Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
RELATÓRIO.
Irresignada, Alzira Flores Dantas interpôs o presente recurso de apelação contra a sentença, à
fl. 91 e ss., proferida pela Excelentíssima Senhora Juíza de Direito da 1ª Vara Cível da Comarca de Vitória da
Conquista, Doutora Ana Karena Nobre, que julgou procedentes em parte os pedidos formulados nos autos da
ação anulatória de partilha, ajuizada por Maria Dalva Andrade Dantas e Outros.
Em sede de contra-razões, à fl. 114 e ss. as apeladas pugnaram pela manutenção integral da
sentença.
Salvador, de de 2007.
EMENTA.
ACÓRDÃO.
Vistos, relatados e discutidos os autos do presente recurso de apelação, em que figuram como
apelantes Alzira Flores Dantas e, como apeladas, Maria Dalva Andrade Dantas e Outros.
Trata-se de recurso de apelação interposto por Alzira Flores Dantas contra a sentença, à fl. 91
e ss., proferida pela Excelentíssima Senhora Juíza de Direito da 1ª Vara Cível da Comarca de Vitória da
Conquista, Doutora Ana Karena Nobre, que julgou procedentes em parte os pedidos formulados nos autos da
ação anulatória de partilha, ajuizada por Maria Dalva Andrade Dantas e Outros.
A apelante argüiu a preliminar de prescrição quanto ao alegado direito das autoras, ora
apeladas. Tal argumento não merece amparo. Isto porque, tratam os autos de anulação de parte da sentença
proferida em ação de arrolamento sumário, em que bem imóvel de terceiros (as autoras, ora apeladas) que foi
indevidamente incluído em formal de partilha homologado pela referida sentença. Portanto, encontra-se
caracterizada a hipótese descrita no art. 129 do CPC, segundo o qual o processo não deve ser utilizado para a
obtenção de fim proibido por lei. No caso em análise, a ilegalidade consistiu na ação de arrolamento sumário,
processo nº 97000313-3, ter sido utilizada para conseguir a transmissão da propriedade de bem imóvel de que
as autoras, ora apeladas, eram co-proprietárias juntamente com o falecido José Carlos Andrade Dantas, como
se este fosse o único proprietário. Além disso, o prazo prescricional é de 10 (dez) anos, conforme previsão do
caput do art. 205 c/c o art. 2.028 ambos do Novo Código Civil (saliente-se que o prazo prescricional previsto
no Antigo Código Civil era de 20 anos – art. 177 do CC/1916), uma vez que para esta hipótese, de utilização
do processo para a obtenção de fim proibido por lei, não existe prazo menor. Assim, tendo a sentença que
homologou a partilha sido publicada em 1º de outubro de 1997 e a presente ação anulatória sido ajuizada em
agosto de 2001, tem-se que a prescrição não está caracterizada. Desta maneira, rejeito a preliminar.
A apelante argüiu a preliminar de nulidade da sentença, alegando que esta não poderia ter
sido proferida em virtude de o processo estar suspenso aguardando o julgamento do recurso de agravo de
instrumento. Tal argumento não merece prevalecer. Isto porque, o art. 529 do CPC admite a hipótese de o
recurso de agravo de instrumento ser declarado prejudicado quando o juiz de primeiro grau reformar a
decisão interlocutória atacada. Nos autos em análise, a juíza de direito à fl. 92 in fine, revogou a decisão
interlocutória agravada. Desta maneira, tem-se por prejudicado o recurso de agravo de instrumento. Rejeito a
preliminar de nulidade da sentença.
A apelante argüiu a preliminar de nulidade processual por inexistência de citação dos demais
herdeiros. Tal argumento não merece prosperar. Isto porque, o vínculo jurídico entre os herdeiros enseja a
formação de litisconsórcio facultativo e unitário, uma vez que não é obrigatória a presença de todos os
herdeiros mas, mas o efeito da decisão é uniforme em relação a todos eles. É que os arts. 1.791 e 1.825 do
NCC estabelecem que o direito dos co-herdeiros quanto à propriedade e posse da herança, até a partilha, são
regulados pelas normas relativas ao condomínio e, ainda, a petição de herança pode ser exercida até mesmo
por apenas um dos herdeiros e compreender todos os bens hereditários. E os direitos e deveres dos
condôminos, conforme o art. 1.314 do NCC regem-se pela regra da solidariedade das obrigações enquanto
indivisa a coisa, de modo que a defesa e o recurso apresentados por um dos herdeiros aproveita aos demais,
como se observa no presente processo. Além disso, às fls. 95 in fine e 96 da sentença, a juíza de direito
expressamente ressalvou os direitos dos demais herdeiros que não compareceram:
Ressalte-se que a citação foi tentada, mas os herdeiros não foram encontrados, como se
observa à fl. 24 verso. Assim, estando caracterizada a solidariedade entre os herdeiros e tendo sido tal
circunstância expressamente resguardada na sentença, rejeito a preliminar de nulidade processual por
inexistência de citação.
Quanto ao mérito, as apelantes aduziram que a casa atualmente existente no terreno, e que foi
objeto do arrolamento sumário, não é a mesma a que as apeladas se referiram na petição inicial. Todavia, tal
afirmação, porque versa sobre direitos reais imobiliários, deveria ter sido demonstrada através de escritura
pública emitida pelo Cartório de Registros de Imóveis da Comarca de Vitória da Conquista, o único meio de
prova adequado para a demonstração do fato alegado. No entanto, as rés, ora apelantes, não se
desincumbiram do ônus de provar tal fato, de modo que, em relação a este ponto, a sentença não merece
qualquer reparo.
Desta maneira, pelas razões expostas, o voto é no sentido de conhecer o presente recurso para
rejeitar as preliminares aventadas e, em relação ao mérito, negar-lhe provimento a fim de manter
integralmente a sentença.
Publique-se.
Presidente.
Relator.
Procurador de Justiça.