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A Igreja Brasileira na Pós-modernidade

O pensamento Pós-Moderno esvaziou a religião formal. Na Pós-Modernidade, a


religião deixou a dimensão pública e restringiu-se à esfera privada. Na tentativa de se
libertar de uma cultura religiosa com padrões morais absolutos, o indivíduo pós-
moderno criou uma religiosidade interiorizada, subjetiva e sem culpa.

As pessoas querem optar pela sua “preferência” religiosa sem ser importunadas por
opiniões contrárias. Os critérios que orientam essas escolhas são todos íntimos e
subjetivos. Semelhantemente, também não tentarão impor sua nova opção de fé a
ninguém.

Na Igreja, o que antes era convicção, hoje é opção. Os mandamentos divinos passaram a
ser sugestões divinas. A igreja é orientada por aquilo que dá certo e não por aquilo que
é certo. O pragmatismo missionário e o “novo poder” da igreja (político, econômico,
tecnológico, etc) esvaziou o significado da oração e seu espaço na tarefa da igreja.
Confiamos mais em nossos recursos e menos em Deus, superestimamos o poder de
César e subestimamos o poder de Deus. As ferramentas ideológicas e tecnológicas
tornaram-se mais eficientes que a comunidade e a comunhão.

Entendo que a versão evangélica da pós-modernidade seja o neopentecostalismo e seus


famigerados congêneres. O neopentecostalismo possui diversos traços de continuidade
cultural com o catolicismo popular latino-americano. Continuidade que muitas vezes
desemboca em sincretismo e no reforço de práticas e concepções corporativistas. O
protestantismo, por sua vez, é a religião da escrita, da educação cívica e racional.
Favorece uma cultura política democrática e promove uma pedagogia da vontade
individual.

Entende-se por “protestante” ou “protestantismo” todo o conjunto de instituições


religiosas surgidas em conseqüência da Reforma Religiosa do século XVI nas suas
principais vertentes que são a luterana e a calvinista e que procuram manter os
princípios básicos que formam o princípio protestante da liberdade: a justificação pela
fé, a “sola scriptura”, o livre exame da Bíblia e o sacerdócio universal de todos os
crentes.

Hoje em dia é difícil incluir entre os protestantes alguns setores do pentecostalismo e,


principalmente, do neopentecostalismo brasileiro. Esta é a opinião do Dr. Ricardo
Mariano [1] que analisou os modernos movimentos neopentecostais e segundo ele:

O neopentecostalismo, o responsável pela “explosão protestante”, à medida que passa a


formar sincretismos, a se autonomizar em relação à influência das matrizes religiosas
norte-americanas, a promover sucessivas acomodações sociais, a abandonar práticas
ascéticas e sectárias, a penetrar em novos e inusitados espaços sociais e a assumir o
status de uma grande minoria religiosa, cada vez menos tende a representar uma ruptura
com a cultura ambiente. Tende, pelo contrário, a mostrar-se menos distintivo, mais
aculturado, mais vulnerável à antropofagia brasileira e, portanto, cada vez menos capaz
de modificar a cultura que o acolheu e na qual vem se acomodando.

O neopentecostalismo, pelo contrário, provêm da cultura religiosa do catolicismo


popular, corporativista e autoritário. É a religião da lábia, do engano e da corrupção. Ele
favorece o analfabetismo bíblico. Esta nova religiosidade evangélica é um tipo de
ocultismo, recheado de citações bíblicas. O Neopentecostalismo há muito deixou de ser
evangélico, tornando uma outra forma de expressão religiosa, distante do pensamento
protestante e reformado.

Uma das rupturas mais sérias do Neopentecostalismo com o pensamento protestante, é o


uso da Bíblia. No Protestantismo a Bíblia é sua última autoridade, não a tradição ou
personalidades importantes ou mesmo a experiência espiritual, enquanto que o
Neopentecostalismo enfatiza o uso mágico da Escritura. Para os neopentecostais, a
Bíblia é mais um oráculo a ser consultado do que a única regra de fé e prática.

Em Brasília, um jornal local publica semanalmente um anúncio estranho: “Revela-se


por Professia” (sic). A promessa por trás dessa mensagem é a solução imediata dos
problemas, dos encostos e das maldições, tal como as inúmeras videntes que infestam os
grandes centros urbanos. Normalmente nestas sessões, a vidente se posta diante do
pedinte com uma Bíblia aberta. A intenção é encontrar “na palavra” a solução para os
problemas. Os versos bíblicos são interpretados fora de contexto, sempre na busca de
uma “palavra de bênção”.

No neopentecostalismo, as doutrinas bíblicas foram rejeitadas e substituídas por um


falso evangelho centralizado no homem. Boa parte da pregação neopentecostal é um
mero exercício de auto-ajuda, com a intenção principal de acalmar a consciência
pecaminosa com promessas de riqueza e bem-estar. Contudo, o mandamento para todos
os ministros cristãos, ainda continua sendo, prega a palavra (I Timóteo 4:1), em lugar
disso, os pregadores se transformaram em animadores de auditório.

Nossa tarefa apologética para esta era pós-moderna é restaurar a confiança na verdade.
A Bíblia continua sendo a Palavra de Deus. A Bíblia é um documento inspirado da
revelação divina, quer este ou aquele indivíduo receba ou não o seu testemunho.
Devemos, pois, respeito e obediência à Bíblia, não por ser letra fixa e estática, mas
porque, sob a orientação do Espírito Santo, essa letra é a Palavra viva do Deus vivo
dirigida não só ao crente individual, mas à Igreja em geral.

A igreja precisa rever sua atuação, olhando para o Senhor Jesus e lançando-se
humildemente de volta às Escrituras, resgatando sua identidade e o seu chamado. Se
abrirmos mão da Palavra de Deus como verdade absoluta, correremos sérios riscos
diante de uma sociedade sem referenciais, mas principalmente diante de um Senhor
zeloso que rege a história e têm em suas mãos todo o domínio e todo o poder.

Elas ocupam um enorme espaço na televisão aberta, chegando a milhões de lares


brasileiros todos os dias. As três mais conhecidas e salientes têm nomes parecidos —
Igreja Universal do Reino de Deus, Igreja Internacional da Graça de Deus e Igreja
Mundial do Poder de Deus. Esses nomes apontam para objetivos ousados e ambiciosos.
Seus líderes máximos adotam, respectivamente, os títulos de bispo, missionário e
apóstolo. Elas são o fenômeno mais recente, intrigante e explosivo do “protestantismo”
tupiniquim. Trata-se das igrejas neopentecostais, denominadas por alguns estudiosos
“pentecostalismo autônomo”, em virtude de seus contrastes com os grupos mais antigos
desse movimento.

É difícil categorizá-las adequadamente, não só por serem ainda recentes, mas porque, ao
lado de alguns traços comuns, também apresentam diferenças significativas entre si. A
Igreja Mundial investe fortemente na cura divina. Seu apóstolo garante que ninguém
realiza mais milagres do que ele. Seu estilo é personalista e carismático. Caminha no
meio dos fiéis, deixa que as pessoas recolham o suor do seu rosto para fins terapêuticos,
às vezes é ríspido com os auxiliares. O missionário da Igreja Internacional é simpático e
bonachão; parece um pastor à moda antiga. É também polivalente: prega, canta, conta
piadas, anuncia produtos e serviços. Controla com rédea curta o seu pequeno império.
Todavia, nenhuma dessas igrejas vai tão longe na ruptura de paradigmas quanto a
IURD. Dependendo do ângulo de análise, parece protestante ou católica. Seu carro-
chefe é a teologia da prosperidade. Defende sem pejo a ética da sociedade de consumo.
Seu líder está entrando na lista dos homens mais ricos do país.

Desde o início, o cristianismo tem exibido uma grande variedade de manifestações,


algumas bastante inusitadas. Foi o caso do gnosticismo e do marcionismo nos primeiros
séculos, das seitas apocalípticas na Idade Média e de alguns grupos resultantes dos
reavivamentos nos Estados Unidos do século 19. Porém, nenhum movimento tem sido
tão pródigo em termos de quantidade e diversidade de ramificações quanto o
pentecostalismo contemporâneo. No atual ambiente pluralista e inclusivista, muitos
observadores vêem nessa multiplicidade um sinal de vitalidade, de dinamismo. Todavia,
há sinais preocupantes nos ensinos e práticas de certos grupos. Na célebre Confissão de
Fé de Westminster (1647), os puritanos ingleses colocaram a questão em termos de
diferentes graus de pureza das igrejas cristãs — cap. 25.4,5 (igrejas mais puras e menos
puras). Uma avaliação simpática e honesta das igrejas neopentecostais aponta para
alguns aspectos que precisam ser reconsiderados a fim de que elas se tornem genuínos
instrumentos do evangelho de Cristo.

O problema hermenêutico
Uma grave deficiência dessas novas igrejas está na maneira como interpretam a Bíblia.
Os reformadores protestantes insistiram no valioso, porém arriscado, princípio do “livre
exame das Escrituras”, ou seja, de que todo cristão tem o direito e o dever de ler e
estudar por si mesmo a Palavra de Deus. Acontece que muitos viram nisso uma licença
para a livre interpretação do texto sagrado, o que nunca esteve na mente dos líderes da
Reforma. Eles lutaram contra uma abordagem individualista e tendenciosa da Escritura,
insistindo na adoção de princípios equilibrados de interpretação que levavam em conta
o sentido literal e gramatical do texto, a intenção original do autor, o contexto histórico
das passagens e também a tradição exegética da igreja. Por essas razões, eles rejeitaram
o antigo método de interpretação alegórica, isto é, a busca de sentidos múltiplos na
Escritura, por entenderam que ela obscurecia e distorcia a mensagem bíblica.

Em muitas igrejas neopentecostais nada disso é levado em consideração. A Bíblia se


torna um joguete, uma peteca lançada para lá e para cá ao sabor das conveniências.
Tomam-se diferentes declarações, episódios e símbolos bíblicos e, sem esforço algum
de interpretação, passa-se diretamente para a aplicação, muitas vezes de uma maneira
que nada tem a ver com o propósito original da passagem. O que é ainda mais grave, os
textos bíblicos são usados de modo mágico, como se fossem amuletos ou talismãs,
como se tivessem um poder imanente e intrínseco. A Bíblia é encarada prioritariamente
como um livro de promessas, de bênçãos, de fórmulas para a solução de problemas, e
não como a revelação especial na qual Deus mostra como as pessoas devem conhecê-lo,
relacionar-se com ele e glorificá-lo.

Uma nova linguagem


Na sua releitura da Bíblia, os neopentecostais por vezes criam uma nova terminologia,
muito diferente dos conceitos bíblicos tradicionais. Privilegiam-se expressões como
“exigir nossos direitos”, “manifestar a fé”, “declarar a bênção”, todos os quais apontam
para uma espiritualidade antropocêntrica, ou seja, voltada para as necessidades, desejos
e ambições dos seres humanos, e não para a vontade e a glória de Deus. Alguns dos
temas bíblicos mais profundos e solenes redescobertos pelos reformadores do século 16
são quase que inteiramente esquecidos. Não mais se fala em pecado, reconciliação,
justificação pela fé, santificação, obediência. O evangelho corre o risco de ficar diluído
em uma nova modalidade de auto-ajuda psicológica, deixando de ser “o poder de Deus
para a salvação de todo aquele que crê”.

O conceito de fé talvez seja aquele que esteja sofrendo as maiores distorções. No


discurso de muitas igrejas do pentecostalismo autônomo, a fé se torna uma espécie de
poder ou varinha de condão que as pessoas utilizam para obter as bênçãos que desejam.
Deus fica essencialmente passivo até que seja acionado pela fé do indivíduo. É verdade
que Jesus usou uma linguagem que aparentemente aponta nessa direção (“tudo é
possível ao que crê”, “vai, a tua fé te salvou”). Mas o conceito bíblico de fé é muito
mais amplo, a ênfase principal estando voltada para um relacionamento especial entre o
crente e Deus. Ter fé significa acima de tudo confiar em Deus, depender dele, buscar a
sua presença, aceitar como verdadeiras as declarações da sua Palavra. O objeto maior da
fé não são coisas, mas uma pessoa — o Deus trino.

Fundamento questionável
A teologia da prosperidade, que serve de base para boa parte da pregação e das práticas
neopentecostais, é uma das mais graves distorções do evangelho já vistas na história
cristã. Essa abordagem teve início nos Estados Unidos há várias décadas, sob o nome de
“health and wealth gospel”, ou seja, evangelho da saúde e da riqueza. No
neopentecostalismo, essa se torna a principal chave hermenêutica das Escrituras. Tudo
passa a ser visto dessa perspectiva reducionista acerca do relacionamento entre Deus e
os seres humanos. O raciocínio é que Cristo, através da sua obra na cruz, veio trazer
solução para todos os tipos de problemas humanos. Na prática, acaba se dando maior
prioridade às carências materiais e emocionais, em detrimento das morais e espirituais,
muito mais importantes.

Tradicionalmente, as maiores bênçãos que o homem podia receber de Deus incluíam o


perdão dos pecados, a reconciliação, a paz interior e, num sentido mais amplo, a
salvação. Dentro da nova perspectiva teológica, as coisas mais importantes que Deus
tem a oferecer são um bom emprego, estabilidade financeira, uma vida confortável,
felicidade no amor e coisas do gênero. É uma nova versão da tese do sociólogo alemão
Max Weber, segundo o qual os calvinistas buscavam no sucesso econômico a evidência
da sua eleição. Os problemas da teologia da prosperidade são diversos: (a) falta de
suporte bíblico — a Escritura aponta na direção oposta, mostrando a armadilha em que
caem os que se preocupam com as riquezas; (b) empobrecimento da relação com Deus,
concebida em termos interesseiros e mercantilistas; (c) incentivo a atitudes de
individualismo, egocentrismo e falta de solidariedade; (d) tendência para a alienação
quanto aos problemas da sociedade.

Conclusão
O neopentecostalismo representa um grande desafio para as igrejas históricas e mesmo
para as pentecostais clássicas. Esse movimento tem encontrado novas formas de atrair
as massas que não estão sendo alcançadas pelas igrejas mais antigas. Nem todos os
grupos padecem dos males apontados atrás. Muitas igrejas neopentecostais são
modestas, evangelizam com autenticidade e não se rendem à tentação dos resultados
rápidos, dos projetos megalomaníacos e dos métodos incompatíveis com o evangelho. O
grande problema está nas megaigrejas e seus líderes centralizadores, ávidos de fama,
poder e dinheiro. Estes precisam arrepender-se e voltar às prioridades da mensagem
cristã, buscando em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça, para que então as
demais coisas lhes sejam acrescentadas.

• Alderi Souza de Matos é doutor em História da Igreja pela Universidade de Boston e


historiador oficial da Igreja Presbiteriana do Brasil. É autor de A Caminhada Cristã na
História e Os Pioneiros Presbiterianos do Brasil.

ENFOQUE – Como o senhor analisa hoje o cenário evangélico brasileiro?

Augustus: Vivemos um momento de grandes mudanças no cenário brasileiro evangélico,


mudanças que começaram a ser gestadas quando as igrejas evangélicas em décadas passadas
passaram a abandonar o referencial da Reforma protestante, o referencial da própria Escritura
Sagrada, a Bíblia, e passaram a se entender como um movimento voltado para a satisfação das
necessidades imediatas e materiais dos seus aderentes e a aferir o sucesso espiritual pela
prosperidade material. As igrejas neopentecostais continuam a crescer e continuam a não ter
rumo teológico algum, escandalizando cada vez mais a opinião pública, envergonhando os
evangélicos com práticas e costumes bizarros e estranhos, e com escândalos que ganham a
mídia e que revelam os intestinos dessas igrejas. Espanta-me o fato que a teologia da
prosperidade continua crescendo apesar de tudo.

Mas, não é somente isso. Hoje, as igrejas evangélicas pentecostais tradicionais correm o risco de
ser minadas pelo liberalismo teológico, através dos obreiros e pastores que vão buscar um
diploma de teologia reconhecido pelo MEC em universidades públicas e seminários dominados
pelo velho liberalismo teológico. Não há nada errado em almejar um diploma desses, mas é que
as instituições credenciadas para emiti-los usam o chamado "método científico" para estudar a
Bíblia, método esse que parte do pressuposto que ela é simplesmente um livro religioso e não a
infalível Palavra de Deus.

As igrejas históricas continuam pequenas e sem muito poder de fogo no cenário nacional,
embora sejam elas que estejam fornecendo os professores de seminários onde os demais
evangélicos vão buscar diplomas reconhecidos. São elas, também, que estão na linha de frente
provendo informações e estudos sobre as questões éticas que estão sendo debatidas hoje no
Brasil, como, por exemplo, a lei da homofobia. Algumas dessas denominações tradicionais estão
totalmente divididas internamente entre conservadores, pentecostais e liberais, que lutam por
tomar o controle dessas denominações.

Em outras palavras, não vejo o atual cenário brasileiro evangélico com muito otimismo, embora
recentemente tenham acontecido algumas coisas que sugerem que nem tudo está perdido. Uma
denominação histórica que estava muito minada por pastores e professores de teologia liberais
deu uma reviravolta e cortou toda e qualquer relação com organismos ecumênicos que envolvam
o catolicismo. Para muitos foi um retrocesso, para mim, um avanço. Percebo igualmente um
aumento do interesse de muitos, especialmente dos pentecostais, pela teologia reformada, pela
teologia conservadora séria, erudita e pastoral, que traz um misto de profundidade e piedade.
Cresce bastante o mercado de livros evangélicos com boa teologia e boa prática. Isso traz alguma
esperança.

ENFOQUE: As igrejas históricas estão conseguindo sobreviver aos furos das


neopentecostais?

Augustus: Em parte. Por um lado, o neopentecostalismo é tão obviamente antibíblico que a


tarefa dos pastores e líderes das igrejas tradicionais fica mais fácil. Seria mais difícil se o
neopentecostalismo fosse mais sutil, mais sofisticado. Mas, é um movimento de massas, levado
avante no grito, na centralização do poder nas mãos de pseudo-bispos e apóstolos que
manipulam as massas usando a Bíblia como pretexto para recolher milhões e milhões de reais.
Não é difícil para qualquer pessoa um pouco mais esperta desconfiar do que realmente está
acontecendo.

Por outro lado, o apelo que o neopentecostalismo faz à alma católica dos evangélicos é muito
grande: objetos ungidos, relíquias, líderes apostólicos, prosperidades, milagres físicos – tudo
herança do catolicismo na mentalidade brasileira. Mas, muitas igrejas tradicionais já estudaram
o assunto e já tomaram posição sobre ele. A Igreja Presbiteriana do Brasil, por exemplo, tem
veiculado cartas pastorais que instruem seus membros sobre o movimento G-12, as práticas da
Universal do Reino de Deus, coreografia e dança litúrgica, para mencionar alguns. Isso ajuda os
membros e pastores presbiterianos a ficarem firmes contra essas práticas.

ENFOQUE: Na sua opinião, qual será o futuro da Igreja Evangélica Brasileira?

Augustus: Como alguém já disse, “é muito difícil profetizar sobre o futuro”. O presente sugere
que esse futuro não é róseo. O crescimento vertiginoso entre os evangélicos do pragmatismo, o
relativismo, o liberalismo, a libertinagem, associado à desorganização e à fragmentação do
movimento evangélico só pode pressagiar dias maus pela frente, a menos que Deus tenha
misericórdia de Sua Igreja e intervenha de forma poderosa, como já fez várias vezes no passado.

O que mais me preocupa quanto ao futuro é que os evangélicos estão cada vez mais achando que
os valores morais e doutrinários são relativos e cada vez mais abandonando o conceito de
verdades absolutas e permanentes. Essa tendência é o resultado óbvio da influência do
relativismo que permeia a cultura brasileira.

Uma amostragem do relativismo, que desemboca na libertinagem, pode ser encontrada em


blogs, comunidades no Orkut e sites evangélicos na internet. Há comunidades evangélicas no
Orkut, por exemplo, onde o sexo entre os jovens cristãos antes do casamento é defendido como
se fosse absolutamente normal. Os jovens são expostos a todo tipo de doutrinação sem ter o
acompanhamento de seus pastores e líderes, que via de regra não estão familiarizados com essa
forma de comunicação ou não têm tempo. Pais e líderes evangélicos ficariam abismados se
entrassem nessas comunidades. Por um lado, os jovens evangélicos são hoje muito mais bem
informados e críticos que os de gerações anteriores. Por outro lado, receio que uma nova
geração de evangélicos está se formando, em que pese o alcance ainda bastante limitado desses
meios de comunicação, que verá com naturalidade a relativização dos valores morais e dos
pontos doutrinários basilares do Cristianismo, com trágicos resultados para a fé e o testemunho
cristãos.
No Brasil algumas igrejas que representam os neopentecostais são:

• Comunidade da Graça
• Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra
• Convenção Batista Nacional
• Igreja Apostólica Renascer em Cristo
• Igreja Apostólica Fonte da Vida
• Igreja Bola de Neve
• Igreja Comunhão Plena
• Igreja Celular Internacional
• Igreja Evangélica Templo das Águias
• Igreja Internacional da Graça de Deus
• Igreja Nacional do Senhor Jesus Cristo
• Igreja Novo Destino
• Igreja Mundial do Poder de Deus
• Igreja Tabernáculo Evangélico de Jesus
• Igreja Universal do Reino de Deus
• Igreja Evangélica Verbo da Vida
• Ministério Apascentar
• Ministério Internacional da Restauração
• Missão Socorrista Evangélica
• O Movimento G12 ou M12.

Entretanto, não formam um movimento homogêneo, sendo atribuído esta classificação


apenas por teóricos da religião, e responsável pelo crescimento exponencial do
protestantismo no Brasil e no mundo.

Os grupos neopentecostais nos jogos de poder do tempo presente

por: Carolina Chalfun Mainoth

“No início, a igreja era um grupo de homens e mulheres centrados no


Cristo vivo. Então, a igreja chegou à Grécia e tornou-se uma filosofia.
Depois, chegou até Roma e tornou-se uma instituição. Em seguida, à
Europa, e tornou-se uma cultura. E finalmente, chegou à América,e
tornou-se business.” 1

Estudar o fenômeno do neopentecostalismo no Brasil pode parecer, à Academia, uma


operação descriteriosa pelo fato de intencionar dar conta de um fenômeno relativamente
recente. No entanto, fazer a História do Tempo Presente significa justamente não se
esquivar da análise destes acontecimentos já que estamos entrando em contato com
questões reais que fazem parte do cotidiano dos homens de nosso tempo 2.

Partindo do pressuposto que a arquitetura geopolítica mundial se transforma a partir de


1989, podemos perceber que, amparados pela multiplicação de espaços operacionais
propiciada pelos avanços na informática – e, conseqüentemente, nos fluxos de
comunicação – os mais variados discursos constroem diferentes realidades nas relações,
e põem em xeque os espaços oficiais ao oferecer códigos alternativos de legitimidade.
Nesta lógica dos concorrentes jogos de poder no seio de um ambiente onde a
informação é um produto valioso, ganham aqueles que se valerem melhor de políticas
imediatistas e midiatizadas 3.

Somente amparados por esta teoria podemos encontrar um sentido para o fenômeno do
progresso das igrejas neopentecostais no Brasil e no mundo. No entanto, faz-se
necessário conhecermos sob quais idéias o conceito de “Neopentecostalismo” se
ampara. Segundo a crença cristã, após a morte e ressurreição de Jesus Cristo, os
apóstolos temiam ser perseguidos e, por isto, passaram a viver escondidos. Eis que,
diante do medo de evangelizar dos discípulos, Deus teria enviado sobre cada um deles,
que estavam reunidos, línguas de fogo do Espírito Santo, entidade à qual se atribui o
poder de inspirar e dar novo ânimo aos batizados. A partir deste fenômeno, os mesmos
teriam ficado cheios de um novo ar, teriam se reavivado. Tal acontecimento se revestiu
de um caráter absolutamente mágico e fantástico da manifestação do Espírito Santo,
denominado Pentecostes 4. Sendo assim, se uma igreja se denomina pentecostal, evoca
um “avivamento”, um entusiasmo diferenciado justamente por seu caráter divino.

O prefixo “Neo” também nos induz a pensar que teria existido um outro fenômeno
precedente, que o atual buscaria reeditar. De fato, as primeiras fontes que temos em
relação ao pentecostalismo no Brasil datam da década de 1960, e dizem respeito ao
surgimento de igrejas protestantes que traziam muita contribuição de fenômenos
similares surgidos no Estados Unidos. O pentecostalismo tradicional enfatiza em suas
práticas a atualização dos dons do Espírito Santo, a inspiração pelo mesmo, o “batismo
de fogo”, a conversão e libertação do mal demoníaco, um puritanismo de conduta e um
distanciamento do mundo 5.

As igrejas neopentecostais se destacam a partir dos finais dos anos 1970 e se fortalecem
a partir de meados dos anos 1980. Não há como definir uma marca principal ou
específica do movimento, isto porque ele encarna várias facetas. Neste trabalho, iremos
nos ocupar, justamente, em evidenciar as características mais polêmicas deste fenômeno
que vem despertando a curiosidade dos demais grupos evangélicos 6, dos católicos e
afro-brasileiros. Também a Academia tem se ocupado na análise do
neopentecostalismo, ação que demanda um esforço cooperativo entre a História, a
Psicologia, a Sociologia, a Antropologia e, até mesmo, a Publicidade, denotando a
complexidade do terreno que pretendemos explorar.

Sendo assim, é importante esclarecer que não iremos efetuar nenhuma análise de caráter
profundo em relação às conexões com as disciplinas evocadas no parágrafo anterior.
Nosso intuito é de trazer à tona as principais características das quais o
neopentecostalismo se reveste, o que pode trazer alguma contribuição para o
entendimento do sucesso do nosso objeto de estudo no mundo contemporâneo.

Devemos mencionar que, apesar do neopentecostalismo estar concentrado em algumas


grandes igrejas evangélicas, sendo elas a Igreja Universal do Reino de Deus (IURD), a
Igreja Internacional da Graça de Deus, a Igreja Mundial do Poder de Deus, Deus é
amor, Renascer em Cristo, Comunidade Sara Nossa Terra e Igreja Nacional Palavra de
Fé 7, não é vertente única destas. É um modo de efetuar a leitura da Bíblia e tomá-la
como respaldo para visões de mundo inéditas até então, bastante peculiares por fazer o
caminho inverso ao que maioria das religiões cristãs está tradicionalmente trilhando.
Podemos afirmar que este fenômeno vem contaminando o campo religioso brasileiro, já
que muitas igrejas, a partir da observação da crescente adesão popular àquelas
instituições supracitadas, se vêem obrigadas a oferecer uma resposta igualmente
competitiva aos desafios impostos pelos neopentecostais. As grandes divisões no seio
deste movimento protestante de resposta acabam por produzir também diversos matizes,
por vezes concorrentes, do neopentecostalismo.

As análises sobre o nosso objeto justificam seu crescimento como resultado da


transformação e acentuação do processo de urbanização, industrialização e anomia
social. Ele se apresenta com liberalidade nos costumes e espaços mais elásticos na ética,
ambiente ideal para a classe média na fuga do policiamento das igrejas pentecostais. Na
maioria dos casos, são igrejas que surgiram de forma autônoma, como um projeto
pessoal, e a falta de tradição abre caminho para uma amplitude “dogmática” 8 que
conduz a uma facilidade na adequação dos discursos a fins específicos. Outro caráter
que ocasiona a pulverização destas igrejas é a tendência de gerar grandes
personalidades, “lideranças carismáticas” 9 que imprimem suas marcas de modo a
oferecerem barreiras à formação de uma estrutura eclesiástica nacional, produzindo um
“caciquismo”, um esfacelamento em “Ministérios” 10.

No entanto, até agora tratamos somente de aspectos mais estruturais do nosso objeto,
aqueles que menos incitam polêmicas. O centro dos debates se encontra, naturalmente,
nos paradigmas da espiritualidade próprios a esta tendência. Para que compreendamos
todos eles, precisamos conhecer a partir de qual pressuposto o neopentecostalismo age.
A Teologia da Prosperidade, surgida nos EUA, prega que a pobreza é de origem
demoníaca e que o verdadeiro Deus, que seria um pai amoroso e rico, teria a vontade de
ver seus filhos sadios e prósperos. Aquele que vive excluído deste plano de riqueza
estaria fora dos propósitos divinos.

Todo aquele que crê nesta doutrina teria o direito de exigir de Deus a realização
imediata de seus anseios devido à promessa de aliança feita com Ele, a partir da morte
sacrificial de Jesus. Deste modo, Deus estaria obrigado a resolver os assuntos de saúde,
de riqueza e de felicidade daqueles filhos que manifestassem fé incondicional 11. No
entanto, esta incondicionalidade da fé se manifesta na oferta de dinheiro, que deve ser
generosa na proporcionalidade da graça que se deseja receber. A oferta é feita na lógica
do sacrifício, e não da compra da benção, o gasto com o sagrado não deve ser medido 12.
Sendo assim, podemos afirmar que há o deslocamento do sentido do dinheiro, que,
historicamente visto como algo impuro, assume aqui o papel de realizador da mediação
com o sagrado 13. E mais, obedece a parâmetros quantitativos, já que a chance de receber
a graça depende do valor ofertado.

“[...] a prosperidade, cuja idéia central é de que a pobreza é o resultado da falta de fé


ou de ignorância. O princípio básico da prosperidade é a doação financeira, entendida
não como um ato de gratidão ou devolução a Deus (como na teologia tradicional), mas
como um investimento. Devemos dar a Deus para que ele nos devolva com lucro” 14

Com a máxima “Pare de sofrer”, os neopentecostais tomam para si o poder de liquidar


os problemas dos fiéis, desde os mais simples até os aparentemente de maior
complexidade, como a expulsão de supostos demônios. Consideram-se detentores dos
meios legítimos de resolução milagrosa das angústias dos seres humanos. Ao contrário
de supervalorizar temas bíblicos tradicionais como o sacrifício e a humildade, o
privilégio é dado à valorização da fé em Deus como escada para alcance de saúde física,
mental e financeira 15. Deste modo, podemos verificar que a Teologia da Prosperidade
dá à classe média a identificação com os neopentecostais. O neopentecostalismo é um
fenômeno de adaptação da sociedade moderna à lógica de onde parte o princípio de que
tudo se vende e se compra.

Como conseqüência da fé enquanto via de superação dos problemas cotidianos, o


neopentecostal desescatologiza a história. O encontro transcendente com Deus é via de
cura para os problemas que oferecem resistência ao sucesso do crente em sua vida
terrena. E é nisso que reside a grandiosa adesão a esta corrente doutrinária: a teologia
não combate os aspectos mais negados por outras religiões relativos às relações sociais.
O jornal “O Mensageiro da Paz”, da Assembléia de Deus, condena. Enquanto a Folha
Universal, da IURD, ensina o uso de cosméticos, atualiza as últimas tendências da moda
e fala de celebridades e comportamento.

Tal “informativo”, com uma tiragem que varia de 2.500.000 a 3.000.000 de exemplares,
é distribuído gratuitamente em locais de grande movimento, como a estação de trens
urbanos Central do Brasil, no Rio de Janeiro. Estrategicamente, o jornal, os programas
de televisão e rádio, além dos livros lançados 16, agem como captadores de grupos de
pessoas insatisfeitas, na atração para a possibilidade de sucesso a partir da experiência
religiosa.

A ênfase na realização de milagres mediados pelas igrejas, a partir de rituais


abundantemente emotivos, é dada na divulgação intensa de testemunhos públicos
naqueles meios midiáticos de domínio das igrejas. Esta prática é fruto da sensibilidade
das mesmas em captar desejos dos fiéis, capacidade que a Igreja Católica não tem, já
que não dedica lugar em sua doutrina para a importância da situação financeira de seus
adeptos. Desta forma, o neopentecostalismo produz um reencantamento com o mundo
por inserir a religião na sociedade, e se centrar na imediatização das respostas aos
sofrimentos dos fiéis, independente de serem de ordem espiritual, afetiva ou financeira
17.

Se concebermos “marketing” enquanto tarefa de criar, promover e fornecer bens e


serviços a clientes 18, podemos, sem maiores constrangimentos, afirmar o caráter
marketeiro das instituições neopentecostais. A produção de serviços mágicos 19 para
atender aos problemas dos fiéis relativos aos males da sociedade moderna instaura um
mercado religioso de compensadores 20.

“A IURD como empresa religiosa sempre soube, desde seu início, na figura
caris¬mática de seu líder maior, Edir Macedo, utilizar as mais modernas técnicas
mer¬cadológicas de convencimento, tendo consciência de que, na sociedade de
consumo, o êxito de qualquer empre¬endimento depende diretamente da satisfação das
necessidades do público consumidor.” 21

Podemos concluir que tal caráter abre caminho para uma aceitação e incentivo ao prazer
de viver bem, de desfrute do corpo saudável e da riqueza para benefício próprio.
neopentecostalismo perdeu no caminho o tradicional mal estar do cristão no mundo. O
mundo não é algo estranho, ambiente de sofrimento e aprimoramento espiritual para o
alcance do céu como recompensa. Uma vida próspera é sinalizadora de profunda
comunhão com um Deus de opulência, graça que só se alcança através de grandes
sacrifícios pessoais medidos na generosidade da oferta em dinheiro. O ambiente
eclesiástico deve estar revestido de atmosfera de grandiosidade, vide o tamanho dos
templos, e de festividade, produzindo o que podemos chamar de “religião de
espetáculo”, onde os aparatos midiáticos têm grande peso.

Por este discurso, na contramão dos tradicionais aspectos doutrinários do cristianismo, é


que as igrejas neopentecostais são alvo de estudos acerca dos limites da ética no campo
religioso. Até que ponto seria legítimo a uma corrente religiosa estabelecer seus dogmas
e praticá-los com autonomia? Haveria necessidade e viabilidade do estabelecimento de
códigos de ética religiosa? Seria legítimo enquadrar as religiões em tais códigos? A
questão da liberdade religiosa indica que qualquer tentativa de limitação traria mais
problemas que soluções a questões éticas que incomodam setores religiosos, que se
sentem ameaçados diante das proporções que as igrejas neopentecostais vêm
assumindo.

Os surpreendentes níveis de adesão às tendências neopentecostais se devem à


necessidade da escolha, por parte dos fiéis, de visões de mundo e discursos religiosos
que estejam em melhor sintonia e imprimam novo sentido à sociedade atual. O
neopentecostalismo captou esta necessidade e produziu um discurso, e apropriação da
magia 22, que dão conta desta obsessão por sucesso e ascensão urgentes, intolerância ao
sofrimento, fracasso e pobreza 23.

Sendo assim, as igrejas neopentecostais usam das possibilidades operacionais oferecidas


pelos recursos informatizados e midiatizados para oferecer às pessoas espaços
alternativos de identificação. As relações estabelecidas, bem como as práticas, marcam
um grupo que se constitui como um código novo de identificação dos indivíduos nos
jogos de poder atuais, e se destaca justamente pelo êxito com que administra sua
posição no jogo, questionando a posição dos outros jogadores.

b) NEO-PENTECOSTALISMO:

Nos anos 50, surge um novo grupo pentecostal fazendo dos milagres e da cura divina
sua principal ênfase, diferente do primeiro grupo, onde a ênfase recaía sobre a
glossolalia; entretanto, a marca fundante e o aspecto doutrinário principal
permaneceram inalterados. Esse segundo grupo pentecostal é liderado pela Igreja do
evangelho quadrangular quando dois atores do cinema americano chegam ao Brasil em
1951: Harold Williams e Raymond Boatright. Suas primeiras atividades foi o trabalho
debaixo de tendas para suas reuniões. Um outro aspecto foi a difusão por meio do rádio
(que era considerado até então pelo pentecostalismo clássico como atividade
“mundana”). Foi a Igreja do Evangelho quadrangular que criou a primeira escola
teológica pentecostal. Fazem parte, ainda, desse primeiro grupo: Igreja Pentecostal O
Brasil para Cristo (1956); Igreja Pentecostal Deus é Amor (1957); Igreja de Nova Vida
(1960); Casa da Benção (1964), Metodista Weslyana (1967). Além desses, muitos
outros pequenos grupos surgem no Brasil, com o mesmo modelo e ênfases. É
importante notar as diferenças que começam a surgir no pentecostalismo dentro desse
grupo. Em primeiro lugar a ênfase muda para as curas e as visões apesar de as línguas
fazerem parte da experiência pentecostal. Um outro aspecto que começa a mudar é a
participação nas atividades da sociedade como o uso do rádio, uso de estilos musicais
mais modernos, criação de seminários de teologia.

c ) PÓS-PENTECOSTALISMO

Essa nomenclatura é pouco usual entre os que estudam o pentecostalismo. Em alguns


casos, pode-se até observar os próprios pós-pentecostais acusarem a igreja pentecostal
histórica de ser pós-pentecostal porque trariam um comportamento frio e incrédulo. Em
nossa discussão, o termo tem uma conotação diferente. O aspecto mais importante aqui
é o de ruptura. Acreditamos que o termo utilizado é o ideal para esse último grupo.
Levamos em conta as diferentes ênfases. Esse modelo permanece com alguns elementos
do pentecostalismo histórico, como a cura, e a oração; nota-se uma excessiva
importância na figura do Espírito Santo. No entanto a grande ênfase passar a ser o
exorcismo e a ação do demônio. Associado a isso está uma nova teologia que passa a
fazer parte da vida evangélica pentecostal. “A teologia da saúde e da prosperidade”.

Com esse grupo tem início a uma ruptura com a igreja pentecostal e um apego em suas
práticas ao sincretismo religioso. Entendemos que nos anos setenta, o país recebe o
impacto deste grupo pentecostal, junto com uma crise econômica sem precedentes, uma
crise internacional do petróleo e vivendo uma ditadura militar. O grande discurso
religioso desses grupos é que a culpa de todos os males, financeiros, de saúde e da
moral, é do diabo. Com essas idéias surge então o Salão da Fé (1975), a Igreja Universal
do Reino de Deus (1977), a Igreja Internacional da Graça de Deus (1980) e várias outras
igrejas menores com essas mesmas idéias teológicas e práticas sincréticas dentro do
pentecostalismo. Ficaram para trás as preocupações escatológicas e até mesmo a
glossolalia que no início do século XX era a grande bandeira do pentecostalismo.

Devido a tendência das igrejas pentecostais de aceitarem os dons de profecia e profetas,


sem uma ortodoxia bíblica, criou-se um espaço para as afirmações da teologia da
prosperidade, que encontrou solo fértil para se firmar. Essa teologia parecia ter raízes no
início do pentecostalismo, mas na verdade ela sofreu muitas influências do positivismo,
da ciência cristã, de alguns elementos da neuro-lingüística e do humanismo. Afirmam,
por exemplo, que a culpa das doenças no homem e a falta de dinheiro é devido ao
pecado ou a falta de fé. Para o cristão evangélico reformado e pentecostal histórico,
algum posicionamentos são qustionáveis como: o ensino das “maldições hereditárias”,
ou “maldições de família”. Esse tipo de conceito circula através de rádio, livros e
principalmente através da televisão.

Este ensino afirma que se alguém possue algum problema relacionado a pornografia,
nervosismo, divórcio, aloolismo, depressão, adultério, alcoolismo e muitos outros, é por
que um antepassado ou a geração passada está afetando e isso precisa ser quebrado.
(mesmo se a pessoa já for um cristão).Outras questões são quanto as questões criadas
por essa corrente sobre: ‘espíritos familiares’, ‘maldição de nomes próprios”, “espiritos
territoriais’, ‘mapeamento espiritual’, a’ crença na morte espiritual de Jesus’. Esse
assunto é uma confirmação das raízes da confissão positiva: o gnosticismo. Uma outra
questão muito delicada é a questão da batalha espiritual. A igreja cristã não pode negar a
verdade desta luta, mas deve ser ponderada, nesse caso específico, para aqueles, o
cristão pode ter sua vida afetada e ele ser possuido pelos demônios. Seu maior expoente
neste modelo de teologia é Kenneth Hagin.

SEGUNDO LIVRO METAMORPHOSIS E NEKROSIS _(SOUSA -João Bosco de –


2007) – Siciliano e livraria Poty livros.

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