dos fios metálicos à tração.
Ainda no domínio da física, estudou os efeitos do atrito e enunciou
definições para força, percussão e impulso.

A partir do vôo dos pássaros, Leonardo determinou os princípios


da construção de um aparelho mais pesado do que o ar, capaz de
voar com a ajuda da força do vento. Entre seus desenhos incluem-
se esboços de um aparelho bastante parecido com o helicóptero
moderno e o esquema de um pára-quedas.

De sua atividade como projetista militar destacam-se os vários


desenhos de canhões, metralhadoras, carros de combate, pontes
móveis e barcos, bem como estudos sobre a melhor maneira de
abordagem de um barco grande por um pequeno, o esquema de
um submarino e bombardas. Leonardo inventou também máquinas
hidráulicas destinadas à limpeza e dragagem de canais, máquinas
de fiar, trivelas, tornos e perfuratrizes. Também antecipou-se aos
urbanistas com seus projetos de cidades.

Pintura.

No Trattato della pittura, Leonardo da Vinci defendeu essa forma


de arte como indispensável à realização da exploração científica da
natureza e aconselhou os pintores a não se limitarem à expressão
estática do ser humano. Utilizava ao pintar todos os seus
conhecimentos científicos: suas figuras humanas derivavam
diretamente dos estudos de anatomia, enquanto as paisagens
revelavam o conhecimento de botânica e geologia.

Muitas de suas obras se perderam, foram destruídas ou ficaram


inacabadas. Conhecem-se apenas cerca de 12 telas de Leonardo
de autenticidade indiscutível. Ao longo de sua obra, é visível a
importância cada vez maior que o artista concede aos contrastes
entre luz e sombra, e, principalmente, ao movimento. Com o
sfumato, que dilui as figuras humanas na atmosfera, Leonardo
realizou síntese admirável entre modelo e paisagem.

A "Última ceia", um dos quadros mais famosos do mundo, foi


muito danificada e sofreu diversas restaurações, motivo pelo qual
pouco resta do original. É inigualável, no entanto, a solidão de
Cristo, em contraste com a agitação dos apóstolos, dividos em
grupos de três. Judas, o traidor, é a única figura em isolamento
entre eles. Os vários estudos e desenhos de Leonardo revelam a
preocupação do autor com os menores detalhes da cena.

Pouco antes de morrer, no castelo de Cloux, perto de Amboise, na


França, em 2 de maio de 1519, nomeou seu discípulo predileto,
Francisco Melzi, herdeiro de todos os valiosos estudos, desenhos e
anotações que deixava. Melzi preservou cuidadosamente a
herança, mas com sua morte, cerca de cinqüenta anos após a do
mestre, os manuscritos se dispersaram. Conservaram-se cerca de
600 desenhos, que representam talvez a terça parte da vasta
produção de Leonardo da Vinci.
Ralph Waldo Emerson

Pensador, ensaísta, poeta, conferencista, filósofo e orador norte-


americano nascido em Boston, Massachusetts, fundador do
transcendentalismo, movimento ideológico que exerceu notável
influência na formação da identidade cultural de seu país e que lhe
trouxe grande prestígio internacional.

O início de sua vida foi marcado pela pobreza, pela frustração e


pela doença. Órfão ainda criança de um pastor da Igreja Unitária, foi
educado em Harvard e tornou-se pastor (1829). Após se casar, foi
nomeado ministro da Segunda Igreja Unitária de Boston (1829),
porém enviuvou dois anos depois, o que lhe provocou uma crise
espiritual e o levou a deixar a igreja (1832). A seguir, viajou durante
um ano pela Europa, esteve na Inglaterra e conheceu os
pensadores britânicos William Wordsworth, Samuel Taylor
Coleridge e Thomas Carlyle, o que o levou a iniciar sua própria
filosofia idealista.

Ao voltar, iniciou sua carreira como escritor e conferencista e,


novamente casado (1835), criou um grupo que se reunia no
Transcendental Club, o que deu origem ao nome do movimento, o
transcendentalismo. As fontes do seu pensamento podiam ser
identificadas em muitos movimentos intelectuais como o latinismo,
neoplatonismo, puritanismo, poesia do Renascimento, misticismo,
idealismo, ceticismo e romantismo.
Reuniu elementos do passado e deu-lhes forma literária, exercendo
importante influência nas obras de vários autores norte americanos,
como Henry David Thoreau, Herman Melville, Walt Whitman, Emily
Dickinson, Henry James e Robert Frost. Seus livros mais famosos
foram Nature (1836), o primeiro deles e muito bem recebido
sobretudo pela juventude de seu tempo, Essays (1841/1844),
Poems (1846) e Em The Conduct of Life (1860).

Os dois volumes de poesia que apareceram durante sua vida,


Poemas (1846) e Dia de maio (1867) contêm alguns dos melhores
versos da poesia norte-americana do séc. XIX. Após nova
permanência na Europa, aposentou-se (1873) e retirou-se para sua
casa de campo de Concord, Massachusetts, onde faleceu.

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