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Nildo Viana: Marx está superado?

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11 de maio de 2006

Marx está superado?

Nildo Viana (*)


La Insignia. Brasil, maio de 2006.

Marx está superado? Nildo Viana É corrente nos meios acadêmicos a afirmação de que Marx está
superado. Até parece aquela velha história: uma mentira repetida centenas de vezes acaba
passando por verdade. Desde o final do século 19 e início do século 20 se fala em "crise do
marxismo" e não passam mais de cinco anos para aparecer alguém repetindo a fórmula da
superação de Marx e do marxismo. O verdadeiro problema está em saber por qual motivo esta
afirmação, apesar de todas as evidências em contrário, acaba sendo aceita por alguns, reproduzida
por outros e ganha, em determinados momentos, ressonância acadêmica.

A insistência na superação do marxismo e das obras de Marx é tão grande que se faz necessário
retomar as evidências contrárias a tal afirmação. Para se colocar que determinadas idéias estão
ultrapassadas é preciso comprovar isto sob duas formas simultâneas: do ponto de vista da teoria e
do ponto de vista da prática. Obviamente que muitas teses de Marx são criticadas (assim como
diversos outros pensadores considerados "clássicos" e que ninguém diz estar "superados", tal como
Weber, por exemplo). Como ele, enquanto indivíduo, morreu, então não pode responder. No entanto,
muitos concordam com suas teses e as defendem em seu lugar. Já se disse que para alguma idéia
estar morta é preciso que ela não tenha mais defensores. Não é este o caso das idéias de Marx.
Independentemente disto, é possível se afirmar que as teses de Marx foram refutadas cabalmente e
que seus erros foram comprovados. Porém, nenhum pensador ainda conseguiu esta proeza. Alguns
tentaram desacreditar algumas teses pontuais de Marx, mas além de não terem sido muito felizes,
ainda encontraram vários outros criticando-os por seus equívocos, que vão desde a incompreensão
do pensamento de Marx até a deformação, com raras exceções. Do ponto de vista prático, as idéias
de Marx sobrevivem, tanto nos meios acadêmicos, quanto nos meios políticos. E se por acaso toma-
se não o pensamento de Marx mas o marxismo, então a situação se complica, pois o número de
teses e desdobramentos se revela quantitativamente elevado e qualitativamente complexo. Assim,
tal comprovação não se realiza sob nenhum dos dois pontos de vistas, nem do teórico, nem do
prático.

Sendo assim, como se pode acreditar na ingênua afirmação da ultrapassagem do pensamento de


Marx? Não iremos discutir as fontes sociais deste posicionamento, desde as divergências políticas,
passando pelas contrafações acadêmicas por motivos da competição interna da comunidade
científica, até chegar aos eternos candidatos (acadêmicos ou políticos, à direita ou à esquerda) a
substitutos de Marx, que precisam destruir o ídolo para se colocar no lugar dele. Basta, para nosso
objetivo, apresentar a questão fundamental para entender esta aceitação da superação de Marx.
Podemos dizer que por detrás desta tese subjaz uma visão do desenvolvimento do saber de matriz
oriunda do senso comum, das representações cotidianas ilusórias. Trata-se de uma visão pautada
numa concepção evolucionista do saber, segundo a qual, a melhor tese é a última veiculada, ou do
último livro publicado, ou, ainda, do último sensacionalismo acadêmico. O caráter volúvel da opinião
pública e dos meios acadêmicos fornece a explicação para o fenômeno do pensador que foi
superado durante todo o século 20 e continua sendo superado até os dias de hoje, deixando de lado
a contradição evidente: para quê superar o já superado? A resposta só pode ser: porque ainda não
foi superado e por isso o esforço contínuo pela superação, uma versão contemporânea e grotesca
do trabalho de Sísifo.

http://www.lainsignia.org/2006/mayo/soc_003.htm 25/10/2009
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(*) Nildo Viana é professor da UEG - Universidade Estadual de Goiás, Doutor em Sociologia/UnB, e
autor dos livros "Introdução à Sociologia" (Belo Horizonte, Autêntica, 2006); "Estado, Democracia e
Cidadania" (Rio de Janeiro, Achiamé, 2003); "Heróis e Super-Heróis no Mundo dos Quadrinhos" (Rio
de Janeiro, Achiamé, 2005); "A Dinâmica da Violência Juvenil" (Rio de Janeiro, Booklink, 2004),
"Escritos Metodológicos de Marx" (Goiânia, Edições Germinal, 2001), entre outros.

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