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1) O objeto de estudo da teologia é Deus revelado e todas as realidades na medida em que se relacionam com Deus.
2) A teologia não pode colocar-se acima do objeto de estudo, mas deve se colocar sob Deus revelado.
3) Embora a teologia tenha Deus como objeto de estudo, ela não pode observá-Lo como a ciência observa outros objetos, mas reconhece formas adequadas de falar sobre a realidade divina.
Description originale:
Um ensaio sobre o diaolgo da teologia com outros saberes.
1) O objeto de estudo da teologia é Deus revelado e todas as realidades na medida em que se relacionam com Deus.
2) A teologia não pode colocar-se acima do objeto de estudo, mas deve se colocar sob Deus revelado.
3) Embora a teologia tenha Deus como objeto de estudo, ela não pode observá-Lo como a ciência observa outros objetos, mas reconhece formas adequadas de falar sobre a realidade divina.
1) O objeto de estudo da teologia é Deus revelado e todas as realidades na medida em que se relacionam com Deus.
2) A teologia não pode colocar-se acima do objeto de estudo, mas deve se colocar sob Deus revelado.
3) Embora a teologia tenha Deus como objeto de estudo, ela não pode observá-Lo como a ciência observa outros objetos, mas reconhece formas adequadas de falar sobre a realidade divina.
UM ENSAIO SOBRE O OBJETO DE ESTUDO DA TEOLOGIA E SUA
RELAO COM OUTROS SABERES
TEOLOGIA E CINCIA: O OBJETO DE ESTUDO DA TEOLOGIA
Toda cincia tem um objeto de estudo, seja ela especulativa, natural ou social. Com a teologia no diferente. Semelhante s demais cincias, a teologia tambm tem seu objeto de estudo. Entretanto, no processo de estudo das outras cincias, geralmente o/a pesquisador/a se coloca acima do objeto de sua investigao para extrair o conhecimento pelo mtodo que lhe seja mais apropriado. Na teologia crist, ocorre o inverso: o/a telogo/a no pode colocar-se acima do objeto, e sim, sob o objeto do seu conhecimento. Em outras palavras, na teologia crist, o ser humano s pode conhecer Deus na medida em que este ativamente se faz conhecido por meio da revelao. "E, mesmo depois de Deus ter-se revelado objetivamente, no a razo humana que descobre Deus, mas Deus que se descerra aos olhos da f". Para a concepo crist clssica, a teologia o estudo de Deus e sua relao com o ser humano atravs da sua ?Palavra? revelada por meio de Jesus Cristo. Sobre o objeto de estudo da teologia, o telogo Clodovis Boff faz a seguinte observao:
"O objeto material da teologia , em primeiro lugar, Deus e depois tudo o mais. Portanto, nada h que no seja em princpio teologizvel. O objeto formal da teologia Deus enquanto revelado e toda e qualquer realidade na medida em que se relaciona com o Deus revelado [...] Portanto, faz-se teologia sempre que reflete algo " luz da f" ou da revelao" (BOFF,1998. p.21).
Alm de investigar as "verdades" acerca de Deus, a teologia tambm procura estudar outros assuntos. comum se pensar que a teologia ocupa-se apenas com elementos ligados ao "mundo espiritual". De fato a teologia trabalha a partir da realidade do mundo da f, mas ela no ignora as necessidades do mundo visvel. A teologia o produto de uma reflexo permanente a partir de uma situao concreta estabelecendo um ponto entre a informao bblica e a realidade social. A teologia analisa e prope alternativas de mudanas com o objetivo de resolver as situaes de injustia que ocorrem no meio social. dessa forma que a teologia serve tanto a esfera eclesial quanto esfera social. Nas palavras do telogo argentino Alberto Roldan: "Somente uma teologia que dialoga com a cultura capaz de tornar-se relevante para o mundo e para a sociedade" . Embora a teologia tenha Deus como "objeto de estudo", no h como observar Deus dentro de um tubo de ensaio em um laboratrio e analis-lo atravs de experimentos como requer a cincia moderna . No se estuda sobre Deus da mesma maneira que se estuda um elemento qumico, por exemplo. A teologia reconhece que existem outras maneiras e meios para falar acerca da realidade de Deus de modo adequado. "Deus Esprito" (Jo 4:24). Ele , e no h como experiment-lo ou prov-lo atravs das ferramentas que a cincia moderna emprica prope. Deus se mistura na histria humana! Aqui no se pretendem provar ou negar a sua existncia, apenas constatar que, para muitas pessoas, h um personagem, uma fora, uma energia, um mistrio que parece fazer caminho na histria humana. Deus est a, ?Ele ? o que , ?Aquele? que se torna conhecido por meio da experincia individual e coletiva do ser humano. Como disse acertadamente o telogo Hermilo Pretto: "quem est acostumado a assegurar a credibilidade ao pensamento lgico e a acreditar somente naquilo que passvel de demonstrao sempre ter dificuldade em captar a relevncia do olhar contemplativo" . A "Palavra" de Deus revelada por meio dos textos sagrados, a beleza da natureza, o mistrio do universo, as artes, as poesias, as msicas, o silncio, a meditao, etc., constituem expresses capazes de elevar a alma humana para a contemplao do que divino. Sob o ponto de vista do discurso teolgico, a existncia divina evidente, e evidncia no se demonstra, mas se analisa, interpreta e explica. Isto, porm, no quer dizer que a teologia no precise de uma reflexo sistemtica e crtica para falar sobre Deus . Nas palavras do telogo Afonso Murad, "A teologia um saber organizado, com regras prprias. No se limita a repetir, mas pensa, cria, organiza e elabora" . Nesse sentido a teologia no um saber aleatrio, feito de qualquer forma, mas um saber organizado e sistmico como uma cincia. Afonso Murad observa que a teologia tem em comum com o saber cientfico os seguintes aspectos:
. Possui objeto prprio, um mtodo e a linguagem correspondente, e elabora conceitos e termos tcnicos. . Pauta-se pelas normas da metodologia cientfica para gerar e difundir seu saber. . Possui um grupo de pesquisa e produz novos conhecimentos: os telogos (as) profissionais. . Difunde o ensino e promove a especializao em instituies de ensino superior. . Tem um espao prtico de validao de seus conhecimentos, que a ao evangelizadora. . Serve-se das contribuies das cincias humanas afins .
A teologia est aberta s demais cincias, e as utilizam para elaborar seu discurso. Para realizar a sua tarefa, a teologia lana mo de vrios recursos do saber humano. A teologia no vive em conflito com a cincia como foi propagado no correr da histria . A teologia utiliza o conhecimento cientfico, pois ela tambm precisa da cincia para organizar os seus discursos. A teologia, mesmo estando no seu grau de excelncia por tratar do absoluto que Deus, sempre desce terra dos "mortais" para se servir dos outros saberes. Conforme observou Joo Batista Libanio "A teologia chamada, cada vez mais, a articular seu saber com as cincias humanas, a servio de uma reflexo mordente, que fale das realidades terrestres e divinas, na perspectiva da f" . A relao de aprendizado da teologia para com a filosofia, por exemplo, demonstra claramente o quanto a teologia aberta a outros saberes. Essa relao da teologia com a filosofia existe h cerca de dezoito sculos, desde quando os primeiros cristos viram na filosofia uma ferramenta importante para elaborar o pensamento do que hoje se conhece como teologia crist . O mesmo ocorreu mais tarde com a sociologia e as demais cincias humanas, como a Antropologia, a Histria ou mesmo a Psicologia. Como define muito bem o telogo Clodovis Boff:
"A relao da teologia com as cincias no do tipo ditatorial, mas democrtico. Ou seja, a teologia serve-se dos recursos das cincias, respeitando sempre sua autonomia especfica, mas tambm reservando-se o direito, que lhe d a transcendncia da f sobre toda forma de razo, de criticar as pretenses pseudofilosficas ou pseudoteolgicas da chamada ?razo moderna" (BOFF, 1998, p. 67).
Portanto, a teologia uma cincia. Sendo cincia, seu "objeto" primeiro Deus e depois o ser humano e sua relao com o sagrado. O relacionamento da teologia com outros saberes profcuo. Contudo, mesmo assim, a teologia procura manter-se independente. Talvez o diferencial da teologia para com as demais cincias que a cincia teolgica procura ir alm da experincia e da razo. Enquanto que as demais cincias trabalham somente a partir da razo humana, que falvel. As certezas da teologia como cincia, deriva de sua relao com a "cincia divina" que no pode falhar. "A excelncia de seu objeto mostra-se ao tratar de assuntos que transcendem a razo humana, enquanto que as demais cincias se restringem aos limites que a razo consegue captar" .
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Referncias Bibliogrficas
BERKHOF, Louis. Teologia Sistemtica. 3. ed. So Paulo: Cultura Crist, 2007.
BOFF, Clodovis. Teoria do Mtodo Teolgico: verso didtica. 5. ed. Petrpolis:Vozes, 1998.
BRAKEMEIER, Gottfried. Cincia ou religio: quem vai conduzir a histria? So Leopoldo: Sinodal, 2006.
FABRI DOS ANJOS, Marcio. Teologia: Profisso. So Paulo: Loyola/Soter, [1996 ?].