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TEMPO COMUM. TRIGÉSIMA PRIMEIRA SEMANA.

SÁBADO

72. SERVIR UM SÓ SENHOR


– Pertencemos por inteiro a Deus.

– Unidade de vida.

– Rectificar a intenção.

I. NA ANTIGUIDADE, o servo devia-se integralmente ao seu senhor. A sua


actividade implicava uma dedicação tão total e absorvente que não era
concebível que pudesse compartilhá-la com outro trabalho ou amo. Assim se
entendem melhor as palavras de Jesus que lemos hoje no Evangelho da
Missa1: Nenhum servo pode servir a dois senhores, porque ou odiará um e
amará o outro, ou se afeiçoará a um e desprezará o outro. E o Senhor conclui:
Não podeis servir a Deus e às riquezas.

Seguir Cristo significa dirigir para Ele todos os nossos actos. Não temos um
tempo para Deus e outro para o estudo, para o trabalho, para os negócios: tudo
é de Deus e deve ser orientado para Ele. Pertencemos inteiramente ao Senhor
e orientamos para Ele toda a nossa actividade, o descanso, os amores
limpos... Temos uma só vida, que se ordena para Deus com todos os actos que
a compõem. “A espiritualidade não pode ser nunca entendida como um
conjunto de práticas piedosas e ascéticas justapostas de qualquer maneira ao
conjunto de direitos e deveres determinados pela condição da pessoa; pelo
contrário, as circunstâncias pessoais, na medida em que correspondem ao
querer de Deus, devem ser assumidas e vitalizadas sobrenaturalmente por um
determinado modo de desenvolver a vida espiritual; desenvolvimento que deve
ser alcançado precisamente em e através daquelas circunstâncias”2.

Como o cordão mantém unidas as contas de um colar, assim o desejo de


amar a Deus, a rectidão de intenção, dão unidade a tudo o que fazemos. Pelo
oferecimento a Deus das nossas obras, todas as nossas actividades do dia,
bem como as alegrias e as penas, pertencem ao Senhor. Nada fica à margem
do seu amor.

“Na nossa conduta habitual, necessitamos de uma virtude muito superior à


do lendário rei Midas: ele convertia em ouro tudo quanto tocava.

“– Nós temos de converter – pelo amor – o trabalho humano da nossa


jornada habitual em obra de Deus, com alcance eterno”3.

Os afazeres diários, a serenidade perante os contratempos, a pontualidade e


a ordem, o esforço que supõe cumprir o dever à risca... são a matéria que
devemos transformar em ouro do amor a Deus. Tudo deve ser orientado para o
Senhor, que é quem dá um valor eterno até às nossas acções mais pequenas.
II. O PROPÓSITO de vivermos como filhos de Deus deve realizar-se em
primeiro lugar no âmbito do trabalho, que temos de encaminhar para Deus; na
vida do lar, enchendo-a de paz e de espírito de serviço; e nas relações de
amizade, que são caminho para que os outros se aproximem cada vez mais do
Senhor.

Em tudo isso, a qualquer momento do dia ou da noite, devemos manter o


empenho por ser, com a ajuda da graça, homens e mulheres de uma só peça,
que não se comportam conforme o vento que sopra ou que relegam o trato
com o Senhor para os momentos em que estão na igreja ou recolhidos em
oração. Na rua, no trabalho, durante o desporto, numa reunião social, somos
sempre os mesmos: filhos de Deus que amavelmente se mostram verdadeiros
seguidores de Cristo: Quer comais, quer bebais ou façais qualquer outra coisa,
fazei tudo para a glória de Deus4, aconselhava São Paulo aos primeiros
cristãos.

“Quando te sentares à mesa – comenta São Basílio a respeito desse


versículo do Apóstolo –, reza. Quando comeres pão, fá-lo dando graças Àquele
que é generoso. Se beberes vinho, lembra-te d’Aquele que to concedeu para
tua alegria e alívio dos teus padecimentos. Quando te vestires, dá graças
Àquele que benignamente te concedeu a roupa. Quando contemplares o céu e
a beleza das estrelas, lança-te aos pés de Deus e adora Aquele que na sua
Sabedoria dispôs todas essas coisas. Do mesmo modo, quando o sol sair e
quando vier o ocaso, enquanto dormires ou estiveres acordado, dá graças a
Deus que criou e ordenou todas estas coisas para teu proveito, a fim de que
conheças, ames, louves o Criador”5. Todas as realidades nobres devem levar-
nos ao Senhor.

Da mesma maneira que, quando amamos uma criatura da terra, amamo-la


durante as vinte e quatro horas do dia, o amor a Cristo constitui a essência
mais íntima do nosso ser e o que configura o nosso agir. Cristo é o nosso único
Senhor, a quem procuramos servir no meio dos homens, sendo exemplares no
trabalho, nos negócios, no cuidado com a natureza que é parte da Criação
divina... Não teria sentido que uma pessoa que mantivesse um trato de
amizade com o Senhor não se esforçasse ao mesmo tempo, e como uma
consequência lógica, por ser cordial e optimista, por cumprir pontualmente as
suas obrigações profissionais, por aproveitar o tempo, por realizar com
perfeição as suas tarefas...

O amor a Deus, se é autêntico, reflecte-se em todos os aspectos da vida.


Por isso, ainda que as questões temporais tenham autonomia e não exista uma
“solução católica” para os problemas sociais, políticos, etc., também não
existem zonas de “neutralidade”, em que o cristão deixe de sê-lo e de agir
como tal6. Por essa mesma razão ainda, o apostolado flui de maneira
espontânea nos lugares onde se encontra um discípulo de Cristo, porque é
consequência imediata do seu amor a Deus e, portanto, aos homens.
Vejamos habitualmente se a nossa existência vai adquirindo em qualquer
coisa que façamos uma sólida unidade e coerência, que é a marca indiscutível
dos que seguem verdadeiramente o Senhor.

III. OS FARISEUS QUE ESCUTAVAM o Senhor eram avarentos e


procuravam compaginar o seu amor pelas riquezas com o serviço a Deus. Por
isso zombavam de Jesus. Também hoje os homens procuram por vezes
ridicularizar o serviço total a Deus e o desprendimento dos bens materiais,
porque – como os fariseus – não só não estão dispostos a seguir por esse
caminho, como nem sequer concebem que outros possam ter semelhante
generosidade: pensam, talvez, que podem existir interesses ocultos nos que
escolheram Jesus Cristo como seu único Senhor7.

Jesus põe a descoberto a falsidade da aparente bondade dos fariseus: Vós


– diz-lhes – sois daqueles que vos dais por justificados diante dos homens,
mas Deus conhece os vossos corações; porque muitas vezes o que é
excelente segundo os homens é abominável diante de Deus. O Senhor
qualifica com uma palavra duríssima – abominável – a conduta desses homens
que, faltos de unidade de vida, pareciam ser fiéis servidores de Deus, mas
estavam muito longe d’Ele, como o demonstravam as suas obras: Gostam de
passear com longas túnicas, anelam pelas saudações nas praças, pelas
primeiras cadeiras nas sinagogas, pelos primeiros assentos nos banquetes, e
devoram as casas das viúvas a pretexto de longas orações...8 Na verdade,
pouco ou nada amavam a Deus: amavam-se a si próprios.

Deus conhece os vossos corações. Estas palavras do Senhor devem servir-


nos de conforto, ao mesmo tempo que nos hão-de levar a repelir os
movimentos interiores de vaidade e vanglória, de tal maneira que toda a nossa
vida esteja orientada para a glória de Deus. Agradar a Deus deve ser o grande
objectivo de todas as nossas acções. O Papa João Paulo I, quando ainda era
Patriarca de Veneza, escrevia este pequeno apólogo cheio de ensinamentos:

À porta da cozinha estavam deitados os cães. João, o cozinheiro, matou um


bezerro e lançou as vísceras no pátio. Os cães comeram-nas e disseram: “É
um bom cozinheiro”.

Pouco tempo depois, João descascava batatas e cebolas, e voltou a lançar


as sobras no pátio. Os cães atiraram-se a elas, mas, torcendo o focinho,
disseram: “O cozinheiro estragou-se, já não vale nada”.

Mas João não se importou com esse juízo e disse: “É o amo quem tem de
comer e apreciar os meus pratos, não os cães. Basta-me ser apreciado pelo
meu amo”9.

Se nos lembrarmos habitualmente de que os nossos actos são para Deus,


de que é Ele o destinatário último, pouco ou nada deve importar-nos que os
homens não nos entendam ou nos critiquem. E acontece então que este amor
com obras a Deus se torna, ao mesmo tempo, o maior e o melhor serviço que
podemos prestar aos nossos irmãos os homens.

A nossa Mãe Santa Maria ensinar-nos-á a orientar os nossos dias e as


nossas horas de tal maneira que a nossa vida seja um verdadeiro serviço a
Deus. “Não percas nunca de vista a mira sobrenatural. – Rectifica a intenção,
como se vai rectificando o rumo do navio no mar alto: olhando para a estrela,
olhando para Maria. E terás a certeza de chegar sempre a bom porto”10.

(1) Lc 16, 13-14; (2) Alvaro del Portillo, Escritos sobre el sacerdocio, 4ª ed., Palabra, Madrid,
1976, pág. 113; (3) Bem-aventurado Josemaría Escrivá, Forja, n. 742; (4) 1 Cor 10, 31; (5) São
Basilio, Homilia in Julitam martirem; (6) cfr. Ignacio Celaya, Unidad de vida y plenitud cristiana,
EUNSA, Pamplona, 1985, pág. 335; (7) cfr. Sagrada Bíblia, Santos Evangelhos, nota a Lc 16,
13-14; (8) cfr. Lc 20, 45-47; (9) cfr. Albino Luciani, Ilustríssimos senhores, págs. 12 e segs.;
(10) S. Josemaría Escrivá, Forja, n. 749.

(Fonte: Website de Francisco Fernández Carvajal AQUI)

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