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Texto Complementar

A Condição Humana

“A condição humana compreende algo mais que as condições nas quais a vida foi dada
ao homem. Os homens são seres condicionados: tudo aquilo com o qual eles entram em
contato torna-se imediatamente uma condição de sua existência. O mundo no qual transcorre
a vita activa consiste em coisas produzidas pelas atividades humanas; mas, constantemente,
as coisas que devem sua existência exclusivamente aos homens também condicionam os seus
autores humanos. Além das condições nas quais a vida é dada ao homem na Terra e, até certo
ponto, a partir delas, os homens constantemente criam as suas próprias condições que, a
despeito de sua variabilidade e sua origem humana, possuem a mesma força condicionante
das coisas naturais. O que quer que toque a vida humana ou entre em duradoura relação com
ela, assume imediatamente o caráter de condição da existência humana. É por isto que os
homens, independentemente do que façam, são sempre seres condicionados. Tudo o que
espontaneamente adentra o mundo humano, ou para ele é trazido pelo esforço humano, torna-
se parte da condição humana. O impacto da realidade do mundo sobre a existência humana é
sentido e recebido como força condicionante. A objetividade do mundo — o seu caráter de
coisa ou objeto — e a condição humana complementam-se uma à outra; por ser uma
existência condicionada, a existência humana seria impossível sem as coisas, e estas seriam
um amontoado de artigos incoerentes, um não-mundo, se esses artigos não fossem
condicionantes da existência humana.
Para evitar erros de interpretação: a condição humana não é o mesmo que a natureza
humana, e a soma total das atividades e capacidades humanas que correspondem à condição
humana não constitui algo que se assemelhe à natureza humana. Pois nem aquelas que
discutimos neste livro nem as que deixamos de mencionar, como o pensamento e a razão, e
nem mesmo a mais meticulosa enumeração de todas elas, constituem características
essenciais da existência humana no sentido de que, sem elas, essa existência deixaria de ser
humana. A mudança mais radical da condição humana que podemos imaginar seria uma
emigração dos homens da Terra para algum outro planeta. Tal evento, já não inteiramente
impossível, implicaria em que o homem teria que viver sob condições, feitas por ele mesmo,
inteiramente diferentes daquelas que a Terra lhe oferece. O labor, o trabalho, a ação e, na
verdade, até mesmo o pensamento como o conhecemos deixariam de ter sentido em tal
eventualidade. Não obstante, até mesmo esses hipotéticos viajores terrenos ainda seriam
humanos; mas a única afirmativa que poderíamos fazer quanto à sua «natureza» é que são
ainda seres condicionados, embora sua condição seja agora, em grande parte, produzida por
eles mesmos.
O problema da natureza humana, a quaestio mihi factus sum («a questão que me tornei
para mim mesmo») de Agostinho, parece insolúvel, tanto em seu sentido psicológico como em
seu sentido filosófico geral. É altamente improvável que nós, que podemos conhecer,
determinar e definir a essência natural de todas as coisas que nos rodeiam e que não somos,
venhamos a ser capazes de fazer o mesmo a nosso próprio respeito: seria como pular sobre
nossa própria sombra. Além disto, nada nos autoriza a presumir que o homem tenha uma
natureza ou essência no mesmo sentido em que as outras coisas as têm. Em outras palavras,
se temos uma natureza ou essência, então certamente só um deus pode conhecê-la e defini-la;
e a condição prévia é que ele possa falar de um «quem» como se fosse um «quê» O problema
é que as formas de cognição humana aplicáveis às coisas dotadas de qualidades naturais — in-
clusive nós mesmos, na medida limitada em que somos exemplares da espécie de vida
orgânica mais altamente desenvolvida — de nada nos valem quando levantamos a pergunta: e
quem somos nós? É por isto que as tentativas de definir a natureza humana levam quase
invariavelmente à construção de alguma deidade, isto é, ao deus dos filósofos que, desde
Platão, não passa, a uma análise mais profunda, de uma espécie de idéia platônica do homem.
Naturalmente, desmascarar tais conceitos filosóficos da divindade como conceitualizações das
capacidades e qualidades humanas não chega a ser uma demonstração da não-existência de
Deus, e nem mesmo constitui argumento nesse sentido; mas o fato de que as tentativas de
definir a natureza do homem levam tão facilmente a uma idéia que nos parece definitivamente
«sobre-humana» e é, portanto, identificada com a divindade, pode lançar suspeitas sobre o
próprio conceito de «natureza humana».
Por outro lado, as condições da existência humana — a própria vida, a natalidade e a
mortalidade, a mundanidade, a pluralidade e o planeta Terra — jamais podem «explicar» o que
somos ou responder a perguntas sobre o que somos, pela simples razão de que jamais nos
condicionam de modo absoluto. Esta sempre foi a opinião da filosofia, em contraposição às
ciências — antropologia, psicologia, biologia, etc. — que também têm no homem o seu objeto
de estudo. Mas hoje podemos quase dizer que já demonstramos, até mesmo cientificamente,
que, embora vivamos agora, e talvez tenhamos que viver sempre, sob condições terrenas, não
somos meras criaturas terrenas. A moderna ciência natural deve os seus maiores triunfos ao
fato de ter olhado e tratado a natureza terrena de um ponto de vista verdadeiramente
universal, isto é, de um ponto de vista arquimediano escolhido, voluntária e explicitamente,
fora da Terra.”

ARENDT, Hannah. A Condição Humana. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2008.


p.17-20

1. Tomando o texto como referência responda:


A respeito dos conceitos de Condição Humana e de Natureza Humana é
correto afirmar:
a) A condição humana diz respeito às formas de vida que o homem impõe a si
mesmo para sobreviver, ao passo que, a natureza humana está ligada ao gênero
humano universal e as espécies humanas particulares, de modo que certos
sentimentos, comportamentos, idéias e valores são os mesmos para todos.
b) Tudo o que espontaneamente adentra o mundo humano, ou para ele e trazido
pelo esforço humano, torna-se parte da natureza humana.
c) É evidente que nós, que podemos conhecer, determinar e definir a essência
natural de todas as coisas que nos rodeiam e que não somos, somos capazes de fazer
o mesmo a nosso próprio respeito.
d) Falar sobre nossa condição humana seria como pular sobre a nossa própria
sombra.
e) Nenhuma das alternativas acima.

2. As circunstâncias históricas do Mundo Antigo certamente contribuíram para as


discussões do pensamento filosófico da Grécia Antiga. Assinalar o item verdadeiro:

a) Arqueduto, Pirâmides, Moeda, Matemática e Metalurgia.


b) Navegações, Moeda, Política, Calendário e Polis.
c) Calendário, Arqueduto, Moeda, Matemática e Pirâmides.
d) Matemática, Navegação, Pólis, Metalurgia e Calendário.
e) Nenhuma das alternativas acima.

3. Ora, na realidade, para o existencialista, não há amor diferente daquele que se


constrói; não há possibilidade de amor senão a que se manifesta no amor, não há
gênio senão o que se exprime nas obras de arte. (Sartre)

De acordo com esse excerto de Sartre, é correto afirmar que:


a) a essência do homem, seus sentimentos, sua razão, determinam o modo como ele
age em relação a outros e a si mesmo.
b) é possível definir o homem sem considerar sua cultura e sua história.
c) as intenções equivalem a atos.
d) o homem é o que ele faz.
e) a condição humana se caracteriza pela dominação de um homem por outro e pela
inexistência de liberdade.

4. Elabore um texto dissertativo em que as relações entre “condição humana” e


“trabalho” formem o eixo temático a partir do qual você vai construir seus
argumentos. Realize-o da forma mais coesa e mais coerente possível, discutindo, de
maneira convincente, a linha de reflexão que for desenvolver. Dê um título que
sintetize seu texto em seu conjunto.
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