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Sessão 2 – 1ª parte:

Tarefa 2: Análise crítica ao Modelo de Auto-avaliação das Bibliotecas Escolares

“What differences do my library and its learning initiatives make to student learning?
What has my library and its learning initiatives enabled my students to become?"

Estas questões colocadas por Ross Todd (School Librarians as Teachers: Learning
Outcomes and Evidence-based Practices, pág. 8) parecem-me ser as questões
subjacentes à construção do Modelo de Auto-avaliação das Bibliotecas Escolares, uma
vez que a sua aplicação tem por fim avaliar a qualidade e a eficácia da biblioteca
escolar no contexto da missão educativa atribuída à escola.

Este modelo, enquanto instrumento pedagógico e de melhoria de melhoria,


assenta em conceitos básicos definidos pela investigação e práticas internacionais,
principalmente em países anglo-saxónicos, que sugerem que a biblioteca escolar tem
impacto na aprendizagem e sucesso educativo dos alunos e traz modificações positivas
nas atitudes, valores e conhecimento dos utilizadores. Para que isso possa ser
demonstrado é necessário recorrer a uma prática baseada em evidências em que, mais
do que os processos, o que conta são os resultados.

Assim, este modelo surge como um quadro referencial, dividido por domínios
considerados determinantes e com impacto positivo no desenvolvimento dos
seguintes conceitos básicos:

 Os alunos são actores do seu próprio conhecimento (abordagem


construtivista da aprendizagem);

 O mundo está a mudar (novas tecnologias, redes sociais, novas literacias,


lifelong learning, …);

 As estratégias devem ser baseadas no questionamento e inquirição


contínua;

 A avaliação da eficácia tem de ser realizada por ciclos;

 A auto-avaliação contribui para um processo sistemático de determinar o


valor (benefícios obtidos) e a qualidade dos serviços (satisfação dos
utilizadores);

 A gestão da mudança tem de ser baseada em evidências.


Sessão 2 - 1ª tarefa Mariana Mesquita Oliveira
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A pertinência da existência de um modelo de auto-avaliação é, por conclusão


lógica, inquestionável. Avaliar as condições existentes à partida (definindo o perfil da
biblioteca escolar), perspectivar o trabalho a realizar nos diferentes domínios, avaliar o
trabalho realizado e o seu impacto no funcionamento global da escola e nas
aprendizagens dos alunos, identificar fraquezas e investir na melhoria – mudando
práticas, se necessário – são condições essenciais para a biblioteca escolar fazer a
diferença nas escolas, como preconiza Ross Todd. É, além do mais, um documento
imprescindível não só para orientação do professor bibliotecário e sua equipa, mas
também para todos os órgãos da escola, pois a inter-relação de todos os agentes
educativos é fundamental para a consecução do projecto educativo de escola, para a
auto-avaliação da própria escola, sua avaliação externa e avaliação do desempenho
docente.

Quanto à organização estrutural e funcional, o modelo é baseado em objectivos


e processos, define-se como uma organização capaz de aprender a crescer através de
um processo sistemático de recolha de evidências e organiza-se em domínios de
referência. Como áreas-chave para esses domínios podemos considerar:

 A integração no Plano Curricular de Escola e seu Projecto Educativo, a


articulação com os departamentos curriculares e a relação com a
comunidade educativa – “As program administrator, the school librarian
works collaborativelly with members of the learning community to define
policies and guide and direct all related library activities” ;

 O desenvolvimento de competências de leitura e literacia da informação


– “As a learning specialist, the school librarian provides leadership and
expertise in acquiring and evaluating all kinds of information”, “;

 O acesso e qualidade da colecção, com materiais diversificados e em


vários suportes, adequados aos desafios do novo mundo global e digital;

 A gestão da BE por um professor bibliotecário qualificado, capaz de


liderar uma equipa que seja reconhecida pela escola e tenha uma visão
estratégia flexível mas determinada – “strategic management turns
vision into reality”.

Nota: Citações de Mike Eisenberg in This Man wants to change your Job.

Parecem-me, portanto, verdadeiramente adequados os domínios propostos no


modelo embora existam alguns constrangimentos no que respeita à sua
implementação, não porque não sejam correctos mas porque implicam um trabalho
muito sistematizado e organizado, que não é prática corrente na escola no seu todo, e

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que vai absorver uma enorme quantidade de energia e horas e horas de trabalho do
professor bibliotecário e sua equipa.

Esta questão leva-me directamente à análise da integração/aplicação do modelo


à realidade da escola.

O modelo pressupõe que a planificação do trabalho da BE deve corresponder a


objectivos, calendarização, propriedades e estratégias definidas pela escola, o que é
exemplificado por Mike Eisenberg (This Man wants to change your Job) da seguinte
forma:”This year, for example, your school’s focus may be on improving reading scores
through coordinated schoolwide efforts. This would likely call for an increased
emphasis on your role as a reading advocate, while maintaining or perhaps reducing
activities related to information literacy instruction or information management.” . A
realidade da minha escola é que não há este tipo de trabalho a nível de direcção e
estruturas pedagógicas, o que, por muito que se queira que o professor bibliotecário
seja um promotor de mudanças, acaba por ser uma desvirtuação do processo. Claro
que o professor bibliotecário está presente nas reuniões desse conselho, mas só quem
conhece bem o que tem sido a realidade das nossas escolas nestes últimos tempos
conseguirá perceber que a serenidade, a predisposição e a boa vontade para atitudes
reflexivas, inovadoras e prospectivas anda um pouco afastada das práticas da escola.

Este exemplo é também ilustrativo de como deve ser feita a escolha do domínio
a ser avaliado em cada ano. Não havendo uma definição por parte da escola, cabe ao
professor bibliotecário a tarefa de identificar um problema ou desafio, recolher
evidências, interpretar a informação recolhida, realizar as mudanças necessárias e, por
fim, recolher novas evidências acerca do impacto dessas mudanças. O resultado desse
trabalho deve ser partilhado com o director e discutido no conselho pedagógico.
Teoricamente está correcto mas a falta de práticas de auto-avaliação da escola torna o
processo bastante difícil de concretizar.

Encontro assim algumas dificuldades na aplicação deste modelo à realidade da


escola, fundamentalmente pelas seguintes razões:

 Reduzida prática de trabalho colaborativo entre a escola e a comunidade


educativa, entre os departamentos e entre os professores;

 Bibliotecas pouco equipadas sobretudo no que diz respeito a ambientes


digitais e multimédia;

 Organização da escola em termos de horários;

 A abordagem construtivista da aprendizagem não é uma visão partilhada


por toda a escola;
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 Professores desmotivados, assoberbados de trabalho e pouco


disponíveis (sendo exemplo disso a não aceitação de muitos colegas em
integrarem a equipa biblioteca e a deserção de outros que tinham
inicialmente aceitado);

 Rejeição de tudo o que diz respeito a práticas burocráticas de avaliação.

Vou-me debruçar um pouco mais sobre este último aspecto porque ele
condicionou a minha reflexão sobre a escolha da tarefa para esta semana. De início
pareceu-me muito mais atractiva a primeira tarefa, até porque ela poderia ser uma
base de trabalho para a desejável apresentação do modelo à escola. Depois recuei e
pura e simplesmente decidi que não é altura de fazer essa apresentação. Neste
momento a própria palavra “avaliação” causa arrepios e crispação na comunidade
docente. Todos sabemos que a questão da avaliação do desempenho docente não está
ainda resolvida e é motivo de discórdia e atitudes de profunda rejeição.

Assim, embora aceite como certos os princípios do modelo, desde os objectivos à


metodologia passando pela difícil implementação dos processos, tenho de adequar a
minha atitude à realidade em que me insiro e terei uma postura construtiva mas
discreta. Tentarei cumprir a missão que aceitei desempenhar mas tenho consciência
que, para ser aceite pela comunidade educativa, não posso exagerar na visibilidade da
minha função. Tentarei fazer valer a minha importância como professora bibliotecária
e especialista em educação, tentarei que a biblioteca tenha um papel fulcral e
reconhecido como promotora de sucesso educativo mas fá-lo-ei pouco a pouco,
pessoa a pessoa, sem “marketing” visível e aparatoso.

Há várias oportunidades para isso e muitas actividades sugeridas por este


modelo, tais como, e vou dar apenas dois exemplos:

 Criação de actividades e elaboração de guiões de pesquisa que orientam


os alunos no processo de construção de conhecimento, segundo os sete
estádios propostos no modelo ISP, tal como é explicitado por Ross Todd
no documento School Librarians as Teachers: Learning Outcomes and Evidence-
based Practices, na página 6, e pode ser sintetizado na citação que faz de
Wilson (1996) que proclama que a missão da escola é a aprendizagem
que dá ênfase a “meaningful, authentic activities that help the learner to
constuct understandings and develop skills relevant to problem solving“.

 Criação de oportunidades de leitura voluntária, porque, tal como diz Ross Todd
no mesmo documento, “Research evidence shows that providing opportunities
for voluntary reading impacts positively on reading comprehension scores.”

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O modelo de autoavaliação das bibliotecas escolares é um guia precioso na


identificação de estratégias que podem levar ao sucesso educativo e as competências
do professor bibliotecário são essenciais na liderança do processo.

O professor bibliotecário é um professor da literacia da informação e não só


colabora com os alunos na análise das necessidades, localização e uso dos recursos,
compreensão e comunicação dessa informação, mas também tem de ser parceiro dos
outros professores e juntar-se a eles para identificar o relacionamento das
necessidades dos alunos, os conteúdos curriculares e os resultados da aprendizagem
com uma grande variedade de recursos de informação em diferentes suportes.

O professor bibliotecário é também um promotor da leitura pois, como diz Mike


Eisenberg, “Reading proficiency is widely recognized as the number-one predictor of
student success” e “the pupil who is an independent learner is information literate and
appreciates literature and other creative expressions of information”.

O professor bibliotecário é um gestor e promotor de recursos e serviços, tem de


ter uma visão global, ser observador e investigativo, estabelecer prioridades, saber
trabalhar com departamentos/ colegas e saber gerir e avaliar de acordo com a missão
e objectivos da escola.

O professor bibliotecário tem de ter um pensamento estratégico e proactivo com


vista a alterar percepções, o que não é fácil, pelo que Mike Eisenberg recomenda como
princípios básicos (ABC): Articulate vision and agenda

Be strategic

Communicate continuously

Como conclusão, direi apenas que o modelo de auto-avaliação das bibliotecas


escolares é um bom modelo, baseado em princípios educacionais sólidos porque
baseados em investigação e práticas bem sucedidas que, com maior ou menor
facilidade poderá ser aplicado às escolas portuguesas, “so help us God… and Todd
Ross”!

Chaves, 10 de Novembro de 2010

Mariana Mesquita Oliveira

Sessão 2 - 1ª tarefa Mariana Mesquita Oliveira

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