1) Os africanos são produtores de história, deixando vestígios em práticas sociais como medicina e religião.
2) Eles têm uma percepção do tempo que não é linear, com o passado integrando o presente e futuro de forma complexa.
3) Figuras como griots e patriarcas desempenham papéis centrais na história oral e na concepção de tempo dos povos africanos.
1) Os africanos são produtores de história, deixando vestígios em práticas sociais como medicina e religião.
2) Eles têm uma percepção do tempo que não é linear, com o passado integrando o presente e futuro de forma complexa.
3) Figuras como griots e patriarcas desempenham papéis centrais na história oral e na concepção de tempo dos povos africanos.
1) Os africanos são produtores de história, deixando vestígios em práticas sociais como medicina e religião.
2) Eles têm uma percepção do tempo que não é linear, com o passado integrando o presente e futuro de forma complexa.
3) Figuras como griots e patriarcas desempenham papéis centrais na história oral e na concepção de tempo dos povos africanos.
Segundo os autores o homem um animal histrico (p.23), e como todos os agentes/produtores de histria, o homem africano tambm o , no sentido em que produz provas sobre prticas e representaes sociais, que so bem visveis at hoje, seja pela medicina, seja por regras de comportamento, seja pela religiosidade. Existe ento uma padronizao comportamental, e um modelo de pensar e agir, um modelo de vida. Para os africanos, existe uma percepo do tempo e da sua prpria histria, sendo assim, neste sentido, podemos entender este processo como sendo de conscincia de sua historicidade e de suas aes, que so singulares ao restante do globo. Os africanos possuem esta conscincia, sobretudo, de serem agentes de uma histria, e assim, eles compreendem este mesmo tempo como sendo social e histrico. Existe um lugar especfico que o tempo mtico carrega. Alguns costumes e crenas so baseados em mitos, e que passam a ser intemporais e sua dimenso, e totalmente histrico-sociais. O costume justificado pelo mito, a vida dos povos marcada por acontecimentos reais, mas que desde um passado imemorial, se fazia presente o mito. Existe outra concepo e percepo da vida, morte, e da eternidade, que bem distinta dos pases tecnicamente desenvolvidos (HAMA; KI- ZERBO), o tempo africano tradicional engloba e integra a eternidade em todos os sentidos (p.24). Este tempo no linear: o passado pode se integrar ao presente, e o presente ao futuro, e este dilogo bem complexo. Ele d sentido a toda uma sociedade. Como exemplo, ilustram o caso do patriarca ruands, Mazimpaka Yuhi II, que teve um sonho em que chegavam homens de tez clara em seu territrio, e que o mesmo e seu exrcito se armaram, pois os homens eram desconhecidos e podiam ser ameaas. Antes de lanar-se contra estes homens, o patriarca os abastece com bananas maduras. Esta histria movimentou o imaginrio coletivo ruands, que um povo aguerrido, mas que durante o sculo XIX, no se mostrou combativo, frente aos alemes de tez clara, do Tratado de Berlim. O tempo, neste sentido ficou suspenso, e as aes do presente foram justificadas por um passado. A memria histrica de certo grupo perpassa uma concepo particular e um tempo mtico. Esta concepo mtica pode fazer de um patriarca, o suporte do tempo social. A soberania do lder est absolutamente ligada ao imaginrio, e a concepo coletiva. O chefe o sustentculo do tempo coletivo (p.25). Se um rei morre, h uma ruptura das atividades e da ordem social: ele a expresso mxima das prticas de um povo, se o patriarca morre, at mesmo o tempo social pode ser modificado. Apenas o advento de um novo lder pode recriar este tempo social. A materializao e simbolizao de um objeto podem ser compreendidas a partir das vivncias deste patriarca. Seus objetos de uso podem ser simbolizados, como por exemplo, o caso dos Sonianke. A prata a representao desta dinastia. Existem nesta sociedade, prticas e rituais mgicos em que correntes de prata so utilizadas. Pouco antes de o patriarca morrer, ele regurgita de seu ventre uma corrente de prata, e seu sucessor a engole pela outra extremidade. Neste sentido, o poder passado ao que engole a corrente. Notamos ento a importncia do tempo mtico e do tempo social. O mito a origem de toda a histria humana: sempre existe uma lenda que trata da origem, ou mesmo uma histria sacralizada. Pode ser que o mito reaparea sob forma positiva, ou pelo contrrio, negativas, como foi a experincia com Hitler na tentativa de eleger uma raa pura. Durante sculos, o africano sofreu uma imposio alienante que o domesticou. Mesmo no caso de africanos que viviam longe da costa, longe do contexto de trfico de escravos, estes sentiam em sua alma o trauma da escravido e do massacre de negros. Na histria pr-colonial, eles pensavam estar fazendo uma histria limitada, mediana, tudo isto devido a este efeito alienante do colonizador que os aferiu um pensamento de ser-objeto, logo, sua histria no seria relevante. Segundo o imaginrio europeu, algumas regies africanas seriam anrquicas, e por isso, fceis de dominar. Foi sob este contexto de expanso europeia, que os colonizadores tiveram grandes dificuldades. O africano leva consigo o conceito de liberdade bastante latente. Existe um apego iniciativa, um repdio alienao, e a liberdade central. O africano tem conscincia de sua importncia como agentes histricos, mas ainda uma conscincia remota em relao ao que realmente . Existem figuras essenciais que podem ser percebidas como agentes importantes em todo o processo histrico, como o caso dos griots, que so os contadores de histria. Os autores enfatizam o griot, pois so sociedades em que h predominncia de histria oral. Existe tambm o papel central dos patriarcas, ou mesmo das mulheres. Estas ltimas so tidas como protagonistas na evoluo da histria. Apesar de haver uma valorizao da mesma, existe o problema da sexualizao, por viverem em sociedades patriarcais tradicionais. Existe um sentimento de fazer histria, mesmo que seja em menor escala. Os mitos que envolvem patriarcas so modos de compreender a historia. Os vestgios deixados pelo tempo, seja pelo ferro, ou mesmo pela prata, como o caso dos Soniankes, compreendem toda uma lgica de se de se criar histria. Muitos se questionam se podemos entender o tempo africano como um tempo histrico. Estes debates ocorrem a nvel acadmico, e emerge devido a esta dinamicidade temporal africana. A concepo de tempo em frica marca um desenvolvimento econmico e social autnomo. Mesmo sob a forma de contos e lendas, ou de resqucios de mitos, trata-se de um esforo para racionalizar o desenvolvimento social (p.34). Em se tratando de como escrever a histria, ou como calcular o tempo, existe um problema. Os africanos que dominam a escrita deixam de ser possveis agentes de mudana quando no contam a histria africana histria de seus antepassados e se alienam (p.35), se fechando em prol de um progresso, que no chega neste sentido s vrias fricas.
Bibliografia: KI-ZERBO, J. (org.). Histria Geral da frica: I. Metodologia e pr-histria da frica. So Paulo: tica/Unesco, 1982. Captulo 2