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Pintura Mural:
Capela Cristo Redentor - Caemborá
Pintura Mural:
Capela Cristo Redentor - Caemborá
Altamir Moreira
Introdução
Este trabalho apresenta um resumo histórico sobre as criações no campo da pintura
mural, seguido da descrição das etapas técnicas de execução da pintura artística apresentada
ao curso de graduação em desenho e Plástica da UFSM, como trabalho final de graduação, em
janeiro de 1997. A parte teórica busca destacar fundamentos técnicos, estilísticos e culturais
de antigas realizações do gênero. Enquanto que a parte teórica descreve os fundamentos
metodológicos empregados na realização do mural da Capela de Cristo Redentor de
Caemborá, município de Nova Palma.
Atualmente Niaux é a caverna mais bem estudada. Os pigmentos utilizados nas tintas
foram analisados pelo francês Jean Clottes. As tintas que datam de 12.890 anos seguem uma
receita precisa. O preto, por exemplo, contém carvão moído e dióxido de manganês como em
outras cavernas, mas o artista de Niaux incluiu o talco junto ao mineral e sais de potássio para
dar consistência e volume à tinta.
Neolítico
Neste período, o homem já não esconde a arte no fundo das cavernas e ela aparece em
plena luz, logo na entrada das grutas. São feitas, antes de tudo, para serem vistas. E, em vez de
imagens com animais isolados, surgem as primeiras figuras masculinas, em cenas da vida
coletiva, em que se esboçam as primeiras tentativas de dar movimento à figura. Para indicar
que um grupo de caçadores corre pelo campo perseguindo um animal, o artista desliza o
pincel e apura seus traços desenhando as pernas que correm bem abertas com traços mais
grossos.
Egito
No Antigo Egito a arte surge a serviço da religião, e era comum que os templos e os
interiores de pirâmides e mastabas fossem trabalhados com baixos relevos e pinturas.
Inicialmente, os artesãos limitavam-se a representação do morto diante da mesa de oferendas,
mas a partir da IV Dinastia a temática foi se enriquecendo, lentamente, com cenas de caça e
pesca, com a representação de pássaros e da vegetação, além de atividades relacionadas à
agricultura e à construção de barcos.
As pinturas eram menos numerosas que os baixos relevos, e é possível que pelo menos
no início elas decorram de dificuldades materiais do artista em representar as três dimensões
sobre superfícies planas sem os recursos do baixo relevo. Assim o artista buscou uma solução
formal que ficou conhecida como “lei da frontalidade”ou “lei das visões principais” que se
conservou praticamente durante toda a antiga civilização egípcia. A manutenção destas
normas deve-se principalmente a tradição religiosa e ao fato de que eram criações artísticas
feitas de maneira impessoal e por meio de vários artistas. Caso em que a existência de regras
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comuns por certo facilitaria a unidade da obra. A prova de que as dificuldades iniciais da
técnica de representação haviam sido superadas, ocorre a partir do momento em que os
animais e a vegetação passam a ser tratados de forma não esquemática e absolutamente
naturalista com a representação tridimensional de pássaros em pleno vôo, plantas em
exuberante desordem e hipopótamos semi-submersos nas águas do Nilo. As cores eram
geralmente utilizadas em superfícies chapadas, preenchendo um desenho traçado com pincel
de junco embebido em tinta preta.
Uma convenção raramente violada determina que o corpo dos homens seja pintado de
marrom, o das mulheres de amarelo e de verde o dos mortos, também na cor o que não é
representação humana é mais livre possibilitado a expressão da fantasia e da criatividade do
artista.
Mesopotâmia
Desde a sua origem a Mesopotâmia comportou diversas comunidades independentes.
As cidades-estado que daí nasceram, também tiveram autonomia, leis e soberanos próprios,
daí a existência de freqüentes guerras, e da arte que surge como meio narrativo de feitos
heróicos.
Assírios
No começo do segundo milênio, surgia no planalto da Capadócia a civilização assíria.
Unidos aos babilônios por interesses econômicos, deles receberam a cultura, mas a cerca de
1100 anos a.C. o povo assírio passou de povo dominado a dominador submetendo toda a
mesopotâmia a seu domínio.
Persas
No ano de 539 a.C. a Babilônia foi conquistada pelos persas que viviam na costa
oriental do golfo pérsico. A Assíria contribuiu com as figurações taurinas e os baixos relevos,
a Babilônia com a arte mural e a cerâmica esmaltada, tais empréstimos culturais ganharam
uma feição inconfundivelmente Persa. A obra mais conhecida deste povo são “Os Imortais”,
uma série de arqueiros de proporções gigantescas feitos em cerâmica esmaltada com relevo
nas paredes do palácio, revelando uma perfeita harmonia entre relevo e pintura mural. O uso
de cores nas vestes dos personagens sugere uma idéia de volume até então não exploradas,
características que sugerem a influência da civilização grega.
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Creta
Em 1.100 a.C. a pintura mural executada em afresco restringia-se praticamente a
decoração dos palácios e mansões. Cores vivas e claras eram aplicadas sobre uma camada de
estuque branco ainda úmido, por meio de tons puros e um contorno ágil e ondulante, os
pintores de Creta recriam cenas da vida palaciana, procissões rituais, animadas acrobacias,
exóticas flores, e animais fantásticos.
As principais cores utilizadas são: vermelho azul e branco como cores principais;
depois o marrom o amarelo e o verde e às vezes o cinza e o rosa. Desconhecendo os matizes
emprega freqüentemente um traço rubro para isolar entre si as manchas de cor semelhante,
sendo que o artista não hesita em pintar um macaco de azul forte se for este o tom que melhor
convier ao efeito desejado. Enfim, em Creta encontramos uma arte menos monumental, porém
mais viva e mais livre de todas as outras civilizações antigas do oriente.
Micenas
Na arte mural micênica os mesmos temas de Creta aparecem nas peredes dos palácios
sem nenhuma inovação especial, a não ser pelo estilo cada vez mais geométrico. Foi a partir
do século XVI a.C. que Micenas e Tirinto adotaram o processo de decoração mural dos
minóicos, chegaram a trazer artistas de Creta para lá trabalharem. Algumas diferenças marcam
a pintura palaciana micênica, com um caráter vivo e movimentado os temas restringem-se a
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Grécia
A pintura mural grega surge no período clássico e desde o princípio está diretamente
relacionada com a arquitetura. A Polignoto de Tasso se atribuem numerosos afrescos, mas
tudo o que resta são poucas pinceladas esmaecidas numa parede de Delfos.
A perspectiva passou para a pintura em 440 a.C. com Agatarco artista encarregado de
executar os cenários para as tragédias de Ésquilo e Sófocles, percebendo a relação entre luz,
sombra e distância, escreveu um tratado de perspectiva, como meio de criar ilusões de ótica
no teatro. Anaxágoras e Demócrito analisaram a questão do ângulo científico, e no final do
século V a.C. Apolodoro de Atenas recebeu o apelido de “pintor das sombras” por adotar o
jogo de contrastes de luminosidade em obras destinadas a santuários e túmulos.
Etruscos
As tumbas descobertas no norte da Itália, na região onde se localizava a Etrúria (atual
Toscana) constituem-se na principal fonte de estudo da obscura civilização etrusca. Os
murais encontrados nas paredes dos túmulos mais antigos revelam paisagens alegres e
coloridas que deveriam acompanhar o morto lembrando os momentos agradáveis de sua
existência terrena. No entanto, a riqueza de adornos era privilégio da classe aristocrática, já
que sepulturas comuns desprovidas de ornamentos foram encontradas em grande número.
Os afrescos mais antigos são de 700 a.C. e denotam certa influência da pintura dos
jônios e dos cretenses nas composições de plantas e animais fantásticos, e nos tons
contrastantes que colorem as figuras desenhadas com acentuada estilização. A cor era
precedida de um desenho preparatório gravado sobre a parede, e chegava ao ponto de definir
mesmo os menores detalhes. Ainda hoje estes traços podem ser vistos sob a pintura colorida,
em muitos casos são linhas apenas esboçadas que mostram as indecisões do artista e suas
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inúmeras tentativas antes de se decidir por uma forma final. Nos murais mais antigos é
empregado somente o negro, o branco e o vermelho e às vezes também o amarelo, cores
tradicionais da pintura mural grega, posteriormente passou-se a empregar também o azul e o
verde, que misturados produzem uma gama considerável de tonalidades rosas, cinzas,
violáceas e marrons, que dão a pintura etrusca uma riqueza cromática sem par na antiguidade.
Roma
Tal como na Etrúria, o hábito de se construir templos de madeira revestida de terracota
acabou por difundir entre os romanos o gosto pela pintura mural, isso por que a terracota
depois e aplicada sobre madeira prestava-se muito a decoração em afresco. No interior dos
templos, dos hipogeus e mesmo em muros de edifícios os temas mais freqüentes eram:
combates, desfiles públicos triunfais e cerimônias públicas. Mas sem dúvida, foi nas casas da
Roma Imperial que a pintura mural atingiu pleno desenvolvimento. Os elementos mais
originais da pintura romana consistem na representação de tipos populares tais como um
afresco que se encontra no Museu Nacional de Nápoles, conhecido como: “o padeiro e sua
mulher”.
Índia
A pintura mural Indu realizada no século V d.C. na dinastia Gupta mostra o quanto
este povo sofreu influências de várias culturas durante a sua milenar existência, e como
conseguiu expressar-se com liberdade apesar dos cânones. O conjunto mais completo de
pinturas é o dos mosteiros de Adjanta no Decão, cujos primeiros afrescos são mesmo
anteriores à era cristã. Esses afrescos trazem influências estrangeiras, influências da arte
helenística como representação de pequenos cupidos, e arquiteturas leves e irreais como as de
Pompéia, influências iranianas no tipo de agrupamento de cortejos ou animais. Estes
produzem quase todas as cenas do ciclo budista; a tentação de Buda pelas filhas de Mara ou as
meditações. Os tipos de beleza femininos perpetuam o ideal de beleza que se vê em Sanchi, e
os mesmos cânones que encontramos após dois séculos nos afrescos de Sigira no Ceilão e nos
afrescos de Sitanavasal.
China
Os primeiros vestígios de pintura mural chinesa são encontrados em escavações
executadas em Honan e Shantung, e fazem parte da decoração de tumbas. O tema consiste em
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delicadas figuras humanas destacadas sobre um fundo neutro. Na época de Han no século III,
também executaram pinturas sobre camadas de argila algumas se encontram no Museu de
Belas Artes de Boston.
Coréia
Há uma profunda influência chinesa na arte coreana, devido aos vínculos históricos,
entre essas duas culturas. Um exemplo dessa assimilação é dado pelas pinturas executadas no
século V em tumbas descobertas nas proximidades de T`ung Tou representando cenas da vida
cotidiana, as figuras de caçadores, cavaleiros, monges e dançarinas revelam nitidamente a
influência do estilo Han.
Japão
No Japão a pintura mural surge depois da pintura em sedas durante o período Heian,
quando a capital Nara é erigida ao norte de Yamato em 794 d.C. Isto marca o aparecimento
das primeiras manifestações do gênio nacional, mas traz consigo os sinais da forte influência
chinesa. Mas é nesse período que a pintura geralmente executada em murais alcança seus
melhores níveis, com traços finos, muitas nuances de cor e magníficos efeitos de relevo. Os
personagens são mostrados não mais frontalmente, mas de lado e o jogo de sombras garante o
movimento no conjunto.
Maias
Na América Central, entre as mais importantes pinturas murais que restaram da
civilização Maia estão os afrescos de Uaxactum, anteriores a 633 d.C., e os do templo da
pintura em Bonampak, México, do ano 800 d.C., que, em três compartimentos, mostram os
grandes chefes acompanhados de portadores de máscaras e para-sóis, assistentes envoltos em
peles de jaguar ou cobertos de placas de jade. Mais além, uma batalha com guerreiros de
capacetes enormes semelhantes a cabeças de animais e por fim uma escadaria onde se assiste
um sacrifício. É provável que estes afrescos comemorassem uma vitória. Em todas essas obras
o desenho linear é muito seguro e a unidade das cores chapadas, azul, vermelho, amarelo e
verde, provam uma longa experiência no campo da pintura mural.
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Astecas
Os principais afrescos que restaram desta cultura, foram também reconhecidos como
as primeiras pinturas da América Pré-Espanhola, datam do século II e VI d.C. e foram
encontradas no templo de Teotihuacán no México.
Rapa Nui
Na Ilha de Páscoa foram encontradas pinturas feitas nas paredes subterrâneas de
construções que segundo os historiadores serviam de esconderijo para algumas das tribos que
viviam em constantes guerras.
Os desenhos são feitos na rocha com corais brancos e argilas coloridas, e representam
um dos motivos de culto da civilização Rapa Nui: o homem-pássaro. Este povo que habitou
esta ilha até o século XV também deixou várias mensagens escritas em um alfabeto
pictográfico ainda não decifrado.
Arte PaleoCristã
No princípio do cristianismo em Roma, as catacumbas que se constituíam numa série
de galerias e nichos subterrâneos, eram utilizadas para sepultamentos, e, também, como
refúgio para os cristãos que eram perseguidos pelos romanos. Nestas paredes, surgiram várias
pinturas, com temática era simples e, de início, puramente simbólica: como as representações
de âncoras, peixes, cestos cheios de pães e videiras.
Mais tarde surgiram cenas do Antigo e Novo Testamento, representando de forma tão
esquemática, que só os fiéis certamente poderiam reconhecer o assunto. Também surgiu
posteriormente a representação de fatos da vida diária, tais como pedreiros, comerciantes e
coveiros que se sentiam em casa nos labirintos que tinham escavado. Acredita-se, no entanto,
que as cenas religiosas encontradas nas paredes das catacumbas ainda não chegavam a ser um
método de instrução para aqueles que não podiam ler a Bíblia, como mais tarde os afrescos
cristãos o seriam.
Arte Bizantina
A arte maior deste período foi o mosaico, mesmo assim os afrescos continuaram sendo
executados e tratavam dos mesmos assuntos. Assim como existem mosaicistas que tentaram
esconder o fato de estarem justapondo teselas, também há pintores muralistas que cobriam
suas paredes com falsos mosaicos, como se a escolha do método afresco estivesse
simplesmente ligada ao desejo de praticidade e economia. No afresco também ocorre a
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O afresco econômico substituiu cada vez mais o mosaico nos séculos XII a XIV.
Millet distinguiu duas grandes escolas com características próprias dentro da arte bizantina. A
Escola Macedônica reinou que no Monte Athos, estendeu-se a Sérvia e a Rússia, atingindo o
apogeu no século XIV, com influências da pintura da Capadócia da qual copia os frisos, certos
temas iconográficos e caráter dramático, e a Escola Ítalo-Cretense, que teve origem em Mistra
e atingiu o auge no século XVI, caracterizando-se pela elegância, cores vivas e técnica livre.
As influências bizantinas também são encontradas em Cividale na Itália, mas muito mais ao
norte entre Milão e Tirol mais uma vez encontram-se tradições romanas.
Arte Românica
Apesar do ambiente escuro reinante no interior das igrejas cristãs, de arquitetura
românica sabe-se que nestes locais eram executadas pinturas policrômicas, alguns edifícios
datando de aproximadamente 1200 d.C. ainda podem nos dar uma idéia dessa decoração
executada outrora sobre um reboco que cobria pedras de alvenaria. Um exemplo é o Nártex de
Santo Isidoro em Leão na Espanha, além de Saint Savin-sur-Gartempe na Franca, que
conservam em parte esta ornamentação. A pintura mural Românica é sucedânea do mosaico, e
o programa dos afrescos muitas vezes é idêntico.
Arte Gótica
A arquitetura românica oferecia vastas superfícies de murais, porém a arquitetura
gótica com o emprego de abóbadas ogivais, onde subsiste apenas a armação em pedras o
afresco não pode mais estender-se, a não ser sob o véu das abóbadas. Sob influência do vitral,
através do qual penetra a luz do sol modificando o jogo de matizes, a paleta de cores se torna
mais viva e o artista utiliza também o ouro que cintila. Outra linguagem mural bastante
desenvolvida nesta época, além da pintura e do vitral, foi o relevo principalmente nos
tímpanos das igrejas medievais.
Por volta de 1300 foram criados os afrescos de Assis, e Giotto foi incumbido de pintar
a capela dos Scrovegni. Uma característica destes afrescos, é que a cena se desenvolve num
espaço tridimensional, apresentando vários planos sucessivos, onde cada personagem recorta
seu próprio lugar no espaço compondo com seu corpo e colorido particular. Esses afrescos
representam, portanto, uma nova concepção que conquista as três dimensões do mundo
visível, e finalmente utiliza o efeito plástico das cores passando a expressar emoções.
Renascimento
Este período marca o início do reinado da pintura de cavalete e o progressivo
abandono da pintura mural. A principal contribuição deste período, além da perfeição técnica
nas representações naturalistas, foi o aperfeiçoamento e a difusão dos estudos de perspectiva.
mágico para a perfeição formal, o 27, já que os antigos haviam observado que as leis
matemáticas da música só valem para pequenos números.
Na verdade nenhum artista seguiu a risca os preceitos de Alberti nem mesmo o seu
melhor discípulo: Piero Della Francesca. Ao lado da perspectiva linear e do espaço unificado,
ainda subsistem técnicas tradicionais nas primeiras gerações do renascimento, e as idéias de
Alberti representam apenas um sistema figurativo entre outros já existentes. Entretanto,
transformou-se em seguida numa visão monopolizadora que exclui todas as demais, passando
a ser considerada a única capaz de levar o artista a reproduzir corretamente as medidas do
mundo real. Somente na arte moderna com a crise da geometria euclidiana é que foi possível a
redescoberta de que o espaço cotidiano não é nem homogêneo nem geométrico e a perspectiva
é apenas um sistema entre tantos códigos representativos. A seguir será apresentada a
descrição de uma pintura mural característica deste período feita por um dos mais
representativos artistas daquela época.
paredes a descascar devido à umidade que atacava a têmpera aplicada diretamente sobre o
muro. Em 1498 Luca Paciolli um amigo de Leonardo escreve “o maravilhoso trabalho não
está acabado, mas é uma obra-prima numa localização infeliz”.
A Ceia foi pintada numa parede do convento de Santa Maria del Grazie em Milão,
com mais de 9.00 metros de largura e 4.20 metros de altura. Os padres chegaram a abrir uma
porta no mural, e sucessivas tentativas de restauração comprometem ainda mais a obra que
escapou por sorte de um bombardeio na Segunda Guerra Mundial. Sendo uma das poucas
paredes que restaram intactas.
Maneirismo
Uma das características, mais notáveis, do Maneirismo e a destruição da unidade do
espaço. Não só aparecem representados vários episódios no interior de um mesmo espaço
geometricamente definido, como também é desrespeitado o próprio princípio da pirâmide
visual de Alberti. As figuras nem sempre guardam entre si a relação geométrica que cria a
ilusão de profundidade. Já que a lei da proporcionalidade entre as figuras perde seu caráter
necessário, também desaparece a relação clássica entre personagens principais e secundários.
“construa sempre uma figura piramidal, serpenteante, multiplique-a duas três vezes, é nesse
processo que reside a meu ver o segredo da pintura, por quanto a maior graça e elegância de
uma figura é mostra-la em movimento, e para representa-la não há forma mais apropriada que
o fogo, pois este é segundo os filósofos o elemento mais ativo de todos”.
Barroco
Os pintores maneiristas, ao tratarem os afrescos dos tetos das igrejas, tinham a
possibilidade de utilizar uma escala grande ou pequena demais para a altura do recinto.
Enchendo, algumas vezes, tetos baixos com figuras enormes e tetos altos com figuras
diminutas. A característica da pintura dos tetos Barrocos é que devido a estudos mais
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apurados, estes estão opticamente na proporção “certa”. Outra característica dos afrescos deste
período foi o ilusionismo, longe de ser uma invenção do período Barroco, já que como foi
visto os romanos também utilizaram no início da era cristã, nem todas as pinturas Barrocas
são ilusionísticas, mas neste período esse recurso tornou-se mais comuns e convincentes que
em qualquer outra época.
A ilusão de ótica e a cópia do real sem seleção ou idealização já não era considerada
suficiente na Alta Renascença, contudo a representação viva e convincente da natureza ideal
era considerada uma das tarefas primordiais e a criação de uma imagem semelhante à vida real
a partir de materiais inanimados era altamente apreciada. Como disse mais tarde o pintor
Neoclássico Poussin: “A pintura é uma imitação feita com linhas e cores de tudo o que existe
sobre o sol” essa foi a definição clássica de pintura no Barroco e assim continuou pra os
críticos conservadores até o século XIX.
Rococó
Foi em edifícios reais, de cerca de 1700, perto de Versalhes na Espanha que se
produziram os primeiros exemplos do no estilo. Teve origem na intenção de fugir da
atmosfera rigidamente formal dos aposentos de estado criados em Versalhes na década de
1670. O plano de decoração previa o teto pintado com figuras clássicas, o rei, porém, não
gostou da idéia por achar que os temas escolhidos eram excessivamente sérios. Os desenhos
que sobreviveram ao palácio são de autoria de Claude Audram, e mostram um teto coberto de
desenhos e arabescos quase caligráficos, com cenas de cães de caça, pássaros, e figuras de
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donzelas suspensas entre ramos. Sendo um estilo sem qualidades espaciais não se adaptava
bem ao tratamento de exteriores ou igrejas. Também na França foi essencialmente um estilo
de decoração de superfície e não de arquitetura tridimensional.
Neoclássico
A mesma rigidez formal presente nas pinturas de cavalete desse período é
transportadas para a pintura mural, em afrescos que preservam a definição da linha e as
passagens suaves de luz e sombra.A temática é geralmente histórica ou mitológica
ambientadas em cenários com construções clássicas ao fundo a única diferença fica por conta
da transparência e leveza das cores aplicadas aos afrescos em comparação com a pintura de
cavalete. Alguns artistas como Matia Petri faziam estudos em óleo para futura execução de
afresco.
Romantismo
Após a desilusão com a Revolução Francesa em 1789, surge um período onde a
filosofia, a música e a pintura caracterizam-se por uma profunda concepção de comunidade.
Essa vivência comunitária reflete a nostalgia da Idade Média, típica do Romantismo em todo
o mundo ocidental, revivendo o espírito religioso do homem europeu. Sob influência dessa
religiosidade surge a pintura mural mais característica desse período: através de um grupo de
artistas que vestem túnicas como Jesus e levam uma vida comunitária regida por princípios
religiosos e estéticos, este grupo de artistas alemães conhecidos por Nazarenos, tem no pintor
medieval Perugino como expressão máxima dos princípios artísticos que perseguem. Em
Roma sob proteção do cônsul de seu país pintam a história de José e, sempre em grupo,
executam uma pintura coletiva como nos ateliers da Idade Média. Realizam, também, uma
série de afrescos nos quais se evidencia a preocupação pelos contornos marcados por linhas
rígidas em oposição da esfumação do claro escuro, característicos da pintura Neoclássica de
cujos conceitos o grupo se afasta. Buscam, em oposição, os temas sociais e filosóficos,
impondo o valor espiritual e religioso na arte, renascendo assim a inspiração artística
independente da mera exaltação de acontecimentos históricos.
Modernismo
No final do século XIX, com o declínio da pintura mural de caráter extremamente
decorativo, ressurge a pintura mural propriamente dita, em função do lugar e como arte
aplicada a arquitetura. Os murais do panteão de Paris, os afrescos da trindade de Boston,
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assim como os da Feira Mundial de Chicago (1893) são representativos deste novo renascer
da pintura mural.
No século XX, com Picasso e seu famoso mural Guernica, na Bauhaus com
Kandinsky e Schlemer, a arte mural recupera sua importância no ensino e tem início uma
tentativa de integração nas artes. Na França, com Fernand Léger que discute as possibilidades
do muralismo como estética, e na Holanda com Mondrian que executa uma pintura aplicável
ao espaço arquitetônico.
A partir da década de 50 artistas mais jovens começam a achá-lo superado, por que não
fazia pinturas abstratas. Ressentido defendia-se:
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“Não sou apenas eu que estou passando é toda a pintura. não é culpa de ninguém, acontece
que a pintura não suportará a pressão dos meios de comunicação mais diretos, simples e
acessíveis, um artista é uma pessoa dotada de uma sensibilidade intensa, e uma necessidade
igualmente intensa de exprimir-se. um artista dispõe hoje de meios de comunicação mais
eficientes e sofisticados. Em parte a culpa está na alienação do artista frente a problemática do
homem, mas por outro lado os abstracionistas impulsionam o processo de decadência da
pintura porquê? porque o abstrato na pintura carece de sentido, é uma comunicação
deficiente”.
O abstracionismo pôs em crise todo o seu mundo estético, mas Portinari preferiu
permanecer fiel ao seu estilo. Outros murais importantes realizados por Portinari foram
“Tiradentes” em Minas Gerais, e os murais “Guerra e Paz” para a Organização das Nações
Unidas.
A herança das técnicas européias é assimilada também pelos artistas mexicanos: Diego
Rivera, Clemente Orozco e David Alfaro Siqueiros cujo resumo das principais realizações é
dado a seguir:
David Alfaro Siqueiros foi um dos maiores pintores do México, junto com Rivera e
Orozco criou o muralismo Mexicano em 1922. O movimento Muralista renega a pintura de
cavalete, de consumo individual e propõe uma arte monumental e heróica, uma arte para
todos. E arte pública segundo Siqueiros, Rivera e Orozco, era sinônima de arte mural. As
pinturas eram feitas inicialmente em velhos prédios coloniais, mais tarde preferiram os
grandes edifícios modernos, nos quais era possível planejar a integração entre mural e
arquitetura. Sua arte fundia aquilo que aprendeu na Europa: a pintura mural italiana, o
cubismo e outras tendências da época com as tradições da arte pré-colombiana dando vida a
imagens portentosas.
Durante um período de asilo político nos EUA, trabalhando junto com um grupo de
jovens artistas de Los Angeles, descobriu as tintas a base de Nitrocelulose produzida pela
Dupont sob a marca “Duco”, entre estas ele preferiu a “Piroxilina”, que se tornou matéria de
sua nova pintura mural. Descobriu também a pistola a ar comprimido e o silicone como
substituto para o verniz copal, resina que até então utilizara para revestimento de murais
expostos as imtempéries. Dizia que: “os antigos eram obrigados a pintar murais em lugares
recônditos, no interior de igrejas e castelos, mas hoje existem novas tintas tão resistentes
quanto a dos automóveis...”, justificando com isto seu entusiasmo pelos novos materiais
resultantes da tecnologia, e pelo campo promissor a ser explorado. Este raciocínio levou
Siqueiros a pesquisar as propriedades dos novos colorantes de nitrocelulose adaptando-os as
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necesidades do moderno afresco sobre cimento, pois o afresco clássico se fazia em paredes
cobertas de argamassa e cal. Sua obsessão por tintas foi tamanha que ele próprio passou a
fabricá-las, trabalhando às vezes com um grupo de químicos. Para Siqueiros as superfícies
curvas, convexas e câncovas dinamizavam as figuras, passou então a explorar o projetor
elétrico de slides, descobrindo duas vantagens; a ampliação e meios de deformação
convenientes em superfícies irregulares, criando ilusão de perspectiva.
Siqueiros durante sua vida manteve sempre a militância social e política, com uma
preocupação, sobretudo, humana a qual transparece na integração com seu trabalho artístico.
Sobre os princípios de sua pintura soube aplicar a tecnologia da era industrial, como resultado
de sua inquietude experimentalista e entusiasmo de criador.
José Clemente Orozco (1883 - 1948), natural de Guzmán, México, foi aluno do Dr. Atl
que tinha grande admiração por Michelângelo, e desenhava gigantes de músculos fortes ,
como “os condenados” da Capela Sixtina, e por intermédio dele Michelângelo e Masaccio
influenciaram o futuro muralismo mexicano do qual Orozco seria um dos três grandes. Junto
com Rivera e Siqueiros fundou o Sindicato dos artistas, que em uma memorável campanha
obtem contratos para os murais de grandes edifícios públicos. Entre os temas de seus murais
destacam-se os mitológicos, como “Prometeu” e o heróico, onde através de cadáveres
baionetas, e a figura do rebelde que afronta o destino, Orozco sente que embora a revolução
não tivesse cumprido suas promessas, dera dignidade aos oprimidos. Assim como Siqueiros,
Orozco tinha paixão por inovações técnicas, uma de suas inovações foi a inserção de metais
com silicônio em seus murais.
“Se pretendo contribuir para que meu país tenha uma fisionomia artística própria, se pretendo
que minha pintura não só descreva o povo, mas dialogue com ele, para que ele se reconheça e
se encontre nos meus quadros, tenho que redefinir meu estilo”.
pessoa, de algum abastado colecionador, produzir obras que pudessem ser vistas a qualquer
momento, não em museus ou instituições as quais o povo nunca teve acesso. Daí nasceu a
idéia dos murais. A sua arte exprime quanto ao conteúdo dois aspectos básicos: confere a
massa anônima da população indígena o direito de ser protagonista da arte de seu país, e
revive o orgulho pelo grandioso passado Asteca. Ao morrer seu testamento mandava doar ao
povo mexicano sua valiosíssima coleção pessoal de obras de arte, para que a arte fosse de
todos. Ao longo de sua vida criou aproximadamente dois mil quadros, cinco mil desenhos e
cerca de quatro mil metros de pintura mural.
Tendências contemporâneas
A pintura mural urbana também ganhou expansão nos Estados Unidos. Na década de
70, temos duas tendências na pintura mural americana, a primeira chamada pela crítica de
cosmetic art, é encontrada ao sul de Manhattan. São pinturas de tendência abstrata, com
exceções como Mel Perasky, de uma inspiração mais figurativa, mesmo que bastante
estilizada. É interessante observar que estas pinturas são executadas somente em prédios
velhos, não ocorrendo o mesmo com as novas construções, de modo que essas pinturas
exercem o papel de maquiagem embelezando as construções antigas.
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Outra tendência é mais ideológica, figurativa, com uma função de protesto e crítica
social, geralmente realizada nos bairros negros americanos. São realizados pela comunidade
ou por artistas auxiliados pela comunidade, como, por exemplo, James Brown, cuja temática
aborda o problema das drogas e o perigo que ela representa para a minoria negra desejosa de
conquistar a igualdade racial.
Neste mesmo período outro muralista François Morellet, que utilizou composição e
cores com referência as suas criações dentro da arte cinética, causou polêmica e criou
problemas com a prefeitura de Paris, devido à crítica recebida com relação às cores berrantes
utilizadas em um grande mural composto com um grande número de horizontais e verticais
em azul sobre fundo vermelho. Outro artista de destaque foi Tamaz Zanko, com cores mais
discretas, estudou afresco em Budapeste, interessou-se pela pintura ilusionística, o “trompe
l`oeil” que possibilita enganar os olhos através da representação realística de objetos ou
induzem a uma ambigüidade.
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Arte no Brasil
Também no Brasil podem ser encontrados exemplos de pinturas murais pré-históricas.
Hoje se pode dizer que com exceção do litoral não há região do território brasileiro que não
apresente manifestações rupestres, as áreas de maior concentração atualmente são Várzea
Grande no Piauí e Lagoa Santa em Minas Gerais embora estas atribuições resultem
provavelmente do fato que tais áreas foram objeto de estudo e explorações mais intensivas e
sistemáticas.
As pinturas são mais freqüentes que as gravuras, mas, ambas podem ser encontradas
associadas, e as tentativas de demonstrar maior antigüidade para uma ou para outra técnica
não são convincentes. As pinturas foram obtidas em sua maioria com pigmentos minerais, em
especial o oxido de ferro para o vermelho, que é a cor mais difundida, em segundo lugar vem
a presença de pigmentos vegetais, como urucum, genipapo e carvão. Há casos de reocupação
de um mesmo local, ocorrendo pinturas e gravuras de faixas cronológicas distintas, que
dificultam uma datação mais precisa. A primeira correlação segura que se pôde estabelecer foi
em Lapa Vermelha MG, onde se obteve a data de 4.000 anos. No caso do Piauí, é possível
associar as manifestações rupestres a áreas de ocupação por grupo de caçadores coletores, o
chamado estilo Várzea Grande. Este pode ser datado em 12.200 anos antes do presente, e
constitui uma das mais antigas manifestações artísticas da América, mas a problemática
organização cronológica do material impediu até agora a formulação de generalizações
relativas à distribuição, origem, evolução de temas, técnicas, estilos e tradições.
abre um novo período na história da pintura mural no Brasil, são pinturas ilusionísticas sem as
divisões em molduras do período anterior, são pinturas executadas sobre tábuas corridas,
representando cenas celestiais como: apoteoses de santos, gênero que alcançará maior
expressão na pintura barroca no Brasil.
apenas em Di Cavalcanti Há outra expressão similar no país sem que se possa confrontá-lo a
qualidade constante e o vasto sentido social da contribuição portinariana.
2 Conceitos e Métodos
Um conceito de arte mural
Contar a história da pintura mural pelo menos até o Renascimento equivale a narrar
a própria história da pintura, porque mesmo que se especule a possibilidade dos gregos já
terem praticado a pintura de cavalete, não há provas materiais disso, e para a história da
arte há quase consenso de que a pintura de cavalete surge a partir do Renascimento. A
partir daí a pintura mural passa a ocupar um plano secundário, principalmente, porque a
cultura da época se volta para o homem, e as filosofias humanistas ao contrário do
teocentrismo característico da Idade Média. Com isto o homem se torna muito mais
individualista e a pintura feita em um atelier distante do povo se torna o complemento ideal
para o artista dessa época.
A Pintura Mural não esta a serviço dos meros fantasmas pessoais do artista, e
segundo Italo Grassi: “é a menos livre das artes” por que ao contrário da pintura de
cavalete a liberdade da Pintura Mural pode ser limitada por várias instâncias. Primeira: a
posse da parede, particular ou instituição que pode impor ou pelo menos limitar os temas e
a maneira de realizá-los, já que geralmente deve ser apresentado um projeto que necessita
ser aprovado. Segunda: está também limitada pela função do local em que será executada.
Não será o mesmo um mural destinado a uma escola ou a um sindicato, assim como não
será o mesmo um mural de um templo religioso do que para um partido político. Terceira:
além disso, podem existir leis que restringem a utilização de certas áreas, ou que impõem a
censura ou a auto-censura que a acompanha.
conceito e algumas subdivisões, que nem sempre de acordo com definições e subdivisões
clássicas,achei que seriam necessárias e facilitariam o processo.
Conceito: A Arte Mural é uma forma de expressão artística que se caracteriza por
estar estritamente relacionada com a arquitetura, ser planejada para se relacionar com o
ambiente e a construção na qual é parte integrante, utilizando materiais comuns á
arquitetura e a pintura e por ocupar grandes áreas.
Afresco: consiste numa pintura realizada sobre o reboco de argamassa e cal, ainda
úmidos, com pigmentos água e cal, os pigmentos utilizados são os que resistem à reação
alcalina como: o branco (cal), o preto, verde, azul, ocre e vermelho tijolo. Sendo que
durante a secagem ocorre uma reação química que forma uma película cristalina e lisa de
carbonato de cálcio que fixa e protege as cores.
água para a mesma porção de gema de ovo. A Têmpera tem uma possibilidade que não
ocorre no afresco, a de retoques posteriores. O suporte mais apropriado é a madeira.
Esmalte sintético epóxi: Feito a com resinas a base de epóxi, é aplicado sobre
fundo previamente preparado com o mesmo esmalte branco, utiliza-se como a tinta
comum, só que é preciso misturar um sensibilizante endurecedor, que se vende junto com o
esmalte, é preciso preparar pequenas quantidades, porque se solidifica depois de poucas
horas.
Piroxilina: É conhecida como tinta “duco” ou automotiva, pode ser aplicada com
pistola de ar comprimido, diluída com um solvente especial, ou com um pincel sobre um
fundo branco da mesma tinta. É necessário um cuidado especial com o material utilizado
devido à secagem extremamente rápida, é resistente e pode ser aplicada sobre superfícies
metálicas com anti-corrosivo ou sobre inoxidáveis. Foi muito utilizada por Siqueiros.
Acrílico: É uma forma de pintura que vem tendo grande aceitação atualmente
devido às características de rapidez de secagem, permanência, conservação e colorido que
oferecem as diferentes marcas existentes no mercado. As cores podem ser mescladas entre
si e diluídas em água, e após a secagem se tornam resistentes ao óleo e a água.
Bidimensionalidade e Perspectiva
Na história da arte o uso da perspectiva aparece com vitalidade no quarto e último
período da Arte Romana do ocidente, de acordo com as escavações de Herculano e
Pompéia, e teria sido por influência direta da arte grega. Mais tarde no império romano do
oriente, na arte bizantina a bidimensionalidade reina absoluta, na Idade Média também a
pintura mantém-se no plano bidimensional, e somente no final com Giotto a perspectiva
cavaleira ressurge ainda timidamente. Mas, no Renascimento atinge o máximo com o
estudo da perspectiva científica. Somente Michelangelo violou estes valores conservando
até certo ponto a planimetria na Capela Sistina. A arte moderna combate a ilusão da
perspectiva, afirmando a bidimensionalidade do muro quando nessa época ressurge o
interesse pela pintura mural.
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Móvel: Ainda que o propósito da Pintura Mural seja ter um ambiente definitivo pelo
menos no que se refere à pintura mural a idéia de se executar um afresco em um local de
modo que possa ser transportado e fixado em uma parede, ou pelo menos com a
possibilidade de ser removido para outro local no caso em que o edifício seja demolido,
tem precedente histórico de notável Antigüidade segundo João José Rescala: “Tem se
encontrado exemplares de afrescos produzidos em Creta há 3.000 anos e exportados as
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ilhas próximas”. E modernamente com pintores que preferem executar a pintura sobre
grandes telas e depois fixarem às paredes. Ainda que eu não considere um procedimento
legítimo da pintura mural, há casos como o do famoso quadro de Picasso; “Guernica” que
pode ser transportado para diversas exposições em todo o mundo, e para todos os fins
continua sendo definido como “pintura mural”, mesmo sem ter um ambiente definitivo
com o qual se relacione.
3 Pintura Mural: Alegoria a Cristo Redentor
Temática
Plano superior. Nascimento de Cristo. A cena é de inspiração popular, por ser um
motivo muito freqüente em cartões de natal, sempre me impressionou durante minha
infância. A presença dos reis três reis magos vem da tradição cristã, já que a única
referência vem do primeiro evangelho do novo testamento, São Mateus e nele não está
explícito o número, mas apenas ocorre a alusão a “reis magos vindos do oriente”. Mas,
uma vez que a representação de três reis magos é mantida nas representações populares,
considerou-se que não seria errado mantê-los numa representação que visa dialogar com as
pessoas que trazem a crença nesta tradição.
A Cruz. De certa forma procura ilustrar a presença de Deus Pai junto ao Filho e o
Espírito Santo, mesmo sabendo das limitações pictóricas frente ao que segundo a fé cristã
católica, não pode ser perfeitamente representado, descrito por palavras ou compreendido,
o mistério da Santíssima Trindade. A primeira e última letra do alfabeto grego, alfa e
ômega pertencem à simbologia cristã primitiva, e representam Deus como o princípio e fim
36
de todas as coisas. Hoje em dia estes símbolos podem ser encontrados na grande vela que é
acesa no domingo de Páscoa, o Sírio Pascal que possui estas duas letras mais três alfinetes
que simbolizam o sofrimento de Cristo.
1) Mateus - também chamado Levi, filho de Alfeu. Pregou o evangelho em várias nações e,
segundo a tradição, morreu na Etiópia. Escreveu em aramaico o primeiro evangelho que
logo foi traduzido para o grego.
2) Tiago Maior – Filho de Zebedeu e irmão maior de João Evangelista, com quem atuou
paralelamente na vida de Jesus. Segundo a tradição pregou na Espanha, onde lhe atribuem
o túmulo de Santiago de Compostela.
3) Tiago Menor - Após a morte de Cristo foi bispo de Jerusalém durante mais ou menos
trinta anos. Gozou de grande prestígio na igreja primitiva.
5) Tomé – também chamado Dídimo, não estava no cenáculo no dia da Ressurreição e não
acreditou no milagre, após oito dias foi contemplado com uma aparição de Jesus.
6) Simão Pedro – Simão Bar Yona de Betsaida, pescador de ofício, Jesus o chama de Cefas
que significa a pedra sobre a qual se edifica a igreja. Empreendeu viagens apostólicas a
Antioquia e a Roma. Nessa cidade foi martirizado no ano 67, durante o reinado de Nero.
Foi sepultado na colina onde atualmente se encontra o Vaticano.
9) André – Irmão ou primo de Simão Pedro, natural de Betsaida, foi discípulo de João
Batista e, mais tarde, de Jesus.
10) Judas Iscariotes – foi o discípulo que traiu ao entregar Jesus aos romanos.
11) Judas Tadeu – Irmão de Tiago Menor e primo de Jesus. Pregou o evangelho na
Mesopotâmia e morreu mártir. É o autor de uma das epístolas católicas.
12) Simão Cananeu – Também chamado zelote por ter pertencido ao partido político
religioso que seguia as tradições judaicas de modo mais estrito.
Plano Inferior. É dedicado ao povo que constitui a Igreja nesta região. A casa
representa a arquitetura típica das primeiras construções realizadas pela etnia italiana, que
chegou estabeleceu no município de Nova Palma, em meados de 1889, colonizando e
influenciando profundamente os costumes de toda a região, e a forma de representação dos
personagens deve-se ao fato de que grande parte da economia municipal ainda se assenta
no meio rural, logo mais ao centro há a representação de Nossa Senhora de Fátima, que
assume relevante importância a nível desta comunidade e do município, em cuja
homenagem se realizam festividades anuais no mês de novembro, em um dos pontos
turísticos do município conhecido como “A Caverna”.
` Plano Inferior Direito. Ocorre a representação de uma casa típica da cultura alemã,
que também está presente no município, mas em especial nesta comunidade onde se
concentra, também a Igreja ao fundo simboliza a influência da arquitetura neogótica,
característica da imigração alemã, além do casal que desenvolve uma atividade típica do
39
É importante salientar que a harmonia perseguida pelas religiões cristãs, com suas
atividades ecumênicas e que ainda não é conseguida ao nível da igreja, é possível de ser
vislumbrada nesta comunidade que apesar de dividida entre cristãos católicos e
protestantes, é unida nos objetivos comuns pela melhoria da sociedade.
Composição
Partindo da apropriação dos elementos existentes, como a imagem de Cristo e o
crucifixo, após uma toma da de medidas da perede, procedeu-se a execução do projeto na
escala 1:20.
Delacroix afirmava que “as linhas retas nunca ocorrem na natureza, e que elas
existem apenas no cérebro humano, onde os homens insistem em empregá-las”. Rudolf
Arnhein na discussão sobre a percepção visual, afirma que devido a um processo mental
ainda não bem compreendido, o ser humano tem tendência de formar retas imaginárias
ligando pontos próximos separados no espaço, semelhante ao que ocorreu na denominação
de constelações estelares na forma de figuras imaginárias resultante desta tendência de unir
pontos. Seguindo este tipo de racionalização, foram executadas várias retas no espaço do
projeto. Em primeiro momento, foram ligados os cantos formados pela extremidade da
parede e os cantos da porta central. As linhas seguintes ligaram o cruzamento formado por
estas retas entre si. Após isso, foram selecionadas as retas que pareciam mais harmoniosas,
e suprimidas as outras que já se tornavam excessivas. Sobre este esquema geométrico e
simétrico, foram executados os primeiros esboços. As retas que permaneceram formavam
em sua maioria figuras retangulares, as quais foram mantidas como base da composição.
40
a) Placa com inscrições na parte superior da cruz apresentando várias fissuras e partes
soltas unidas com cola branca (PVA)
Figura 2
Procedimentos preliminares
e) - Remoção do pó e
umedecimento da peça.
uma etapa de correções, chegou-se à fase final. Nessa etapa efetuou-se a lixação da
superfície restaurada e de uma pequena margem da área remanescente, com o objetivo de
remover parte da tinta antiga presente na emenda, pra alcançar homogeneidade e
uniformidade de acabamento.
Primeira tentativa: Após cobrir a placa com uma fina camada de cera líquida
houve a tentativa de se fazer um molde em argila. O qual, posteriormente, seria preenchido
com gesso na elaboração de uma nova cópia, mas este processo fracassou porque a argila,
mesmo com a camada de cera, acabou grudando na placa de gesso.
Segunda tentativa: Após limpar a placa e preencher com argila as falhas existentes
no modelo original, buscou-se executar um novo molde em gesso. Após se recobrir a placa
com nova camada de cera líquida aplicou-se uma fina camada de gesso. Mas na tentativa
de remoção do molde, ocorreram novos problemas, esse havia ficado preso nas pequenas
reentrâncias do modelo original que, nesse ponto, começava a apresentar desagregação das
partes unidas com cola branca. Após mais esta tentativa fracassada, descobriu-se que
apesar disso ter resultado na quebra do molde e do modelo original, a quebra do material
restante revelou a existência da estrutura interna em arame. Base na qual se apoiava o
parafuso, da qual até então não tínhamos conhecimento.
43
Pintura
Figura 4
Preparação da parede
Durante a fase de preparação da parede procedeu-se a remoção do antigo reboco
devido à existência de uma pintura à base de cal, elemento químico, reconhecidamente,
nocivo à pintura acrílica. Devido à dureza do material encontrado na metade inferior da
parede, nesse espaço não foi efetuada a remoção total do reboco, ao contrário da parte
superior, onde a remoção alcançou o nível da base de tijolos. Após a realização do novo
reboco por mão de obra técnica contratada, constatou-se que a parte que sofreu menor
alteração física, durante a fase de secagem, foi justamente a parte inferior, onde a remoção
do reboco foi parcial. A parte superior, onde houve remoção total da antiga camada,
apresentou maior número de pequenas trincas durante a secagem. Com base nesses dados
empíricos, inferimos que na preparação da parede destinada a uma pintura mural, a
remoção parcial do antigo reboco é suficiente e oferece menor risco de problemas na fase
de preparação da superfície.
Desenho e pintura
O desenho da Alegoria a Cristo Redentor foi executado com base no projeto
aprovado durante a primeira avaliação do trabalho de graduação. A ampliação foi realizada
pelo método de quadriculados. Nessa função o autor foi auxiliado por um membro da
comunidade porque nesse processo é necessário que duas pessoas segurem as pontas de um
barbante impregnado de pó de carvão, em distâncias pré-determinadas. Esse barbante após
ser esticado em intervalos eqüidistantes de 50 cm era retesado e arremetido contra a parede
de modo a demarcar uma retícula ampliada e proporcional ao projeto.
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Composição
A partir da medição da parede destinada à realização da pintura mural e da
avaliação dos elementos formais pré-existentes, como a imagem de Cristo Redentor e do
crucifixo, procedeu-se a execução do projeto em escala 1:20.
Eugéne Delacroix afirmava que as linhas retas nunca ocorrem na natureza, e que
embora elas existam apenas na imaginação humana, os homens insistem em empregá-las.
Rudolf Arnheim, na discussão sobre o fenômeno da percepção visual, informa que devido a
um processo mental ainda não bem compreendido, o ser humano tem a tendência de formar
retas imaginárias ligando pontos próximos, como no processo que conduziu ao conceito de
constelações estelares, sob a forma de figuras imaginárias. As linhas retas, utilizadas na
concepção desse projeto, buscam por um processo similar de associação criar figuras não
apenas pelas formas dos personagens, mas também pela sugestão de planos de cor. As
primeiras linhas estruturais foram concebidas pela demarcação de linhas destinadas a unir
os cantos exteriores do mural em relação aos ângulos formados na porta central
correspondente ao espaço do presbitério. A seguir, os cruzamentos dessas retas foram
ligados de modo arbitrário. Na fase final de estruturação do espaço, foram selecionados os
planos resultantes que pareciam mais harmoniosos. As demais retas, que pareciam
fragmentar o espaço, foram suprimidas do projeto final. As linhas restantes formavam em
sua maioria figuras triangulares, e sobre esse esquema geométrico, de simetria bilateral,
foram executados os primeiros esboços dos personagens destinados a compor as cenas
narrativas do mural.
48
Nesse mural a cor foi utilizada como uma função apenas complementar ao desenho,
e a composição dos efeitos cromáticos seguiu concepções derivadas das teorias
impressionistas sobre o uso de sombras coloridas.
Bibliografia Utilizada
ACTUALITÉ DES ARTS PLASTIQUES. Les mur peints. Bagneux : Centre National de
Documentation Pedagogique, 1984, p. 27 – 30.
BASIACO, Silvestre Peciar. Algumas reflexões sobre Arte Mural. In: Revista do Centro de
Artes e Letras. Santa Maria: UFSM, jan/jun – 1979.
BATISTONI, Duílio Filho. Pequena História da Arte. São Paulo: Papirus, 1993.
HISTÓRIA Geral da Arte no Brasil. São Paulo: Instituto Walter Moreira Salles, 1983.
MILLIET, Sérgio. História Geral da Arte. São Paulo: Difusão Européia do Livro, 1964.
RÉGAMEY, Pe. Arte Sacra Contemporânea. São Paulo: São Paulo Editora.
SPONCHIADO. Breno Antônio. Imigração e Quarta Colônia, Nova Palma e Pe. Luizinho.
Santa Maria: Pallotti, 1996.
Super Interessante. São Paulo: Abril. Ano 10, n. 11, novembro de 1996.
Arte figurativa
1 – Segundo prescrição do cânone 1279: “Que não seja a ninguém permitido colocar ou
fazer colocar nas igrejas e em outros lugares sacros nenhuma imagem insólita, se ela não
for aprovada pelo ordinário do lugar” (Parte I).
2 – Que o ordinário não aprove imagens sacras que se devem expor publicamente à
veneração dos fiéis se elas não concordam com o uso aprovado pela igreja” (Parte III).
3 – Que o ordinário nunca deixe que se exponham nas igrejas ou em outros lugares sacros
imagens de um falso dogma, ou que faltem à decência e honestidade requerida, ou que
dêem às pessoas simples, ocasião de cair em perigoso erro (Parte III)
4- Se faltarem homens competentes nas comissões diocesanas, ou se levantarem dúvidas
ou controvérsias, que os ordinários desses lugares consultem as comissões metropolitanas
ou a comissão romana de arte sacra.
5 – Segundo as normas do cânone 485 e 1178, que os ordinários velem para mandar retirar
dos edifícios sacros tudo o que possa repugnar de algum modo a santidade do lugar ou ao
respeito devido à casa de Deus. Que proíbam severamente que estátuas numerosas e
imagens de pouco valor, na maioria das vezes estereotipadas, sejam expostas, sem ordem
nem gosto, à veneração dos fiéis nos próprios altares ou nos muros próximos às capelas.
6 – Que os bispos proíbam e os superiores religiosos a permissão de publicar livros, jornais
ou brochuras periódicas nos quais sejam impressas imagens contrárias aos sentimentos e
aos decretos da igreja. (Conforme cânones 1385 e 1399, 12).
Alfredo Ottaviani
Assessor.
53
Quantidade
Material
m3 Kg
cimento 4,90
cal hidratada 2,25
Areia média 0.014
Areia fina 0.007
Rendimento médio
Produto Método de aplicação
Por galão de 3,6 l Por área
Fundo preparador de paredes 45 m2 0.08 m2 Rolo de lã
2 2
Fundo esmalte acrílico semi-brilho 23 m 0.15 m Rolo de lã
Pintura esmalte acrílico semi-brilho 10.8 m2 0.33 m2 Rolo de esponja e pincel
Período (dias) 02 09 19 18
Duração média
de cada atividade 0. 16,6 h/ m2 1. 15 h/ m2 1. 38 h/ m2 1. 30 h/ m2
por m2
Nova Palma: arquitetura colonial da imigração italiana Linha Soturno: arquitetura colonial da imigração italiana
antigo cartório (Diomedes Rossato)
Situação Inicial
Preparação do Suporte
Desenho
Pintura
60
Projeto Alegoria a Cristo Redentor, 1996. Guache sobre papel, Centro de Pesquisas Genealógicas, Nova Palma, RS.
Pintura Mural: Alegoria a Cristo Redentor, 1996. Capela de Cristo Redentor, Nova Palma, RS.