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UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS

DIREITO CIVIL III

Prof. Vinicius de Negreiros Calado

CONTRATOS DE EMPRÉSTIMO

1. Generalidades

a) Origem: Direito Romano: Commodum datum  vem do latim e significa o que se


dá para o cômodo ou proveito de outrem.

b) Definição: É o contrato pelo qual uma pessoa entrega a outra uma coisa, para que
dela se sirva, com a obrigação de restituí-la.

c) Espécies: Comodato e Mútuo.

d) Principais diferenças: Natureza do objeto do contrato e os seus efeitos.


Quem empresta: livro a amigo comodato; livro a livreiro  mútuo.

2. Comodato – empréstimo de uso

Definição: É um contrato unilateral, a título gratuito , pelo qual alguém entrega a


outrem coisa infungível, para ser usada temporariamente e depois
restituída. (Washington de Barros)

Base Legal: "Art. 579. O comodato é o empréstimo gratuito de coisas não fungíveis.
Perfaz-se com a tradição do objeto.”

Vocábulos: Comodante (aquele que empresta) e comodatário (tomador).

Características: Unilateral, gratuito, real, não-solene, intuitu personae e temporário.

 Obriga tão-somente o comodatário e somente a este favorece,


realizando-se pela tradição (entrega da coisa), não exigindo a Lei forma
especial para sua validade.

Intuitu personae: Favorecimento pessoal, confiança na pessoa do comodatário, não se


transfere a herdeiros (em princípio), salvo ratificação do comodante.

Objeto: Bem não fungível, caso o objeto seja uma coisa fungível não estaremos
diante de um contrato de comodato, mas de outro negócio jurídico.

 Pressupõe-se a restituição em espécie, com base nas características


particulares do bem. Ou seja, restituir-se-á a MESMA COISA
EMPRESTADA. Ex.: Carro Placa KKK 9999, Fazenda BOMCAMPO.

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Def. Fungível: “Art. 85. São fungíveis os móveis que podem substituir-se por outros
da mesma espécie, qualidade e quantidade.”

Def. Consumível: “Art. 86. São consumíveis os bens móveis cujo uso importa
destruição imediata da própria substância, sendo também
considerados tais os destinados à alienação.”
Comodato Modal:

Empréstimo de uso e ENCARGO  reúne todas as características do comodato em si,


acrescido de um encargo imposto ao comodatário, desde que tal encargo não se
materialize numa verdadeira contraprestação.

Exemplos: a) JOÃO empresta a BRUNO sua casa de campo, comprometendo-se


BRUNO a tratar dos cachorrinhos de JOÃO.

b) Marcos empresta a Antonio o seu computador, encarregando-se


Antonio de atualizar o anti-vírus durante este período.

Incapacidade para outorga de comodato: Tutores, curadores e administradores de bens


alheios em geral, salvo autorização especial.

Justificativa  Por não serem proprietários e por não se considerar como ato de
administração normal a cessão gratuita de uso.

Autorização especial  do dono, se pessoa capaz ou do juiz (ouvido o MP) se incapaz.

Prazo – Presunções (art. 581)

Comodato é sempre temporal, senão será doação e não comodato.

Caso o prazo não seja convencionado, há a presunção legal de que o mesmo se dará
pelo prazo necessário para o uso concedido. Ex.: Casa de praia (verão), feriado
prolongado, trator para colheita (até a mesma se encerrar), esquis (durante o inverno).

Retomada

O comodante NÃO TEM DIREITO DE EXIGIR a retomada do bem antes de findo o


prazo convencionado ou presumido, salvo necessidade urgente e imprevista,
reconhecida judicialmente. (art. 580, segunda parte)

Direitos e Deveres do Comodatário

a) Direito de usar a coisa conforme sua natureza e destinação;


b) Dever de zelo (Art. 582);
c) Dever de manter a coisa às suas expensas (art. 584);
d) Não se presume a percepção dos frutos em favor do comodatário;
e) Não responde pelos gastos extraordinários;
f) Se estiver em mora responde pela coisa, e ainda fica obrigado a pagar um
aluguel arbitrado pelo comodante; (art. 582, segunda parte)

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g) Responsável pelos riscos da coisa em caso de preterição da coisa alheia em
favor de coisa própria (art. 583). Ex.: Num incêndio, salvo o meu quadro de
Portinari e deixo queimar o Di Cavalcante dado em comodato.

Direitos e Deveres do Comodante

a) Entregar a coisa;
b) Não tolher o uso e o gozo do comodatário durante o prazo convencionado ou
presumido;
c) Responsabilidade pelas despesas extraordinárias, assim consideradas
aquelas excedentes a conservação normal da coisa;
d) Receber de volta a coisa ao final do comodato;
e) Responsabilidade por danos causados pela coisa (dever de vigilância); Ex.:
Emprestar veículo sabendo que os freios estão ruins.
f) Não se sujeita a evicção (art. 447);

Jurisprudência

REINTEGRAÇÃO DE POSSE – COMODATO – PRAZO INDETERMINADO – NOTIFICAÇÃO –


Tratando-se de comodato por prazo indeterminado, para a restituição do bem é suficiente a
notificação do comodatário, conforme, aliás, estabelecido em contrato. Empréstimo do imóvel
para uso temporário, a critério dos comodantes. Recurso especial não conhecido. (STJ – REsp
236454 – MG – 4ª T. – Rel. p/o Ac. Min. Barros Monteiro – DJU 11.06.2001 – p. 00227)

CIVIL – REINTEGRAÇÃO DE POSSE – COMODATO – ESBULHO – ALUGUERES DEVIDOS –


BENFEITORIA – COMPENSAÇÃO – I. Configurado o esbulho o pagamento de alugueres é
devido, conforme inteligência do art. 1.252, do Código Civil brasileiro, a fim de se evitar o
enriquecimento ilícito. II. Verificada a equivalência dos valores a serem pagos a título de
alugueres e dos valores a serem restituídos, pelas benfeitorias realizadas, permitida sua
compensação. (TJDF – APC 19990410017925 – 4ª T.Cív. – Relª Juíza Vera Andrighi – DJU
21.11.2001 – p. 164)

AGRAVO DE INSTRUMENTO – DIREITO NOVO – DECISÃO PROFERIDA DE ACORDO COM


O DIREITO ENTÃO VIGENTE – INTANGIBILIDADE – DISTRIBUIDORA DE PETRÓLEO – BEM
FORNECIDO POR ESSA AO POSTO DE ABASTECIMENTO – NATUREZA JURÍDICA –
COMODATO – INCORPORAÇÃO DE BENS – IMPOSSIBILIDADE – ABUSO DE PODER
ECONÔMICO – NÃO CONFIGURAÇÃO – O advento de direito novo não tem o condão de
alterar decisão colegiada proferida de acordo com o direito vigente à época. Os utensílios que
as distribuidoras de petróleo deixam em poder dos postos de combustíveis têm natureza jurídica
de comodato e não de mútuo, haja vista a gratuidade da utilização daqueles pelos referidos
postos. Havendo contrato de comodato entre as partes, não é curial e muito menos jurídico que
se fale em incorporação patrimonial de bens fornecidos pelo comodante ao comodatário. Não
induz abuso de poder econômico a retomada de bens dados em comodato pelas distribuidoras
de petróleo aos postos de combustíveis que desfraldam suas bandeiras. (TAMG – AI 0332289-4
– (42696) – 6ª C.Cív. – Rel. Juiz Belizário de Lacerda – J. 06.09.2001)

APELAÇÃO CÍVEL – LOCAÇÃO – AÇÃO DE DESPEJO POR FALTA DE PAGAMENTO –


Transcorrido longo tempo sem qualquer contraprestação por parte do possuidor direto, há de ser
entendida configurada nova relação jurídica, não mais locatícia mas de comodato. Carência de
ação por impossibilidade jurídica do pedido. Sentença mantida. (TJRS – APC 70001080019 –
16ª C.Cív. – Relª Desª Helena Cunha Vieira – J. 21.02.2001)

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3. Mútuo - Empréstimo de consumo

Definição: É um contrato pelo qual um dos contratantes transfere a propriedade do


bem fungível ao outro, que se obriga a lhe restituir coisa do mesmo gênero
qualidade e quantidade. (M.ª Helena Diniz)

Base Legal: “Art. 586. O mútuo é o empréstimo de coisas fungíveis. O mutuário é


obrigado a restituir ao mutuante o que dele recebeu em coisa do mesmo
gênero, qualidade e quantidade.”

Vocábulos: Mutuante (aquele que empresta) e mutuário (tomador).

Características: Unilateral (em princípio), gratuito (em princípio), real, não-solene e


temporário. Mútuo oneroso é bilateral (P. de Miranda apud VENOSA)

Objeto: bens fungíveis – é da essência e da estrutura do negócio jurídico a


restituição dos bens fungíveis. Ex.: gêneros alimentícios, dinheiro,
sementes, etc.

Domínio: No mútuo há transferência do domínio, correndo por conta do


mutuário os riscos a partir da tradição (entrega da coisa), art. 587.
 Destarte, pode dela o mutuário usar, gozar e dispor.

Vencimento antecipado da dívida:

 Caso o mutuário sofra alteração na sua situação econômica pode o mutuante exigir
garantia da restituição da coisa, sob pena de se entender vencida antecipadamente a
dívida (art. 590).

Finalidade Econômica:

O mútuo oneroso ou feneratício é permitido, presumindo a Lei (art. 591) que para o
mútuo realizado com fins econômicos são devidos juros, permitindo-se ainda a sua
capitalização anual, limitando-se a aplicação de tais juros ao percentual correspondente
a taxa SELIC.

Juros acima dos legais Caso a taxa pactuada supere a taxa SELIC serão os mesmos
reduzidos, por imperativo legal, ao patamar da mesma.

Presunção de prazo - Extinção: (art. 592)

a) Produtos agrícolas  Até a próxima colheita;


b) Dinheiro  30 (trinta) dias;
c) Qualquer outra coisa fungível  a cargo do mutuante.

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Mútuo feito a Menor: (art. 588)

Regra Geral  Requer autorização daquele que possui a guarda do mesmo, sob pena
de perda do bem (não poderá ser reavido nem do mutuário nem de
seus fiadores).

Exceções: a) Ratificação do responsável;


b) Em caso de necessidade para “alimentos habituais”;
c) Em caso de menor que exerce atividade laborativa, limitada aos seus
ganhos;
d) Se houve reversão em seu benefício (menor);
e) Se o menor agiu maliciosamente.

Obrigações de parte a parte:

Mutuário: a) Receber a coisa;


b) Devolvê-la ao fim do contrato;
c) Dar garantia do cumprimento da obrigação nos casos legais;
d) Pagar os juros, se convencionados;

Mutuante: a) Entregar a coisa;


b) Responder pelos vícios, inclusive redibitórios se for oneroso o mútuo;
c) Permitir o uso, gozo e disposição da coisa (consumo);
d) Respeitar o prazo do contrato.

Jurisprudência:

MÚTUO – Vencimento antecipado. Rescisão do contrato de trabalho. Cláusula potestativa.


Recurso especial. É possível, no recurso especial, examinar a conformidade da cláusula
contratual com a lei. Não é potestativa a cláusula que prevê o vencimento antecipado do
contrato de mútuo, concedido em situação favorecida, na hipótese de rompimento do
contrato de trabalho, se a rescisão decorre da demissão voluntária do empregado. Não
incidência do art. 115 do CCivil. Possibilidade de abusividade da cláusula, à luz de outros
dispositivos legais ou constitucionais, não examinada porque fora do âmbito do recurso especial.
Recurso não conhecido. (STJ – Ac. 199900674669 – RESP 224740 – SP – 4ª T. – Rel. Min. Ruy
Rosado de Aguiar – DJU 13.12.1999 – p. 00156)

AGRAVO – RECURSO ESPECIAL – MÚTUO BANCÁRIO COMUM – TAXA DE JUROS – 12%


AO ANO – ABUSIVIDADE E LIMITAÇÃO AFASTADAS – 1. Nos termos da jurisprudência desta
Corte e da Súmula nº 596/STF, tratando-se de contrato de confissão de dívida, originário de
mútuo bancário comum, não se aplica a limitação dos juros em 12% ao ano, ficando
afastada a abusividade da cláusula respectiva. 2. Não obstante o Código de Defesa do
Consumidor seja aplicável aos contratos bancários ante a existência de relação de consumo,
essa orientação não enseja, no caso presente, a limitação dos juros em 12% ao ano. 3. Agravo
desprovido. (STJ – AGRESP – 303448 – RS – 3ª T. – Rel. Min. Carlos Alberto Menezes
Direito – DJU 24.09.2001 – p. 00298)

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