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A CAPOEIRA NA INTERAÇÃO COM A EDUCAÇÃO FÍSICA

ESCOLAR NA PROMOÇÃO DO CRESCIMENTO E


DESENVOLVIMENTO INFANTIL ALÉM DO ASPECTO MOTOR

Luiz Carlos de Paula1 Luiz Antônio Silva Campos²


¹UNIUBE/Uberaba
²UNIPAM/FACISA - Patos de Minas

O estudo aborda o ensino da Capoeira na pré-escolaridade em


conjunto com outras atividades físicas auxiliando o desenvolvimento
geral das crianças, no de explorar, manipular, sentir seu corpo como
interação com o meio. Com base nessa perspectiva chama-se a
atenção para a necessidade de se conhecer o corpo, pois é
indispensável à saúde física, emocional e intelectual da criança que irá
contribuir no futuro para um equilíbrio na vida como adulto. A
execução dos exercícios físicos específicos da Capoeira vem
demonstrando que potencializa alguns aspectos básicos da
motricidade humana, tais como a noção espacial, lateralidade e
consciência corporal capacitando física e, concomitantemente,
promove os aspectos sócio-afetivos da criança, aumentando a sua
resistência emocional e gerando uma diminuição seu sentimento de
impotência perante os obstáculos do dia a dia. Nas considerações
finais ressalta-se que a Capoeira é um esporte que se presta há várias
possibilidades além da sua abordagem lúdica, sendo então, tão
importante para melhoria da qualidade de vida do ser humano e
possibilita um chamamento à atenção mais apurada dos professores
regentes e dos pais das crianças em desenvolvimento em
desenvolvimento no início do processo de escolarização.

Palavras chaves: Capoeira, Educação Física Escolar, Educação Infantil


UMA PESQUISA A PARTIR DO TRABALHO EDUCATIVO DA CAPOEIRA

Este trabalho se caracteriza como uma pesquisa descritiva


bibliográfica integrada por um estudo de caso etnográfico do ensino da
Capoeira na Educação Infantil. Os sujeitos e o universo do estudo se
configuraram pela composição dos alunos de duas escolas particulares
de Educação Infantil de Uberaba, MG nos períodos de pré I, pré II e
pré III. A localização geográfica dessas escolas é dimensionada
próxima ao centro da cidade de Uberaba-MG e os alunos, sujeitos da
pesquisa, detinham características sócio-econômicas classes sociais
variadas.
O estudo de caso foi realizado em três etapas, a saber: na
primeira teve a duração de um ano e foram propostos aos alunos nas
aulas de Educação Física, exercícios destinados ao desenvolvimento de
habilidades motoras básicas com uma seqüência evolutiva do grau de
dificuldade fundamentada em bibliografias específicas para a faixa
etária da Educação Infantil, e nas experiências docentes
desenvolvendo o conteúdo de ensino Capoeira. A partir daí, por meio
da observação sistemática e continuada dos aspectos de execução e
motivação, associada à aplicação dos conhecimentos, foi se
estruturando um registro sistemático de observações e discussões com
os sujeitos, nas aulas ministradas.
Foi proposta como atividades físicas a associação de movimentos
naturais aos elementos culturais e corporais da Capoeira, as seguintes,
a saber: passeio na corda seguida por brincadeiras com bola;
brincadeiras de corrida de pneus; o desenho a mão livre; piques de
esconde-esconde, brincadeiras de pular cordas, etc. Algumas crianças
escolheram mais que uma atividade, e, vez por outra, destacaram que
preferiam as brincadeiras no “parquinho” da escola. A partir dessas
preferências, foi possível planejar melhor as aulas tornando-as mais
motivadas, ampliando o conhecimento sobre os alunos, de maneira a
entender melhor suas inquietações e desejos. Com base nas respostas
corporais apresentadas pelas crianças nas atividades desenvolvidas foi
possível a realização de uma observação sistemática para entender o
comportamento de brincar e o desenvolvimento humano dessas
crianças, compreendendo, também, o que a Capoeira como conteúdo
da aula associada a outras atividades da Educação Física Escolar
proporciona à criança uma riqueza enorme de movimentos corporais,
tão fundamentais nessa fase do desenvolvimento humano.
Na segunda etapa foram selecionados exercícios que se
encaixavam na proposta e nas preferências dos alunos, porém, não se
prendendo unicamente aos mais aceitos por eles, e, além disso,
trabalhou-se com um teste de formulação e verbalização de uma
estória por eles, onde se observou a diversidade de palavras utilizadas
pelos mesmos para construção da estória a partir de um tema dado.
Na terceira etapa o trabalho foi focado nas atividades realizadas
por alunos de três turmas masculinas, variando de doze a dezesseis
alunos cada,
com idade de quatro e cinco, das três escolas citadas e, percebeu-se
que a maioria dos alunos desconhecia maioria das atividades
propostas. Além do trabalho proposto e o registro dos
comportamentos dos alunos, colheu-se opiniões de dirigentes da
escola e professores regentes.
As atividades desenvolvidas com os alunos nessa fase foram as
seguintes:
 um programa de atividades físicas baseadas nos movimentos
básicos, seguindo uma seqüência de dificuldades. Andar, noções
espaciais, correr, saltar, consciência corporal, trepar, com muitos
jogos e brincadeiras. As formas de elaboração das atividades
seguiram a seguinte ordem:
 exercícios para a consciência corporal, fundamentados para a
criança organizar o esquema corporal, visto que o corpo
estabelece uma forma de contato com o meio, sem a criança
compreender seu corpo, ela não estará totalmente preparada
para aprender e ser educada.
 exercícios para a consciência espacial foram elaborados,
começando pelo espaço que rodeia a criança, atividades
desenvolvendo as noções de direita, esquerda, acima abaixo, na
frente atrás e seguindo os deslocamentos.
 exercícios para a consciência temporal, são eles referindo-se a
rapidez e lentidão, utilizando o antes e depois, o ritmo.
 exercícios para as relações corpo-espaço-tempo, o corpo se move
em um espaço em um tempo. Percepção espacial/temporal é
importante no processo de adaptação da criança ao ambiente, já
que todo corpo, ocupa necessariamente um espaço em um dado
momento.

CAPOEIRA E EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR NA EDUCAÇÃO INFANTIL:


uma proposta de discussão.

Percebe-se que do ponto de vista dos responsáveis pela criança na


escola (pai e mãe), existe a crença que o papel da escola é o agente
facilitador do desenvolvimento global do ser humano, fundamentado
na capacidade dos professores regentes de sala de aula de
transmitirem os saberes acumulados historicamente e, que o educador
físico é o promotor de do desenvolvimento motor dos alunos.
Quanto à percepção da criança, entende-se que ela vai além dessa
simples dedução paterna, entendendo que o professor de Educação
Física além de ensinar os movimentos da cultura corporal dessa
criança, vai além no seu trabalho pedagógico, estimulando o aspecto
afetivo-social e cognitivo dessa criança, estimulando o poder de sua
crítica, alargando os seus horizontes criativos e promovendo o
entendimento do conceito de cidadania.
Quando se pensa em trabalhar com a Capoeira objetiva-se conduzir as
crianças na descoberta dos limites e possibilidades do próprio corpo
enquanto
realizam as atividades. Esse pensamento está vinculado às proposta de
uma Educação Física Escolar transformadora e autônoma para o aluno.
Essa matéria, quando enfocada pela área da saúde, denota indicadores
que proporciona aos praticantes os conhecimentos para assimilar as
atividades capazes de atender cada vez mais satisfatoriamente, indo
de encontro as suas necessidades básicas e, auxiliando principalmente
às crianças no seu crescimento e desenvolvimento com qualidade,
possibilitando-lhes atribuir significados e relações ao mundo, além de
proporcionar a apropriação de valores e comportamentos próprios
deste tempo.
Portanto, reforçando a idéia referendada anteriormente, neste
trabalho propõe-se estabelecer uma relação de desempenho motor,
afetivo-social e cognitivo entre a junção da Capoeira como movimento
de cultura corporal, compondo com outros (jogo, dança, esporte, jogo
e expressão e ritmos) já estudados e trabalhados na Educação Física
Escolar, situada na Pré-escola. Assim, a seguir, será proposta uma
discussão relacionando os fatos observados e registrados associados
as questões do desenvolvimento corporal da criança promovido por
meio de aplicação de atividades físicas da Educação Física Escolar para
a Educação Infantil e integradas ao conceito e à prática da Capoeira no
universo compreendido pelas escolas de Educação Infantil,
referendadas na introdução deste estudo.

A CAPOEIRA: Relações, valores culturais, valores motores, crescimento


e desenvolvimento humano

No Referencial Curricular para Educação Infantil (1998) do MEC, tem


como parâmetros para a educação formal o seguinte: metas de
qualidade que contribuam no desenvolvimento integral das crianças e
suas identidades; ações educativas; priorizar conhecimentos e
formação na formação das crianças; levantar preocupações com o
desenvolvimento cognitivo, a autonomia, a cooperação, as diferentes
inserções culturais, promovendo a cidadania, para que os alunos
gozem dos direitos à infância plenamente. Além disso, visa contribuir
para realizar, nas instituições, o objetivo socializador dessa etapa
educacional, em ambientes que propiciem o acesso e a ampliação,
pelas crianças, dos conhecimentos da realidade social e cultural de
maneira mais efetiva.
Em razão dos conhecimentos da Capoeira ultrapassar o fator motor,
incorporando em seu interior o cultural, propiciará ao aluno a
aprendizagem das suas origens e do seu desenvolvimento, levando-o à
viagem à cultura brasileira, despertando lhe o valor de sua história e
da história do Brasil, vindo de encontro aos parâmetros sugeridos no
Referencial Curricular para Educação Infantil (1998).
Algumas escolas que trabalham com a Educação Infantil não se
conscientizaram ainda da importância do professor de Educação Física,
principalmente aquele professor dotado de conhecimentos da
Capoeira, que
poderá com o seu trabalho melhorar o ensino-aprendizagem numa
relação interdisciplinar.
Segundo Oliveira (1997), todos nos temos um mundo construído a
partir de nossas próprias experiências corporais. Quando nascemos,
somos como todos os animais, pois nós possuímos necessidades
básicas para a sobrevivência. Porém o caráter diferenciador mais
relevante do homem com todos os outros animais é a sua capacidade
de pensar e estruturar e reestruturar o seu agir, além disso, sempre há
a possibilidades de um aprendizado maior e mais elaborado em cada
etapa do crescimento e do desenvolvimento. A Capoeira como
conteúdo de ensino propicia experiências corporais que poderão
refletir positivamente no desempenho e no desenvolvimento da
criança e na sua vida adulta.
A Capoeira apropriada pela Educação Física Escolar, na Educação
Infantil, vem sugerindo um trabalho que vai muito além de um simples
jogar os pés para o alto. O chute, na Capoeira, nesse estágio pode ser
um ótimo recurso de ensino para a liberdade do aluno, em todas as
dimensões humanas. Além disso, ouvir a historia sobre os
fundamentos da luta, aprender e cantar canções, compassar as
palmas, brincadeiras musicadas, realizar movimentos característicos
do jogo da Capoeira, tocar e construir instrumentos, são atividades
que despertam e estimulam o gosto por esse universo, além de
propiciar a vivência de elementos até então desconhecidos de seu
repertorio.
Nas aulas a criança experimenta ações que desenvolve coordenação,
equilíbrio, flexibilidade, percepção do espaço geral e pessoal, ao
trabalhar situações com a posição invertida, movimentos aéreos e
rotação, fazendo com que ela entre em contato com muitas de suas
habilidades. É através do movimento que a criança interage-se com o
meio e se descobre por meio de novas descobertas individuais e
coletivas. Assim, fica propicio no ensino da Capoeira e no aprendizado
da criança, quando se atende a demanda receptiva e curiosa dessa
criança e proporcionando a ela atividades para estimulação da sua
noção de esquema corporal e consciência corporal.
De acordo com Feldenkrais (1977), nós agimos conforme a nossa auto-
imagem e ela governa todos os nossos atos, condicionada por três
fatores: hereditariedade, educação e auto-educação. Portanto, o
professor, principalmente o professor de Educação Física é um
formador de opiniões que proporciona mudanças fundamentais no
desenvolvimento da criança e, mais uma vez, a Capoeira é um ótimo
recurso educacional para essa atuação do professor nesse processo de
ensino-aprendizagem que contribui para o aluno no seu processo de
auto-educação.
Na aprendizagem da Capoeira exigi-se do educador a intervenção em
um universo de ordem cognitiva, motora, afetivo-social, pois como já
foi dito anteriormente, a mesma vem com uma proposta de maneira
continua e progressiva integrando desenhos dos símbolos materiais
sonoros, permitindo sua descoberta, bem como a oferta da
possibilidade de explorar e criar
intimidade com os instrumentos, tornando possível a descoberta com
prazer da
música de Capoeira sendo ela diferente daquelas ouvidas em seu dia a
dia, num aprendizado constante com as tradições e relatos embutidos
nelas.
Às crianças são conduzidas a um oportuno contato direto com a
movimentação básica de rodas, sem a intermediação do professor,
pois elas estarão capazes num curto prazo de aprendizagem efetuando
os golpes e contra golpes, encaminhando a experiência para níveis
cada vez mais elaborados. Esse confronto, benéfico à sua formação
vai, com o tempo, propiciando-lhe segurança no seu modo de ver o
mundo e reagir diante de seu dinamismo.
É através do conteúdo do curso que se procura desenvolver nos alunos
as capacidades físicas, intelectuais, o pensamento autônomo, a
construção da própria identidade, auto-imagem e a consciência crítica,
para que possam compreender e participar ativamente da vida social.
Durante o processo de ensino, estabelecem-se condições para que a
criança vá adquirindo de forma sistemática os conteúdos envolvidos na
Capoeiragem, através de uma ação pedagógica equilibrando o
conteúdo e os elementos que ela apresenta espontaneamente
permitindo o questionamento e a reflexão.
Nota-se que na Educação Infantil as crianças apresentam deficiências
na adaptação, percepção e vida social. Muitas delas pouco tiveram
contato com atividades em grupos exigindo, cooperação, organização,
sendo para elas difícil lidar com esta situação inusitada, a Capoeira
permite a criança vivenciá-las, ao participar das rodas ela esta
exercitando seu desenvolvimento motor, a sua concentração estará
sendo requerida, pois precisa prestar atenção no que está acontecendo
com o grupo e na sua vez de participar, maior socialização, pois as
crianças jogam umas com as outras e com adultos, mesmo sem
conhecerem. Diminuição da barreira que é a timidez, a criança passa a
participar de apresentações, batizados, com a presença de platéia pela
frente, também tem o cumprimento com aperto de mãos após cada
jogo. A situação ideal para colocar em prática a disciplina e respeito ao
próximo melhorando sua relação social.
Não há como falar em crescimento e desenvolvimento humano sem
abordar algumas áreas da motricidade humana, uma criança com
dificuldade de formular estórias pode estar ligada ao seu corpo.
Quando se trata de conhecimento corporal, inserimos a lateralidade, já
que ela possibilita nossa situação no ambiente. Bueno (1998) relata a
lateralidade como sendo a percepção dos lados direito e esquerdo,
como elemento fundamental de relação e orientação.
A predominância de um dos lados do corpo se faz em função do
hemisfério cerebral.
Perceber que o corpo possui dois lados e que um é mais utilizado do
que o outro é o início da discriminação entre a esquerda e direita.
Defendida a idéia por vários autores que a criança não distingue os
dois lados do corpo em um primeiro momento, e só num segundo
momento, ela
compreende que os dois braços encontram-se um em cada lado de seu
corpo, embora ignore qual seja "direito" ou "esquerdo". Com ensino da
Capoeira ela aprende a diferenciar as extremidades, passando em
seguida, a distinguir outros órgãos e membros um do outro. Aos seis
anos, a criança tem noção de suas extremidades direita e esquerda e
noção dos órgãos pares, apontando sua localização em cada lado de
seu corpo.
A Capoeira, neste momento, proporciona estímulos em forma de
golpes, esquivas, floreios e exercícios físicos, auxiliando a
compreensão dos dois lados do corpo, ajudando criança a adquirir boa
noção espacial, aprimorando o seu domínio lateral e boa orientação
com relação a seu corpo, ao meio ambiente, objetos e às pessoas.
Alguns estudiosos preferem tratar a questão da lateralidade como
parte da orientação espacial e não como parte do conhecimento
corporal, para outros esta questão é tratada como parte do
conhecimento corporal aliado a uma orientação espacial. Mas, como se
discutiu anteriormente a Capoeira aborda o trabalho corporal de uma
forma integrada ao ambiente e à precisão do tempo, enfocando,
portanto essas duas questões, aparentemente divergentes.
Com base em Oliveira, (1997), pode-se perceber que a criança
organiza seu esquema corporal através da experimentação, ela vai
percebendo seu próprio corpo por meio de todos os sentidos, e dessa
maneira constrói e se elabora no decorrer de sua evolução. Nota-se
que seu corpo ocupa um espaço no ambiente em um tempo, capta e
reflete imagens, recebe e emite sons, sente o meio, passa o corpo
sendo o referencial. Esse esquema corporal revela-se gradativamente,
cada vez se tornando mais nítidos, isto é, ao lado da construção de um
corpo 'objetivo', estruturado e representado como um objeto físico,
cujos limites podem ser traçados a qualquer momento. O esquema
corporal é inconsciente e se modifica com o tempo.
Pode-se afirmar que o corpo é o ponto de referencia e interação com o
meio, a aquisição da consciência dos seus limites diferenciando do que
o cerca, torna um aspecto importante da construção da identidade. Por
meio das explorações advindas da Capoeira e das atividades físicas
permite através, do contato físico e da observação daqueles com quem
convive, a criança aprende sobre o mundo, sobre si mesma e
comunica-se pela linguagem corporal. “O corpo é uma forma de
expressão da individualidade. A criança percebe-se e percebe as coisas
que a cercam em função de seu próprio corpo”. (OLIVEIRA, 1977, p.
47).
Considerando que nos primeiros meses de vida a criança inicia sua
interação social, e se evolui conforme o que aprende a educação de
grande parte das crianças de zero a seis anos vem sendo realizado no
âmbito doméstico. Ao seu ingresso em uma pré-escola vê-se a
necessidade de um ensino metodizado aproveitando o conhecimento
até então adquirido e proporcionar a experimentação de novos
estímulos essenciais para sua vida.
A metodologia das aulas de Capoeira é direcionada para as crianças na
faixa etária entre de quatro a seis anos, prioriza no início a tomada de
consciência
de seu corpo, por meio de brincadeiras, de uma forma
predominantemente lúdica, ela trabalha as diferentes partes do corpo
em relação ao espaço, essas brincadeiras
são "meios" de se chegar aos objetivos para o aprendizado dos
movimentos básicos, e movimentos com progressões pedagógicas
como a “ginga”1, o “aú” 2, alguns golpes , esquivas e quedas.
Parafraseando Schinca (1991) há exercícios destinados à melhor
descoberta da consciência do corpo, espaço, tempo e das relações
corpo-espaço-tempo. Levando à pressuposição que se a criança estiver
com o seu esquema corporal organizado, ela terá o domínio sobre o
seu corpo se estará mais preparada para uma aprendizagem posterior.
No ensino da Capoeira, como se pode constatar, de forma metodizada
não somente lúdica, procura-se encontrar em cada atividade física os
benefícios fisiológicos, psicológicos e sociais, utilizando-os como
instrumentos de comunicação, expressão, lazer, cultura e saúde da
criança.
Os exercícios são realizados na forma de movimentos naturais,
imitando os animais, aquecendo o corpo de forma prazerosa e
prudente, sem a realização de exercícios com impacto. Explora-se
muito o equilíbrio, o controle corporal, com o treinamento de roda
exercita a relação corpo espaço, em duplas o tempo da aplicação dos
golpes é importante evitando o choque, oferecendo assim menor risco
de lesões e de acidentes, nesse envolvimento com a Capoeiragem, a
criança adquire recursos e habilidades em outras áreas, não ficando
preza ao somente desenvolvimento corporal, em meio às práticas,
tantos elementos culturais e rítmicos são oferecidos.
Os objetivos, tanto os esportivos quanto os recreativos, seguem
caminhos necessários para que a criança se aperfeiçoe como indivíduo
e ser social. Dentro das propostas competitivas, estimulamos a ética e
o respeito sem a supervalorização da vitória onde muitas vezes o
ganhar passa a ser sinônimo de sucesso na vida, impedindo-a de
enxergar inevitáveis distorções no seu processo de desenvolvimento
social, cultural e educacional. Dando, ainda, o direito de falhar, de
errar, de ser derrotado, aprendendo que, às vezes, o erro e a derrota é
o começo de um frutífero aprendizado.
As atividades de luta representam uma necessidade infantil
manifestada principalmente entre os meninos, sendo na maioria das
vezes reprimidos e punidos. Contudo, na Capoeira essas questões são
abordadas de forma humanizadora. O professor (Mestre) age de modo
dinâmico vindo com a proposta de fazer uso de jogos de lutas,
permitindo o contato corporal de forma organizada para que a criança

1
Ginga é o movimento básico da Capoeira e que lhe dá características singulares.
2
Aú é um movimento da Capoeira que se assemelha à “estrela” da Ginástica Artística.
possa expressar seu ímpeto em condições seguras, possibilitando a
liberação da agressividade sem deixar de lado o reconhecimento do
outro suprindo sua necessidade.
Trabalha-se numa constante renovação na transmissão do ensino com
expectativa de estar levando o homem a ser melhor. Através de golpes
e
outros movimentos específicos, a criança percebe seu corpo no espaço,
motivadas pelo ritmo com o som das músicas, dos instrumentos e da
vibração das palmas. Nessas aulas existem também momentos onde
elas se interagem movimentando junto à roda de Capoeira.
É importante destacar que tudo isso é vivenciado de forma prazerosa,
como uma brincadeira, um jogo. A Capoeira traz aos seus praticantes
muitos benefícios, pois na medida em que ela aprofunda na sua pratica
mais se sincroniza com os movimentos preparando gradativamente o
corpo tanto para a luta quanto para a vida. Muito se falam que
algumas atividades colaboram para um bom desenvolvimento motor e
conseqüentemente, melhoram a aprendizagem. Entende-se também
que, além da atividade física contida na Capoeira, há os componentes
rítmicos e culturais capazes de proporcionar maiores vivências no
decorrer de seu curso aliada aos aspectos maturacionais, sem
desprezar a relevância do aspecto cognitivo no seu desenvolvimento.

ANÁLISE DE RESULTADOS E CONSIDERAÇÕES FINAIS

Considera-se que o crescimento e desenvolvimento infantil tiveram um


desempenho contínuo em função da prática da Capoeira na faixa etária
de quatro aos cinco anos de idade. As crianças corresponderam de
forma variada para as situações ora complexas, ora simples. Percebeu-
se que o nível sócio-econômico e a raça não foram variáveis de
interferência no desempenho. Levando a crer que nessa faixa etária as
diferenças motoras, cognitivas e sócio-afetiva não são aspectos
diferenciadores. Destaca-se, portanto, que a classe social não é causa
suficiente para a geração de expectativas positivas ou negativas em
relação ao desempenho infantil. Não se trata de dom nem de déficit. As
crianças de raça amarela, negra, branca ou resultado dos cruzamentos
étnicos, apresentaram resultados que tanto podem variar de baixo a
muito alto de desempenhos.
O nível de auto-estima, o processo de socialização e de construção do
conhecimento, a idade, a estimulação pedagógica e as condições
físicas que a instituição pré-escolar oferece, enfim, todos esses
fatores, entre outros, interagindo com a Capoeira, são responsáveis
pelo processo de desenvolvimento das crianças.
Esses resultados sinalizam para a importância que tem a interação
destes fatores. No entanto, mesmo considerando a diversidade infantil,
há desempenho mais ou menos estáveis para as idades de quarto e de
cinco anos, no que diz também respeito: do tempo gasto para
desenvolver as atividades, da compreensão das instruções orais, do
índice de atenção despendido e, termos de interesse, dos aspectos
maturacionais, fundamentalmente, da qualidade das criações dos
textos. Em relação à linguagem oral, as crianças de cinco anos
expressaram-se de forma mais compreensível, podendo se dizer mais
“concretas” do que as de quatro anos.
Foi também possível avaliar o nível de complexidade das estórias, as
formas
de percepção dos personagens aos conceitos já formados, bem como a
manifestação espontânea sem a interferência do adulto.
Essa argumentação estabelecida neste trabalho só foi possível porque
houve um registro das ocorrências e trocas de informações com as
crianças e busca de informações junto aos seus professores regentes.
Os indicadores básicos de tais informações foram as seguintes
informações: “os alunos estão melhorando na disciplina e na atenção”.
A comparação dos resultados no inicio do ano letivo com as crianças
na faixa dos quatro anos indicaram que aquelas vindas de outras
instituições ou ingressavam para seu primeiro ano uma grande
porcentagem tinham uma dificuldade na formulação de estórias maior
que aquelas já matriculadas anteriormente. Das crianças avaliadas que
no ano anterior estudou na mesma escola e participou das atividades
apresentavam maior desenvoltura, com textos mais complexos,
deixando um questionamento se essa diferença de procedimentos
relaciona a quantidade e qualidade dos estímulos por nos propostos.
Notou-se, que no final do ano letivo, segundo o resultado dos testes as
crianças detinham uma facilidade maior em criar mais detalhamentos
em suas estórias, em principal dos alunos transferidos de outras
instituições, pode ser da eficácia desta intervenção sem desprezar um
maior amadurecimento neurológico.
Os alunos se familiarizaram com a Capoeira e seus exercícios,
demonstrando um interesse acentuado e, também, prazer em fazê-los
na aula de Educação Física, tornando mais fácil realizar a prática
educativa proporcionando melhores aproveitamentos nas atividades
propostas, e com isso tornando o ambiente educacional mais tranqüilo
e estável.
Além de raciocínio, as atividades exigiam uma aprendizagem complexa
no campo da coordenação motora fina. Deixando claro ser
fundamental desenvolver essas habilidades na criança desde cedo. E
se há um profissional precioso na escola, justamente por ter estudado
os detalhes da anatomia humana, fisiologia, psicologia do
desenvolvimento e didática é o professor de Educação Física, capaz de
promover estímulos necessários e exclusivos das atividades físicas,
capazes de ajudar no desenvolvimento global das crianças.
O trabalho promoveu crescimentos pessoais e profissionais,
decorrentes deste maior entendimento de como se constroem as
relações entre as crianças e de um conhecimento mais ampliado e
prático sobre o desenvolvimento físico na aprendizagem. Tais
resultados assinalam que os educadores necessitam conhecer as
características de cada etapa do desenvolvimento infantil para
selecionarem estímulos apropriados e desafiadores segundo as
possibilidades das crianças. Caso isto não ocorra, as próprias crianças
tentarão fazer e pode ser da forma não correta.Entende-se que
durante três anos foi realizado um trabalho organizado metodicamente
a fim de se obter resultados efetivos de desenvolvimento das crianças.
Foi possível a sua realização pela persistência indicada nesta pesquisa
e, fundamentalmente pelo processo organizacional das ações,
respeitando a criança e o momento de sua vida. Pode-se deduzir ainda
que, um trabalho isolado de Capoeira por pressupostos “mestres” sem
uma formação acadêmica pedagógica poderá não ter o mesmo
resultado obtido neste trabalho.

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