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Portugal foi desde o século XV1 um país de emigração, no entanto, sobretudo a partir
da década de oitenta do século XX passou a ser também um novo país de imigração, à
semelhança de outros países da Europa do Sul, como a Espanha, a Itália, a Grécia. Este
facto resulta de uma série de circunstâncias históricas e de uma conjuntura social e
económica específica: o 25 de Abril, o fim do Império colonial e o processo de
descolonização, o desenvolvimento do turismo, sobretudo no Algarve, devido ao
investimento estrangeiro (inglês e alemão), a intervenção do Fundo Monetário
Internacional, a integração na União Europeia (1985).
Para além destes factores mais respeitantes a uma realidade local, podemos ainda
acrescentar outros mais globais, tais como fortes agitações políticas, instabilidade a nível
social e graves conflitos étnicos a Leste, conflitos religiosos, crescimento da taxa de
desemprego, guerra em África; que contribuíram para que Portugal, bem como os outros
países da Europa do Sul, se tornasse num espaço de atracção para os fluxos migratórios
decorrentes dessas situações de turbulência e agitação política, social e religiosa. Também
“a intensificação dos processos de globalização está a promover uma reestruturação
profunda da indústria, uma relocalização das fontes de fornecimento de mão-de-obra, um
redireccionamento dos fluxos de capitais e novos padrões de competição internacional
[...] e a minar as políticas laborais e sociais, bem como a alterar a estrutura e
funcionamento dos mercados de trabalho dos países da Europa Ocidental e do Sul”
(Baganha, Góis, 1999: 255).
Enquanto país de imigração, Portugal tem vindo a acolher um número cada vez
maior de migrantes estrangeiros, sobretudo nas três últimas décadas. Segundo Rocha-
Trindade (2001), neste fluxo de entrada no nosso país, há a considerar três situações
distintas: 1. imigração económica, de cariz internacional, de indivíduos oriundos de países
de língua oficial portuguesa (sobretudo Cabo-verdianos e Brasileiros), ou seja, imigração
assente em laços históricos, na identidade linguística e na afinidade cultural entre o nosso
1 Para Joel Serrão (1970), a emigração portuguesa situa-se no início da colonização da Madeira (por
volta de 1425). Até aproximadamente 1820, esteve essencialmente associada a objectivos mercantis e
imperiais da coroa portuguesa, ou seja, antes da independência do Brasil (1822), saía-se sobretudo do país
ao serviço da coroa ou como colono, para áreas do Império Colonial Português. A partir dessa época, o fluxo
migratório mudou: transformou-se num movimento internacional de trabalho (emigração económica)
direccionado para espaços fora do Império.
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país e as antigas colónias em África e na América do Sul; 2. “imigrantes” provenientes dos
países da União Europeia, devido à liberalização da entrada, residência, trabalho e
permanência de que estes cidadãos gozam; 3. outras situações, destacando-se duas
regiões de proveniência asiática: a Índia e a China.
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principais aumentos sido observados nos Estados Unidos (mais 164,5 mil), Reino Unido
(mais 55 mil), Espanha (mais 37 mil) e Itália (mais 31 mil). Esta situação decorre do fraco
crescimento da economia portuguesa, segundo o relatório de 2007 da OCDE
«Perspectivas das migrações internacionais». Já desde 2003 que o nosso país vive numa
situação de crise económica. Segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE),
o número de desempregados no terceiro trimestre de 2007 foi de 7,9%, o valor mais
elevado dos seis últimos anos.
Bibliografia
BAGANHA, Maria I., GÓIS, Pedro, 1999, «Migrações internacionais de e para Portugal: o
que sabemos e para onde vamos?», Revista Crítica de Ciências Sociais, 52-53, pp. 229-
280.
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