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1. Inclusão digital e governo eletrônico: esforços conjuntos para a redução das desigualdades
Reflexo do mundo moderno e globalizado, a exclusão digital é hoje mais uma face das desigualdades
sociais. Em todo o mundo são bilhões de pessoas sem acesso às tecnologias digitais de informação e
comunicação. Estima-se que, dos mais de 6,5 bilhões de habitantes no planeta, pouco mais de 10%
tenham acesso à internet, estando a maioria concentrada nos Estados Unidos, Canadá, Europa e
pequena parte da Ásia e Pacífico.
No Brasil, pesquisa do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI), publicada no primeiro semestre de
2009, aponta que 54 milhões de cidadãos têm acesso à internet. Um percentual de quase 30% da
população de aproximadamente 184 milhões de brasileiros (Censo IBGE 2007). Embora o número seja
de quase 10 milhões a mais que em 2008, ainda é muito pequeno. Desse volume, a grande maioria dos
brasileiros que têm acesso à rede mundial de computadores está concentrada nas classes A e B.
De uma forma geral, o fenômeno das desigualdades agregadas encontrou na exclusão digital um forte
aliado. Os mais pobres, as mulheres e os de minoria étnico-racial, assim como em outras situações,
estão na base da pirâmide social e por conseqüência do acesso aos bens e serviços intermediados pela
tecnologia.
Por isso mesmo, em um país como o Brasil, onde essas desigualdades assolam parte significativa da
população, os processos de avanços de governo eletrônico obrigatoriamente devem acompanhar as
políticas de inclusão digital. Um governo que tem um programa de governo eletrônico que busca
ampliar e qualificar a oferta de serviços e informações com acesso mais ágil, mais direto, via meios
eletrônicos, necessita de um programa de inclusão digital de grandes proporções. Do contrário, estará
promovendo a exclusão e contribuirá ativamente para que apenas uma parte já privilegiada da
sociedade tenha acesso a esses serviços, a um canal de interação mais direto com o governo.
As políticas públicas podem e devem aproveitar as novas tecnologias para melhorar as condições de
vida do conjunto da população e dos mais pobres, mas a luta contra a exclusão digital é, sobretudo,
uma luta para encontrar caminhos para diminuir o impacto negativo das novas tecnologias sobre a
distribuição de riqueza e oportunidades.
Espera-se que o acesso às tecnologias e sua apropriação levem ao desenvolvimento local, à resolução
de problemas das comunidades de modo participativo e com autonomia crítica e a mudanças nas
próprias políticas. O vínculo entre inclusão digital e governo eletrônico deve ser claro e forte. Não se
trata de contar com iniciativas de inclusão digital somente como recurso para ampliar a base de
usuários para fins comerciais ou de arrecadação de impostos, nem reduzi-las a elementos da
empregabilidade de indivíduos ou de formação de consumidores para novos tipos ou canais de
distribuição de bens e serviços.
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XIV Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Salvador de Bahia, Brasil, 27 - 30 oct.
A importância da inclusão digital passa pelo reconhecimento de que a exclusão digital deve ser
combatida com um processo de oferta universal de acesso aos equipamentos, às redes e às linguagens,
sem restringir-se a aplicativos e sistemas. Apropriar-se das tecnologias significa desenvolver e
aperfeiçoar habilidades que vão de tarefas básicas a atividades complexas. Muitos aspectos da inclusão
digital não estão nas máquinas nem na relação com elas, mas no processo global de inclusão social.
A inclusão digital deve ser tratada como política pública, de caráter universal, e como estratégia para
construção e afirmação de novos direitos e consolidação de outros, pela facilitação de acesso a eles. A
inclusão digital como política pública implica que esta seja assumida ativamente pela sociedade para
proporcionar o acesso aos equipamentos, linguagens, tecnologias e habilidades necessárias para utilizar
as tecnologias da informação e comunicação.
Por isso, as políticas de inclusão digital estão vinculadas, de várias maneiras, em vários sentidos, com o
processo de governo eletrônico. Nos últimos oito anos, a maior parte dos debates sobre o assunto no
Brasil é tocada a partir do Comitê Executivo de Governo Eletrônico, por meio do Comitê Técnico de
Inclusão Digital.
O governo federal estipulou como objetivos do seu Programa de Inclusão Digital o estímulo de uma
política pública de inclusão digital; a ampliação significativa da proporção de cidadãos, sobretudo das
classes C, D e E com acesso às tecnologias da informação e comunicação. Além disso, o programa
ainda prevê: integração e coordenação das iniciativas de inclusão digital realizadas pela administração
federal; indução e fomento da implementação de espaços públicos de acesso comunitário por governos
municipais, estaduais, iniciativa privada e sociedade civil; e a realização destas ações com prioridade
para o uso de software livre.
Todas as iniciativas do governo brasileiro, ainda que insuficientes, por uma série de fatores, têm
impulsionado significativamente o debate e têm permitido cada vez maior acesso, por parte dos
cidadãos, à informação, às tecnologias e aos canais de interlocução com a administração pública.
Não por acaso os canais de interlocução mediados pelas tecnologias, como os serviços públicos online,
estão entre os principais conteúdos procurados pelos usuários de internet no país.
Entre os usuários de internet no país, 83% faz uso também da rede para buscar informações e serviços
online. Ainda que o uso dos serviços de governo eletrônico seja uma realidade para apenas 22% desses
internautas, a obtenção de documentos, pagamentos de taxas, serviços de previdência e assistência
social, assim como os de justiça e segurança estão no topo da lista.
Portanto, disponibilizar serviços públicos intermediados pelas tecnologias não garante, na realidade
brasileira, a capilaridade das ações governamentais. Há que se fazer mais para que a população, de
maneira equitativa acesse esses serviços.
Combater a exclusão digital passa, portanto e também, pela implementação de políticas e programas
capazes de promover o desenvolvimento e ampliação do acesso aos equipamentos e insumos de TIC,
sejam nos espaços públicos ou privados. Passa também pelo desenvolvimento de ações de ampliação
da infraestrutura tecnológica e pela educação para a inclusão digital.
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Ao longo dos últimos anos o governo brasileiro implementou uma série de programas a ações neste
sentido. Entre elas destacam-se1:
Casa Brasil: Resultado da parceria entre o Ministério da Ciência e Tecnologia, Instituto Nacional de
TI, Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, Ministério das Comunicações, Ministério da
Cultura, Ministério da Educação, Secom, Petrobras, Eletrobrás/Eletronorte, Banco do Brasil e Caixa
Econômica Federal. Prevê a implantação de espaços multifuncionais de conhecimento e cidadania em
comunidades de baixo IDH, por meio de parcerias com instituições locais. Cada unidade de Casa Brasil
abrigará um telecentro, com uso de software livre, e pelo menos mais dois outros módulos, que podem
ser uma biblioteca popular, um auditório, um estúdio multimídia, uma oficina de produção de rádio, um
laboratório de popularização da ciência ou uma oficina de manutenção de equipamentos de informática,
e um espaço para atividades comunitárias, além de um módulo de inclusão bancária nas localidades
onde for possível.
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BRASIL. INCLUSÃO DIGITAL. Portal da Inclusão Digital. Programas. Disponível em
http://www.inclusaodigital.gov.br/inclusao/outros-programas
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Kits Telecentros: Ministério das Comunicações – A doação de kits telecentros para prefeituras
brasileiras é uma iniciativa do Programa de Inclusão Digital do Ministério das Comunicações
que tem como meta instalar telecentros em todos os 5,5 mil municípios do país até junho de 2008,
com investimentos totais de R$ 134 milhões do governo federal. Quase 5 mil prefeituras já estão
cadastradas para o recebimento de equipamentos de informática e mobiliários que
proporcionarão a montagem de espaços de acesso gratuito à população, onde serão realizadas
atividades, por meio do uso das TICs (Tecnologias da Informação e Comunicação), que
promovam a inclusão digital e social. Cada kit possui: um servidor de informática; dez
computadores; uma central de monitoramento com câmera de vídeo de segurança; um roteador
wireless; 11 estabilizadores; uma impressora a laser; um projetor multimídia (data show); 21
cadeiras; um mesa do professor; 11 mesas para computador; uma mesa para impressora; um
armário baixo. No site do MC (http://www.mc.gov.br), na aba Inclusão Digital, estão disponíveis
o Cadastro de prefeituras e Manuais.
Pontos de Cultura – Cultura Digital: Ministério da Cultura - O Programa Cultura Viva apoia
iniciativas culturais locais/populares e tem como ação prioritária o Ponto de Cultura que articula as
demais ações do Programa. A ação Cultura Digital, permite a implantação de equipamentos e formação
de agentes locais para produção e intercâmbio de vídeo, áudio, fotografia e multimídia digital com uso
de software livre, e conexão à Internet. Atualmente há 648 projetos culturais apoiados financeiramente
pelo programa Cultura Viva.
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Programa banda Larga nas Escolas: Presidência da República, Casa Civil, Secretaria de
Comunicação (Secom), Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), os Ministérios da Educação,
das Comunicações, Planejamento e Ciência e Tecnologia - Programa Banda Larga nas Escolas vai
beneficiar cerca de 55 mil escolas até 2010, atendendo 84% dos estudantes do ensino básico do país.
As concessionárias de telefonia deverão levar, até dezembro de 2010, a rede de banda larga até a sede
de todos os 5.565 municípios brasileiros. O programa terá duração até 2025. Nesse período, as
empresas devem aumentar periodicamente a velocidade de conexão. A meta é que 40% das escolas
públicas de educação básica previstas pelo programa tenham laboratórios de informática com internet
banda larga ainda em 2008. No ano seguinte, mais 40% das escolas serão beneficiadas e, em 2010,
serão atendidas as 20% restantes. O serviço vai beneficiar 37,1 milhões de estudantes quando estiver
plenamente implantado.
Programa Estação Digital: Fundação Banco do Brasil - Sempre com o apoio de um parceiro local,
sendo a maioria organizações não governamentais, desde 2004, a iniciativa busca aproximar o
computador da vida de estudantes, donas-de-casa, trabalhadores, populações tradicionais e
cooperativas, economizando tempo e dinheiro, criando novas perspectivas e melhorando a qualidade de
vida da população. Já são 243 unidades em funcionamento pelo Brasil. Cerca de 56% das unidades
estão localizadas na região Nordeste, 16% no Centro-Oeste, 15% no sudeste, 11% no norte e 2% no
sul, com a capacidade para atender de 500 a 1.000 pessoas por mês, e integradas a arranjos produtivos
locais.
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Até fevereiro de 2008, o projeto recebeu mais de 15 mil equipamentos usados, e doou 3.320
computadores recondicionados a 252 escolas públicas, bibliotecas, telecentros e outras iniciativas
de inclusão digital selecionados pela Coordenação Nacional.
Serpro Cidadão: Serpro - O Espaço Serpro Cidadão destina-se ao treinamento gratuito de pessoas que
queiram conhecer as facilidades da Internet para a obtenção de serviços e informações do Governo para
a sociedade. Dentre suas ações de inclusão digital está a instalação de Telecentros que é realizada em
parceria com a comunidade local, prefeituras e instituições da sociedade civil, o que garante a sua
sustentabilidade. Implantado em 2003, este projeto é uma das ações da Empresa dentro de sua política
de Responsabilidade Social e está em sintonia com o Programa Brasileiro de Inclusão Digital do
Governo Federal de promover inclusão digital e social das comunidades mais carentes. O Programa já
atingiu a marca de 153 telecentros em cidades brasileiras e oito no exterior (um em São Tomé e
Príncipe, dois em Cuba, três no Haiti, um em Angola e um em Cabo Verde), totalizando mais de 1.847
equipamentos alocados.
Telecentros Banco do Brasil: Banco do Brasil - O Programa de Inclusão Digital do Banco do Brasil é
uma ação que se alinha com a política de responsabilidade socioambiental da empresa e começou com
o processo de modernização de seu parque tecnológico, com a doação dos equipamentos susbtituídos
para comunidades carentes, visando a implantação de Telecentros Comunitários. O Programa não se
restringe à doação dos micros, pois o Banco também cuida do treinamento dos monitores e da
articulação de parceiras, fomentando o desenvolvimento local. O BB já implantou mais de 2.000
telecentros e salas de informática em todo o país, totalizando mais de 40.000 computadores doados. Os
telecentros disponibilizam o acesso às novas tecnologias digitais, treinamentos em informática, cursos à
distância, serviços do Governo Eletrônico, digitalização e impressão de documentos, além de incentivar
a pesquisa para preparação de trabalhos escolares. As entidades contempladas se reponsabilizam pela
gestão e administração dos espaços.
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Projeto Um Computador Por Aluno (UCA): Ministério da Educação e Casa Civil - O Projeto Um
Computador Por Aluno (UCA) tem a finalidade de promover a inclusão digital, por meio da
distribuição de 1 computador portátil (laptop) para cada estudante e professor de educação básica em
escolas públicas. Durante o ano de 2007 foram selecionadas 5 escolas, como experimentos iniciais, em
São Paulo, Porto Alegre, Palmas, Piraí e Brasília. Para o ano de 2008 está prevista a compra de 150 mil
laptops para projeto piloto em 300 escolas públicas em todos estados-membros. Cada escola terá um
número médio de 500 alunos e professores beneficiados. Além dos computadores portáteis serão
adquiridas umas séries de outros equipamentos que permitam o acesso à internet. A distribuição será da
seguinte forma: 5 escolas estaduais por estado, indicação do Conselho Nacional de Secretários de
Educação Estaduais – CONSED, e 2 a 5 escolas municipais, de acordo com o número de alunos,
indicadas pela União Nacional de Dirigentes Municipais de Educação (Undime). O projeto será
replicado, também, para efeito de avaliação, em cinco cidades cujo número máximo da população
educacional pública, professores e alunos, não passe de 3 mil.
Nesse sentido, existem, atualmente, inúmeros processos de apoio de políticas públicas que lidam, que
tentam agir na sociedade, por meio do governo eletrônico, em parceria com os projetos de inclusão
digital. Um exemplo é a participação da Previdência Social na Oficina para a Inclusão Digital, evento
promovido anualmente pela Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação, do Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão, oferecendo aulas práticas de educação previdenciária para os
telecentristas, o que tem gerado grande procura e interesse.
Claramente, nas pesquisas que o governo eletrônico faz sobre quais são os serviços desejados e
demandados pela população, o tema previdenciário está sempre entre os de maior demanda. Cerca de
20% dos acessos aos sites do governo federal são relativos a informações sobre Previdência Social, o
que nos leva a crer nas grandes expectativas junto às populações menos assistidas e que são objetos de
políticas de inclusão digital também por essa temática. O mesmo vale para saúde, educação, trabalho e
emprego, as grandes demandas sociais, assuntos que interessam principalmente a quem tem dificuldade
de acesso, aos excluídos digitais.
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XIV Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Salvador de Bahia, Brasil, 27 - 30 oct.
É preciso ter clareza de que é muito mais fácil para o governo eletrônico aumentar sua eficiência sem
dar uma conotação de ampliação de acesso, sem oferecer os serviços que atendem essa população de
mais baixa renda, de menos educação, menos conhecimento. Mas não é o ideal. A perspectiva da
inclusão digital é fundamental para manter os processos de governo eletrônico na linha de atendimento
a uma parcela mais ampla da população. Não se pode continuar a repetir os organogramas e as funções
de interesse do Estado, sobretudo aquelas burocráticas e arrecadatórias, que pautaram o início dos
projetos de governo eletrônico.
Os desafios de integração e colaboração estão, justamente, nessa compreensão maior por parte do
governo das questões de arrecadação, e uma compreensão menor das questões ligadas a
reconhecimento dos direitos do cidadão. Isso é um grande problema.
Outro problema é que ao falar-se em governo eletrônico, geralmente esbarra-se na ideia e na concepção
de formatar serviços via internet. O que está aquém da ideia de interação e participação política,
bastante presente na inclusão digital e também, é claro, a inclusão digital deve estar agregada à
demanda de discussão de infraestrutura, de sistemas de rede, de alcance, de distribuição de
equipamento. Coisas que normalmente os programas de governo eletrônico preferem não se preocupar,
limitando-se apenas a colocar o serviço no balcão eletrônico, sem preocupar-se se as pessoas vêm ou
não até esse balcão, se têm acesso ou não a esse balcão. A integração disso é muito importante.
As tentativas de ação de inclusão digital em governo eletrônico têm uma convergência muito forte, mas
há um campo enorme inexplorado de acesso. O governo federal brasileiro talvez tenha um excesso de
projetos de inclusão digital. Há toda uma tentativa capitaneada pela Presidência da República e
coordenada pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, por meio, sobretudo, da Secretaria
de Logística e Tecnologia da Informação, para estruturar isso melhor.
Entretanto, ainda há um baixo investimento em algo que talvez fosse muito mais rico, que são as áreas
de governo, ministérios, as áreas públicas, de estudarem formas de aproveitar as redes já existentes de
inclusão digital. Deixando, assim, o trabalho de inclusão digital mais estruturado a partir dos principais
projetos de sucesso.
Paralelo a isso, os outros órgãos, ao invés de criar o seu projeto, devem encontrar formas de veicular
suas informações, seus serviços, suas demandas por meio das redes de inclusão digital já existentes.
Inclusive porque inclusão digital é um serviço, um trabalho, um projeto, uma política pública que é
realizada na ponta.
O que é preciso hoje é que se entenda como alcançar o cidadão com essas redes de inclusão digital já
existentes. É uma questão da capilaridade, enormemente potencializada pela tecnologia da informação
e comunicação.
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Há espaço para telecentros, que têm uma proposta de ação e atuação comunitária, de gestão dos
processos, de enriquecimento da compreensão e do potencial de enriquecimento daquela comunidade
por meio das tecnologias da informação e comunicação. Mas há também espaço para as lan houses,
onde o cidadão entre, paga pelo serviço e resolve o seu problema imediato, com acesso à sua rede de
comunicação e seus processos.
Esticando a analogia, uma biblioteca tem que ser um lugar legal, atrativo e interessante tal qual uma
livraria busca ser. Da mesma maneira, um telecentro tem que ser um lugar assim, legal. Não é mais
possível e admissível que um telecentro seja o espaço da censura, da repressão, onde só se pode
trabalhar e acessar assuntos e serviços relacionados ao emprego, trabalho, estudo. Enquanto as lan
house são o local destinado à diversão. Isso prejudica os envolvidos no processo.
É preciso, portanto, um cuidado com essa ideia, essa classificação. Porque telecentros e lan houses
precisam ter o mesmo objetivo: acesso à informação, democratização dos processos e conteúdos. De
forma a estimular a promoção do desenvolvimento cultural, econômico, social, tecnológico e político.
Estamos prestes a dar um salto extraordinário com a oferta de componentes digitais que está sendo
alavancado este ano. A oferta de bolsas para todos os projetos sustentáveis em andamento hoje no
Brasil. Bolsas para os telecentristas, para os monitores dos telecentros, a oferta de equipamentos
também para os projetos que precisam mais, a oferta de conectividade, etc. Com isso, estamos
conseguindo a oferta de componentes para que as demandas diferenciadas, distintas sejam atendidas de
maneira descentralizada e a sociedade inteira avance nessa direção.
Entraremos, assim, em uma esfera virtuosa que é exatamente, talvez, o salto mais difícil que um projeto
de governo eletrônico, tem para dar: sair da ação de colocar o organograma na tela, de replicar a sua
estrutura interna e passar por um processo onde a demanda do cidadão, seja ela de comunicação, de
informação, de serviços, de serviços transacionais, seja atendida com a lógica e compreensão que o
cidadão efetivamente tem dos processos. Esse salto, tão necessário, é o que está sendo gerado a partir
de processos de interoperabilidade, de batimento de grandes cadastros sociais, de uma compreensão
cada vez maior de que o caminho é esse.
Paralelo a isso os projetos de inclusão digital têm que estar acompanhando, para serem capazes de
qualificar e organizar a demanda da população em geral no momento de consumo e interação com o
governo. Inclusive porque o próximo passo é um processo de governo interativo de fato, onde a
participação na concepção, na construção das políticas públicas torna-se muito mais fácil no cotidiano.
A partir daí estaremos em um rumo de uma sociedade muito mais ágil, mais participativa, transparente,
que pode assumir as rédeas do seu rumo, da sua interação junto ao Estado.
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XIV Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Salvador de Bahia, Brasil, 27 - 30 oct.
Referências bibliográficas
ASSUMPCAO, R.; MORI, C. K. (2007). “Inclusão digital: discursos, práticas e um longo
caminho”. In: KNIGHT, Peter Titcomb; FERNANDES, Ciro Campos Christo; CUNHA, Maria
Alexandra. (Org.). e-Desenvolvimento no Brasil e no Mundo. São Caetano do Sul, SP: Yendis e
Câmara Brasilieira de Comércio Eletrônico, v. p. 431-442.
BRASIL. GOVERNO ELETRÔNICO. Portal do Governo Eletrônico. Princípios e Diretrizes.
Disponível em http://www.governoeletronico.gov.br/o-gov.br/principios.
BRASIL. INCLUSÃO DIGITAL. Portal da Inclusão Digital. Programas. Disponível em
http://www.inclusaodigital.gov.br/inclusao/outros-programas
COMITÊ GESTOR DA INTERNET NO BRASIL. Pesquisa sobre o Uso das TICs no Brasil,
2008. Disponível em www.cgi.br.
Resenha biográfica
Rodrigo Ortiz D’Ávila Assumpção
Presidente
Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social (Dataprev)
Setor de Autarquias Sul (SAS) Quadra 1, Bloco E/F
CEP: 70070-931 – Brasília/DF – Brasil.
Tel. +55 61 3262-7100 / Fax: +55 61 3321-4780
rodrigo.assumpcao@previdencia.gov.br
www.dataprev.gov.br
Bacharel em História e Mestre em Comunicação, com foco em inclusão digital, pela universidade de
São Paulo (USP). Atuou como educador no Instituto Cajamar, foi coordenador de Governo Eletrônico
de Santo André, diretor do Instituto Florestan Fernandes e da ONG Sampa.org, voltada à inclusão
digital, ambas em São Paulo. Em 2003 assumiu o cargo de secretário-adjunto de Logística e Tecnologia
da Informação, no Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Em 29 de dezembro de 2008 foi
designado para a presidência da Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência Social
(Dataprev).
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