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A MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES


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UNIVERSITÁRIOS EM AMBIENTE VIRTUAL CONSTRUCIONISTA

081-TC-C3

12 de maio 2005

Flávia Amaral Rezende


Universidade Cidade de São Paulo/UNICAMP – flavia@cidadesp.edu.br

Categoria: C - Métodos e Tecnologias

Setores Educacionais: 3 - Educação Universitária

Natureza: A - Relatório de Pesquisa


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Resumo
Nos últimos anos, vem aumentando o número de instituições do Ensino
Superior em busca de credenciamento para operar na modalidade de
Educação a Distância, regulamentada pelo Ministério da Educação através da
Portaria nº 2.253 de agosto de 2002 e norteada pelos Indicadores de
Qualidade para a Educação a Distância (SEED/MEC) cuja abordagem
pedagógica é nitidamente de caráter construcionista. Estariam os professores
universitários preparados para atuar em ambientes virtuais desta natureza?
Para planejar, desenhar e implementar um curso construcionista é necessário
preparar os professores universitários para uma mediação pedagógica
construcionista de alta interação. E como formá-los? Esta pesquisa investigou
simultaneamente os aspectos a) metodológicos de conformação do espaço de
ensino e aprendizagem construcionista e b) formativos ao proporcionar a
formação inicial de um grupo de professores da Universidade Cidade de São
Paulo para atuar como mediadores em ambientes virtuais construcionistas de
ensino e aprendizagem. Os resultados encontrados demonstram ser possível
formar professores online para o ensino superior tendo como base os conceitos
de simetria invertida e a formação em serviço na abordagem do estar-junto-
virtual em ambiente construcionista de aprendizagem, ao conformar o que
denominamos REDE REFLEXIVA IN-VISÍVEL, que possibilitou aos docentes
assumirem novas práticas não só no virtual como no presencial.

Palavras-chave:
Mediação pedagógica; professores universitários – formação; construcionismo

Introdução
A introdução de computadores na educação catalisou mudanças nas
salas de aula, porém, ainda, persistem a desorientação, as crenças errôneas e
a falta de conhecimento pedagógico entre os professores para aplicar os
recursos de Informática na educação formal, em especial no nível Superior.
Treinamento operacional não resolveu e nem resolve a questão da mudança
da prática docente com o uso das tecnologias da informação e comunicação.
Formar docentes para atuar em educação a distância é a chave na
implementação desta modalidade no ensino superior, principalmente quando
se almeja mudança na qualidade na aprendizagem. A mudança requerida é
muito mais ampla e complexa: exige a compreensão pedagógica do processo
de ensino e aprendizagem mediada, demanda o desenvolvimento de
competências e habilidades ESPECIAIS dos docentes e, porque não dizer, dos
alunos. Em particular, a educação a distância exige que o docente saiba como
transpor sua prática do real para o ambiente mediado por redes telemáticas.
Assim, a formação dos docentes deve ser visto como um componente
estratégico da mudança na implementação de uma educação a distância de
qualidade, implica uma educação com foco no processo de aprendizagem de
cada aluno.
Na sociedade atual, a aprendizagem não pode ser encarada por alunos
e professores como uma atividade mecânica e simplista dada a diversidade e a
complexidade da realidade a que estamos inseridos. Os problemas exigem
tomada de decisão, criatividade e a busca por inovação. Para isso, não basta
utilizar recursos alternativos, tecnologias de ponta, se não se desenvolver as
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CAPACIDADES ESTRATÉGICAS de como e quando usar tais recursos no processo


de ensino-aprendizagem. (Pozo, 2000, p. 235)
Mobilizar as CAPACIDADES ESTRATÉGICAS de forma “controlada” (e não
automaticamente ou por “pura intuição”) implica fixar objetivos ou metas, definir
o estado inicial, identificar estratégias adequadas, selecionar os recursos e
procedimentos mais eficazes e domínio das técnicas mais simples para
solucionar criativamente o problema e avaliar a realização dos objetivos fixados
após a aplicação das estratégias. Implica contínuo planejamento,
acompanhamento e avaliação do processo e do produto. Aquele que aprende
deve compreender o que está fazendo e porque está fazendo, o que por sua
vez exigirá uma reflexão consciente, um metaconhecimento, sobre os
procedimentos adotados (Pozo, 2000, p. 235-236). Implica mudar o processo
de MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA: uma nova postura por parte dos agentes de
aprendizagem (professor e alunos) frente às situações das mais simples às
mais complexas. Implica a adoção real da modalidade não-presencial por parte
dos administradores das instituições de ensino superior ao idealizar projetos
políticos pedagógicos que privilegiem a abordagem com foco na aprendizagem.

A aprendizagem em ambientes construcionistas


O ambiente virtual de ensino e aprendizagem é recente na História da
Educação, portanto é imprescindível que os professores que desejem atuar
online aprendam coletivamente a explicitar a construção do processo de
mediação dos saberes e fazeres pedagógicos, transformando-o em
conhecimento pedagógico compartilhado que, segundo Bolzan (2002,
p.151). Isso é possível se realizado em ambientes virtuais CONSTRUCIONISTAS.
[Papert] usou este termo [construcionismo] para mostrar um outro nível
de construção do conhecimento: aquele que acontece quando o aluno
desenvolve um objeto de seu interesse, como uma obra de arte, um relato
de uma experiência ou um programa de computador. Na noção do
construcionismo de Papert existem duas idéias que contribuem para que a
construção do conhecimento seja diferente de Piaget. Primeiro, o aprendiz
constrói alguma coisa, ou seja, é o aprendizado por meio do fazer, do
colocar a mão na massa. Segundo, é o fato de o aprendiz estar
construindo algo de seu interesse e para o qual está bastante
motivado. O envolvimento afetivo torna a aprendizagem mais
significativa.” [grifo nosso] (Valente, 2001, p. 34)

Em ambientes virtuais construcionistas, durante o processo do fazer algo


de seu interesse, auxiliado pelo computador e por uma pessoa mais
experiente2 (como o professor), o aluno teria um produto concreto e
contextualizado de seu interesse, resultando num sentimento de EMPOWERMENT
(de satisfação) de que é capaz de realizar algo e de que pode melhorar
sempre. Este sentimento passa a ser o motor que o impulsiona a enfrentar
novas situações desafiadoras, portanto para continuar a aprender e melhorar
sua capacidade de pensar e realizar tarefas. (Valente, 2001, p.38) A Figura 1
indica as sucessivas ações que acontecem no processo de realização do
produto de interesse do aluno enquanto é auxiliado por alguém mais
experiente, resultando no sentimento de empowerment.
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Figura 1 – O processo de realização de algo de interesse pessoal


resulta num processo reflexivo e no sentimento de EMPOWERMENT pelo aluno.

O ambiente construcionista deve propiciar condições para que o aluno


adquira conhecimento sobre sua própria aprendizagem (como eu aprendo?).
Ou seja, o conhecimento Matético que consiste na arte de aprender,
cabendo ao professor não só avaliar o aprendiz mas sobretudo auxiliá-lo para
que ele tome consciência de que é capaz de continuar a aprender e a progredir
cada vez mais ao longo da vida. (Valente, 2001).
O desenho do ambiente construcionista deve privilegiar a QUALIDADE DA
INTERAÇÃO: o diálogo entre aluno e professor e aluno-aluno em seu mais ALTO
GRAU. Deve não estabelecer previamente objetivos de aprendizagem rígidos,
calcados em produtos pré-estabelecidos, que promovam apenas o
desenvolvimento de competências e habilidades estreitas e inflexíveis,
dificultando a transferência do conhecimento para outros contextos
(Cunningham, 1992, p. 38-43). Ao contrário, as ATIVIDADES devem dar espaço
de decisão ao aluno, de forma negociada, para que ele desenvolva projetos de
seu interesse cujo caminho de execução seja guiado por ele em diálogo com o
professor. Para isso, os objetos e atividades devem ser estimulantes para
envolver o aprendiz, devem ser ricos em oportunidades para permitir ao aluno
explorá-las e possibilitar aberturas para que o professor desafie os alunos e
com isso incrementem, mudem a QUALIDADE DAS INTERAÇÕES existentes no
ambiente. (Valente, 1999, p.41).
O papel mediador destinado ao professor (que passa a intervir sobre a
zona de desenvolvimento proximal do aprendiz por meio de um DIÁLOGO afetivo
incentivando as trocas no meio) e como ele organiza o contexto educacional
em torno dos alunos, com certas dinâmicas, ações e linguagens, podem
propiciar APRENDIZAGENS SIGNIFICATIVAS E COMPARTILHADAS que caracterizariam
os ambientes construcionistas.
A aplicação das redes telemáticas aproximou professor e aluno ao dotar
o ambiente construcionista de uma outra dinâmica que favorece o fazer
reflexivo e consciente do aluno mediado pelo professor. Valente chamou-a de
ABORDAGEM DO ESTAR-JUNTO-VIRTUAL, pois as interações entre os membros de
uma dada comunidade ganham novas dimensões principalmente se auxiliadas
pelo software gerenciador do ambiente construído a partir dos pressupostos
construcionistas como o é o caso do ambiente Teleduc2 Pois, ao alterar a
tecnologia (de software educativo instalado num computador para
computadores conectados por redes telemáticas) amplificou-se a visibilidade
das interações e, portanto, dos CICLOS DE APRENDIZAGEM (Valente 1999) e das
ESPIRAIS DE APRENDIZAGEM (Valente, 2002) alimentados pela ALTA INTERAÇÃO, via
DIÁLOGO. A partir das experiências em redes telemáticas, Valente e Prado
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(2002) ampliaram a noção de espiral de aprendizagem, transformando-a em


REDEMOINHO DA APRENDIZAGEM ao demonstrarem o movimento exponencial
resultante de uma prática educativa em ambiente de colaboração via rede
telemática.
A abordagem do ESTAR-JUNTO-VIRTUAL exige que a MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA
(responsável pela configuração do ambiente ao inter-relacionar recursos
didáticos, atividades e interações) seja articulada de maneira integrada à
concepção de ensino e aprendizagem. A MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA, com ênfase
no diálogo, se constitui, portanto, no principal componente da conformação de
ambientes de aprendizagem construcionistas. E o PROFESSOR-MEDIADOR-
DESIGNER passa a ser componente chave neste processo.

A mediação como componente chave na formação docente universitária


No âmbito do Ensino Superior, a possibilidade de implementar 20% da
grade em modalidade não-presencial vem mobilizando administradores,
gestores educacionais e professores em busca de novas tecnologias para não
perderem competitividade. Poucos, no entanto, buscam se diferenciar na
qualidade real de seus cursos, oferecendo programas cuja abordagem
pedagógica tenha como “foco o aluno”, ou investem na formação de seus
professores.
Tomamos como ponto de partida para a formação dos docentes online o
conceito da simetria invertida (Mello, 2000), por acreditar que o ambiente
tecnológico de alta interação propicia a transformação do sujeito-aprendiz em
serviço, pautado pela contextualização e descontextualização, pela realização
de sucessivos ciclos de aprendizagem coerente com a abordagem do estar-
junto-virtual. Ou seja, para aprender a ser professor online, é necessário que o
professor vivencie o aluno online e atue como professor online. Além de
propiciar a ambientação ao meio digital, a simetria invertida permite que o
aluno-professor adquira consciência da necessidade de refletir na, no momento
da e sobre a prática (Prado, 2003), durante todo o processo de formação a fim
de transformar não só sua prática em sala de aula como seu papel e prática em
ambientes virtuais. O software Teleduc apresenta ferramentas essenciais para
gerar processos reflexivos individuais e coletivos por meio de diferentes canais
de interação; e, na mesma interface gráfica, com um simples clique sobre o
menu de ferramentas, alternando a VISÃO DO ALUNO e VISÃO DO FORMADOR,
permite transformar o aluno em professor, reduzindo o esforço cognitivo e
emocional do docente-aprendiz.
A MEDIAÇÃO de ambientes de ensino e aprendizagem construcionistas
virtuais exige que o professor evite rotinas, fixação de respostas, hábitos.
Caracteriza-se por apresentar problemas aos alunos, sem ensinar-lhes a
solução, com a função de provocar desequilíbrios, fazer desafios. O professor
deve assumir o papel de investigador, pesquisador e orientador; orientar o
aluno e conceder-lhe ampla margem de autocontrole e autonomia. Deve
conviver com os alunos, observar seus comportamentos, conversar perguntar
mais do que responder, se deixar ser interrogado por eles, para que possam
realizar sua aprendizagem e desenvolvimento (Mizukami, 1986, p. 76-79).
Para realizar a MEDIAÇÃO, é indispensável, no entanto, que o professor
conheça profundamente o conteúdo de sua disciplina, caso contrário não lhe
será possível propor situações realmente desiquilibradoras aos alunos. Por
conteúdo compreende-se a epistemologia que permeia determinado
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conhecimento (disciplina ou conjunto de disciplinas) o que implica dizer, que o


professor deve ter clareza do objeto, do(s) método(s), das linguagens, das
inúmeras formas expressivas, dos processos, da História das teorias que
formam o corpo do Conhecimento a ser ensinado e aprendido. Todos esses
aspectos valem para o presencial e são fundamentais para a medição em
ambientes virtuais. (Rezende, 2004)
Segundo Masseto (2000), agir como mediadores pedagógicos em
ambientes virtuais de aprendizagem construcionistas precisariam desenvolver
algumas características e competências e habilidades: compreender que a
aprendizagem é o foco de sua ação educativa; ser capaz de construir uma
relação aluno-professor baseado na confiança e na empatia e colaboração
mútua; construir uma relação de parceria com o aluno durante toda sua ação
educativa: planejamento, execução e avaliação; enfatizar as estratégias
cooperativas de aprendizagem num ambiente de relação igualitária com seus
alunos; ter um domínio profundo de sua área de conhecimento, demonstrando
ter competência epistemológica, incentivando a pesquisa entre os alunos; ser
criativo e saber envolver os alunos em soluções novas e críticas, ao mesmo
tempo em que está aberto ao novo e inesperado propostos pelos alunos; estar
aberto ao diálogo a qualquer momento e lugar, sendo ágil em dar feedback;
saber desenvolver uma comunicação interpessoal que considere a
subjetividade e individualidade dos alunos; saber construir uma comunicação
que propicie a aprendizagem a distância o que implica utilizar palavras e
expressões que ajudem e incentivem o aprendiz em seu caminho em direção a
construção do conhecimento: implementar projetos, compartilhar problemas
sem apontar as soluções e respostas prescritivas, promovendo o pensamento
reflexivo e a tomada de consciência pelo aluno durante toda sua trajetória. Em
resumo, ser um mediador pedagógico na abordagem do estar-junto-virtual.
Porém, não podemos (nem devemos) idealizar o educador online. Um
professor iniciante, como a maioria o é, jamais desenvolveria num único curso
de formação todas as características acima. Por outro lado, ao tentar se
espelhar na relação apontada por Masetto um professor iniciante poderia
desistir e paralisar suas atividades docentes. A questão principal que se coloca
àqueles que desejarem vir-a-ser professor online seria ter consciência de que
para ser um mediador online deverá se preparar para: 1) desenvolver o
conhecimento pedagógico (teorias de aprendizagem) que o capacite a atuar
como instrumento auxiliar de ensino e aprendizagem, usando o computador
como suporte; 2) adquirir consistência teórica dos conteúdos disciplinares a
serem ensinados; e 3) aprender, gradativamente, a transpor sua prática do real
ao virtual, realizando experiências concretas, dotado de postura reflexiva na e
sobre a ação, não aceitando modelos prontos e acabados. E possuir como
meta profissional as competências indicadas por Masetto, que serão
desenvolvidas naturalmente dentro de uma práxis coerente e consistente.

A formação no contexto da Universidade Cidade de São Paulo


Transformar a visão e a prática pedagógica dos professores em relação
à aprendizagem dos alunos tanto no presencial como em ambiente virtual
conectado em rede se constitui no desafio dos dirigentes e da equipe do
Núcleo de Educação a Distância (NEaD) da Universidade Cidade de São
Paulo.
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Em 2002, a Pró-Reitoria de Ensino da Universidade Cidade de São


Paulo juntamente com diretores e professores concluiram um processo de dois
anos de construção coletiva e colocaram em prática os novos projetos
pedagógicos na universidade: currículos por competências. Naquele ano,
decidiu-se implementar a modalidade não-presencial para os cursos de
graduação. Criou-se o Núcleo de Educação a Distância (NEaD-UNICID) para
ser o responsável pela concepção, produção, difusão, gestão e avaliação de
projetos e experiências inovadoras em Educação a Distância com a presença
do corpo docente. Dentre suas atribuições, o NEaD deve disseminar e
desenvolver na comunidade acadêmica competências metodológicas e
operacionais que permitam atender as demandas específicas de Graduação,
Pós-Graduação e Extensão atuais e futuras. Neste contexto, foi proposto o
curso de Formação de Professores online como parte da estratégia de
formação continuada de docentes da UNICID, uma vez que a instituição deseja
implementar a modalidade não-presencial, entre outros projetos de educação a
distância, na instituição.
O curso de Formação de Professores online (FP-UNICID) foi idealizado
como um curso introdutório e aplicado pela primeira vez em janeiro de 2003,
com o suporte do software TelEduc armazenado em servidor da UNICID.
Desde o seu desenho original, procurou-se incorporar algumas orientações
apontadas pelos Indicadores de Qualidade propostos pelo SEED/MEC, cujas
características são notadamente construcionistas.
A organização dos conteúdos e dos objetivos foram desenhados de
maneira a atender os pressupostos da simetria invertida e a tomada de
consciência pelo aluno do seu CICLO DE APRENDIZAGEM (Valente, 1993) para que
percebessem a mudança de paradigma colocada para a EaD na instituição. O
curso apresenta dois momentos ou visões – DO ALUNO E DO PROFESSOR – para
atender o conceito de simetria invertida. O desenho do ambiente é marcado por
atividades abertas e significativas entrelaçadas para garantir a reflexão na e
sobre a ação e a alta interação exigidas para um ambiente na abordagem do
ESTAR-JUNTO-VIRTUAL, no transcorrer do curso, costumam ser incorporadas
novas ações reflexivas individuais e coletivas para fomentar a dança
conversacional e permitir a construção do conhecimento pedagógico
compartilhado (Bolzan, 2002).
Como parte da metodologia de conformação do desenho do curso, antes
do início, os docentes-alunos são convidados a responder via correio eletrônico
um questionário no qual expressam suas expectativas e necessidades bem
como suas habilidades com o computador e a rede Internet. Falam de sua
experiência prévia na modalidade de educação a distância; quantas horas
dispõem para estudar e com qual equipamento e conexão irão estudar. A
análise das respostas dos questionários costuma exigir mudanças no
planejamento para garantir que as habilidades operacionais e o tempo
disponível sejam compatíveis com a necessidade indicadas pelos docentes-
alunos.
Para conformar o ambiente, as ações do PROFESSOR-MEDIADOR-DESIGNER
deve se pautar por um fio condutor: o CONCEITO do curso. O CONCEITO do
ambiente deve ser a referência do mediador-designer, principalmente quando
se requer uma conformação flexível do espaço virtual. É o CONCEITO que
permite que os elementos adicionados ao desenho do ambiente se mantenham
entrelaçados e integrados coerentemente.
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Para determinar o CONCEITO do ambiente de aprendizagem do FP-


UNICID (Figura 2) consideramos três aspectos: 1) a concepção de ensino e
aprendizagem (em nosso caso, as referências teóricas de Vigotsky, Piaget e
Papert); 2) as necessidades e interesses dos alunos (neste caso, o de vir-a-ser
professor online) e 3) a intenção pedagógica inerente ao curso (os objetivos de
aprendizagem: transformação da prática docente) inseridos no contexto
político-pedagógico da UNICID.

Figura 2 – Conceito-guia: o espaço de intersecção das três referências no contexto

Neste curso, considerando o tempo de duração, a inter-relação da


necessidade dos docentes-alunos com a intenção pedagógica e os
pressupostos construcionistas, foi estabelecido o CONCEITO-GUIA como sendo o
de: PROPICIAR A REFLEXÃO NA E SOBRE A AÇÃO DOCENTE A FIM DE ENGENDRAR A
TRANSFORMAÇÃO DA PRÁTICA PEDAGÓGICA DOS ALUNOS-PROFESSORES.
Para garantir a articulação coerente de todos os elementos com o
CONCEITO, buscou-se constituir uma REDE REFLEXIVA IN-VISÍVEL (Rezende, 2004).
Trata-se de uma trama não-linear que busca integrar o entrelaçamento das
atividades, dos recursos materiais e das ações da mediação pedagógica no
contínuo do curso, transformado-os em redemoinhos da aprendizagem, cujo
movimento exponencial da cooperação e colaboração resultasse na construção
de significados individuais e coletivos dos agentes (alunos e professor). Ou
seja, uma trama que enredasse tantas situações quantas fossem necessárias
por meio de estratégias pedagógicas (atividades e recursos materiais) e da
conversação para que os alunos tomassem consciência (adquirissem
visibilidade) de que algo estava se transformando em sua individualidade e
com sucesso (empowerment).
No âmbito da REDE, as reflexões na e sobre a ação deveriam contribuir
para o movimento espiral vertical ascendente nas agendas e horizontal no
transcorrer do curso; entrelaçadas de inúmeras outras espirais reflexivas
provocadas pela interação entre professor-aluno e aluno-aluno proporcionada
pelas atividades e a cada expressão e representações pessoais, resultantes
das leituras e dos recursos materiais alocados no ambiente. As espirais
deveriam formar NÓS REFLEXIVOS em cada aluno, imprevisíveis, segundo seu
tempo de desenvolvimento e aprendizagem (a singularidade de aprendizagem
de cada aluno.), propiciando momentos de encontro (Furlanetto, 2002). Os
NÓS REFLEXIVOS representariam a oportunidade de construção de novo
conhecimento.
Estabelecidos o CONCEITO-guia e a REDE REFLEXIVA IN-VISÍVEL, no decorrer
do curso com o processo de interação com os docentes-alunos, as ATIVIDADES
foram sendo reformuladas de forma a garantir a transformação do aluno a partir
de sua expressão e reflexões pessoais. À mediadora coube criar situações
com alto grau de interação no ambiente para favorecer aos docentes-alunos
expressarem suas próprias idéias, registrando-as no sistema na linguagem (ou
múltiplas linguagens) mais adequada para cada um (verbal e não-verbal).
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A INTERAÇÃO [colaboração e cooperação], como regra, deve auxiliar o


aprendiz a realizar reflexões (reflexionantes) sobre os registros armazenados
no ambiente para permitir: 1º) conhecer o caminho de sua transformação; e/ou
2º) formalizar seus conceitos, mesmo que provisórios. Para isso, foram
utilizados ferramentas do Teleduc compatíveis com a intenção pedagógica:
inicialmente os canais assíncronos (Diário de Bordo, Portfólio e Comentários,
Correio e Fórum de Discussão) e demais ferramentas de informação (Leituras,
Material de Apoio, Acessos) e a partir da metade do curso incluídos o canal
síncrono (Bate-papo) e a ferramenta Intermap.
A estratégia macro foi dividir o ambiente em dois momentos
interconectados, durante os quais os docentes-alunos seriam orientados em
suas atividades a agir sobre algo (desenvolver um projeto concreto);
significando-o e re-significando-o continuamente, em sua linguagem pessoal,
mas que fosse compreendida pelo Outro, num clima envolto em alta interação.
Na primeira fase do curso, os docentes-alunos agiriam como Aluno e no
segundo momento, vivenciariam o Professor online, auxiliados pelas
ferramentas do Teleduc.
Foram alocados no ambiente como banco de informações de baixo
custo: textos e endereços na Internet para que contribuíssem para a
construção de uma concepção de ensino e aprendizagem construcionista.
Porém, ao perceber que os alunos-docentes construíam seus projetos apenas
com textos, a professora-mediadora sugeriu endereços de sites para que os
alunos percebessem a possibilidade de aplicar recursos materiais elaborados
em linguagens não verbais. A possibilidade de expressarem suas idéias em
sucessivos “rascunhos” a partir de diferentes formatos, como apresentação e
planilhas eletrônicas foi uma grande e agradável novidade para os docentes-
alunos.
A dinâmica do fazer e do compreender é visível no conjunto das
atividades propostas no ambiente do curso: a toda atividade do fazer
corresponde atividades reflexivas que mediadas pelo facilitador propiciam
condições para que ocorra a compreensão do processo construtivo pelo aluno-
docente, abrindo espaço para a formação de espirais e remoinhos de
aprendizagem (dança conversacional). O Quadro 1 esquematiza as diversas
atividades realizadas sobre a qual se apóia a REDE REFLEXIVA IN-VISÍVEL e as
sucessivas intervenções e colaborações realizadas no ambiente decorreram
desta malha.

QUADRO 1 – Dinâmica entre o fazer e o compreender


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O alto grau de interação proporcionado pelas atividades e recursos


didáticos, aliados ao clima de cooperação e colaboração, baseado na
confiança e respeito gerado no ambiente, foram responsáveis pela
transformação dos projetos e da participação de muitos alunos-docentes.

Considerações Finais
Para ser professor online é preciso saber transpor. Isto é, não basta ser
professor enquanto profissional que se limita a executar de maneira idêntica
tarefas únicas e repetitivas. É necessário que o docente aprenda a utilizar suas
competências e habilidades comunicativas, pedagógicas, científicas e criativas
para ensinar em contextos diversos, conformando um novo.
No entanto, esse saber (a TOMADA DE CONSCIÊNCIA sobre a própria
prática) não se adquire em curto prazo. A construção do conhecimento sobre
MEDIAÇÃO E TRANSPOSIÇÃO PEDAGÓGICO no âmbito da educação a distância é um
processo lento, que se realiza num processo reflexivo contínuo de experiência
a experiência, a partir dos conhecimentos individuais dos participantes do
processo, ao longo de sua vida profissional, no contexto do ambiente
pedagógico e social, orientando o processo de transformação e apropriação.
Assim, sugerimos que a formação de professores online aconteça numa
abordagem inicial, introdutória, durante a qual se ofereçam condições para que
se realize não só a construção do conhecimento pedagógico adequado aos
pressupostos construcionistas, mas que propicie condições para que aconteça
a transformação de um processo interpessoal num processo intrapessoal [que]
envolva o ajustamento e a reelaboração entre o que o indivíduo traz e o que é
capaz de captar e aprender da atividade coletiva, no grupo, favorecendo essa
construção compartilhada (Bolzan, 2002, p. 154), gerando a mudança na ação
educativa do presencial ao virtual e conseqüentemente do virtual para o
presencial.
No curso de Formação de Professores online, desenvolvido pelo NeaD
da Universidade Cidade de São Paulo, o produto perde sua importância relativa
para o processo de aprendizagem. Ao docente-aluno foi mais prazeroso
perceber que aprendeu (o quê, porque e como fez para aprender) do que o
projeto final em si (plano de aula transformada). Assim, para que ocorra a
mudança da ação de ensinar e de aprender é necessário que haja condições
para tal. Implica a existência de um contexto político pedagógico administrativo
coerente com foco no processo de aprendizagem. Implica conformar ambientes
com características adequadas à aprendizagem, como o ambiente virtual
construcionista na abordagem do estar-junto-virtual.

Notas
1
Dissertação de Mestrado apresentada a 24 de outubro de 2004, no Mestrado
em Multimeios do Instituto de Artes da UNICAMP, sob a orientação do Prof. Dr.
José Armando Valente.
2
Sua ação deverá estar norteada pelas teorias de Piaget e Vigotsky para
ajudar o(s)aluno(s) a tomar consciência de seu processo de aprendizagem.
3
O software livre Teleduc, gerenciador de ambiente de ensino e aprendizagem
virtual, foi desenvolvido pelos pesquisadores do NIED e do Instituto de
Computação - UNICAMP. (http://www.nied.unicamp.br)
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