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Rubin propõe uma análise marxista dos sistemas de sexo/gênero para entender como as mulheres são transformadas em bens através da atividade humana histórica. Ela critica teorias que veem a opressão feminina como universal e inevitável, defendendo que suas causas variam entre sociedades. Rubin também desconstrói a ideia de que sexo, gênero e orientação sexual estejam alinhados na natureza.
Description originale:
Breve dissertação realizada para a disciplina Sociologia da Diferença.
Rubin propõe uma análise marxista dos sistemas de sexo/gênero para entender como as mulheres são transformadas em bens através da atividade humana histórica. Ela critica teorias que veem a opressão feminina como universal e inevitável, defendendo que suas causas variam entre sociedades. Rubin também desconstrói a ideia de que sexo, gênero e orientação sexual estejam alinhados na natureza.
Rubin propõe uma análise marxista dos sistemas de sexo/gênero para entender como as mulheres são transformadas em bens através da atividade humana histórica. Ela critica teorias que veem a opressão feminina como universal e inevitável, defendendo que suas causas variam entre sociedades. Rubin também desconstrói a ideia de que sexo, gênero e orientação sexual estejam alinhados na natureza.
Dissertao sobre o texto de Gayle Rubin O trfico de mulheres:
Notas sobre a Economia Poltica do Sexo.
Pergunta: A proposta de Rubin a de construir uma teoria da opresso sexual e seu ensaio formado por notas para uma economia poltica dessa opresso. Disserte sobre isso.
Eu faria uma proposta indicativa para o prximo passo: uma anlise marxista dos sistemas de sexo/gnero. Os sistemas de sexo/gnero no so produtos no histricos da mente humana; so produtos da atividade humana histrica (RUBIN, 1975).
Rubin define o sistema sexo/gnero como os processos de transformao da materia prima biolgica em produtos da atividade humanas, em outras palavras, em homem ou mulher. Analisar esse sistema a partir da teoria marxista, para ela, segundo nossa leitura, no seria buscar as origens da opresso da mulher no sistema economico, e sim entender as transformaes que ocorrem na passagem do sexo biolgico ao gnero utilizando aparato conceitual marxista, pensando assim como as mulheres se transformam em bens, sistemas de posse de terra, transferencias de riquezas e etc. Para ela necessrio empreender um esforo no sentido de entender em que medida a suposta troca de mulheres, discutida por Levi- Strauss, produz e reproduz riquezas e ou prestigio poltico. Ao afirmar que o sistema sexo/gnero resultado da atividade humana histrica, Rubin busca desnaturalizar e desconstruir a suposta universalidade da opresso da mulher, mostrando que a opresso nada mais que resultado no da troca de mulheres, que segundo Levi-Strauss, em resposta s feministas que criticaram seu trabalho, poderia ser invertida se trocassem o gnero de quem troca e quem trocado em sua teoria, ou do tabu do incesto, e sim da heterosexualidade compulsria. O tabu do incesto deixa de ser a regra social e universal que funda a sociedade como acreditava Levi-Strauss, e sim o tabu da homossexualidade. Rubin argumenta, se baseando nos textos de Freud sobre o Edipo e o falo, principalmente a partir da leitura cuidadosa de Lacan, que as mulheres, em sistemas pre-edipianos se aproximam primeiramente da me, se apaixonam por ela, e como a possibilidade de satisfaz-la inexistente devido a ausncia do simbolo do falo, que lhes negada, se sentem lezadas em seus direitos, recorrendo ao pai para a sua castrao. Em outras palavras, o falo, enquanto simbolo da posio na relao de troca, negado menina e com ele a capacidade de satisfazer a me, empurrando-a em direo ao pai e a uma heterossexualidade ressentida. Ao afirmar que a cultura se sobrepe natureza quanto a formao da sexualidade, Rubin desconstri a ideia de que exista qualquer alinhamento entre o sexo biolgico, o gnero e a orientao da sexualidade como algo dado na natureza, e sim como algo imposto socialmente, logo compulsrio. Enquanto o sistema de parentesco cria o gnero (homem e mulher), o falo cria a sexualidade (heterossexual quando o indivduo se conforma com sua posio e homossexual quando resiste imposio). Para ela, inclusive, Levi-Strauss e Freud esto para o feminismo, assim como Smith e Ricardo esto para Marx, quando elaborou sua teoria sobre o capital. Ambos os autores do as ferramentas e possibilitam pensar como os sistemas de parentesco e o falo oprimem as mulheres e as privam de direitos, sem, no entanto chegarem a essas concluses eles mesmos, assim como Smith e Ricardo se aproximam de algumas concluses presentes em O Capital, de Marx, sem nunca concluirem por si mesmos. A prpria crtica economia poltica feita por Marx exatamente essa leitura cuidadosa, a exegese, e critica, que o feminismo deveria emprender em relao a esses dois autores. Em sua entrevista com Judith Butler a autora inclusive diz que o marxismo cria todo um ferramental conceitual para pensar o mundo que permite que pessoas elaborem questes que o prprio marxismo por s s no da conta de responder. Para ela a leitura sistematica desses autores essencial para o feminismo entender os processos de transformao de sexo em gnero, possibilitando novas questes e abordagens sobre esses sistemas que as teorias anteriores no se deram conta de elaborar ou de responder. Por fim, fica claro no texto a critica que Rubin termos gerais que buscam explicar a opresso da mulher de forma universal de inevitvel, como o patriarcado. Ao buscar entender o sistema sexo/gnero de sociedades especficas possvel entender como as relaes sociais presentes nesse sistema produzem a opresso, e como estas variam de sociedade para sociedade. As causas dessa opresso podem ser muito diversas entre s. Como afirma Piscitelli (2001), em seu texto sobre a recreao da categoria mulher, ao analisar a obra de Rubin e o dilogo em que ela se inscreve, essa universalizao da dominncia masculina resulta pouco apropriada quando se trata dos grupos primitivos, com as quais a antropologia trabalhou tradicionalmente, pois no haveria muitos indicios de que esses povos dicotomizem seu mundo em termos de domnio de poder.