PS diz que "ataques à ministra" são "ataques ao Governo" O PS enfrenta, pela segunda vez em três meses, a hostilidade da rua. Após a "revolta das urgências", que ditou o fim do ministro da Saúde Correia de Campos, Portugal assiste, durante esta semana, a sucessivas manifestações de professores, um programa em série que tem como ponto alto uma grande marcha que desembocará sábado no Rossio, a Marcha da Indignação".
Os professores pedem a demissão da ministra, a oposição pede a demissão da
ministra, algum PS está descontente com a ministra, mas o PS oficial vem lembrar que "os ataques feitos à ministra são ataques ao Governo e ao seu programa e não ataques individuais", como disse ontem ao DN Vitalino Canas, porta-voz do Partido Socialista.
"A agenda da ministra é a agenda do Governo e do PS", afirma Vitalino Canas,
criticando tentativas de se "personalizar" a contestação no sector, segundo as quais estaria em causa "uma cruzada pessoal da ministra que prosseguiria objectivos extrínsecos à acção do Governo".
O porta-voz do PS destaca, antes, o apoio que a ministra da Educação tem recebido
"da parte de muitos sectores da sociedade", apontando o caso dos pais dos alunos - a Federação das Associações de Pais está ao lado de Maria de Lurdes Rodrigues - e também vários "líderes de opinião" e ainda o Presidente da República, que ontem apelou à serenidade. "As palavras do Presidente da República quando apelou à serenidade devem ser ouvidas com atenção", diz o porta-voz do PS.
Vitalino Canas recusa-se a classificar como "grave" a situação na Educação. "Não
entendo que seja uma situação grave. É uma situação normal. As reformas vão continuar", afirmou ao DN. Opinião idêntica tem a JS "sem ilusão de que as reformas não seriam feitas sem esta reacção". Para Pedro Nuno Santos, líder dos jovens socialistas, "as reformas não podem parar, muito menos porque estamos em ano de eleições". "As famílias já perceberam que as reformas são vantajosas para os alunos."
Opinião diferente tem Vítor Ramalho, presidente da distrital de Setúbal do Partido
Socialista. Para o deputado socialista, a situação "é muito mais grave" que a Saúde. "No caso da Saúde, os protestos eram focos isolados, definidos pela geografia. Com a Educação é completamente diferente. É uma reacção absolutamente transversal em que não há nem vai haver situações que possam ser isoladas", diz Vítor Ramalho ao DN, referindo a "grande unidade corporativa".
"Sente-se que há uma reacção em crescendo. Não se vêem os protestos diminuir",
diz Vítor Ramalho, para quem estamos perante "uma base de mobilização muito ampla". Ora, perante uma situação de "carrossel", era importante saber "como se pára". Mas Vítor Ramalho também não sabe. "A demissão seria um erro do ponto de vista político. O primeiro-ministro não pode fazer isso. Fragilizaria completamente o Governo e passaria a evidência de que sempre que há contestações, o primeiro-ministro cede", afirma. DN, 3/03/08