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O documento discute regras gramaticais sobre o uso de diferentes palavras e expressões em português. Em particular, explica a diferença entre "por que" e "porquê", "onde" e "aonde", "se não" e "senão", "tão pouco" e "tampouco", "de encontro a" e "ao encontro de", e "em vez de" e "ao invés de".
O documento discute regras gramaticais sobre o uso de diferentes palavras e expressões em português. Em particular, explica a diferença entre "por que" e "porquê", "onde" e "aonde", "se não" e "senão", "tão pouco" e "tampouco", "de encontro a" e "ao encontro de", e "em vez de" e "ao invés de".
O documento discute regras gramaticais sobre o uso de diferentes palavras e expressões em português. Em particular, explica a diferença entre "por que" e "porquê", "onde" e "aonde", "se não" e "senão", "tão pouco" e "tampouco", "de encontro a" e "ao encontro de", e "em vez de" e "ao invés de".
I) EMPREGO DOS PORQUS Em princpio, vamos fazer uma breve orientao lembre-se de que sempre se acentuar o monosslabo tnico que quando este estiver em final de frase ou quando vier precedido de um determinante neste ltimo caso, ser empregado como substantivo. Observe: Voc tem medo de qu? (pronome interrogativo tnico) Ela hoje tem um qu de esquisito. Emprega-se o por que separado em duas situaes bsicas: 1) quando puder ser substitudo por pelo qual, pela qual, pelos quais, pelas quais neste caso, teremos uma preposio por seguida do pronome relativo que; 2) quando puder ser substitudo por uma das expresses por qual motivo ou por qual razo neste caso, teremos a preposio por seguida do pronome interrogativo que. Veja: At agora no nos disse por que ele faltou audincia (por qual motivo, por qual razo).
Os caminhos por que ele sempre andou eram caminhos de morte. (pelos quais)
O documento por que buscvamos foi extraviado durante a mudana. (pelo qual)
No elaboraste o pr-projeto at agora por qu? (por qual motivo, por qual razo (com acento por se encontrar em final de frase monosslabo tnico))
Observe, ento:
POR QUE Pelo qual, pela qual, pelos quais, pelas quais (preposio por mais pronome relativo que Por qual motivo, por qual razo (preposio por mais pronome interrogativo que). 2 Emprega-se o porque junto quando este funciona como uma conjuno explicativa, causal ou final. Observe:
No apoio essas iniciativas, porque desconfio dos fins a que se destinam. (conjuno explicativa equivale a pois)
Porque no entregou o projeto no prazo, foi cortada da lista de formandos. (conjuno causal equivale a j que, visto que)
Estudai bastante, porque sejais logo aprovados em um concurso pblico. (conjuno final equivale a para que, a fim de que)
Emprega-se porqu (junto e com acento) quando este equivale a motivo, razo. Neste caso, estaremos diante de uma palavra substantivada. Geralmente, este porqu vem acompanhado de determinantes (artigos, pronomes indefinidos, etc.). Veja:
Deve haver algum porqu para a sada dele do cargo de gerente. (algum motivo)
Ainda no se sabe o porqu da morte da senhora Linda. (o motivo)
II) EMPREGO DE ONDE E AONDE
O onde denominado de pronome relativo locativo, pois s deve ser empregado em substituio a um lugar. Equivale a em que e variaes no qual, na qual, nos quais, nas quais. Observe:
Em So Paulo, h uma cafeteria onde se acham excelentes cafs importados. (em que, na qual)
Conjuno explicativa Equivale a pois
PORQUE Conjuno causal Equivale a j que, visto que, uma vez que
Conjuno final Equivale a para que, a fim de que 3 Nossos projetos de vida dependem muito do futuro do pas onde vivemos. (em que, no qual)
Entendem-se noo de lugar os sentidos de posio, situao, classe, parte de um livro ou obra, espao ocupado, localidade, regio. Por isso, so corretos tambm os seguintes empregos do relativo onde:
Chegamos parte final do continente, onde j encontramos grandes icebergs.
Fizemos o resumo do segundo pargrafo deste captulo, onde havia bons exemplos de cidadania.
Em muitas situaes, o relativo onde empregado sem antecedente explcito, isto , seu antecedente estar latente, oculto. Neste caso, equivaler a em que lugar, no lugar em que. Veja:
Sempre h boas pessoas onde a gente menos espera. (no lugar em que)
Onde voc mora? (em que lugar)
! Observao: Mesmo sem antecedente expresso, o onde s empregado em situaes que indicam lugar.
Emprega-se aonde regido por um nexo prepositivo quanto houver um verbo ou um nome que requeira a preposio a. Geralmente equivale a para onde. Perceba:
Ns iremos contigo ao lugar a que tu quiseres ir. Ns iremos contigo ao lugar aonde quiseres ir. (ir a).
Por favor, aonde eu posso me dirigir para obter informaes? (dirigir-se a) Vocs pretendem chegar aonde com tais indagaes? (chegar a)
4 Observaes essenciais sobre o emprego de onde e de aonde
A maioria das nossas dificuldades vem do fato de, em nosso dia a dia, cometermos muitos erros no que diz respeito ao emprego do aonde em lugar do onde e vice-versa. Maria, voc sabe aonde eu deixei meus culos? (construo incorreta) Maria, voc sabe onde eu deixei meus culos? (construo correta)
No sabemos aonde ele est nesse momento (construo incorreta) No sabemos onde ele est nesse momento (construo correta)
Onde voc vai hoje tarde? (construo incorreta)
Aonde voc vai hoje tarde? (construo correta quem vai, vai A algum lugar.)
preciso ter muito cuidado com o emprego do onde, pois, como sabemos, ele s deve ser usado para expressar uma noo de lugar. Portanto, para o padro formal, inadmissvel o emprego do onde para relaes que no sejam de lugar. O Clube dos Oficiais, onde o diretor Joo da Costa, passar por uma reforma. (emprego inadequado). O Clube dos Oficiais, cujo diretor Joo da Costa (...) (emprego correto a relao que transmite a de posse).
Em 1980, onde o presidente era Joo Batista (...) (emprego inadequado) Em 1980, quando o presidente era Joo Batista (...) (emprego correto a relao que se transmite a de tempo)
III) EMPREGO DO SE NO E SENO
Emprega-se o se e depois o no quando estes funcionam, respectivamente, como conjuno condicional e advrbio de negao. Nesse caso, equivalero, literalmente, a caso no ou quando no e s devem ser usado em juzos que expressam hipteses, condio, probabilidade.
Se no fizerem o dever logo, no recebero o prmio que lhes prometi. (caso no faam) 5 Que faremos amanh, se no chegarem os mantimentos? (caso no cheguem) A situao era difcil de resolver, se no impossvel. (quando no impossvel)
Emprega-se seno junto, nas seguintes situaes:
Eram pessoas no s honestas, seno tambm caridosas. (mas tambm)
O direto no fazia outra coisa, seno criticar (a no ser)
Ele nunca possuiu amigos, seno bajuladores (mas sim)
No processo, no encontramos senes (defeitos, problemas).
H uma situao em que a pontuao faz toda a diferena. Observe:
Chegue cedo empresa amanh, seno ser demitido (do contrrio, caso contrrio) Chegue cedo empresa amanh; se no, ser demitido. (se no (chegar) juzo hipottico)
IV) EMPREGO DE TO POUCO E TAMPOUCO
Emprega-se to pouco quando for equivalente de muito pouco. Nesse caso, teremos o advrbio de intensidade to seguido do pronome indefinido ou do advrbio pouco.
Falaram to pouco durante a palestra que todos ficaram surpresos. Infelizmente, nosso filho dorme to pouco.
Conjuno correlata aditiva mas tambm
Conjuno de oposio adversativa mas sim, do contrrio SENO Conjuno de excluso afora, exceto, salvo, a no ser
Substantivo problema, mcula, defeito.
6 Tampouco morfologicamente um advrbio e equivale a tambm no, muito menos, nem sequer. Funciona, na estrutura oracional, como um reforo para uma negao feita anteriormente, ou seja, o tampouco adicionar uma ideia negativa a uma ideia negativa precedente. Por isso, costuma-se associ-lo a nem no sentido negativo. Como j representa uma negao, erro grosseiro empregar tampouco no.
Os alunos no entregaram a prova, tampouco fizeram o trabalho que valia nota. Jamais irei quele lugar, tampouco deixarei que algum familiar meu v.
V) EMPREGO DE DE ENCONTRO A E AO ENCONTRO DE
Emprega-se a expresso de encontro a quando se quer transmitir a ideia de choque, oposio, contrrio. Equivale a contra:
O motorista perdeu o controle e o caro foi de encontro ao poste.
J a expresso ao encontro de significa em direo a, a favor de. usada, geralmente, quando se quer dizer que algo foi favorvel a alguma coisa, foi a favor de.
Quando os vi de longe, parti ao encontro dos dois. Somos bons amigos, afinal, minhas ideias sempre foram ao encontro das ideias dele.
Percebe que essas duas expresses dependem, totalmente, do contexto:
Somos bons amigos, AFINAL minhas ideias sempre foram ao encontro das ideias dele. Somos bons amigos, MAS minhas ideias sempre foram de encontro s ideias dele.
VI) EMPREGO DE EM VEZ DE E AO INVS DE
Deve-se empregar a locuo prepositiva em vez de quando se deseja indicar uma troca, uma substituio de uma coisa por outra. Ela significa, literalmente, em lugar de, em substituio a. Reitere-se que essa locuo aplicvel maioria das situaes que se deseja expressar troca, substituio, alterao de uma coisa por outra.
7 Na festa, resolveu beber cerveja em vez de vinho. Em vez de ir ao cinema, resolveu ir ao teatro.
Por outro lado, a locuo prepositiva ao invs de significa ao inverso de, ao contrrio de e s deve ser empregada quando houver na orao elementos ou ideias opostos, contrrios.
O mergulhador imergiu ao invs de emergir por causa de um problema no equipamento.
No velrio, a prima do defunto ria ao invs de chorar.
VII) EMPREGO DE ACERCA DE, A CERCA DE E H CERCA DE:
A locuo prepositiva mais usual das trs acerca de, que significa a respeito de, sobre, quanto a:
Nada nos disse acerca do problema. (sobre, a respeito)
Os pesquisadores fizeram uma interessante descoberta acerca da criao de vulos. (sobre, a respeito)
Nas duas outras construes, temos a associao entre uma preposio ou um verbo e a expresso adverbial de aproximao cerca de. Observe:
Logo, teremos: A cerca de = aproximadamente H cerca de = faz aproximadamente A (preposio)
CERCA DE
H (verbo haver) 8 Quando ns o encontramos, estvamos a cerca de 20 km da fronteira. (a aproximadamente).
Os colonizadores chegaram aqui h cerca de 500 anos. (faz aproximadamente).
! Observao: Perceba que o a da expresso a cerca de no recebe o acento grave em virtude de ser to somente uma preposio seguida de uma expresso adverbial cerca de.
VIII) EMPREGO DE MAU E MAL
O mau exerce a funo de adjetivo e possui como antnimo o adjetivo bom. Nesse caso, ir referir-se a substantivos. Como adjetivo que o , o vocbulo mau apresenta todas as flexes tpicas das classes variveis:
O mau treinador efetuou ms aes por causa da m conduta que teve. Toda m sorte tem pro traz um mau sujeito.
Emprega-se mal em trs funes morfolgicas: advrbio, cujo oposto bem, conjuno temporal, equivalendo a logo que, assim que, e substantivo abstrato, equivalendo a o mal, a maldade. Observe:
O time jogou mal porque no treinou adequadamente (advrbio oposto a bem) Mal ele chegou sala, todos comearam a rir (conjuno temporal logo que, assim que). O mal sempre atrai o mal (substantivos a maldade)
MAU MAUS
Flexo de nmero
M MS
Flexo de nmero Flexo de gnero Todos so adjetivos. Referem-se, portanto, a substantivos. 9 FIQUE ATENTO SEGUINTE DISTINO Mau humor Mal-humor Mau cheiro Malcheiroso M educao Mal-educado Mau comportamento malcomportado Mau ensinamento Mal-ensinado Mau entendimento Mal-entendido M aventura Mal-aventurado M assombrao
DIFERENTE Mal-assombrado
IX) EMPREGO DE MAS E MAIS
O mas funciona, na maioria das vezes, como conjuno de oposio adversativa; por isso, pode ser tranquilamente trocada por porm, contudo, todavia. Em outros casos um pouco mais raros o, mas far parte da correlao aditiva no s..., mas tambm. Veja:
Todos participaram do evento, mas nem todos ficaram para a confraternizao. (porm, contudo).
O governo no s baixou os juros para a casa prpria, mas tambm facilitou o crdito. (correlao aditiva).
Em algumas situaes, o mas funciona to somente como uma palavra denotativa de nfase ou de situao. No transmite o sentido de oposio adversativa, por isso no poder ser substituda por porm, contudo, todavia. Veja:
Mas quem afinal chegou nossa festa? Mas que belos polticos ns temos hoje em dia!
J o mais funciona ora como advrbio de intensidade, quando modifica verbos, adjetivos ou outros advrbios, ora funciona como pronome indefinido, quando se refere a substantivos. Observe:
Os Silvas sempre dispuseram de mais recursos e mais informaes. 10 Ele sempre quis trabalhar mais para melhorar a situao financeira da famlia.
i Material elaborado, exclusivamente, para a disciplina Portugus Instrumental (UniFil). Docente: Profa. Ms. Gislaine Gracia Magnabosco. ii BEZERRA, Rodrigo. Nova Gramtica da Lngua Portuguesa. So Paulo: Editora Mtodo, 2011. p. 707 738.