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Resumo
As etapas da cadeia de suprimento energético – i.e., a produção, a conversão, o transporte e o
consumo dos vários insumos – contribuem como parcela significativa das emissões de gases
de efeito estufa – 60% a 65%. Mesmo com os esforços voltados ao uso eficiente de energia e
ao desenvolvimento das chamadas fontes renováveis de energia – ainda modestos, mas
contínuos –, a tendência é que tal importância se mantenha. Reduções significativas das
emissões de gases de efeito estufa associadas ao uso da energia, sem sacrifício da qualidade
de vida da população mundial, irão requerer um grande esforço para a diversificação da
matriz energética e a mudança de padrões de consumo. O desafio é fantástico, mas essa é –
tudo indica – a única alternativa.
Introdução
Estima-se que 60-65% das emissões de gases de efeito estufa – GEE – estejam
associadas à produção, conversão e consumo de energia. Os cenários tendenciais de curto e
médio prazo indicam que tal parcela deve continuar significativa, principalmente porque
importante fração da população mundial ainda não tem acesso aos chamados serviços
energéticos – ou tem acesso a serviços energéticos de má qualidade. Em função do
crescimento da população mundial e do desejado aumento da atividade econômica, com a
correspondente distribuição de renda, as emissões de GEE associadas ao consumo de energia
podem aumentar em 2050 2,5 vezes em relação ao verificado em 2003.
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Portanto, para que as emissões de GEE sejam reduzidas e a concentração de GEE seja
estabilizada em patamares razoáveis, é preciso que em 40-50 anos o sistema energético
mundial passe por um profundo processo de transformação, com diversificação da matriz
energética e mudança de hábitos de consumo. Baseado em um estudo feito pela Agência
Internacional de Energia, tendo como horizonte o ano 2050, alternativas de redução das
emissões de GEE são analisadas neste artigo.
Energia e as Emissões de GEE
As emissões de gases de efeito estufa – GEE – em 2004 foram estimadas em 49
GtCO2-eq (bilhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente1) (1). No mesmo ano,
segundo a Agência Internacional de Energia – AIE2 (2), as emissões de dióxido de carbono
associadas ao uso de fontes fósseis de energia (i.e., petróleo, carvão mineral, gás natural)
representaram 26,6 GtCO2, ou seja, pouco menos de 55% das emissões totais de GEE. Ainda
em 2004, consideradas as emissões de todos os GEEs, estima-se que as emissões associadas
ao uso da energia3 tenham superado 30 GtCO2-eq (1). Portanto, no presente o uso de energia
representa pelo menos 60% das emissões totais de GEE.
Enquanto no período 1970-2004 as emissões totais de GEE cresceram 70% (de 28,7
para 49 GtCO2-eq), no mesmo período as emissões associadas ao suprimento de energia
cresceram 145% – individualmente, o maior crescimento –, enquanto as emissões associadas
aos transportes cresceram 120% - o segundo maior crescimento (1). Uma perspectiva da
importância relativa do uso da energia do ponto de vista das emissões de GEE é dada pelo
IPCC (1), que avalia que nos cenários não associados à mitigação de GEE as emissões de
GEE poderiam crescer 25% a 90% entre 2000 e 2030, sendo que o crescimento das emissões
associadas ao uso da energia poderia variar entre 40% e 110%.
Portanto, do ponto de vista das emissões de GEE, é clara a importância do uso da
energia, bem como é evidente que a mitigação das emissões associadas requer ações
concretas, mas sem impor sacrifícios à qualidade de vida da população mundial,
principalmente dos segmentos populacionais que ainda não têm acesso à energia.
1
Consideradas as emissões globais de CO2, CH4, N2O, HFCs, PFCs e SF6 e os respectivos potenciais de
aquecimento global enquanto fatores de ponderação.
2
Emissões calculadas pela AIE a partir de seus balanços energéticos e da metodologia divulgada pelo IPCC em
1996. IPCC é a sigla em inglês para Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas.
3
Fundamentalmente emissões de CO2 e CH4. Não estão computadas nessa categoria, por exemplo, as emissões
associadas ao consumo de biomassa em associação ao desmatamento.
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4
Na equação 1 a intensidade de carbono é expressa, por exemplo, em tCO2 emitidas por GJ de energia
consumida. Segundo (3), para cada combustível deve ser assumido um fator de oxidação do carbono (por
exemplo, 0,99 para petróleo e derivados, e 0,995 para gás natural), o que permite a estimativa das emissões de
CO2 a partir do conhecimento dos fatores de emissão de carbono. Por sua vez, os fatores de emissão de carbono
são função da composição do combustível (teores típicos de carbono na composição) e de seu poder calorífico
(energia liberada no processo de combustão completa, quando reagentes e produtos estão no mesmo estado
termodinâmico).
5
Quanto à intensidade energética, resultados significativos foram obtidos nos países desenvolvidos a partir das
duas crises de preços do petróleo, em 1973 e entre 1979 e 1984, com aumento da eficiência no uso da energia e
reorganização da atividade econômica. Em 2004 o consumo específico mundial foi de 13,4 GJ/1.000 US$
(2000), sendo à mesma época, por exemplo, apenas 4,6 GJ/1.000 US$ no Japão, 8,4 na UE-25 e 9,2 nos EUA,
mas tão alto quanto 13,4 na América Latina, 36 na África e 39,4 GJ/1.000 US$ na China. No Brasil, em 2004, o
indicador foi igual a 13 GJ/1.000 US$ (2).
6
Segundo a Agência Internacional de Energia (4), entre 1973 e 2003 houve significativo crescimento da
participação do gás natural (16,2% para 21,2%) e da energia nuclear (0,9 para 6,5%) na matriz energética
mundial e concomitante redução da participação do petróleo (45% para 34,4%). A participação do carvão
mineral manteve-se praticamente inalterada (24,8% em 1973 e 24,4% em 2003).
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Tabela 1. Fatores de emissão de carbono para algumas fontes fósseis e alguns combustíveis.
Fontes fósseis Combustíveis Fatores (tC/TJ)
Carvão mineral (linhito) 27,6
Carvão mineral (antracito) 26,8
Petróleo cru 20,0
Gás natural (seco) 15,3
Biomassa¹ 29,9
Gasolina 18,9
Óleo diesel 20,2
GLP 17,2
Fonte: (3)
Nota: ¹ caso a biomassa seja renovável, as emissões líquidas poderão ser nulas.
7
Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico; fundamentalmente, os países-membro da OCDE
são os países desenvolvidos.
8
Lenha e resíduos vegetais e animais, em sistemas de muito baixa eficiência. No caso da lenha, a produção está
muitas vezes associada ao desmatamento. Por outro lado, o uso residencial de biomassa sólida em ambientes
fechados (por exemplo, no caso da cocção) acarreta sérios problemas à saúde de mulheres e crianças, como
problemas respiratórios e até cegueira (5).
9
Por exemplo, estima-se que até 2030 dois terços a três quartos do crescimento do consumo de energia ocorrerá
em países em desenvolvimento (1).
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No caso dos países com IDH entre 0,8 e 0,9, os quatro países com alto consumo per
capita de eletricidade na figura são, da direita para a esquerda: Catar, Kuwait, Emirados
Árabes Unidos e Barein. Além de grandes produtores de petróleo, esses países têm baixa
população, parque industrial energo-intensivo (por exemplo, refinarias e petroquímicas) e
clima desértico.
Fonte: (6)
Figura 1. IDH (2002) em função do consumo de eletricidade per capita (2001) para 177
países.
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Fonte: (6)
Figura 2. IDH (2002) em função do consumo específico de eletricidade, expresso em kWh por
1.000 US$ de PIB (de 2002, expresso em US$ de 2000).
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Dos dados apresentados pode-se concluir que energia é fundamental para a melhoria
da qualidade de vida, mas do ponto de vista econômico, altos consumos específicos não estão
associados a alto IDH. Os países do norte da Europa, por exemplo, todos eles com alto IDH e
alto consumo de eletricidade per capita têm, também, baixo consumo específico em base
monetária. Portanto, é evidente que em vários países seria possível aumentar a atividade
econômica, e muito possivelmente melhorar a qualidade de vida de suas populações,
mantendo-se o nível de consumo total de energia.
10
Serviços energéticos correspondem aos benefícios que o uso da energia pode prover aos consumidores. No
setor residencial exemplos são a iluminação, a cocção e a refrigeração de alimentos, a calefação, etc. No setor
industrial, exemplos são a transformação e a conformação de insumos, a movimentação de materiais, etc.
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certo esforço para a redução do consumo de energia, uma vez que as taxas anuais de
crescimento seriam menores em relação às verificadas no período 1971-2003. Mais da metade
(54%) do suprimento de energia em 2050 estaria associado aos países ora emergentes e em
desenvolvimento, contra os 38% verificados em 2003.
Na Tabela 2 são apresentados os consumos de energia previstos para 2050, segundo
diferentes setores. Na tabela são apresentados os consumos estimados no cenário de referência
para 2050, bem como para o chamado cenário “TechPlus” do estudo da AIE (4). Esse cenário
corresponde ao em que seriam verificadas as maiores reduções no consumo de energia e,
conseqüentemente, reduções das emissões de GEE. No cenário de referência são previstas
significativas taxas de crescimento para o consumo de energia na geração de eletricidade e no
setor de transportes, setores que contribuíram em 2003 com 40,5% e 20,9%, respectivamente,
das emissões de CO2 associadas ao uso de energia (ver Tabela 3). O maior crescimento no
setor de transformação deve-se à hipótese de que haverá, no futuro, produção em larga escala
de combustíveis (sobretudo líquidos) a partir de carvão mineral e biomassa.
Na Tabela 3 são apresentadas as emissões de CO2 associadas ao uso de energia, por
setor da sociedade, para 2003 e para 2050, segundo dois cenários (Referência e “TechPlus”).
No cenário de referência, em 2050 as emissões associadas à geração de eletricidade e ao setor
de transportes continuariam sendo as mais significativas, representando, respectivamente,
45,6% e 20,4% das emissões totais relacionadas ao uso de energia.
Em função da importância de ambos os setores, é neles que deveriam ser definidas as
prioridade para a redução das emissões de CO2. Comparando os cenários Referência e
“TechPlus” (ver Tabela 3), observa-se significativa redução das emissões sobretudo na
geração de eletricidade, que poderiam em 2050 ser inclusive inferiores às emissões em 2003.
Também da comparação entre os cenários para 2050 verifica-se substancial redução das
emissões no setor de Transformações.
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No cenário “TechPlus”, embora o consumo de energia seja quase 70% maior do que o
verificado em 2003 (ver Tabela 2), as emissões de CO2 associadas ao uso de energia seriam
praticamente 18% menores (ver Tabela 3). As tecnologias e as alterações na matriz energética
que permitiriam tal redução nas emissões de GEE, quando da comparação dos cenários
Referência e “TechPlus”, são apresentadas na Tabela 4. Na seqüência do texto as principais
contribuições são analisadas.
Tabela 4. Reduções das emissões (GtCO2) – cenário “TechPlus” versus cenário Referência.
Tecnologias/Ações Reduções das emissões
Alteração no mix de combustíveis na geração de eletricidade 1,97
Aumento da eficiência na geração de eletricidade 0,26
Energia nuclear na geração de eletricidade 2,68
Hidroeletricidade na geração elétrica 0,46
Biomassa na geração de eletricidade 0,58
Outras renováveis na geração de eletricidade 2,68
Captura e armazenamento de carbono na geração elétrica 4,37
Captura e armazenamento de carbono na indústria 1,46
Captura e armazenamento de carbono na transformação 1,73
Alteração no mix de combustíveis na indústria e edifícios 2,75
Aumento do uso de biocombustíveis em transportes 2,31
Uso de hidrogênio e células a combustível em transportes 1,52
Aumento da eficiência no uso final de energia 14,66
Reduções totais 37,42
Fonte: (4)
Em 2050 a redução de 37,42 GtCO2 (10,2 GtC) nas emissões só seria possível com
alterações significativas na matriz energética e com a introdução de novas tecnologias de
conversão e uso de energia. Individualmente, a maior contribuição viria do aumento da
eficiência no uso final da energia11 - 39,2% -, e que ocorreria em todos os setores da
economia. A contribuição do aumento da eficiência de geração elétrica seria relativamente
11
Corresponde ao consumo de energia no consumidor final, ou seja, nos setores residencial, industrial,
transportes, etc. A fração do sistema energético que é a de uso final é justamente aquela na qual ocorre a
transformação dos insumos energéticos em serviços energéticos.
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pequena – 0,7% –, uma vez que as centrais de potência modernas já apresentam altos níveis
de eficiência de geração de eletricidade.
No total, como mostrado na Figura 3, 39,9% das reduções de emissões de GEE,
quando da comparação dos dois cenários para 2050, viriam de ações relacionadas ao aumento
da eficiência de conversão e uso da energia. Tal contribuição é explicada pelo fato de que há
significativas perdas na cadeia energética e, conseqüentemente, grande margem para
melhorias. Com efeito, estima-se que a eficiência de conversão de energia primária em
energia útil é de apenas 37%, ou seja, aproximadamente dois terços dos recursos energéticos
utilizados são simplesmente perdidos (5).
Figura 3. Contribuições das diferentes tecnologias para a redução das emissões de CO2 em
2050 – percentuais avaliados em relação à redução total de 37,42 GtCO2.
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novidades tecnológicas. Portanto, é de se supor que não existam barreiras técnicas para que se
busque maior eficiência no uso de energia desde já.
Já o relatório da AIE (4) destaca que as indústrias de transformação (por exemplo,
siderúrgicas e fábricas de cimento) nos países emergentes e em desenvolvimento têm, em
geral, baixa eficiência, o que em parte se deve aos ainda baixos preços dos insumos
energéticos. Também são destacadas as ações que resultam menor consumo de energia por
substituição ou reaproveitamento de materiais (por exemplo, reciclagem), bem como o
aumento da vida útil dos produtos.
Ainda no relatório da AIE (4), no caso do setor de transportes, pouco mais de 60% da
redução de emissões de GEE no cenário “TechPlus” viria do aumento da eficiência dos
veículos e dos sistemas de transporte. No conjunto de tecnologias mencionadas são destacadas
melhorias nos motores, nos sistemas de transmissão e de tração, redução do peso dos
veículos, melhorias aerodinâmicas e redução do atrito de rolamento. Chama a atenção que a
AIE parte do princípio de que o transporte individual, baseado em veículos automotivos,
continuará a ser dominante por dezenas de anos, embora destaque no texto a necessidade de
melhoria dos sistemas de transporte coletivos não baseados em veículos rodoviários.
A segunda maior contribuição para a redução das emissões de GEE – 20,2% das
reduções totais (ver Figura 4) – viria da captura e do armazenamento de dióxido de carbono.
De acordo com o estudo da AIE (4) a maior parcela das reduções viria da adoção dessa
tecnologia na geração de eletricidade, atividade na qual se supõe que o uso de carvão mineral
continuará a ser importante por décadas12.
Essa opção tecnológica é genericamente descrita como captura e armazenamento de
carbono13, embora o que se proponha seja a captura e o armazenamento de dióxido de
carbono. As alternativas seriam a separação do dióxido de carbono antes da combustão (por
exemplo, separando-se o dióxido de carbono produzido na gaseificação de carvão mineral ou
de biomassa), ou a separação após a combustão, com remoção do dióxido de carbono da
mistura de gases de combustão. Economicamente, a alternativa só pode ser viabilizada em
unidades estacionárias, em instalações de capacidade significativa. Por tal razão, o potencial
apresentado na Tabela 4 diz respeito à adoção da tecnologia em termoelétricas, indústrias e
12
Em 2004 quase 40% da geração de energia elétrica ocorreu em termelétricas a carvão mineral – ou seja, a
maior contribuição entre todas as fontes de energia (2). As reservas mundiais de carvão mineral são maiores do
que as de petróleo e de gás natural e melhor distribuídas geograficamente.
13
Da expressão Carbon (ou Carbon Dioxide) Capture and Storage – CCS –, em inglês. Para informações
adicionais consultar, por exemplo, IPCC Special Report on Carbon Dioxide Capture and Storage (7).
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No mundo existem cerca de 20 unidades de potência baseadas na gaseificação de carvão mineral ou de
resíduos de petróleo de alta viscosidade. Todas as unidades operam comercialmente, embora os custos da
eletricidade gerada sejam mais altos do que os das instalações convencionais.
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Fonte: (9)
Figura 4. Emissões de CO2 por MWh gerado – termoelétricas a carvão mineral e a gás natural.
O estudo da AIE indica que a contribuição das fontes renováveis de energia na geração
de energia elétrica seria modesta para a redução das emissões de GEE – 8,4% –, inclusive
considerada a contribuição de grandes hidroelétricas. Ocorre que, mesmo em um horizonte de
40-50 anos, acredita-se que os custos não devam cair de forma significativa – o que faria com
que o potencial econômico da alternativa fosse relativamente pequeno em relação a outras
alternativas –, além de que o potencial de fontes renováveis para geração de eletricidade
(eólica, solar e geotérmica) é relativamente pequeno e concentrado em algumas regiões do
mundo.
O mesmo resultado é observado no que diz respeito ao uso da biomassa, para a
produção de combustíveis líquidos e de eletricidade. A produção de eletricidade em larga
escala tem viabilidade econômica quando da utilização de resíduos de processos agrícolas ou
de processos industriais (por exemplo, com o uso de bagaço de cana e licor negro), mas
dificilmente é viável quando a biomassa é especificamente plantada para tal finalidade.
Poucos países, como o Brasil, teriam condições de produzir biomassa a baixo custo (por
exemplo, 1-1,5 US$/GJ), em função da disponibilidade de terra, das condições climáticas
favoráveis e do domínio de tecnologias.
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Fonte: (10)
Figura 5. Custos estimados de produção de etanol a partir de diferentes matérias-primas e
tecnologias – cenário 2015-2020.
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Considerações Finais
O relatório da AIE, cujos resultados parciais foram apresentados ao longo deste texto,
evidencia que a redução das emissões de GEE associadas ao uso de energia será um desafio
fantástico. Apenas com um amplo conjunto de ações, que incluem a diversificação de fontes
de energia, o desenvolvimento tecnológico e, sobretudo, um enorme esforço para o aumento
da eficiência no uso da energia, seria possível estabilizar, ou mesmo reduzir, as emissões de
GEE em relação ao verificado no início deste século.
Embora com várias ressalvas, o estudo da AIE indica que a energia nuclear pode
contribuir de forma significativa para a redução das emissões de GEE. Tal conclusão pode
gerar certo desalento, em função das restrições que são feitas por muitos à energia nuclear.
Por outro lado, a contribuição das fontes renováveis de energia tende a ser limitada em
relação ao que acreditam alguns setores da sociedade, conclusão que também deve ser mal
recebida por muitos. Nesse caso, a restrição fundamental é o alto custo, mesmo no futuro, e o
baixo potencial em vários países. Entretanto, a contribuição potencial das fontes renováveis
de energia é significativa, além do que o atual estágio tecnológico associado permite a
proposição de ações concretas imediatamente.
Do ponto de vista do desenvolvimento tecnológico, a alternativa mais distante é a
geração elétrica nuclear, considerada a necessidade de consolidação de uma nova geração de
reatores nucleares e de sistemas de controle e de segurança. Por outro lado, embora haja certo
otimismo a respeito das tecnologias de captura e de armazenamento de carbono, nenhuma das
alternativas aventadas está próxima de um estágio comercial. O desconhecimento das
implicações a longo prazo é outra restrição importante.
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Referências
(1) IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change. Working Group III Contribution
to the Intergovernmental Panel on Climate Change. Fourth Assessment Report –
Climate Change 2007: Mitigation of Climate Change. Summary for Policymakers.
Bangkok, 2007.
(2) IEA – International Energy Agency. IEA Energy Statistics. Disponível em
http://www.iea.org/Textbase/stats/index.asp. Acesso em Julho de 2007.
(3) IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change. Revised 1996 IPCC Guidelines
for National Greenhouse Gas Inventories: Workbook. Vol. 2 (Workbook) e 3
(Reference Manual), IPCC-OCDE. 1996.
(4) IEA – International Energy Agency. Energy Technology and Perspectives 2006 –
Scenarios & Strategies to 2050. Paris; 2006. Available at http://www.iea.org.
(5) WEA – World Energy Assessment. Energy and the Challenge of Sustainability.
United Nations Development Programme. New York, 2000.
(6) PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Relatório do
Desenvolvimento Humano 2004 – Liberdade Cultural num Mundo Diversificado.
Lisboa, 2004.
(7) IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change. Special Report on Carbon
Dioxide Capture and Storage. 2006.
(8) Williams, RH. Cost-Competitive, Low GHG Emitting Synthetic Fuels via Coordinated
Energy Production from Coal and Biomass with CO2 Capture and Storage (CCS).
UOP, Chicago, USA, 2005.
(9) IEA – International Energy Agency. Projected Costs of Generating Electricity - 2005
Update. Paris, 2005.
(10) Fulton, L. Recent biofuels assessments and two new scenarios. Paper presented at the
IEA Seminar Assessing the Biofuels Option. Paris, 2004.
Data de Recebimento: 08/01/2007
Data de Aprovação: 05/03/2007
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