Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
2009
Introdução
Entre as propostas de reforma do Estado brasileiro implementadas na década de 1990,
talvez seja a instituição de modelo regulatório, centrado em agências independentes do
núcleo estratégico do Poder Executivo, a que tenha motivado maiores debates, na academia
e no plano das relações e do discurso políticos. E várias poderiam ser as razões a justificar
essa profusão dialética, a iniciar pela constatação de que o tema envolve ampla revisão do
papel do Estado e das relações deste com importantes setores econômicos, reestruturados a
partir da flexibilização de monopólios e da privatização dos meios de produção.
O enfoque deste ensaio, entretanto, não é abordar as variadas iniciativas em curso com o
propósito de alterar a autonomia e a esfera de ação das agências reguladoras, mas a
apresentação de um trabalho de planejamento que está sendo implementado e que foi
idealizado pela Anatel nesse mesmo quadro de eventuais mudanças institucionais. O Plano
Geral de Atualização da Regulamentação das Telecomunicações no Brasil (PGR) se
apresenta como inovação de gestão regulatória por variados motivos. Em primeira análise,
porque é revisionista e demonstra recusa à postura reativa aos acontecimentos que cercam
a Agência. Seu caráter inovador também se faz presente na medida que o Plano constitui
inédito esforço de sinalização, com prazos definidos, das intenções da Agência aos seus
tradicionais stakeholders (governo, usuários e mercado).
1
XIV Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Salvador de Bahia, Brasil, 27 - 30 oct. 2009
Mas a observação mais atenta permite, ainda, inferir que a relevância do PGR decorre
justamente do fato de que foi concebido e é executado em um período em que ganham força
discussões relativas à revisão de todo o arcabouço legal-institucional do modelo regulatório
vigente ou, no limite das reflexões, em tempos em que são levantados questionamentos à
existência da própria figura da “agência reguladora”. Nesse contexto de intensos debates, o
PGR pode ser compreendido como uma inovação de gestão regulatória, mas também de
planejamento para um setor econômico estratégico como o de telecomunicações.
Não por coincidência, também o processo de planejamento governamental tem seu início
mais pronunciado nos anos 30 do século passado e experimenta, como proposto por
Almeida (2004), diferentes fases de evolução. A primeira, justamente entre as décadas de 30
e 40, se dedica a diagnosticar o quadro geral da economia – que transitava do modelo
exportador de produtos primários para a industrialização – e a criar a plataforma sobre a qual
se sustentaria a orientação nacional-desenvolvimentista de crescimento.1
Nas fases seguintes, os esforços de planejamento foram se alterando de maneira que ora se
focava o desenvolvimentismo, com estímulos adicionais à industrialização e ao
fortalecimento da infraestrutura, ora se propunha alcançar solução para os problemas fiscais,
com planos de estabilização econômica, em períodos em que também administrativamente o
Estado foi adquirindo novos instrumentos de ação, com a criação e extinção de órgãos,
empresas públicas e sociedades de economia mista.2
No campo das telecomunicações, ainda que os primeiros passos do Brasil tenham se dado
em 1854, quando ocorreu a primeira ligação telegráfica, sob encomenda de Dom Pedro II,
tardou até que o tema fosse explicitado em iniciativas planejadas de desenvolvimento. São
do início dos anos 60 o Conselho Nacional de Telecomunicações e o Código Nacional de
Telecomunicações, mas a ênfase do Plano de Metas de Juscelino Kubitschek em
infraestrutura, por exemplo, foi fortemente concentrada nos setores de energia e transportes.
Com o Plano Decenal de Desenvolvimento (1967-1976), que consistia em verdade de uma
coletânea de estudos setoriais associada a um modelo macroeconômico geral, e mais
precisamente com o Programa Estratégico de Desenvolvimento – PED – é que as
telecomunicações ganham relevo como objeto de planejamento.
1
Acerca desta esta fase, Otávio Ianni, em “Estado e Planejamento Econômico no Brasil”, assinala com propriedade que a
transição para uma economia predominantemente industrial não se limitou a uma revolução na estrutura econômica
brasileira, mas alcançou a esfera do poder político. Ianni ainda desenvolve o entendimento de que a industrialização foi a
razão por que técnicas de planejamento foram progressivamente sendo adotadas no País.
2
Depois da chamada “década perdida”, os anos 90, ao contrário do que muito se alardeia, ficaram marcados pela retomada
da ação de planejar, a partir das inovações trazidas pelo PPA, refletidas pelo novo contexto das relações econômicas
mundiais e por demandas de participação social e política nascidas com o processo de democratização.
2
XIV Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Salvador de Bahia, Brasil, 27 - 30 oct. 2009
É fato que, além de serviço de Discagem Direta a Distância em algumas cidades, o Brasil já
dispunha de serviços de telefonia por microondas no final dos anos 50 e o serviço nacional
de Telex já ligava os grandes centros. Mas o desenvolvimento do setor no País permaneceu
desequilibrado, na qualidade dos serviços e na sua justa e reivindicada distribuição
geográfica. Em 1968, por exemplo, cerca de 95% das comunicações telefônicas no Brasil
eram feitas nas Regiões Sul e Sudeste. Quase 1.500 municípios ainda estavam inteiramente
isolados e a densidade telefônica (relação entre telefone e grupo de cem habitantes) em
Estados como Sergipe e Maranhão não ultrapassava 0,3%. Este dado, em particular, no que
concerne todo o território nacional, alcançava apenas 3% (Brandão, 1998).
Esse mesmo Instituto dava conta de que 58% das localidades brasileiras também não
dispunham de um único acesso fixo. No que se refere à teledensidade (relação entre telefone
e grupo de cem habitantes), a taxa brasileira era pouco superior a 8%, o que o colocava em
42º lugar no cenário mundial e em 10º lugar entre os países da América Latina. O Chile, para
efeitos comparativos, alcançava taxa de 12,1%.
3
Juntamente com cinco empresas privadas, de menor porte, a Telebrás e suas coligadas compunham todo o Sistema de
Telecomunicações Brasileiro.
3
XIV Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Salvador de Bahia, Brasil, 27 - 30 oct. 2009
As classes A e B detinham mais de 80% dos acessos telefônicos em serviço e grande parte
das classes menos favorecidas não contavam com acesso individual, tampouco de
adequado atendimento coletivo, haja vista que telefones públicos eram insuficientes e mal
distribuídos geograficamente. Em verdade, mesmo entre os que dispunham de recursos, o
acesso aos serviços não era trivial. A compra de um telefone residencial, pelo Plano de
Expansão, em abril de 1997, se dava pelo preço de R$ 2.816,00 (valor corrigido) ao
interessado que, ainda, poderia ter que aguardar o prazo de até quatro anos para
efetivamente contar com o serviço.
Planejava-se, assim, novo impulso ao setor, ainda mais vigoroso que o realizado com a
criação da Telebrás, porque pretendia unir a capacidade do Estado de regular e de definir e
orientar rumos com a convergência dos esforços empresariais. De fato, diante de nova
realidade, e como quando contrastado com as demandas advindas do processo de
industrialização, ao Estado brasileiro foi novamente posta a necessidade de reformular suas
estruturas.
4
XIV Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Salvador de Bahia, Brasil, 27 - 30 oct. 2009
A criação das agências reguladoras não é fato restrito ao Brasil, mas resulta de movimento
amplamente marcado pela difusão internacional de um paradigma institucional (Melo, 2001).
E tendo em vista a inflexão que tal paradigma promove na percepção do papel do Estado - e
dele na interação com governos e com a sociedade - interessa à discussão observar como
se distinguem as atribuições conferidas legalmente às agências - no caso específico, à
Anatel - e aquelas que são privativas do Poder Executivo. Grosso modo, ao governo cabe a
formulação e à Anatel a adoção das medidas necessárias para implementar políticas
públicas.
Trata-se, com efeito, de dilema muito frequente em discussões teóricas acerca da existência
de modelos regulatórios centrados em agências. Com essa conformação, o que pode ser
entendido como co-responsabilidade pela definição de rumos que deve seguir o setor
telecomunicações, envolve necessariamente aspectos de delegação de poderes na
perspectiva da responsabilização política.
5
XIV Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Salvador de Bahia, Brasil, 27 - 30 oct. 2009
De fato, para além de representarem novo paradigma de atuação do Estado, orientado para
a regulação no lugar da produção direta, a autonomia das agências reguladoras resgata
considerações que remetem à problemática weberiana de responsabilização política. Com a
progressiva ampliação e complexidade do ofício da administração pública, e
consequentemente da elevação da importância das burocracias em relação ao poder político
na definição e gestão das políticas públicas, Weber justificava a necessidade de se instituir
mecanismos que fossem capazes de aproximar as dimensões administrativa e política, esta
legitimada pelas preferências expressas pela sociedade em processos eleitorais. A questão
de fundo orbita, nessa linha, formas de exercer o controle das atividades de regulação pelos
poderes constituídos pela via eleitoral.
Importa saber, portanto, até que medida o Poder Executivo está disposto a delegar
atribuições que são tradicionalmente suas e qual é o cálculo realizado para que
responsabilidades sejam transferidas. Embora seja aplicada ao contexto norte-americano de
delegação de atribuições ao Poder Executivo pelo Congresso Nacional, há elementos da
tese de Epstein e O’Halloran (1999) com os quais é possível construir analogia com o
processo de delegação pelo Poder Executivo às agências reguladoras no Brasil. A prática
norte-americana, como esses analistas apontam, não define modelo ideal e simétrico de
regulação, mas o condiciona ao setor regulado, com mensuração, caso a caso, dos custos
políticos envolvidos para delegar maior ou menor poder discricionário.4
4
No Brasil, não obstante o modelo ter sido em grande medida baseado na experiência norte-americana, as agências
brasileiras apresentam, entre si, semelhanças. Esse “isomorfismo institucional”, termo cunhado por Dimaggio e Powell
(1983) como um processo que força unidades a se assemelharem a outras, dadas condições externas similares, é resultado,
entre outros motivos, do fato de que as agências mais recentes se espelharam na Anatel e na Aneel, as primeiras a serem
constituídas.
5
Sobre “credible commitment”, é interessante a análise de W. Lee Hoskins: “ The more credible the commitment to the
policy goal, the fewer wrong decisions will be made by the markets. The more predictable the policy reaction to unforeseen
economic events, the more limited will be the market reaction to those events.”
6
XIV Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Salvador de Bahia, Brasil, 27 - 30 oct. 2009
Em verdade, sabe-se, não havia motivo para que essas premissas fossem consideradas
nesses moldes, dado que ao próprio Estado cabia o papel ativo no sistema econômico e
empresarial brasileiro. Atualmente, entretanto, a instituição, pela Anatel, do Plano Geral de
Atualização da Regulamentação está justamente inserida no quadro dessas considerações.
De um lado, a agência exercita sua autonomia ao dispor sobre aspectos relacionados ao
planejamento e à fiscalização do setor, e de outro demonstra condições de conferir a esse
mesmo processo a credibilidade necessária, resultante do viés eminentemente técnico
adotado no esforço.
Em toda sua existência, o modelo estatal obteve R$ 63,3 bilhões de receitas pela exploração
dos serviços telefônicos, perfazendo média anual de R$ 2,5 bilhões; em 10 anos do atual
modelo, essas receitas somaram R$ 1.011,5 bilhões - média anual de R$ 101,2 bilhões.
Observada a média anual por outro ângulo, ela é 60% maior que o faturamento dos 25 anos
das empresas estatais juntas. Em termos de retorno direto ao Estado, é marcante que nos 10
anos pós-privatização tenham sido gerados em impostos o montante de R$ 245,9 bilhões (os
impostos gerados no tempo do modelo estatal não estão disponíveis), que se desdobraram
em benefícios sociais.
7
XIV Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Salvador de Bahia, Brasil, 27 - 30 oct. 2009
Entre os anos de 2002 e 2004, estudos realizados por consultoria contratada conduziram ao
desenho de uma nova estrutura organizacional em que estava prevista a instituição do
planejamento da Agência nos níveis estratégico, tático e operacional. Estes trabalhos,
entretanto, foram abandonados e o planejamento permaneceu limitado ao campo
operacional. Mais precisamente, os avanços esperados relativamente ao planejamento tático
e, principalmente, ao estratégico, foram frustrados. Na prática, o Plano de Trabalho
continuou carecendo de diretrizes gerais visando o cumprimento da missão institucional da
Anatel.
8
XIV Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Salvador de Bahia, Brasil, 27 - 30 oct. 2009
Com o PGR, ressalte-se, a Anatel sinalizou, pela primeira vez, ao público, ao Governo e ao
mercado, um quadro referencial e planejado de suas prioridades, com atenção aos direitos
dos usuários, à segurança jurídica e à previsibilidade de regras, essenciais à atração de
investimentos. Baseado em amplo estudo elaborado em conjunto pelas Superintendências
da Anatel, o Plano está metodologicamente estruturado sobre sete princípios regulatórios e
não pretende, portanto, propor alteração em qualquer diplomo legal. Pela relevância, convém
explicitar esses princípios, tal como aprovado pelo Conselho Diretor da Anatel:
a) Acelerar o desenvolvimento econômico e social,
b) Acelerar a redução das desigualdades regionais,
c) Ampliar a oferta e o uso de serviços e das redes de telecomunicações em todo o território
brasileiro,
d) Incentivar modelos de negócios sustentáveis para o setor de telecomunicações,
e) Propiciar competição e garantir a liberdade de escolha dos usuários,
f) Gerar oportunidades de desenvolvimento industrial e tecnológico com criação de empregos
no âmbito do setor de telecomunicações, e
g) Otimizar e fortalecer o papel regulador do Estado.
Sobre esta base foram definidos diversos objetivos, delineados de modo a serem
perseguidos no prazo máximo de 10 anos, segundo propósitos estratégicos específicos e por
intermédio de ações que consistem em propostas de criação ou alteração de instrumentos
normativos.
No médio prazo, foi priorizada, entre outras, a Regulamentação para Fomento à Pesquisa,
Desenvolvimento e Produção de Tecnologia Nacional em Telecomunicações. Trata-se de
atribuição legalmente conferida à agência que, todavia, e a despeito de seus inegáveis
méritos para a evolução e o desenvolvimento sustentado do setor no País, jamais foi
implementada. Ressalte-se, também nesse prazo, a reestruturação da Anatel, cujo objetivo é
o de dotá-la de moderna estrutura organizacional capaz de responder com agilidade ao novo
cenário convergente das telecomunicações e de atender com celeridade e eficiência o
cidadão.
9
XIV Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Salvador de Bahia, Brasil, 27 - 30 oct. 2009
Por fim, no prazo de até dez anos, está prevista a regulamentação do modelo convergente
de outorgas para exploração de serviços e de redes, por meio da remoção de restrições
regulatórias e da adoção de medidas que propiciem a migração gradual das formas
tradicionais de outorgas, baseados em serviços e tecnologias específicas, para modelos
abrangentes e flexíveis, aderentes ao cenário contemporâneo da convergência.
No plano prático, são algumas as mais evidentes razões por que o PGR apresenta caráter
inovador. Em primeiro lugar, porque confere maior clareza quanto a atuação da Agencia
perante o público, inclusive os usuários, o setor das telecomunicações e o Governo, mas
também quanto à organização de seus trabalhos e a transparência de suas intenções.
Planejar e antecipar sua agenda claramente evidencia o compromisso com a segurança
jurídica e com a previsibilidade de regras, essenciais à atração de investimentos. Nesse
sentido, também reforça a confiança dos agentes sobre o papel da mesma nos anos futuros.
Como segunda razão, o PGR responde, dada sua amplitude, às exigências atuais de
desenvolvimento das telecomunicações. Como é possível perceber pelas ações acima
listadas, são variados os assuntos tratados.
A Consulta Pública nº 22/2008, que dispôs sobre a proposta do PGR, esteve disponível para
contribuições por 45 dias, período em que foram recebidas 588 contribuições, tanto por
sistema eletrônico próprio para recebimento dessas contribuições, quanto por cartas, e-mails
e transmissões por fax.
O processo de discussão aberto, em verdade, não se encerrou até a efetiva deliberação pelo
Conselho Diretor da Agência, que realizou sessão pública para este fim.
10
XIV Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Salvador de Bahia, Brasil, 27 - 30 oct. 2009
Conclusão
A infraestrutura brasileira de telecomunicações está hoje entre as sete mais desenvolvidas
no mundo. Considerável parte da população antes excluída, a exemplo de comunidades
indígenas, como aqui tratado, foi incluída no que hoje constitui um dos mais dinâmicos e
fundamentais setores da economia, com peso crescente na composição do PIB brasileiro.
A explicação para essa rápida evolução está, em boa parte, assentada no trabalho da Anatel.
Desde o momento de sua instalação e ao longo de sua existência, a Agência elaborou
consistente e atualizado conjunto de regulamentos, de planos e de regras que construíram o
marco regulatório do atual modelo para o setor. Foi esse arcabouço que conquistou a
credibilidade de investidores e atraiu capitais e avançadas tecnologias para o País,
propiciando os saltos gigantescos das plantas de telefonia e o oferecimento de novos
serviços de telecomunicações à sociedade brasileira. As ações empreendidas e ainda em
andamento fortaleceram o papel regulador do Estado, e em substituição ao papel de
provedor anteriormente exercido, viabilizaram, nos anos recentes, verdadeira revolução nas
telecomunicações nacionais a partir do esforço empresarial privado, com relevantes reflexos
econômicos e sociais.
Claro está que os desafios ainda não arrostados são de grande complexidade. O PGR é
apresentado a partir deste diagnóstico, mas vai além, porque sua atualização permanente
será absolutamente necessária. Provisão temporal no sentido de sua revisão parece
importante para demonstrar que a Anatel se manterá atualizada quanto ao desenvolvimento
setorial e responderá à altura com a revisão e a adaptação de sua proposta de ação, em
conformidade com as circunstâncias concretas.
O novo cenário trouxe conquistas importantes, mas tem ensejado também desafios
relacionados à efetividade do exercício das competências de regulação, fiscalização e
sancionamento dos atores do mercado das telecomunicações, bem como à perene
necessidade de focalizar a atuação do Estado nas necessidades, interesses e direitos dos
usuários dos serviços de telecomunicação.
11
XIV Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Salvador de Bahia, Brasil, 27 - 30 oct. 2009
O PGR, como visto, está subordinado a esse quadro legal existente e às políticas públicas
aprovadas pelos Poderes Executivo e Legislativo. E, ao esboçar amplo plano de ação sobre
os variados temas de sua alçada, tendo como elementos centrais a defesa do usuário, a
competição e a difusão dos serviços, a Anatel demonstra serem infundadas as ofensivas
com vistas à mudança do status quo. Demonstra que no estrito exercício de suas atribuições,
cabe às Agências Reguladoras relevante papel na definição dos rumos de sua própria
atuação regulatória, quando compatível com políticas públicas.
Não se deve supor que as linhas de atuação do exercício de regulação devam ser
peremptórias ou, ainda, imunes às transformações que têm lugar na sociedade, em especial
aquelas que advém de processos eleitorais. Mas também não se deve permitir que
mudanças sejam efetivadas ao sabor da alternância no poder engendrada por esses
processos, sob o risco de todo o sistema regulatório ter desgastados predicados atinentes à
previsibilidade e à credibilidade.
Bibliografía
Agência Nacional de Telecomunicações. Resolução nº 516, de 30 de outubro de 2008.
Plano Geral de Atualização da Regulamentação de Telecomunicações – PGR. Disponível
em: http:/www.anatel.gov.br, consultado em 15/07/2009.
ALMEIDA, Paulo Roberto de (2004), “A experiência brasileira em planejmanto
econômico: uma síntese histórica”, em Brasil, Presidência da República, Núcleo de Assuntos
Estratégicos, Projeto Brasil 3 Tempos, Cadernos NAE, Brasília, nº 1.
BRANDÃO, C.A. (1998), “A Política de Telecomunicações no Brasil: do Monopólio
Público ao Recente Processo de Prvatização e Regulamentação”, mimeo.
BRESSER PEREIRA, L.C. (1997), “A Reforma do Estado dos Anos 90: Lógica e
Mecanismos de Controle”. Brasília: Ministério da Administração Federal e Reforma do
Estado, Cadernos MARE da Reforma do Estado, v.1.
DIMAGGIO, P.J.; POWELL, W.W. (1983), “The Iron cage revisited: institutional
isomorphism and collective rationality in organizational fields”. American Sociological Review,
V. 48.
IANNI, Octávio (1996), “Estado e Planejamento Econômico no Brasil”. Civilização
Brasileira.
GOVERNO DO BRASIL (2004), Exposição de Motivos Nº 12/C. Civil-PR.
GOUVÊA, Gilda P. (1994), “Burocracia e Elites Burocráticas no Brasil”. Editora
Paulicéia.
HOSKINS, W. L. (2001), “Economic Policy: credible commitments” em Cato Journal,
Vol. 21, No. 2.
MAGALHÃES, Gildo (1995), “Telecomunicações”, em VARGAS, Milton, História da
Técnica e da Tecnologia no Brasil, São Paulo, UNESP e CEETEPS.
MEIRELLES, F.; OLIVA, R. (2006), “Delegação e controle político das agências
reguladoras no Brasil”. Revista de Administração Pública, Vol. 40, nº 4.
MELO, Marcus André (2001), “A política da ação regulatória: responsabilização,
credibilidade e delegação”. Revista Brasileira de Ciências Sociais, v. 16, nº 46.
ROSSETTO, C.R.; ROSSETTO, A.M. (2005), “Teoria institucional em um contexto
brasileiro: dinâmicas de inovação e imitação”, RAE electron, vol. 4, nº 1.
12
XIV Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado y de la Administración Pública, Salvador de Bahia, Brasil, 27 - 30 oct. 2009
Resenhas Biográficas
Rodrigo Augusto Barbosa é graduado em Ciência Política pela Universidade de Brasília
(UnB) e membro da carreira de especialista em políticas públicas e gestão governamental
desde 2003. Atualmente ocupa a Superintendência de Administração Geral da Anatel, onde
também exerceu a função de Chefe de Gabinete da Presidência.
ANATEL – Agência Nacional de Telecomunicações (www.anatel.gov.br)
SAUS, Q 06, Bloco H, 7º Andar
Telefone:55-61-2312-2089 Fax:55-61-2312-2208
Endreço eletrônico: rodrigoab@anatel.gov.br
13