Vous êtes sur la page 1sur 50

Desenvolvimento, Meio Ambiente e Paz

Ficha Técnica
Título: Antes que seja tarde: a urgência de uma resposta negociada
entre nações para os desafios de mudança de clima - Panorama das
negociações internacionais da Convenção das Nações Unidas sobre
Mudança do Clima e do Protocolo de Quioto
Segunda Edição 2009 - Atualizada

Pesquisa e Texto: Morrow Gaines Campbell III


Supervisão: Rubens Harry Born
Revisão: Juliana A. M. Russar e Rubens Harry Born
Capa e Diagramação: Nathany Paola da Silva
Crédito da imagem do planeta Terra: NASA. Imagem criada por Reto
Stockli com o auxílio de Alan Nelson, sob a liderança de Fritz Hasler
Fotos adicionais: Vitae Civilis

Apoio: Fundação Ford

Coordenação do Vitae Civilis Instituto para o Desenvolvimento,


Meio Ambiente e Paz:

Coordenador Executivo: Rubens Harry Born


Coordenadora de Programas e Projetos: Gemima Cirilo Cabral Born
Presidente do Conselho Deliberativo: Percival Maricato
Contatos: clima@vitaecivilis.org.br;
gaines@vitaecivilis.org.br;
rborn@vitaecivilis.org.br;

http://www.vitaecivilis.org.br
Correspondência: Caixa Postal 1908
São Lourenço da Serra – SP – 06890-970

São Lourenço da Serra, Outubro de 2008


1. Apresentação 06
Sumário
2. A ciência 08

3. Introdução às negociações internacionais 10


4. Bali e o Mapa do Caminho 16
4.1 Visão Compartilhada 17
4.2 Mitigação 17
4.3 Adaptação 17
4.4 Transferência de tecnologia 18
4.5 Suporte Financeiro 18

5. Principais pontos de negociação agendados 20


para CoP-15

6. Questões em negociação a acompanhar 22

7. O processo de negociação da UNFCCC 26


7.1 Negociações formais 26
7.2 Formas de procedimento 26
7.3 Negociações informais 26
7.4 O programa diário da CoP 27
7.5 Os documentos da UNFCCC 28
7.6 Quem participa da CoP e da CoP/CMP 29
7.7 Os anexos da Convenção e do Protocolo 30
7.8 Os órgãos da UNFCCC e suas responsabilidades 31
7.9 A questão que não quer calar 34

8. Os processos paralelos de negociação internacional 36


9. Comentários Finais do Vitae Civilis 40

10. Fontes Consultadas 44

11. Abreviaturas 46
04
1. Apresentação
06

A vida no planeta Terra está se aproximando rapidamente de um ponto de não-retorno.


Apresentação Um ponto a partir do qual não será mais possível reestabelecer e reequilibrar o sistema
climático no qual a vida terrestre evoluiu durante milênios. Estamos nos aproximando de um
mundo novo que não terá nada de maravilhoso. Os sacrifícios aos quais a humanidade será
submetida são dramáticos e, como sempre, os mais pobres, os mais fracos e os menos
protegidos serão os que mais sofrerão. No entanto, embora cada vez menor, ainda existe
uma janela de tempo aberta. Se soubermos aproveitar o momento, os recursos e os
conhecimentos que já possuímos teremos uma chance de frear o aquecimento global, causa
principal das mudanças de clima e cuja aceleração foi conseqüência de atitudes
inconseqüentes do homem nestes últimos 150 anos. Em maio de 1992, a Convenção-Quadro
das Nações Unidas sobre Mudança do Clima – UNFCCC (sigla em inglês) foi adotada
comprometendo as nações signatárias a um objetivo de longo prazo para a estabilização de
GEE – Gases de Efeito Estufa, num nível que evitaria uma interferência antrópica perigosa no
sistema climático. Embora existam outros processos paralelos de negociação internacional
sobre as mudanças de clima, é na UNFCCC, com todas suas virtudes e defeitos, que os
países signatários concentram seus esforços de aproveitar esta última janela de
oportunidade.

O objetivo deste documento é proporcionar um panorama das principais propostas e


temas em negociação no regime multilateral de mudança de clima para grupos da sociedade
civil, parlamentares e tomadores de decisão para facilitar a compreensão dos desafios
brasileiros para a CoP-14 e as negociações posteriores em 2009. Assim esperamos contribuir
para a disseminação de informações e propostas sobre a implementação e as negociações
de políticas e medidas internacionais, nacional e locais em mudança de clima. É importante
deixar claro que esse texto foi escrito a partir da visão e experiência do Vitae Civilis,
organização não-governamental que, desde 1990, acompanha os processos nacionais e
internacionais relacionados às mudanças climáticas, e não tem a pretensão de citar
exaustivamente todos os pontos em negociação existentes.

O documento está dividido em oito partes: 1ª Esta apresentação; 2ª Um pouco da


ciência situando o cenário e as necessidades das negociações internacionais; 3ª Introdução
às negociações internacionais; 4ª Bali e o “Mapa do Caminho”; 5ª Os principais pontos de
negociação agendados para a CoP-15; 6ª Questões em negociação a acompanhar; 7ª O
processo de negociação da UNFCCC e 8ª Os processos paralelos de negociação
internacional.

Em nossa página na internet www.vitaecivilis.org.br disponibilizamos documentos,


informações e análises sobre as negociações internacionais e sobre iniciativas nacionais
correspondentes. Nossos boletins informativos, disponíveis na página citada, trazem
comentários e perspectivas sobre diversas sessões das negociações internacionais. Na
CoP-14 produzimos vídeos curtos, disponíveis em nosso canal no youtube
(www.youtube.com/vcivilis), que ilustram momentos e perspectivas de uma negociação
global.
2. A ciência
08

2. A ciência

O IPCC não deixa dúvidas. O aumento dos GEE – Gases de Efeito Estufa é
diretamente imputável às atividades humanas e o início deste aumento tem data. Ele coincide
com a queima de combustíveis fósseis a partir da era industrial. A concentração e o aumento
dos GEE na atmosfera são determinados pelo equilíbrio entre fontes das emissões
(atividades humanas e fontes naturais) e sumidouros (a remoção dos GEE pelo seu seqüestro
ou conversão em outras composições químicas pelas plantas ou absorção pelos oceanos). A
queima de combustíveis fósseis é responsável por mais de 75% das emissões de CO2.
Mudanças no uso da terra, desmatamento e degradação de florestas são responsáveis pelo
restante. A atual concentração de CO2 é superior a 388 ppm, um aumento de 9 ppm no último
ano. Durante, pelo menos, os 650.000 anos anteriores à era industrial esta concentração
variava entre 180 e 300 ppm. Sendo que nunca houve, num único período de 1.000 anos, um
aumento de 30 ppm. Entre 1990 e 2007, apenas 17 anos, o aumento foi de justamente 30
ppm. A aceleração recente é dramática e sem precedentes.

A tabela abaixo ilustra o drama que a humanidade enfrenta e justifica plenamente


todos os esforços de negociar um acordo multilateral contra o aquecimento global e
conseqüentes mudanças climáticas.

Concentração de
Concentração de Co2 no nível de Mudança em Aumento da Aumento do nível
Ano de Co2 - nível de emissões globais temperatura do mar relativo à
estabilização estabilização,
em 2050 (% de média global era pré-industrial-
estabilização incluindo GEE e
do CO2 emissões em relativo à era apenas expansão
(2005 = 379 ppm) aerossóis
2000) pré-industrial térmica
(2005 = 379 ppm)

Ano ppm ppm % ºC metros

2000-2015 350-400 445-490 -95 a -50 2,0 - 2,4 0,4 - 1,4

2000-2020 400-440 490-535 -60 a -30 2,4 - 2,8 0,5 - 1,7

2010-2030 440-495 535-590 -30 a +5 2,8 - 3,2 0,6 - 1,9

2020-2060 495-570 590-710 +10 a +60 3,2 - 4,0 0,6 - 2,4

2050-2090 570-660 710-855 +25 a +85 4,0 - 4,9 0,8 - 2,9

2060-2090 660-790 855-1190 +90 a +190 4,9 - 6,1 1,0 - 3,7


Fonte: CAN Internacional

Basta analisar a primeira linha desta tabela: se o ano de estabilização for entre 2000 e
2015, a concentração de CO2 ficará entre 350 e 400 ppm. Mas, se forem contemplados os
outros gases de efeito estufa, o nível de concentração chegará a 445 a 490 ppm. Por outro
lado, em 2050 teremos tido uma redução de 50 a 95% das emissões relativas ao ano 2000 e o
aumento da temperatura média global ficará entre 2,0 e 2,4ºC e o aumento do nível do mar
devido apenas à expansão térmica terá atingido 0,4 a 1,4m relativo à era pré-industrial. Este é
o melhor dos cenários projetados e com toda a probabilidade já está ultrapassado.
Recentemente, a NOAA registrou uma aceleração inesperada no aumento anual da
concentração de GEE e a projeção não leva em conta a contribuição do degelo dos pólos ao
aumento do nível do mar. Portanto, todo o esforço de negociação será pouco diante desse
desafio.
3. Introdução às
negociações internacionais
sobre mudanças climáticas
10

3. Introdução às negociações internacionais sobre mudanças climáticas

Para conhecer bem a linha do tempo das discussões e negociações sobre mudanças
climáticas é preciso levar em conta muito mais que a ciência, os riscos dos impactos e a
cronologia dos eventos.

Ao contrário de muitas outras áreas de conhecimento, o clima é um fenômeno global e


só pode ser entendido como tal. Por exemplo, na medicina, para conhecer uma doença,
buscar soluções, aplicá-las e avaliá-las pode-se usar o método científico, criar uma hipótese,
testá-la e analisar os resultados. Escolher uma população-alvo, administrar o remédio a uma
metade e um placebo à outra. Com o clima não é possível esse procedimento, pois só temos
um planeta. A maior conseqüência desta obviedade é que os cientistas precisam estar em
contato uns com os outros para pesquisarem os fenômenos do clima, trocar idéias e
informações e organizar projetos coordenados.

O maior avanço das pesquisas científicas sobre clima começou durante a segunda
metade do século XX, um período que também se caracterizou por uma profunda
transformação política em nível mundial. Desde a década de 70, assistimos a um
extraordinário avanço da democracia em detrimento dos regimes ditatoriais ou autoritários.
Portugal, Grécia, Espanha, Turquia, Peru, Argentina, Uruguai, Brasil, Paraguai, Chile,
Filipinas, Coréia do Sul, Taiwan, África do Sul, Alemanha Oriental, União Soviética e até a
China, mais recentemente, dá sinais de abertura, inimagináveis 20 anos atrás. Esta
transformação foi combustível para a aceleração da cooperação entre cientistas de nações
outrora isoladas ou até mesmo inimigas, governos e organizações civis do mundo inteiro. A
pesquisa, cooperação e comunicação entre cientistas ficaram cada vez mais férteis e
frutíferas. Este mesmo período coincidiu com o aumento de acordos internacionais entre
países sobre diversos assuntos.

Quanto às negociações internacionais sobre clima, a linha de tempo abaixo nos dá


uma idéia do processo:

Ano Acontecimento Detalhes

1972 1ª Conferência das Nações Unidas sobre o Teve como resultado uma declaração de que muitos dos
Meio Ambiente - Estocolmo problemas do planeta, particularmente a degradação
dos oceanos, da atmosfera, requerem soluções
envolvendo políticas internacionais. um alerta aos
governos de que certas atividades podem colocar o
clima em risco.

1979 1ª Conferência Mundial sobre Clima Cientistas se reúnem com o objetivo de prever os
impactos de possíveis mudanças do clima causadas por
atividades humanas.

1979 Relatório da Academia Nacional de Ciências Um relatório encomendado pela administração Carter,
dos Estados Unidos prevê um aumento médio da temperatura global entre
1,5 e 4,5ºC até 2050 e adverte que uma política de
“esperar para ver” pode ser tarde demais.

1985 Pesquisadores de 29 países se reúnem em Uma declaração afirmando que um aumento de


Villach, na Áustria concentração de gases de efeito estufa - GEE na
atmosfera provocará, até meados do século XXI, um
aumento na temperatura média da Terra jamais vista na
história da humanidade. Acrescentaram que a
velocidade deste aquecimento será afetada pelo uso de
combustíveis fósseis e a emissão de outros GEE.

1988 Depoimento da NASA para o Senado James Hansen, climatologista da NASA, em depoimento
norte-americano sobre clima diante do Senado norte-americano, diz que o efeito
estufa já foi identificado e que já está impactando o clima.
Em 1988, registraram-se as maiores temperaturas
desde sempre.
11

Ano Acontecimento Detalhes

1988 Conferência de Toronto sobre Mudança Embora a Conferência fosse científica e não política
do Clima pela primeira vez, pesquisadores conclamam os
governos a reduzir emissões de GEE em 20%, com
relação aos níveis de 1988 até 2005 e 50% depois disso.

1988 Criação do Painel Intergovernamental sobre A ONU cria o IPCC. A maioria dos especialistas em clima
Mudança do Clima - IPCC (sigla em inglês) passa a contribuir para os relatórios do IPCC a cada
cinco anos. A credibilidade de seus relatórios se dá
porque além de ser composto por pesquisadores
reconhecidos, o IPCC é formado por instituições
governamentais que aprovam os relatórios após análise
detalhada.

1990 1º Relatório do IPCC Primeira conclusão: atividades humanas emitem GEE


que provocam o aquecimento global. Segunda
conclusão: se não houver mudanças nestas atividades
humanas geradoras de GEE, o aumento médio da
temperatura global será na ordem de 0,3ºC a cada
década acompanhado por um aumento no nível do mar
na ordem de 65 cm até 2100. Para manter as
concentrações de GEE no nível de 1990 seria
necessária uma redução imediata de 60% nas
emissões.

1990 2ª Conferência Mundial sobre Clima Decisão de estabelecer o International Negotiation


Committee - INC (em inglês) para negociar uma
Convenção a ser aprovada na Rio-92.

1992 Cúpula da Terra - Rio-92 Em maio de 1992, a Convenção-Quadro das Nações


Unidas sobre Mudança do Clima - UNFCCC (silga em
inglês) foi adotada, comprometendo as nações
signatárias a um objetivo de longo prazo para a
estabilização da concentração de GEE num nível que
evitaria interferência antrópica perigosa no sistema
climático. 154 nações assinaram a Convenção e a
vontade da maioria era fixar limites obrigatórios de
emissões de GEE. Mas não havia maneira de obter a
adesão norte-americana.

1994 UNFCCC entra em vigor Dia 21 de março de 1994, com a assinatura de 154
países.

1995 CoP-1 - Berlim, Alemanha Um orçamento foi definido e o SBI, SBSTA e


Secretariado foram criados. Início do “Mandato de
Berlim” que exigiu a criação de um protocolo com metas
de redução de emissões, até a CoP-3.

1995 2º Relatório do IPCC O 2º Relatório do IPCC ratifica projeções de


aquecimento global e perigosas mudanças climáticas
feitas em 1979 pela Academia Nacional de Ciências dos
Estados Unidos. Embora o IPCC mantivesse a projeção
de um aumento médio da temperatura global entre 1,5 e
4,5ºC até 2050, o nível de confiança científica aumentou
muito.

1996 CoP-2 - Genebra, Suiça O relatório do IPCC foi aceito como base para futuras
ações.

1997 CoP-3 - Quioto, Japão O Protocolo de Quioto é definido envolvendo metas


legalmente vinculantes (em média 5,2% inferior aos
níveis de 1990 durante o 1º período de compromisso
2008-12) para os países do Anexo I e três mecanismos
flexíveis: Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
(MDL), Implementação Conjunta e Mercado de
emissões (os últimos dois somente entre países do
Anexo I).

1998 CoP-4 - Buenos Aires, Argentina Produzido o Plano de Ação de Buenos Aires, incluindo
um cronograma para um acordo sobre os detalhes
operacionais do Protocolo de Quioto até a CoP-6, bem
como ações para o fortalecimento da UNFCCC.
12

Ano Acontecimento Detalhes

1999 CoP-5 - Bonn, Alemanha Continuação das discussões sobre o Protocolo.

2000 CoP-6 Parte 1 - Haua, Holanda Chegou-se perto de um acordo, mas as discussões
entraram em colapso devido ao cansaço e divisões
dentro da União Européia e entre a União Européia e o
Umbrella Group.

2001 CoP-6 Parte 2 - Bonn, Alemanha Um acordo negociado para as futuras discussões sobre
o Protocolo de Quioto e o aumento do uso de
sumidouros domésticos para compensar emissões dos
países do Anexo I foram marcos significativos. A CoP-6
parte 2 deixou claro os fundamentos para uma possível
ratificação do Protocolo de Quioto. Entretanto, os
conflitos nos últimos dias da Conferência revelaram que
não havia garantias de que o Protocolo seria ratificado.

2001 CoP-7 Marrakesh, Marrocos Para muitos observadores, o verdadeiro valor do


Protocolo de Quioto não estava no impacto direto que
teria na limitação das emissões de GEE. Nesse sentido,
a CoP-7 deixou poucos motivos para a não ratificação
do Protocolo. Resolver os itens técnicos que sobraram
em Bonn, na CoP-6, seria a melhor maneira de limpar o
caminho para a ratificação do Protocolo. Portanto, as
expectativas para Marrakesh foram altas. A União
Européia e o G-77 se empenharam e conseguiram, mas
não sem concessões ao Umbrella Group.

2001 3º Relatório do IPCC O 3º Relatório do IPCC apresenta um conjunto de


evidências sobre: impacto de GEE sobre o clima;
aquecimento global é causado por atividades humanas;
maior confiança nos modelos de projeção de clima no
futuro. O 3º Relatório não atribui probabilidades às
projeções.

2002 CoP-8 - Nova Délhi, Índia A CoP-8, em Nova Délhi, fez a ponte entre mudanças de
clima e desenvolvimento sustentável. A Declaração de
Nova Délhi conclama para ações efetivas para limitação
de emissões e redução de vulnerabilidades.
A CoP-8 não foi um sucesso, mas também não foi um
fracasso. Por um lado, os delegados não forneceram
orientações sobre o Fundo Especial para Mudanças de
Clima e, nas questões sobre o mercado de energias
limpas e efeitos adversos de mudança do clima, os
negociadores não foram conclusivos. Por outro lado, as
Partes concordaram sobre regras e procedimentos para
o MDL e forneceram orientações para o Fundo para os
Países Menos Desenvolvidos (LDCs, sigla em inglês).

2003 CoP-9 - Milão, Itália A CoP-9 não só reforçou a lacuna existente entre países
desenvolvidos e países em desenvolvimento, mas
também a falta de liderança e iniciativas entre os
negociadores e os diversos grupos de interesse.
Enquanto a complexidade das negociações se manteve
e as diferenças foram resolvidas parágrafo por
parágrafo, o número grande de eventos paralelos e o
crescente envolvimento dos diversos constituintes do
processo da UNFCCC, a demanda por ações robustas
em relação ao clima e a pressão por lideranças mais
fortes sinalizaram uma mudança positiva para as futuras
CoPs.

2004 CoP-10 - Buenos Aires, Argentina Alguns países não estavam prontos para começar
discussões sobre um regime pós-2012. Como muitas
vezes têm acontecido, o sucesso de uma CoP parece
uma ilusão até a 25ª hora. A CoP-10 não foi diferente.
Esta foi a Conferência do “se” e do “talvez”. Se os países
do Anexo I comprovassem que reduções são possíveis
e compatíveis com o desenvolvimento, se os mercados
de carbono e outras ferramentas e incentivos fossem
implantados, para que outros pudessem ver os
benefícios de participar no processo, e se os custos dos
impactos das mudanças de clima começassem a se
acumular, a comunidade internacional talvez estivesse
13

Ano Acontecimento Detalhes

pronta para se envolver com mais medias num esforço


coordenado e global paras responder às mudanças de
clima.

2005 CoP-11 - Montreal, Canadá Implementação do Protocolo de Quioto, aperfeiçoamento


do funcionamento do Protocolo e da Convenção e
inovação com novas opções para a cooperação futura
foram os principais resultados da CoP-11, bem como a
criação de um processo para discutir ações cooperativas
de longo prazo - o Diálogo no âmbito da Convenção para
a “troca de experiências e análise estratégica de
abordagens para ações de cooperação de longo prazo
para combater as mudanças climáticas”. A Ministra do
Meio Ambiente do Brasil, Marina Silva, fez um
pronunciamento reconhecendo a importância das
responsabilidades comuns, porém diferenciadas e afirma
que o Brasil assume a sua parte destas
responsabilidades. Embora tenha havido alguns
avanços, a Conferência de Montreal não pode ser
considerada um grande sucesso. Próximo do final, os
Estados Unidos abandonaram a Conferência e pouco
depois retornaram. Outros conflitos importantes e o risco
real de fracasso marcaram a Conferência do princípio ao
fim.

2006 Relatório Stern O primeiro estudo sério sobre as conseqüências


econômicas da inação e o custo (%PIB) necessário para
enfrentar o problema hoje. Assinalou, ainda, que já
possuímos o conhecimento e os meios para agir,
faltando apenas vontade política.

2006 CoP-12 - Nairóbi, Quênia Talvez a Conferência de Nairóbi não seja lembrada
como um marco histórico no processo da UNFCCC. No
entanto, foi um importante entreposto no caminho das
delegações. Muitos delegados manifestaram o
pensamento de que ainda era cedo para imaginar como
seria um regime pós-2012. As evidências científicas e
argumentos econômicos dizem que a janela está se
estreitando. O foco na África e nos povos mais
vulneráveis, bem como adaptação e capacitação foram
importantes elementos na construção de “confiança no
processo”. O Brasil apresentou uma proposta para
incentivos positivos para reduzir emissões oriundas de
desmatamento e da degradação de florestas (REDD)
em países em desenvolvimento.

2007 4º relatório do IPCC A grande diferença entre o 3º e o 4º Relatório do IPCC é


que, neste último. além de confirmar a gravidade do
aquecimento global, pela primeira vez, o IPCC atribui
probabilidades às suas projeções. Em virtude dos seus
trabalhos, o IPCC recebe em 2007 o Prêmio Nobel da
Paz.

2007 CoP-13 - Bali, Indonésia Bali foi, ao mesmo tempo, um sucesso e um fracasso
enorme. O sucesso pode ser dimensionado em função
do risco de um colapso nas negociações versus a
remoção do bloqueio dos Estados Unidos. No centro do
Mapa do Caminho de Bali estão os dois trilhos de
negociação: o recém-criado Grupo de Trabalho Ad Hoc
sobre Ação Cooperativa de Longo Prazo no âmbito da
Convenção - AWG-LCA (em inglês) e o já existente
Grupo de Trabalho Ad Hoc sobre o Protocolo de Quioto.
O trabalho dos dois é vital, mas a sua convergência,
cada um levando em consideração o trabalho do outro,
deverá formar a base para futuros acordos.
Assim, foi possível apresentar ao mundo o Mapa do
Caminho de Bali e seus “building blocks” ou eixos
temáticos: Visão Compartilhada: Ações de Mitigação
Aumentadas; Ações de Adaptação Aumentadas;
Transferência de Tecnologias e Apoio Financeiro.
Entretanto, ainda restam muitas pendências para
preparar o caminho para o período pós-2012.
14

Ano Acontecimento Detalhes

2008 Início do 1º Período de Compromisso do


Protocolo de Quioto

2008 AWG-LCA e AWG-KP Reuniões em Bagcok, Bonn e Accra

2008 CoP-14 e CMP-4 - Poznan, Polônia AWG-LCA 4, AWG-KP 6.2, SBI 29 e SBSTA 29

2009 AWG-LCA e AWG-KP Quatro reuniões em 2009 (8 semanas, no total)

2009 CoP-15 - Copenhagen, Dinamarca

2012 Fim do 1º Período de Compromisso do


Protocolo de Quioto
4. Bali e o
Mapa do Caminho
16

4. Bali e o “Mapa do Caminho”

Quando os países membros da UNFCCC e os signatários do Protocolo de Quioto se


reuniram em Bali, em dezembro de 2007, as expectativas e a pressão para produzir um
acordo substancial eram imensas. Estávamos no centro do foco mundial. Em novembro do
ano anterior, o Relatório Stern chamou a atenção de todos. Pela primeira vez, um estudo
econômico sobre as conseqüências e os custos de combate às mudanças climáticas teve o
mérito da credibilidade. Em seguida, foi a vez de Hollywood, por meio da Academia das Artes e
Ciência do Cinema, quando atribuiu o Oscar de Melhor Filme Documentário ao ex-vice-
Presidente dos Estados Unidos, Al Gore, pelo seu “Verdade Inconveniente”, baseado na sua
cruzada e palestras sobre aquecimento global e as mudanças climáticas. E, finalmente, o
Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) publicou seu quarto relatório.
Este relatório galvanizou as atenções. Publicado em quatro volumes: Vol. I Fundamentos
Científicos; Vol. II Impactos, Adaptação e Vulnerabilidade; Vol. III Mitigação das Mudanças
Climáticas e, por último, o Vol. IV Relatório Síntese. O relatório contribuiu, e muito, para
diminuir a voz dos céticos e fortalecer a necessidade de ações enérgicas em nível global.
Tudo isso, temperado pelo exótico local da reunião, na ilha de Bali, Indonésia, foi um prato
cheio para a imprensa. O resultado não poderia ter sido diferente com mais de 10 mil pessoas
participando da CoP-13.

Entretanto, apesar do clamor da sociedade científica, de um enorme contingente de


ONGs e de muitas outras instituições, além das delegações oficiais, todos conscientes e
embuídos de um senso de urgência e vontade de progredir e garantir, que no final do primeiro
período de compromisso do Protocolo de Quioto, que termina em 31 de dezembro de 2012,
haverá um novo e robusto compromisso negociado entre as partes da Convenção, apesar de
tudo isso, os interesses de poucos acabaram se sobrepondo aos interesses de muitos.

Quando, no final do último dia, depois do último dia oficial da Conferência, a chefe da
delegação norte-americana disse que o seu país iria se juntar ao consenso, houve um
momento de júbilo acompanhado por euforia e distensão. Mas, mais uma vez, isso se
revelaria de curta duração. Embora as delegações pudessem voltar aos seus países para o
Natal em família, o presente que embalaram em Bali foi recebido com um misto de emoções e
críticas, alegrias e decepções. Emoção por terem escapado do pior cenário – bloqueio total do
processo. Alegrias porque não retornaram de mãos vazias – o Mapa do Caminho saiu.
Decepções porque o presente carecia de consistência – o maior de todos os objetivos, um
compromisso global, quantificado, de redução de emissões foi relegado ao status de uma
nota de rodapé. Houve progresso sim, porém o Plano de Ação de Bali deixou muito a desejar.
O mundo merecia um presente melhor.

O Plano de Ação de Bali tem cinco eixos temáticos ou “building blocks” (em inglês),
que serão comentados a seguir:

Introdução

O Bali Action Plan decidiu “lançar um processo para possibilitar uma implementação
completa, efetiva e sustentada da Convenção por meio de uma ação cooperativa de longo
prazo agora, até e além de 2012 de modo a alcançar um resultado acordado e adotar uma
decisão na COP-15.”

Comentários

Nota-se bem nesta tradução livre do Plano de Ação de Bali que os tais blocos de sustentação
(ou eixos temáticos) são referentes a ações que já deveriam ter sido tomadas há muito tempo. O
primeiro deles é “lançar um processo...”. Pois bem, a Convenção foi assinada em 1992 e o Protocolo de
Quioto em 1997. Vejamos, em seguida, que quer queiramos, quer não, este “processo” começou há
cerca de 20 anos.
17

4.1 Primeiro eixo temático – Visão Compartilhada:

“Uma visão compartilhada para ação cooperativa de longo prazo, incluindo um objetivo global
para redução de emissões para atingir o objetivo final da Convenção, de acordo com as
provisões e princípios da Convenção e em particular com o princípio de responsabilidades
comuns, porém diferenciadas [...]”.

Comentários

Este primeiro bloco é muito importante porque nele estão incluídos dois pontos polêmicos que
geram posições conflitantes entre países-parte da Convenção. A noção de uma meta ou objetivo de
longo prazo não representa, de forma alguma, um consenso entre os países desenvolvidos nem entre
os países em desenvolvimento, como o Brasil. O princípio das responsabilidades comuns, porém
diferenciadas é interpretado de uma forma por uns e de outra forma por outros. Definir quem tem que
cortar quanto em emissões incomoda muitos.

4.2 Segundo eixo temático – Mitigação:

“Ação nacional e internacional incremental sobre a mitigação de mudanças climáticas,


incluindo, entre outras coisas:
? Compromissos nacionais de mitigação que sejam mensuráveis, verificáveis e reportáveis
incluindo objetivos quantificáveis para os países desenvolvidos;
? Ações nacionais apropriadas de mitigação por parte de todos os países em
desenvolvimento, num contexto de desenvolvimento sustentável, apoiadas e facilitadas por
tecnologia, recursos financeiros e capacitação de forma mensurável, reportável e verificável;
? Políticas e incentivos positivos para questões de REDD, bem como, a conservação e
gestão sustentável de florestas e o aumento de estoques de carbono em países em
desenvolvimento.”

Comentários

Este segundo bloco também inclui questões polêmicas e controversas a ponto de impedir
freqüentemente o avanço das negociações. O primeiro deles é o compromisso dos países
desenvolvidos em assumir objetivos quantificáveis, uma posição que contradiz o padrão de progresso
econômico predominante. Novamente, os interesses nacionais se sobrepõem aos interesses globais.
Além disso, nem os países desenvolvidos nem os países em desenvolvimento estão dispostos a abrir
mão do padrão de desenvolvimento predominante – predatório e míope, ignorando ou relegando a um
plano inferior, deixando assim um mundo depredado para as futuras gerações. Por fim, as florestas. A
questão das florestas é de uma só vez complexa, polêmica, econômica e emocional. Qualquer um
destes fatores gera posições extremadas e de difícil compatibilização. Há muitos lados da
complexidade em relação às florestas. Por exemplo: a medição de áreas de desmatamento envolve
tecnologias sofisticadas, fotografias de satélites, declividades de terreno, nuvens, acesso por terra para
verificação e outros fatores. As polêmicas envolvem povos indígenas, madeireiros, questões fundiárias
etc. O aspecto econômico inclui geração de renda, logísticas, exportação e licenças. As emoções em
torno das florestas são fortes porque mexem com valores como patriotismo, direitos de posse e
heranças históricas.

4.3 Terceiro Bloco de Sustentação – Adaptação:

“Ação incrementada sobre adaptação, incluindo, entre outras coisas, a consideração de:

? Cooperação internacional para apoiar a implementação urgente de ações de adaptação,


incluindo, por meio de avaliações de vulnerabilidade, priorização de ações, avaliações de
necessidades financeiras, capacitação e estratégias de resposta. Integração de ações de
adaptação com planejamento setorial e nacional, programas e projetos específicos, meios
para incentivar a implementação de ações de adaptação. Uso de outras maneiras de facilitar
desenvolvimento resiliente e reduzir a vulnerabilidade de todas as Partes. Levar em
consideração as necessidades urgentes de países em desenvolvimento e, especialmente, as
necessidades dos países menos desenvolvidos, pequenos países insulares e as
necessidades de países africanos afetados por secas, desertificação e inundações.”
18

Comentários

Durante muito tempo, o foco maior das discussões e negociações associadas às mudanças
climáticas esteve direcionado à questão de mitigação. O raciocínio percebido foi do tipo “Vamos resolver
a questão da mitigação, reduzir as emissões e, assim, não teremos que lidar com a adaptação”. O fato é
estamos tentando, faz tempo (há anos), mitigar e os resultados são pífios. Nós nos acomodamos tanto
que quase nos cegamos ao que está acontecendo à nossa volta. As emissões de GEE continuam, aliás,
em ritmo acelerado e as mudanças climáticas já estão aí transformando o mundo. Para alguns, este
processo já é irreversível, portanto, adaptação é o caminho a seguir. Para outros, seu mundo já mudou,
mas não tanto, ou eles não conseguem ou não querem ver. E, para poucos privilegiados, as mudanças
foram pouco sentidas, até agora, e para um seleto grupo o aquecimento global e as conseqüentes
mudanças climáticas representam oportunidades, porém eticamente questionáveis. Por exemplo, a
exploração imobiliária em áreas outrora indesejáveis ou inacessíveis e exploração de recursos naturais
(leia-se combustíveis fósseis) na região ártica.

4.4 Quarto Bloco de Sustentação – Transferência de Tecnologia:

“Ação aumentada no desenvolvimento e transferência de tecnologia para apoiar ações de


mitigação e adaptação, incluindo, entre outras:
? Mecanismos efetivos [...] para a remoção de obstáculos e a provisão de incentivos
financeiros visando a aceleração do desenvolvimento e transferência de tecnologias aos
países em desenvolvimento partes desta Convenção;
? Maneiras de acelerar a distribuição, difusão e transferência de tecnologias ambientalmente
acessíveis;
? Cooperação em pesquisa e desenvolvimento de tecnologias atuais, novas e inovadoras
incluindo soluções que todos ganham.”

Comentários

Um dos maiores problemas ou obstáculos associado com a transferência de tecnologias é a


questão de propriedade intelectual (patentes). Embora algumas tecnologias estejam sob domínio
público, ou não estejam sujeitas a patentes, muitas tecnologias-chave são patenteadas e muitas
tecnologias novas também serão. Para estas tecnologias, o entendimento é de que patentes não
deveriam ser um obstáculo ao acesso das mesmas, por preços razoáveis, por parte dos países em
desenvolvimento. Mais uma vez, os interesses de poucos se sobrepõem ao bem comum nas discussões
e negociações sobre as mudanças climáticas.

4.5 Quinto Bloco de Sustentação – Suporte Financeiro:

“Ação aumentada na provisão de recursos financeiros e investimento para apoiar ação de


mitigação, adaptação e cooperação tecnológica, incluindo, entre outras coisas:
? Melhor acesso a recursos financeiros adequados, previsíveis e sustentáveis, bem como
apoio para a provisão e novos e adicionais recursos incluindo fundos oficiais para países em
desenvolvimento partes desta Convenção;
? Incentivos positivos para a implementação de estratégias nacionais de mitigação e
adaptação;
? Fundos inovadores para assistir países em desenvolvimento, particularmente vulneráveis
aos impactos adversos das mudanças climáticas ao enfrentar os custos de adaptação;
? Meios para incentivar a implantação de ações baseadas em políticas de desenvolvimento
sustentável.

Comentários

As preocupações dos beneficiários (países em desenvolvimento, países menos desenvolvidos


e pequenos países insulares) destes recursos financeiros são várias e legítimas. Uma das grandes
questões é o aparecimento de enormes quantidades de recursos oferecidos e administrados por
instituições fora do contexto da UNFCCC. O Banco Mundial é uma destas instituições. O problema é, por
serem originados fora do contexto da UNFCCC, alguns critérios e princípios da Convenção deixam de
ser obrigatórios. Transparência é um destes princípios. A governança destes fundos também tem sido
questionada. A má notícia é que estes fundos pertencem a instituições que não necessariamente servem
aos interesses da Convenção. Outra preocupação é que alguns países desenvolvidos oferecem apoio
financeiro a países em desenvolvimento e impõem condições inapropriadas aos fundos.
5. Principais pontos de
negociação agendados
para a CoP-15
20

5. Principais pontos de negociação agendados para a CoP-15

O quadro seguinte apresenta os principais assuntos agendados para a 30ª sessões do


SBI e do SBSTA, a 8ª AWG-KP e a 6ª AWG-LCA em Bonn, Alemanha de 1 a 12 de junho de
2009.
Estão programadas mais quatro reuniões, além da sessão de Bonn em junho: uma
sessão informal da AWG-KP e AWG-LCA em Bonn de 10 a 14 de agosto; a 9ª AWG-KP e 7ª
AWG-LCA em Bancoque de 28 de setembro a 10 de outubro; uma sessão resumo da 9ª AWG-
KP e 7ª AWG-LCA em local a ser determinado entre 2 a 6 de novembro e a CoP15 e CMP5 em
Copenhagem entre 7 a 18 de dezembro. Mas nenhuma agenda provisória foi definida.

Agenda provisória da 30ª SBI, Agenda provisória da 30ª Agenda provisória da 8ª Agenda provisória da 8ª
Bonn, 1-10 Junho 2009 SBSTA, Bonn, 1-10 Junho 2009 AWG-KP, Bonn, 1-12 Junho 2009 AWG-LCA, Bonn, 1-12 Junho 2009
2. Questões de organização: 2. Questões de organização: 2. Questões de organização: 2. Questões de organização:
(a) Agenda de trabalho; (a) Agenda de trabalho; (a) Agenda de trabalho; (a) Agenda de trabalho;
(b) Organização das sessões de (b) Organização das sessões de (b) Organização das sessões de (b) Organização das sessões de
trabalho trabalho trabalho trabalho

3. Relatório da situação sobre 3. Programa de trabalho de 3. Propostas de emenda ao 3. Ação Cooperativa de Longo
as Comunicações Nacionais Nairobi Protocolo de Quioto e outras Prazo:
dos países do Anexo I propostas das Partes (a) Visão Compartilhada
(b) Mitigação
(c) Adaptação
(d) Desenvolvimento e transferência
de tecnologia
(e) Recursos financeiros

4. Relatório da situação sobre 4. Desenvolvimento e 4. Considerações, pelos Países


as Comunicações Nacionais transferência de tecnologias Anexo I, de consequências
dos países do Anexo I potenciais ambientais,
econômicas e sociais de
ferramentas, políticas e
metodologias

5. Mecanismos financeiros da 5. REDD nos países em


Convenção desenvolvimento

6. Assuntos relacionados 6. Pesquisa e observações


com Artigo 4, parágrafos 8 e 9 sistemáticas
da Convenção

7. Desenvolvimento e 7. Assuntos metodológicos sob


transferência de tecnologias a Convenção relacionados com
gases de efeito estufa

8. Capacitação sob a 8. Assuntos metodológicos sob


Convenção o Protocolo de Quioto
(a) (HCF-22)
(b) Captura e Sequestro de CO2
(c) Cálculo de CO2 equivalência

9. Capacitação sob o Protocolo 9. Artigo 2, parágrafo 3 do


de Quioto Protocolo de Quioto

10. Revisão das informações 10. Cooperação com


submetidas pelas Partes - organizações internacionais
Anexo I

11. Artigo 3, parágrafo 14 o


Protocolo de Quioto

12. Procedimentos e
mecanismos de conformidade

13. Providências para:


(a) 15ª CoP;
(b) 5ª CMP;
(c) Sessões futuras;

14. Assuntos administrativos,


financeiros e institucionais

15. Outros assuntos 11. Outros assuntos 5. Outros assuntos 4. Outros assuntos

16. Relatório sobre a sessão 12. Relatório sobre a sessão 6. Relatório sobre a sessão 5. Relatório sobre a sessão
6. Questões em
negociação a acompanhar
22

6. Algumas questões em negociação e a acompanhar

Questão Posições de Países, Blocos e Observadores


Comunicações Nacionais CoP-13, Bali: enfatiza que as Comunicações Nacionais e os
inventários de GEE são a principal fonte para controlar a implementação da
Convenção pelos países do Anexo I e conclama a todos os países que ainda não
entregaram a sua 4ª Comunicação a fazê-lo urgentemente. A 5ª Comunicação
deverá ser entregue até 1 de janeiro de 2010. Quanto às Comunicações dos
países não-anexo I, os Estados Unidos e outros propuseram que um grupo de
especialistas recebesse o mandato para examinar as Comunicações Nacionais
desses países. O Brasil, pelo G77 + China foi contra. Não houve acordo.
Brasil e Senegal têm reiterado que o processo para elaboração da
Comunicação Nacional é muito lento e a necessidade de capacitação para a sua
preparação.
Capacitação CoP-13, Bali: Falta de acordo entre UE e outros do Anexo I, por um
lado, e G77 + China, por outro, referente à avaliação de resultados de ações de
capacitação no nível nacional. As áreas prioritárias mais freqüentemente citadas
para capacitação são: financeira, tecnológica, institucional, MRV, para atender
necessidades urgentes de adaptação e desenvolvimento de estratégias de
redução de riscos.

Mecanismos Financeiros da Embora Arábia Saudita se demonstrou preocupada, o Co-Chair


Convenção afirmou que as discussões sobre mecanismos flexíveis dependiam da resolução
de questões legais. Tuvalu e a UE apoiaram o Co-Chair. África de Sul sugeriu que
os países fizessem submissões técnicas para melhorar os mecanismos. Em
geral pode-se concluir que pouco progresso foi alcançado.
Relatório do IPCC A decisão da CoP foi reconhecer que o 4º Relatório do IPCC é a
avaliação mais qualificada das mudanças do clima e conclama às Partes a
utilizar estas informações, incluindo em suas políticas nacionais.
Algumas tendências preocupantes surgiram durante as reuniões:
primeiro, várias tentativas foram lançadas para questionar a validade das bases
científicas do último relatório do IPCC. Países afirmaram que o relatório do IPCC
não deveria ser o fundamento para as negociações. A inclusão de novos gases
de efeito estufa deve ou não ser incluídas nos compromissos de redução de
emissões no segundo período de compromisso.
Um senso de urgência está crescendo fora do processo das
negociações. No Congresso Científico Internacional sobre Clima ficou claro que
os piores cenários do IPCC já estão se tornando a realidade.
Transferência de Tecnologia Um dos maiores obstáculos à transferência de tecnologias para
enfrentar as ameaças de mudanças de clima é a falta de políticas nacionais nesta
área. Esta falha doméstica, comum a muitos países, torna as negociações em
intermináveis discussões sem efeito. Estabilidade econômica e institucional é um
fator que parece ter um peso maior que a questão da propriedade intelectual, que
é sem dúvida uma preocupação, mas não central.

Mecanismo de Desenvolvimento A maior parte do tempo das Partes foi dedicada à análise do documento
Limpo do Co-Chair combinando opções eliminando e retendo outras. Pouco foi
eliminado. Kuwait se opôs à inclusão de transporte aérea e terrestre e apoiou
CCS como opção de melhoria do MDL.
Após muita discussão, as Partes concluíram que novas submissões
deveriam ser feitas e levando em consideração questões legais.

Visão Compartilhada As discussões sobre Visão Compartilhada repetiram as mesmas


colocações feitas em reuniões anteriores sem concluir nada substancial, apesar
das insistências de representantes dos países mais vulneráveis quanto ao perigo
eminente, a urgência e a não negociablidade de uma solução efetiva.
Discussões se centraram nas mesmas questões de sempre:
? A necessidade de levar em conta os elementos do Plano de Bali
? A necessidade de equilibrar o peso de mitigação com adaptação
? Os princípios da Convenção tais como responsabilidades comuns, porém
diferenciadas, a capacidade de cada país de assumir e finalmente o conceito de
desenvolvimento sustentável.
? Que a Visão Compartilhada deveria ser uma afirmação curta, profunda e
efetiva
? Que as circunstâncias nacionais estão mudando
? A importância de gênero
? Que os países desenvolvidos deveriam assumir a liderança dada as suas
responsabilidades históricas etc.
23

Questão Posições de Países, Blocos e Observadores


Adaptação As discussões sobre adaptação giram em torno de alguns temas
básicos: o objetivo e alcance de um quadro de adaptação; acertos institucionais;
recursos de implementação; seguros e riscos; monitoração e feedback.
G77+China salientou financiamento obrigatório para adaptação; AOSIS reforçou
a urgência de medidas de adaptação; México assinalou a necessidade de
considerar áreas vulneráveis dentro dos respectivos países; a EU disse que a
busca de um quadro para adaptação não deveria ser motivo para atrasar ações;
Bolívia disse que financiamento do setor privado não deveria afetar os
compromissos dos países desenvolvidos; e como sempre, Arábia Saudita
insistiu em CCS como medida de adaptação.
Mitigação Delegados focaram no Plano de Ação de Bali.
Arábia Saudita: importância de focar nas conseqüências negativas das
medidas de resposta;
Japão e Turquia: não esquecer também as conseqüências positivas;
G-77 + China: necessidade de avaliar a efetividade de novas políticas com
respeito as conseqüências de mitigação; África do Sul: mitigação não deveria
afetar emprego e renda; os Países Menos Desenvolvidos assinalaram o alto
custo das ações de mitigação; Austrália disse para focar nos países mais
vulneráveis.
Vários países manifestaram que o fórum legítimo para discussões
sobre mitigação era a UNFCCC.
Com respeito a abordagens setoriais as Filipinas reiteraram que esta
abordagem deveria ser no contexto da Convenção Art. 4.1 e Arábia Saudita
rejeitou uma abordagem setorial global e/ou regional.
Sobre REDD, Papa Nova Guiné pediu, sob protesto de Arábia Saudita,
um artigo detalhado sobre REDD em qualquer acordo futuro.
REDD Sobre REDD, o Brasil insistiu no conceito de integridade ambiental e a
necessidade para um quadro institucional e financeiro. Noruega falou, junto com
muitos outros numa abordagem baseada em resultados produzidos. Panamá
insistiu numa abordagem mais flexível para obtenção de financiamentos via
fundos ou do mercado.
Papua Nova Guiné, com o apoio de outros, enfatizou a necessidade de
integrar múltiplos caminhos de financiamento.
Gana e Tailândia colocaram REDD como estratégia de adaptação e
transversal aos blocos de construção do Plano de Bali.
Enfim, REDD caminha lentamente, muito lentamente por dentro de um
labirinto de questões complexas e com poucas mostras de progresso concreto.
Metas agregadas dos Há uma forte pressão por parte dos países mais vulneráveis apoiados
Países do Anexo I por observadores, CAN e outros, de redefinir as metas dos países do Anexo I em
níveis muito mais exigentes. Falamos de reduções de emissões para além de
45% até 2020. É uma tarefa e tanto, mas absolutamente necessário se de fato o
esforço de combate aos efeitos catastróficos das mudanças de clima é para ser
levado a sério. Existem três dimensões deste desafio, a ciência, a moral e a
política. As primeiras duas não podem mais ser subordinadas à última como tem
acontecido até agora.
Assunto legais Discussões sobre a forma legal de um novo acordo começam a ser
cada vez mais presentes nas reuniões da UNFCC. O desafio é achar um
mecanismo legal que permitirá: espaço para inclusão dos Estados Unidos que
retorna às negociações; oportunidades de aproveitar as experiências positivas
do primeiro período de compromisso, propostas de melhoria do Protocolo de
Quióto bem como respostas aos novos desafios que surgiram desde 1997. Os
advogados vão ser cada vez mais exigidos na medida em que aproximamos a
realização da CoP15 em Copenhagen no final de 2009.
24
7. O processo de
negociação da UNFCCC
26

7. O processo de negociação da UNFCCC

7.1 As Negociações Formais


Normalmente uma CoP dura duas semanas. Durante a primeira semana, a maioria dos
delegados se dedicam à negociação de situações que proporcionarão aos seus chefes de
delegação o máximo número de opções, além de tentativas de apoio às coligações como, por
exemplo o G-77 + China e AOSIS. Durante a segunda semana, o foco principal é no segmento
de alto nível. Os ministros tendem a chegar durante o fim de semana no meio da CoP.

As negociações formais tomam lugar nas sessões plenárias e nas reuniões do SBI e
SBSTA. A CoP também serve como Reunião das Partes – CMP (em inglês) do Protocolo de
Quioto, na qual podem participar todos os membros da Convenção, na qualidade de
observadores. Somente os signatários do Protocolo têm direito a voto na CMP. Grupos de
Trabalho são constituídos pela CoP ou pelo SBI ou SBSTA para trabalhar em questões
importantes e todas as partes podem participar. As sessões formais são regidas por normas de
procedimentos transparentes e as sessões têm tradução simultânea em todas as línguas
oficiais das Nações Unidas. Decisões são, entretanto, adotadas por consenso na CoP e na
CMP.

Os negociadores só podem falar no plenário quando têm permissão do chefe da sua


delegação e do presidente da mesa (chair). Os delegados podem avançar uma posição do seu
país, levantar uma questão de ordem (por exemplo, alguém não está respeitando as normas de
procedimento) ou fazer uma moção (por exemplo, que é difícil responder imediatamente,
portanto a questão deveria ser colocada em outro momento da pauta – uma tática clássica para
atrasar o processo). Existe uma crítica legítima por parte de alguns países porque as normas de
procedimento nunca foram formalmente aprovadas.

7.2 As normas de procedimento

As normas de procedimento foram elaboradas em 1995 e emendadas em 1996, mas


desacordos sobre algumas normas fizeram com que não fossem plenamente adotadas.
Portanto, são aplicadas interinamente. As normas cobrem a agenda, o papel dos
observadores, participação, o papel do Secretariado, eleição dos oficiais do Bureau da CoP, as
tarefas do Presidente, etc. A principal controvérsia diz respeito às votações tratadas na norma
42: “decisões podem ser tomadas na base da unanimidade, consenso (normalmente
interpretado como sendo ausência de uma objeção à decisão) ou pelo voto da maioria”. O
problema é que as regras não foram acordadas e Partes diferentes preferem sistemas de voto
como maioria simples, maioria qualificada ou maioria ponderada. Os países em
desenvolvimento têm claramente a maioria, portanto, os países do Anexo I criaram a maioria
ponderada, em função das suas contribuições financeiras. Outros países do Anexo I e países
da OPEP preferem o “método de consenso” em vez de votação porque isso atrasa o processo e
funciona na prática como um direito de veto. Na prática, a maioria dos países são cautelosos no
uso do veto e o chair pode, se quiser, decidir ignorar um país que faz uma objeção a um
aparente consenso.

7.3 Os Procedimentos das Negociações Informais

Na UNFCCC, a maior parte das negociações é informal, até porque é quase impossível
discutir todas as questões nas sessões plenárias com cerca de 200 países representados, sem
contar os grandes grupos de trabalho. As sessões plenárias servem para consolidar posições
que são definidas e negociadas informalmente em “grupos de contato”, “grupos de corredor”,
“não-grupos”, consultas com especialistas e oficinas de trabalho informais. Porém, estas
consultas são menos informais do que parecem porque são organizadas pelo próprio
presidente da CoP e/ou pelos chairs do SBI e SBSTA, com o objetivo de facilitar o consenso em
pequenos grupos. A maior parte deste trabalho envolve a preparação, reenquadrando e
redefinindo o texto. O Presidente também designa pessoas-chave, conhecidas como Amigos
do Chair (“Friends of the Chair”, em inglês) para presidir estes processos e facilitar o consenso.
27

Os diversos grupos informais têm as suas discussões em inglês, são menos


acessíveis e transparentes, envolvem poucos ou nenhum observador e discorrem sobre
vários assuntos simultaneamente. Um Grupo de Contato é normalmente convocado em cima
da hora para resolver uma questão específica em torno da qual existe um desacordo. Em tese,
todos podem ser membros, mas de fato o chair freqüentemente escolhe os membros para
garantir o melhor leque de pontos de vista. Às vezes, um co-grupo de contato é formado pela
junção de dois grupos de contato para resolver diferenças entre si. O chair também designa
não-grupos compostos por aqueles que resistem a entrar em negociação: estes não-grupos,
livres da pressão da negociação podem se comunicar mais livremente. Os grupos informais
também podem ser criados por uma ou mais Partes para consultas informais.

Muitas das reuniões ministeriais na segunda semana envolvem pequenas reuniões


informais, onde as negociações duras acontecem. O secretariado pode organizar oficinas de
trabalho informais sobre questões-chave entre as CoPs. Estas são freqüentadas por
representantes das partes convidadas e por representantes da sociedade civil (especialistas
de ONGs) e dão uma oportunidade de explorar opções sem a pressão das negociações. A
lógica destes processos de negociações informais é que é difícil discutir questões complexas,
técnicas e políticas em reuniões grandes. As plenárias estão lá para fazer afirmações e
apresentar posições, mas não são as mais apropriadas para discussões abertas e francas. É
difícil discordar de acordos costurados no processo informal de negociação dado o tempo que
foi investido. A dificuldade do processo de negociação para pequenos países em
desenvolvimento é a pouca força para suas posições nacionais a não ser que possam ser
inseridas numa coligação.

7.4 O Programa Diário da CoP

Um dos primeiros documentos que os participantes da CoP procuram todos os dias,


quando entram no Centro de Convenções, além do Boletim Earth Negotiations e o boletim
ECO da CAN, é o Programa Diário da CoP. Neste documento, constam todas as reuniões
agendadas para este dia, a hora e o local (sala), bem como, a pauta de cada reunião e, sempre
que pertinente, os respectivos documentos oficiais são identificados.

Entidade Detalhe
Reuniões Oficiais Órgãos da UNFCCC
? CoP
? CoP/CMP
? SBI
? SBSTA
? AWG-LCA
? AWG-KP
Reuniões Informais Idem
Outros Grupos além dos Órgãos da Por exemplo:
Convenção
?AOSIS
Grupo 77+China
?
Umbrella Group
?
OPEP
?
Coligação das Nações das Florestas Tropicais
?
União Européia
?
Reuniões das Agências das Nações Unidas
Reuniões de segmentos da sociedade Por exemplo:
civil
? BINGOs: Organizações Não-Governamentais (Comércio, Serviço
e Indústria) - Business and Industry Non-Governmental Organizations
? YENGOs: Organizações Não-Governamentais de Jovens
Admbientalistas - Youth Environmental Non-Governmental
Organizations
? TUNGOs: Sindicatos - Trade Union Non-Governmental
Organizations
? ENGOs: Organizações Não-Governamentais Ambientalistas -
Environmental Non-Governmental Organizations
28

Coletivas de Imprensa Por exemplo:


?Países
UNFCCC
?
ONGs
?

Eventos Paralelos Eventos paralelos:


? Os eventos paralelos podem ser: oficinas, seminários, debates,
apresentações e lançamentos. São muitos, são interessantes e são
extremamente informativos. Há participantes que dedicam a maior
parte do seu tempo aos Eventos Paralelos. Alguns, sem sombra de
dúvida, são organizados por grupos de lobby para defender os seus
interesses.
Anúncios diversos Por exemplo:
?Credenciais
Transportes
?
Serviços de computação
?
Etc.
?

7.5 Os documentos da UNFCCC

Desde a sua criação, a UNFCCC tem acumulado um imenso arquivo de documentos.


Pra poder navegar por este mundo de papel e documentos digitais é preciso saber como eles
são codificados. Todos os documentos da UNFCCC são codificados com a designação do
respectivo órgão da Convenção do Clima ou do Protocolo de Quioto:

Órgão do regime Designação documental


CoP FCCC/CP
CoP-MoP FCCC/CMP
SBI FCCC/SBI
SBSTA FCCC/SBSTA
AWG-LCA FCCC/AWGLCA
AWG-KP FCCC/AWGKP

O tipo de distribuição (Geral ou Restrita) está escrito no canto superior direito da página
e cada documento tem, no seu código de identificação, o ano que foi produzido, bem como um
número seqüencial. Por exemplo, o documento FCCC/AWGLCA/2008/1 é o 1º documento da
Convenção produzido pelo Ad Hoc Working Group for Long Term Cooperative Action – Grupo
de Trabalho Ad Hoc para Ações de Cooperação de Longo Prazo, em 2008.
Sufixos são usados para identificar documentos com finalidades específicas:

Sufixo1 Significado
/INF.x Documento informativo, sem tradução e
sempre na língua original
/MISC.x Documento miscelânea sem tradução e
sem cabeçalho da UNFCCC
/ADD.x Adendo a um documento previamente
produzido.
Rev.x Revisão do novo texto de um documento
previamente produzido
Corr.x É um documento que corrige erros de um
documento existente
/TP.x Um texto técnico
/CRP.x Um documento de uso restrito dentro de
uma sala de conferência

¹ “x” se refere ao número seqüencial do documento


29

7.6 Quem participa da CoP e da CoP/CMP?

Estados Nacionais
Somente os Estados que ratificaram a Convenção e ou o Protocolo de Quioto,
portanto Partes, podem participar respectivamente dos processos da CoP e da CoP/CMP.
Entretanto, Estados que não são Partes do Protocolo podem participar como observadores e
têm direito à palavra durante as sessões Plenárias. Da mesma forma, somente Estados
Partes do Protocolo podem deliberar nas reuniões dos órgãos subsidiários SBI e SBSTA;
outros Estados podem participar como observadores. O Protocolo de Quioto compromete
países desenvolvidos – os países incluídos no Anexo I da Convenção – a metas legalmente
vinculantes para limitar ou reduzir as suas emissões de GEE conforme listagem no Anexo B
do Protocolo.

Observadores
Qualquer país que não seja Parte do Protocolo, organizações ambientalistas não-
governamentais – ONGs, ONGs de pesquisa, outras ONGs do setor empresarial,
organizações intergovernamentais podem participar da CoP/CMP. Os observadores podem
fazer uso da palavra nas reuniões formais e apresentar propostas escritas, mas não podem
votar.

Duas organizações da sociedade civil têm um papel e um impacto relevante no


processo da UNFCCC, o International Institute for Sustainable Development (IISD) e a
Climate Action Network (CAN).

O IISD presta um serviço informativo inestimável. Todos os dias eles publicam,


reproduzem e distribuem o Earth Negotiations Bulletin (ENB), um relato fiel, objetivo e
completo de tudo que aconteceu no dia anterior: nas Plenárias, Grupos de Contato, AWGs,
órgãos subsídiários, Eventos Paralelos e ainda acrescentam comentários sobre
acontecimentos de bastidores dignos de registro. Veja o site do IISD http://www.iisd.ca/ . Lá
está disponível um vasto arquivo dos boletins produzidos desde 1995. Quem estiver
interessado em ter uma visão objetiva do processo da UNFCCC, o IISD é uma fonte confiável
e consistente.

O objetivo da CAN, (http://www.climatenetwork.org/) é diferente, mas não menos


impactante que o IISD. A CAN tem por finalidade influir positivamente nos resultados do
processo da UNFCCC. A CAN é uma rede mundial de mais de 365 ONGs trabalhando para
promover ações individual e governamental para limitar a mudança climática antrópica para
níveis ecologicamente sustentáveis. Os membros da CAN trabalham para atingir esta meta
mediante a troca de informação e o desenvolvimento de estratégias de ONGs sobre questões
de clima nas esferas internacionais, regionais e nacionais. A CAN tem vários escritórios
regionais, que coordenam estes esforços na África, Europa Central e Oriental, Europa,
América Latina, América do Norte e no Sul e Sudeste Ásia. Durante as CoPs, os membros da
CAN se reúnem diariamente em diversos formatos para trocar informações, preparar
estratégias e direcionar esforços: de manhã cedo o comitê político, composto pelos membros
mais experientes da CAN, carinhosamente chamados de “Dinossauros”, e representantes de
cada região do mundo, reúne-se para traçar as ações críticas do dia; geralmente no horário do
almoço tem a reunião diária da CAN, com a presença de todos os membros da CAN que
desejem participar. Esta reunião tem como principais objetivos, a troca de informações entre
os membros. Mas, é também nesta reunião que decisões-chave são tomadas sobre as
alavancas de pressão à disposição da CAN, nomeadamente: artigos para o ECO, o boletim
diário da CAN que é produzido à noite e lido no dia seguinte pelos membros das delegações,
observadores e representantes das Nações Unidas; posicionamentos da CAN que
eventualmente possam vir a ser lidos nas reuniões plenárias; e finalmente a grande e mais
esperada decisão sobre os vencedores do Prêmio Fóssil do Dia, sempre atribuído às
delegações dos países que mais contribuíram à obstrução do processo das negociações.
30

7.7 Os anexos da Convenção e do Protocolo


Convenção sobre Mudança do Clima Protocolo de Quioto
Anexo I Anexo II Anexo B
Países do Anexo I aceitam o Países do Anexo II devem Países com limites máximos de emissões de GEE. A
compromisso de reduzir as proporcionar recursos redução de emissões a ser atingido durante o primeiro
suas emissões de GEE para financeiros aos países em período de compromisso (2008-2012) é especificada em %
um nível inferior ao de 1990. desenvolvimento. relativa aos níveis do ano base. O ano base para a maioria
Não conseguindo, devem dos países é 1990 para CO2, CH4 e N2O e eles podem
comprar créditos de carbono escolher entre 1990 e 1995 para HFCs, PFCs e SF6.
ou investir em conservação.

Os países em desenvolvimento não têm restrições imediatas sob a UNFCCC. Isto serve três finalidades:

? Evita restrições de crescimento porque a poluição é diretamente conectada ao crescimento industrial e países
em desenvolvimento têm potenciais significativos de crescimento. O problema é que ninguém, nem os países em
desenvolvimento, muito menos os países desenvolvidos estão dispostos a discutir modelos de desenvolvimento. O
padrão predatório predomina. Desenvolvimento sustentável não está na agenda quando se trata de metas de
emissões;
? Impede que vendam créditos de emissões aos países desenvolvidos que permitiria estes a poluir mais;
? Recebam dinheiro e tecnologias dos países desenvolvidos do Anexo II.

Convenção Protocolo
Limite das Emissões
ANEXO I ANEXO II ANEXO B Países % - base 1990
Alemanha Alemanha Alemanha 92
Austrália Austrália Austrália 108
Áustria Áustria Áustria 92
Belarus a/ Bélgica Bélgica 92
Bélgica Canadá Bulgária** 92
Bulgária a/ Comunidade Européia Canadá 94
Canadá Dinamarca Comunidade Européia 92
Comunidade Européia Espanha Croácia** 95
Croácia a/ * Estados Unidos da Dinamarca 92
Dinamarca América Eslováquia** 92
Eslováquia a/ * Finlândia Eslovênia** 92
Eslovênia * França Espanha 92
Espanha Grécia Estados Unidos da 93
Estados Unidos da Irlanda América 92
América Islândia Estônia** 100
Estônia a/ Itália Federação Russa** 92
Federação Russa a/ Japão Finlândia 92
Finlândia Luxemburgo França 92
França Noruega Grécia 94
Grécia Nova Zelândia Hungria** 92
Hungria a/ Países Baixos Irlanda 110
Irlanda Portugal Islândia 92
Islândia Reino Unido da Grã- Itália 94
Itália Bretanha e Irlanda do Japão 92
Japão Norte Letônia** 92
Letônia a/ Suécia Liechtenstein 92
Liechtenstein * Suíça Lituânia** 92
Lituânia a/ Turquia Luxemburgo 92
Luxemburgo Mônaco 101
Mônaco * Noruega 100
Noruega Nova Zelândia 92
Nova Zelândia Países Baixos 94
Países Baixos Polônia** 92
Polônia a/ Portugal 92
Portugal Reino Unido da Grã- 92
Reino Unido da Grã- Bretanha e Irlanda do 92
Bretanha e Irlanda do Norte 92
Norte República Tcheca** 92
República Tcheca a/ * Romênia** 100
Romênia a/ Suécia
Suécia Suíça
Suíça Ucrânia**
Turquia
Ucrânia a/

a/ ou ** Países em processo de transição para uma economia de mercado


*Países que passaram a fazer parte do Anexo I mediante emenda que entrou em vigor no dia 13 de agosto de 1998, em
conformidade com decisão 4/CP.3 adotada na CoP-3
31

7.8 Os órgãos da UNFCCC e suas responsabilidades

Bureau
Comissão
de Cumprimento
CoP

Comissão
Supervisor Artigo 6 CMP Comitê Executivo
do MDL

Grupo de Especialistas
em Transferência de
Tecnologia

Grupo Consultivo de
Especialistas dos
países não-Anexo I
AWG AWG SBSTA SBI
Bureau LCA Bureau KP Bureau Bureau

LDC
Expert
Secretariado Group

Mecanismo
IPCC Financeiro
GEF

Órgão Responsabilidades
CoP Órgão supremo da Convenção, controla a implementação da Convenção, analisa as
Comunicações Nacionais e inventários das emissões e o progresso na direção do
objetivo maior da Convenção. Reúne-se anualmente em Bonn, a não ser que um dos
países Partes da Convenção se ofereça para sediar o encontro. As responsabilidades
específicas incluem:
a) Examinar periodicamente as obrigações das Partes e os mecanismos institucionais
estabelecidos por esta Convenção;
b) Promover e facilitar o intercâmbio de informações sobre medidas adotadas pelas
Partes para enfrentar a mudança do clima e seus efeitos;
c) Facilitar, mediante solicitação de duas ou mais Partes, a coordenação de medidas
por elas adotadas para enfrentar a mudança do clima e seus efeitos;
d) Promover e orientar, de acordo com os objetivos e disposições desta Convenção, o
desenvolvimento e aperfeiçoamento periódico de metodologias, elaborar inventários
de emissões de gases de efeito estufa por fontes e de remoções por sumidouros e
avaliar a eficácia de medidas para limitar as emissões e aumentar as remoções desses
gases;
e) Avaliar os efeitos gerais das medidas adotadas, em particular, os efeitos ambientais,
econômicos e sociais; assim como seus impactos cumulativos e o grau de avanço
alcançado na consecução do objetivo da Convenção;
f) Examinar e adotar relatórios periódicos sobre a implementação da Convenção e
garantir sua publicação;
g) Fazer recomendações sobre quaisquer assuntos necessários à implementação da
Convenção;
h) Procurar mobilizar recursos financeiros em conformidade com o Artigo 4, parágrafos
3, 4 e 5 e com o Artigo 11 da Convenção;
i) Estabelecer os órgãos subsidiários considerados necessários à implementação da
Convenção;
j) Examinar relatórios apresentados por seus órgãos subsidiários e dar-lhes
orientação;
k) Definir e adotar, por consenso, suas regras de procedimento e regulamento
financeiro, bem como os de seus órgãos subsidiários;
32

Órgão Responsabilidades
CoP l) Solicitar e utilizar, conforme o caso, os serviços e a cooperação de organizações
internacionais e de organismos intergovernamentais e não governamentais
competentes, bem como as informações por eles fornecidas; e
m) Desempenhar as demais funções necessárias à consecução do objetivo da
Convenção, bem como todas as demais funções a ela atribuídas pela Convenção.
CMP A CoP serve como Reunião das Partes– CMP (em inglês) do Protocolo de Quioto. Este
órgão, CoP/CMP, reúne-se durante o mesmo período que a CoP. As responsabilidades
da CoP/CMP são para o Protocolo as mesmas que a CoP para a Convenção, incluindo:
a) Com base em todas as informações apresentadas em conformidade com as
disposições deste Protocolo, avaliar a implementação do mesmo pelas Partes, os
efeitos gerais das medidas tomadas de acordo com este Protocolo, em particular os
efeitos ambientais, econômicos e sociais, bem como os seus efeitos cumulativos e o
grau de progresso no atendimento do objetivo da Convenção;
b) Examinar periodicamente as obrigações das Partes deste Protocolo, com a devida
consideração a qualquer revisão exigida pelo Artigo 4, parágrafo 2(d), e Artigo 7,
parágrafo 2, da Convenção, à luz do seu objetivo, da experiência adquirida em sua
implementação e da evolução dos conhecimentos científicos e tecnológicos, e a esse
respeito, considerar e adotar relatórios periódicos sobre a implementação deste
Protocolo;
c) Promover e facilitar o intercâmbio de informações sobre medidas adotadas pelas
Partes para enfrentar a mudança do clima e seus efeitos, levando em conta as
diferentes circunstâncias, responsabilidades e recursos das Partes e seus respectivos
compromissos assumidos sob este Protocolo;
d) Facilitar, mediante solicitação de duas ou mais Partes, a coordenação de medidas
por elas adotadas para enfrentar a mudança do clima e seus efeitos, levando em conta
as diferentes circunstâncias, responsabilidades e capacidades das Partes e seus
respectivos compromissos assumidos sob este Protocolo;
e) Promover e orientar, em conformidade com o objetivo da Convenção e as
disposições deste Protocolo, e levando plenamente em conta as decisões pertinentes
da Conferência das Partes, o desenvolvimento e aperfeiçoamento periódico de
metodologias comparáveis para a implementação efetiva deste Protocolo, a serem
acordadas pela Conferência das Partes na qualidade de reunião das Partes deste
Protocolo;
f) Fazer recomendações sobre qualquer assunto necessário à implementação deste
Protocolo;
g) Procurar mobilizar recursos financeiros adicionais em conformidade com o Artigo 11,
parágrafo 2;
h) Estabelecer os órgãos subsidiários considerados necessários à implementação
deste Protocolo;
i) Buscar e utilizar, conforme o caso, os serviços e a cooperação das organizações
internacionais e dos organismos intergovernamentais e não-governamentais
competentes, bem como as informações por eles fornecidas; e
j) Desempenhar as demais funções necessárias à implementação deste Protocolo e
considerar qualquer atribuição resultante de uma decisão da Conferência das Partes.
AWG-LCA O AWG-LCA foi estabelecido pela CoP-13, em dezembro de 2007, em Bali, Indonésia
para ser um processo de acompanhamento do diálogo sobre ação cooperativa de
longo prazo para abordar mudança de clima amplificando a implantação da
Convenção. Este órgão subsidiário novo recebeu um mandato para inaugurar um
processo para assegurar a plena, efetiva e sustentada implementação da Convenção
por meio de ação cooperativa de longo prazo até e para além de 2012. O AWG-LCA
deve completar seu trabalho até a CoP-15, em Copenhagen, em 2009.
AWG-KP Na sua segunda sessão, o AWG-KP, em Nairóbi, novembro de 2006, adotou um
programa de trabalho para seu mandato cobrindo:
a) Análise de potenciais de mitigação e faixas de metas de redução de emissões para
países do Anexo I;
b) Análise de possíveis meios para atingir metas de mitigação;
c) Consideração de compromissos adicionais pelas Partes de Anexo I;
O AWG-KP tem mandato para relatar o status do seu trabalho em cada CMP. Seu
objetivo é completar seu trabalho e ter seus resultados adotados pela Conferência das
Partes o mais cedo possível para assegurar que não existirá nenhum vazio entre o
primeiro e segundo período de compromisso que deverá começar em 1 de janeiro de
2013.
SBSTA Fornecer à CoP conselhos sobre questões científicas, tecnológicas e metodológicas.
Trabalha em estreita colaboração com o IPCC. Promove o desenvolvimento e
transferência de tecnologias ambientalmente corretas e facilita, tecnicamente, guias
de orientação para elaboração dos inventários e Comunicações Nacionais.
a) Apresentar avaliações do estado do conhecimento científico relativo à mudança do
clima e a seus efeitos;
33

Órgão Responsabilidades
SBSTA b) Preparar avaliações científicas dos efeitos de medidas adotadas na implementação
desta Convenção;
c) Identificar tecnologias e conhecimentos técnicos inovadores, eficientes e mais
avançados, bem como prestar assessoramento sobre as formas e meios de promover
o desenvolvimento e/ou a transferência dessas tecnologias;
d) Prestar assessoramento sobre programas científicos e cooperação internacional em
pesquisa e desenvolvimento, relativos à mudança do clima, bem como sobre formas e
meios de apoiar a capacitação endógena em países em desenvolvimento; e
e) Responder a questões científicas, tecnológicas e metodológicas formuladas pela
Conferência das Partes e seus órgãos subsidiários.
SBI Oferece conselhos à CoP sobre todas as questões referentes à sua implementação:
examina as Comunicações Nacionais, os Inventários para avaliar o sucesso da
implementação da Convenção, acompanha a efetividade dos recursos financeiros
para países Não-Anexo I, e guias de orientação para os mecanismos financeiros
operados pelo GEF.
a) Examinar as informações transmitidas em conformidade com o Artigo 12, parágrafo
1, no sentido de avaliar o efeito agregado geral das medidas tomadas pelas Partes à luz
das avaliações científicas mais recentes sobre a mudança do clima;
b) Examinar as informações transmitidas em conformidade com o Artigo 12, parágrafo
2, no sentido de auxiliar a Conferência das Partes a realizar os exames requeridos no
Artigo 4, parágrafo 2, alínea (d); e
c) Auxiliar a Conferência das Partes, conforme o caso, na preparação e implementação
de suas decisões.
Bureau O trabalho da CoP e de todos órgãos subsidiários é orientado pelo Bureau que funciona
não só durante a CoP, mas também entre as suas sessões. O Bureau é o órgão
responsável por aconselhar o Presidente da CoP e CPM e por tomar decisões sobre
como o processo da UNFCCC deve ser administrado. O Bureau é também responsável
por examinar as credenciais das Partes, organizações intergovernamentais e ONGs
buscando credenciamento para participar na CoP, CMP, bem como nas reuniões dos
órgãos subsidiários, nomeadamente o Órgão Subsidiário para Implementação (SBI –
em inglês), e o Órgão Subsidiário para Apoio Científico e Tecnológico (SBSTA – em
inglês).
Secretariado O Secretariado é composto por funcionários públicos internacionais que dão apoio a
todas as instituições do processo de mudanças de clima;
a) Organizar as sessões da Conferência das Partes e dos órgãos subsidiários e
prestar-lhes os serviços necessários;
b) Reunir e transmitir os relatórios a ele apresentados;
c) Prestar assistência às Partes, em particular às Partes países em desenvolvimento;
d) Elaborar relatórios sobre suas atividades e apresentá-los à Conferência das Partes;
e
e) Garantir a necessária coordenação com os secretariados de outros organismos
internacionais pertinentes
IPCC O IPCC foi estabelecido para fornecer aos tomadores de decisão e outros interessados
em mudança de clima uma fonte objetiva de informação sobre o tema. O IPCC não
executa pesquisa e também não monitora dados ou parâmetros de mudança de clima.
Seu papel é de assessorar de forma compreensiva, objetiva, aberta e transparente a
literatura mundial científica, técnica e sócio-econômica mais atualizada pertinente à
compreensão dos riscos de mudanças de clima causadas por atividades humanas, os
impactos observados e projetados e alternativas para mitigação e adaptação. Os
relatórios do IPCC devem ser neutros com respeito a políticas, porém devem tratar
objetivamente fatores científicos, técnicos e socioeconômicos politicamente
pertinentes. Eles devem obedecer aos mais altos padrões científicos, técnicos,
excelência, abrangência geográfica e refletir um leque de visões.
MDL – Conselho O Conselho Executivo do MDL é responsável pela supervisão da operação do MDL,
revisando e preparando decisões detalhadas sobre MDL e assegurando que a sua
Executivo operação seja um sucesso. Neste contexto, o Conselho Executivo do MDL faz
recomendações referente às modalidades e procedimentos à CMP, relata as suas
atividades em cada sessão da CMP e relata sobre a distribuição de projetos regionais e
sub-regionais de MDL.
Comissão A responsabilidade da Comissão Supervisora do Artigo 6 (A6SC), estabelecida pelo
acordo de Marrakesh, é supervisionar a verificação de unidades de redução de
Supervisora emissões (ERUs – em inglês) dos projetos de implementação conjunta, relatar as
do Artigo 6 atividades de implementação conjunta à CMP, e assegurar o sucesso da
implementação do mecanismo. No final do primeiro período de compromisso a
comissão revisará e fará recomendações à CMP sobre implementação conjunta.
34

Órgão Responsabilidades
Comissão de A Comissão de Cumprimento e suas operações representam um dos mais fortes e
Cumprimento sofisticados mecanismos estabelecidos por qualquer acordo ambiental multilateral até
hoje. A principal responsabilidade da Comissão é assegurar que as Partes respeitem
seus compromissos sob o Protocolo de Quioto. A Comissão tem duas divisões: a
divisão de Facilitação e a divisão de Aplicação. A divisão de Facilitação é responsável
por orientação e assistência às Partes que possam correr o risco de não cumprir com
as suas obrigações referentes ao Protocolo. Ela promove o cumprimento das
obrigações e joga o papel de aviso prévio. A divisão de Aplicação é responsável por
assegurar que as Partes cumpram suas obrigações, o que pode envolver o uso de
sanções. A divisão operará com descrição com o objetivo de garantir correção legal e
tornará pública as sanções aplicadas.

7.9 A questão que não quer calar: O regime multilateral de negociações sobre
mudanças de clima, a UNFCCC e o Protocolo de Quioto tem data para acabar?

Para a vasta maioria dos países, instituições, ONGs, especialistas e cidadãos


seriamente preocupados com o combate ao aquecimento global e às mudanças climáticas, a
UNFCCC e o Protocolo de Quioto são inquestionavelmente as instâncias prioritárias e
privilegiadas e mais aptas para a negociação dos acordos internacionais sobre o clima. Nem a
Convenção, nem o Protocolo, têm qualquer Artigo que trata de prazo de vigência. Não há
qualquer previsão ou dispositivo para o fim da Convenção ou do Protocolo. Para um país-Parte
da Convenção e do Protocolo existe um dispositivo para a denúncia:

Artigo 25 da Convenção e Artigo 27 do Protocolo


DENÚNCIA
1. Após três anos da entrada em vigor da Convenção/Protocolo para uma Parte, essa
Parte pode, a qualquer momento, denunciá-la por meio de notificação escrita ao Depositário.
2. Essa denúncia tem efeito um ano após a data de seu recebimento pelo Depositário,
ou em data posterior se assim for estipulado na notificação de denúncia.
3. Deve ser considerado que qualquer Parte que denuncie a Convenção denuncia
também os protocolos de que é Parte.

Também é possível deduzir pela leitura das decisões da CoP que o regime se estenderá
para além de 31 de dezembro de 2012. Por exemplo: o AWG-LCA, estabelecido pela CoP-13,
em dezembro de 2007, em Bali, Indonésia recebeu um mandato para inaugurar um processo
para assegurar a plena, efetiva e sustentada implementação da Convenção por meio de ação
cooperativa de longo prazo até e para além de 2012. O AWG-KP tem o mandato para relatar o
status do seu trabalho em cada CMP e seu objetivo é completar seu trabalho e ter seus
resultados adotados pela Conferência das Partes o mais cedo possível para assegurar que não
existirá nenhum vazio entre o primeiro e segundo período de compromisso, que deverá
começar em 1de janeiro de 2013.

Assim, somos obrigados a concluir que tanto a Convenção quanto o Protocolo não têm
data para acabar. Os países, instituições, ONGs, especialistas e cidadãos que preconizam ou
pressupõem o fim da Convenção e/ou do Protocolo o fazem sem respaldo legal e com total
desprezo pelos esforços dos governos e demais instituições oficiais e civis que tanto
contribuíram para chegarmos tão longe neste combate às mudanças climáticas.

Há, entretanto, uso corrente de expressões como acordo “Pós-Quioto” e “Pós-2012”


como se fossem equivalentes ou que tenham como pressuposto o encerramento da vigência do
Protocolo de Quioto. Por isso, é preciso estar atento aos objetivos explícitos ou não, associados
ao uso dessas expressões.
8. Os processos
paralelos de negociação
internacional
36

8. Os processos paralelos de negociação internacional


Além do regime principal e oficial de negociações multilaterais sobre as mudanças de
clima conduzido pelas Nações Unidas, existem outros processos paralelos. Os dois principais
são a Reunião dos Maiores Emissores ou MEM – Major Emitters’ Meeting (em inglês) e o G8.

Reunião dos Maiores Emissores – MEM

O processo do MEM foi uma iniciativa paralela do Presidente Bush dos Estados
Unidos. Não existe unanimidade sobre a utilidade desta iniciativa, pois, muitos países
preferiam que as discussões e negociações sobre clima ficassem sempre no quadro da
UNFCCC. Nos dias 16 a 18 de abril de 2008, 17 países que respondem por cerca de 80% das
emissões globais de CO2, nomeadamente o G8 mais China, Índia, Austrália, Brasil, Indonésia,
México, África do Sul, Coréia do Sul e a União Européia se reuniram em Paris. Nesta reunião,
o Presidente Bush revelou seus planos para atacar o problema das mudanças de clima.

Os planos de Bush foram recebidos com bastante frieza e ceticismo pelos seus pares,
que na maioria esperam a sua partida para poder deliberar com o próximo ocupante da Casa
Branca. As propostas de Bush incluíam parar o crescimento das emissões de CO2 até 2025.
Ele se opôs à taxação de emissões de carbono, mas apoiou o uso de energia nuclear e das
atuais reservas de carvão. Ele também foi contra a criação de barreiras de carbono no
comércio internacional. Em geral, suas propostas enfatizaram crescimento econômico e
concertos tecnológicos.

A França rotulou as propostas um tanto tardias demais e a Alemanha descreveu-as


como sendo decepcionantes. Também houve problemas na integração de metas de médio
prazo com metas de longo prazo, bem como o processo de coordenação dos plano nacionais
de redução de emissões. Os países em desenvolvimento temem que metas setoriais globais
possam ser um primeiro passo para a imposição de metas obrigatórias num regime pós-2012,
embora metas setoriais nacionais não enfrentem uma oposição tão forte. Talvez a única
proposta que recebeu um acolhimento positivo pela maioria dos participantes foi um fundo de
carbono multilateral, sugerido pelo México, que facilitaria e aceleraria o fluxo de recursos dos
países desenvolvidos para os países em desenvolvimento.

Um acordo entre os países ricos e países pobres sobre a redução de emissões é visto
como vital para o sucesso do processo da UNFCCC. EUA, no mandato do Presidente Obama,
pretendem dar novas características e funções às negociações entre países com economias
mais relevantes, e portanto com maiores contribuições para emissão de gases de efeito
estufa. Há que se observar também os diálogos e acordos do G-20, que no processo de
enfrentamento da crise econômica-financeira global, tem servido de canal de consultas sobre
respostas governamentais em políticas de energia e de desenvolvimento e seus reflexos em
mudanças do clima.

G8

A Reunião de Cúpula do Grupo de 8 (G8) é uma reunião anual dos líderes dos oito
países desenvolvidos, nomeadamente, Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Rússia,
Reino Unido, Estado Unidos e, ainda, o Presidente da Comissão Européia. A cúpula, no
sentido mais restrito se refere apenas aos líderes, mas, na prática, a Reunião inclui também
ministros de negócios estrangeiros e finanças que se encontram antes da reunião dos líderes.
A 34ª Reunião de Cúpula do G8 aconteceu em 2008 em Hokkaido, Japão, na cidade de
Toyako entre 7 e 9 de julho sob a presidência do Primeiro Ministro Yasuo Fukuda. Em 2009, a
Cúpula do G8 foi programada para ser realizada na Itália.

As principais questões na agenda em 2008 foram:

?
Meio ambiente e mudanças climáticas
Desenvolvimento e África
?
Economia mundial
?
Questões políticas incluindo não-proliferação
?
37

Os resultados da reunião de 2008 foram, no mínimo, decepcionantes, senão inócuos. A


única conclusão com uma aparência de concreta, na verdade, foi um hábil uso de números
inúteis. Os líderes concordaram procurar, compartilhar e adotar uma meta de redução de
redução das emissões globais de gases de efeito estufa em 50% até 2050. O Grupo dos 5 (G5)
– China, Índia, Brasil, África do Sul e México, que também foram convidados a participar na
reunião, criticaram enfaticamente esta decisão do G8 por terem ficado muito aquém das
necessidades. O IPCC preconiza um primeiro passo de uma redução de 25 a 40% nas
emissões globais até 2020 seguido de reduções na ordem de 80 a 95% até 2050 – sempre
relativo aos níveis de 1990. A decisão do G8 sequer faz referência a um ano base, uma omissão
tão básica que jamais poderíamos admitir que foi um simples esquecimento, portanto foi
proposital e, no mínimo, de má fé. Pois, a redução proposta contradiz a Convenção que
demanda metas concretas, verificáveis e relatáveis. As restantes deliberações do G8
referentes a um objetivo de longo prazo, objetivos de médio prazo, uma abordagem setorial e a
criação de Fundos de Investimentos de Clima foram expressas numa linguagem muito pouco
comprometedora. Portanto, entre o MEM e G8 pouco ou nenhum progresso no ataque contra o
crescimento das GEE.
38
9. Comentários Finais
do Vitae Civilis
40

9. Comentários Finais do Vitae Civilis


(com contribuições de Rubens Born)

A gravidade da crise climática planetária requer que medidas sejamtomadas com


base em vários critérios, entre os quais destacamos:

a) Urgência – quanto antes foram executadas medidas de mitigação de emissões, menores


serão os ônus decorrentes dos impactos ireversíveis e das medidas de adaptação mais
apropriadas para lidar com tais impactos. A urgência das ações é uma forma de enfrentar com
responsabilidade o desafio de minimizar efeitos perversos e de injustiça no enfrentamento do
aquecimento global.

b) Responsabilidade – não é suficiente o correto principio de responsabilidades comuns mas


diferenciadas, que tem servido de divisor de atribuições e limites entre as ações aplicáveis em
países industrializados e países em desenvolvimento. Nestes, empresas transnacionais e
setores econômicos voltados à exportação e atendimento de demandas dos primeiros,
acabam por se beneficiar, em termos de emissões de gases de efeito estufa, daquele
principio. As tenbdencias de crescimento de emsisões em países em desenvolvimento
precisam ser revertidas, nas próximas décadas, para garantir a sustentabilidade
socioambiental e a segurança do sistema climático global. Portanto, há que se colocar em
prática medidas que permitam os responsáveis por alta pegada de carbono usar plenamente
suas capacidades financeiras, tecnológica, social e institucional, aliada à cooperação, para
enfrentar seriamente os desafios de mitigação e adaptação.

c) Efetividade: é importante que as medidas de fato evitem, revertam ou minimizem causas


de emissões antrópicas, em vez de valer-se de instrumentos e iniciativas, que a despeito de
seu valor educacional ou de atratividade, pouco contribuam para a transformação dos estilos
de produção e consumo e promoção de justiça e sustentabilidade socioambiental.

É importante dar atenção para os seguintes temas:

Visão Compartilhada:
“Uma visão compartilhada para ação cooperativa de longo prazo, incluindo um
objetivo global para redução de emissões para atingir o objetivo final da Convenção, de
acordo com as provisões e princípios da Convenção e em particular com o princípio de
responsabilidades comuns, porém diferenciadas [...]”. Este objetivo global é o mais
importante elemento da Convenção. Nada o supera. Temos a obrigação de pressionar todas
as delegações na Convenção, o governo brasileiro, senadores e deputados, ONGs e todos os
cidadãos comprometidos com o combate ao aquecimento global e às mudanças climáticas a
assumir este desafio. Só assim podemos ter a confiança de que haverá um esforço global. No
caso do Brasil, é inadmissível não aceitar uma meta global ambiciosa e uma correspondente
resposta brasileira, proporcional à nossa contribuição e capacidade. Mas, em vez de tomar
seu lugar de líder, o Brasil sistematicamente resiste com argumentos carregados de fumaça.
Por outro lado, o objetivo global tem que permitir que as contas fechem. Isto é, a proposta de
redução das emissões tem ser suficiente para manter o aumento da temperatura média da
terra bem inferior a 2ºC, e que a concentração de gases de efeito estufa esteja em nível
bastante seguro (inferior a 400 ppm). De acordo com a CAN, este objetivo deve ser uma
redução mínima de 80% até 2050 e relativo às emissões de 1990. Temos no máximo 6 anos
para estabilizar a concentração de CO2 no atmosfera.

Mitigação e Adaptação
O Brasil deve considerar ações nacionais apropriadas de mitigação e adaptação por
parte de todos os países em desenvolvimento, num contexto de desenvolvimento
sustentável, apoiadas e facilitadas por tecnologia, recursos financeiros e capacitação de
forma mensurável, relatável e verificável;

Compartilhando conhecimento e ampliar capacidades de agir


Como pode ser percebido pelo conteúdo deste documento, a questão das
negociações multilaterais sobre mudanças de clima é grande e complexa. Poucos são
aqueles que têm uma visão do conjunto. Para poder influir nas negociações é fundamental ter
41

acesso à informação e saber utilizá-la. Alguns países têm delegações enormes com
especialistas nas diversas matérias do seu interesse nacional. Mas, na outra ponta tem
nações com apenas um delegado e este absolutamente perdido na imensidão das questões.
Isto significa que os cidadãos do seu país, que freqüentemente é um dos menos
desenvolvidos, não têm os seus interesses representados nas negociações. Nos países em
desenvolvimento, caso do Brasil, embora tenham alguns técnicos no governo, no setor
privado e na sociedade civil bem versados no assunto, a grande maioria das pessoas não
possui conhecimento. Este vazio diz respeito tanto à ciência, às causas, aos impactos e todas
conseqüências e ações possíveis. Assim é difícil criar movimentos de pressão. Nos
chamados países do sul, aqueles que sofreram mais com os impactos das mudanças de
clima, a sociedade civil está desorganizada e despreparada para dialogar com seus
governos. Observamos em primeira mão que, além de tudo isso, com raras exceções, a
imprensa também está mal preparada e, embora bem intencionada, não consegue informar
de forma competente e contundente. Por tudo isso, uma das nossas maiores
responsabilidades e esforços deve ser compartilhar o conhecimento sobre mudanças
climáticas, por um lado, e mobilizar a sociedade, governos e empresas, por outro, para ações
urgentes.

Política Nacional de Mudanças de Clima e Plano Nacional de Mudanças de Clima


e Comunicação Nacional
Somente dezesseis anos depois da Conferência das Nações Unidas sobre
Desenvolvimento e Meio Ambiente no Rio de Janeiro, em 1992, e quatorze depois da
Convenção entrar em vigor que o Governo federal do Brasil apresentou, em junho de 2008,
uma proposta de Política Nacional e Plano Nacional de Mudança Climáticas, e em dezembro
de 2008, um Plano Nacional de Mudança de Clima (PNMC). Finalmente temos um “copo com
água: sequer está pela metade, e portanto, embora aponte algumas iniciativas necessárias, é
insuficiente de carente de instrumentos e meios de implementação. Assim torna-se difícil para
o país influir, e conquistar a confiança nas negociações multilaterais no contexto da UNFCCC.
O Brasil apresentou a sua primeira Comunicação Nacional, em 2004, dez anos após o prazo
estipulado na Convenção. O Estado Brasileiro parece não levar a sério seus compromissos
quando se trata de mudanças climáticas. A correlação entre medidas nacionais e o regime
multilateral é óbvia. Leia o texto abaixo:

MUDANÇAS DE CLIMA: QUEM TEM MEDO DE METAS NO BRASIL?


Publicado em 19/9/2008 - Jornal Valor Econômico e Valor Online - http://www.valoronline.com.br/

Rubens Born e Juliana Russar

Está prometida para esse mês a divulgação do rascunho do Plano Nacional sobre
Mudança do Clima pelo governo brasileiro. Essa versão ficará disponível para consulta
pública durante trinta dias e, em novembro, o Plano será lançado com a presença do
presidente Lula, em evento que antecede a 14ª Conferência das Partes (CoP) da Convenção-
Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), em Poznan, Polônia.

Como signatário da UNFCCC, o Brasil está em débito há pelo menos 14 anos com
esse tratado internacional, desde quando o Congresso Nacional ratificou a Convenção,
ganhando, assim, status de lei no país. Essa lei, em seu artigo 4.1 (b), obriga o país a elaborar
um plano e uma política nacional "que incluam medidas para mitigar a mudança do clima,
enfrentando as emissões antrópicas por fontes e remoções por sumidouros de todos os gases
de efeito estufa não controlados pelo Protocolo de Montreal, bem como medidas para facilitar
a adaptação adequada à mudança do clima". Nesse sentido, somente em novembro de
2007, mais uma vez às vésperas de uma CoP, o decreto nº 6.263 instituiu o Comitê
Interministerial sobre Mudança do Clima (CIM) para elaborar o Plano Nacional sobre
Mudança do Clima, cuja versão preliminar deveria estar pronta até 30 de abril de 2008.

Mesmo não possuindo compromissos quantificados de limitação e redução de


emissões (metas obrigatórias), o Brasil, assim como todos países da UNFCCC, tem
obrigações internacionais, legais e morais para cumprir seus compromissos no âmbito da
obrigações internacionais, legais e morais para cumprir seus compromissos no âmbito da
Convenção. Na CoP-13, em 2007, aceitou que para a melhor implementação da Convenção
42

os países em desenvolvimento devem adotar ações nacionais de mitigação que sejam


mensuráveis, reportáveis e verificáveis para o pós-2012, quando termina o primeiro período
de compromissos do Protocolo de Kyoto. Assim, o Brasil deve começar a considerar que tipos
de ações serão colocadas em prática para desacelerar o crescimento, estabilizar e reduzir
suas emissões de gases efeito estufa nos diversos setores, ainda mais porque, apesar da
grande maioria das emissões de gases de efeito estufa do país serem provenientes do
desmatamento (75%), há a tendência de crescimento relativo das emissões associadas ao
uso de combustíveis fósseis.

No entanto, pronunciamentos oficiais, notadamente originários dos Ministérios das


Relações Exteriores (MRE) e de Ciência e Tecnologia (MCT), rejeitavam compromissos na
forma de metas para países em desenvolvimento, interpretando isso como cortes obrigatórios
de emissões, que até agora são exigidos somente de países desenvolvidos. Nem todos os
compromissos são metas, e nem metas podem se restringir à limitação e redução de
emissões quantificadas em nova fase do regime multilateral. Por exemplo, poderia haver
metas ou parâmetros de emissões por unidade de produto em determinados setores da
economia. Metas ou objetivos mensuráveis significariam para países como o Brasil, em uma
primeira etapa, compromissos para estabilizar emissões ou pelo menos reduzir a taxa de
crescimento de emissões de gases de efeito estufa ou a taxa de perda de sumidouros e
reservatórios de carbono (ou seja, de desmatamentos).

Esperamos que o Brasil adote pelo menos metas internas de estabilização e de


redução de emissões, já que, sendo um dos maiores emissores do planeta, não pode deixar
de dar ouvidos aos argumentos científicos (necessidade de pico e declínio brusco das
emissões na próxima década para impedir mudança climática perigosa); políticos (é
signatário da Convenção, possui obrigações); éticos (é um dos maiores emissores, essa
geração deve combater o problema); e de desenvolvimento sustentável (reduzir significa
expansão de atividades econômicas ambientalmente sustentáveis). Além disso, é plausível
supor que em uma ou duas décadas, no máximo, o Brasil terá que se comprometer
internacionalmente, para o bem de sua população e para cumprir com sua responsabilidade
global, com limites de emissões de gases de efeito estufa. Em pouco tempo, os órgãos
governamentais em todas as esferas, empresas, entidades da sociedade civil deverão estar
preparados do ponto de vista institucional, tecnológico, econômico e cultural para fazer frente
a esse desafio da sustentabilidade ambiental. Então, por que não ampliar o debate e iniciar,
de alguma forma (voluntária, por meio planos e políticas locais e nacional), a adoção de
medidas e programas, privados e públicos, que contribuam para a mitigação das emissões
brasileiras?

O Brasil possui metas para várias áreas, como, por exemplo, meta de inflação, meta
de crescimento, meta de superávit primário, meta para saneamento básico, etc. O Programa
de Aceleração do Crescimento (PAC) guia-se por metas. Metas e objetivos mensuráveis são
instrumentos de controle social, de transparência, que auxiliam a governabilidade e o rumo
das políticas e das atividades sócio-econômicas. Enfim, muitos se perguntam: Por que o país
não pode ter metas relacionadas a emissões de gases de efeito estufa? Quem tem medo
desse tipo de meta? Que setores da sociedade resistem à adoção de compromissos para
limitar as emissões de gases de efeito estufa no Brasil e por quê? Teria o governo federal
estrutura capaz de envolver estados e municípios nesse desafio, assegurando uma divisão
justa, eqüitativa e efetiva das responsabilidades, limitações e reduções das emissões?
Estariam a Casa Civil, o Ministério da Agricultura, o Ministério de Minas e Energia e demais
ministérios dispostos a assumir compromisso com um plano que prevê medidas sérias de
mitigação e adaptação às mudanças climáticas a curto, médio e longo prazo? Por que
setores privados, como os do agronegócio, de indústria e de energia manifestaram-se, nas
consultas públicas para o plano nacional de mudança de clima, contra a adoção de
compromissos nacionais de mitigação de gases de efeito estufa?

Um Plano Nacional sobre Mudança do Clima sério e responsável deve ter parâmetros
(ou metas ou objetivos mensuráveis ou compromissos) para poder ser qualificado como
"plano", e não ser meramente uma declaração de intenções.
10. Fontes Consultadas
44

10. Fontes consultadas

? A Guide to the Climate Change Conventions Process, Climate Change Secretariat, Bonn,
2002
? Bankok News Updates and Briefing Papers, TWN - Third World Network, April 2008
? Beyond Kyoto, Advancing the international effort against climate change, PEW Center on
Global Climate Change, December 2003
? Comunicação Nacional Inicial do Brasil à Convenção Quadro das Nações Unidas sobre
Mudanças de Clima,
? Ministério da Ciência e Tecnologia, Brasília, Novembro 2004
? Convention on Climate Change, Climate Change Secretariat, UNEP/IUC/2007
? Earth Negotiations Bulletins, International Institute for Sustainable Development – IISD
? ECO – NGO Newsletters, Climate Action Network
? Report of the Conference of the Parties on its thirteenth session, held in Bali from 3 to 15
December 2007, Bali Action Plan, FCCC/CP/2007/6/Add.1, 14 March 2008
? The Discovery of Global Warming, Spencer Weart, December 2007
? The Fourth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change, WMO e
UNEP, 2007
Working Group I, The physical science basis
Working Group II, Impacts, adaptation and vulnerability
Working Group III, Mitigation of climate change
Synthesis report
? The Kyoto Protocol to the Convention on Climate Change, Climate Change Secretariat,
UNEP/IUC/2007
? The UNFCCC’s Bali Roadmap: building long-term cooperative action to address climate
change, Claudio Forner, UNFCCC Secretariat, 2008
? TWN Bonn New Update, Third World Network, june 2008
? TWN Briefing Paper –Note on access to technology, IPR and Climate Change, Martin Khor,
may, 2008

Sites na Internet consultados:

CAN: http://www.climatenetwork.org/eco
Clima e Consumo: www.climaeconsumo.org.br
G8: www.g8ngoforum.org
Greenpeace: www.greenpeace.org
IISD: http://www.iisd.ca/climate/
IPCC: www.ipcc.ch
Ministério de Ciência e Tecnologia – http://www.mct.gov.br/clima
Ministério do Meio Ambiente - http://www.mma.gov.br
NOAA: www.noaa.org
PEW: www.pewclimate.org
TWN: www.twn.org.sg
UNFCCC: http://unfccc.int/
Vitae Civilis: www.vitaecivilis.org.br

Participação em conferências e reuniões:

2008 Japan G8 Summit, NGO Forum, 23 – 24 abril, 2008, Kyoto, Japão


?
Anual Meeting of the Ring Alliance of Policy Research Organizations, 11 e 12 de março,
?
Orcha, Índia
? AWG-LCA/KP, 2 a 13 junho, 2008, Bonn, Alemanha
? CoP-13, 3 a 15 dezembro de 2007, Bali, Indonésia
? FBMC – Fórum Brasileiro de Mudança de Clima, 14 de fevereiro, 2008, Rio de Janeiro
? GT-Clima, FBOMS, 14 a 16 abril, 2008, Brasília
? GT-Clima, FBOMS, 23 a 24 setembro, 2008, Brasília
? Training of Trainers on Climate Change and Water Resources, 4 a 8 august, 2008
11. Abreviaturas
46

11. Lista de abreviaturas

AOSIS – Aliança dos Pequenos Países Insulares


AR4 - Quarto Relatório de Avaliação do IPCC
AWG – KP - Grupo de Trabalho Ad Hoc sobre Compromissos Adicionais no âmbito do
Protocolo de Quioto para os Países do Anexo I
AWG-LCA - Grupo de Trabalho Ad Hoc sobre Ação Cooperativa de Longo Prazo no âmbito da
Convenção
BINGOs – Business and Industry NGOs - Organizações Não-Governamentais (Comércio,
Serviço e Indústria)
CAN - Climate Action Network – Rede de Ação do Clima
CCS – Carbon Capture Storage – Captura e armazenamento de carbono
CMP – Conferência das Partes servindo como Reunião das Partes do Protocolo de Quioto
CO2 - Dióxido de carbono
CoP – Conferência das Partes
ENGOs – Environmental NGOs – ONGs ambientalistas
EUA - Estados Unidos da América
FBMC - Fórum Brasileiro de Mudanças Climáticas
FBOMS - Fórum Brasileiro de ONGs e Movimentos Sociais para o Meio Ambiente e o
Desenvolvimento
G-77 + China - Países em desenvolvimento agrupados para estabelecer posições de
negociação comuns. Fundada em 1964, no contexto da UNCTAD, hoje tem mais de 130
membros. Funciona em todas as instâncias das Nações Unidas.
GEE – Gases de efeito estufa
GEF - Global Environment Facility - Fundo Global para o Meio Ambiente
GT Clima - Grupo de Trabalho de Mudanças de Clima do FBOMS
INC – Comitê Internacional de Negociação
IPCC - Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima
JI - Joint Implementation - Implementação conjunta
LDC – Países menos desenvolvidos
LULUCF – Uso da terra, mudança do uso da terra e florestas
MCT - Ministério da Ciência e Tecnologia
MDL – Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
MMA – Ministério do Meio Ambiente
MRE - Ministério das Relações Exteriores
NOAA - National Oceanic and Atmospheric Administration – Agência Norte-americana de
Atmosfera e Oceanos
OMM - Organização Meteorológica Mundial
ONG – Organização não-governamental
ONU – Organização das Nações Unidas
OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo
PAC - Programa de Aceleração do Crescimento
PL – Projeto de Lei
PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
REDD – Redução de Emissões de Desmatamento e Degradação Florestal
SBI – Órgão Subsidiário para Implementação
SBSTA – Órgão Subsidiário para Apoio Técnico e Científico
TUNGOs – Trade Union NGOs - Sindicatos
UE – União Européia
Umbrella Group - É uma coligação aberta de países formada após a adoção do Protocolo de
Quioto. Não há uma lista formal dos seus membros, mas normalmente é composto por:
Austrália, Canadá, Islândia, Japão, Nova Zelândia, Noruega, Federação Russa, Ucrânia e
Estados Unidos.
UNFCCC – Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima
YENGOs – Youth Environmental NGOs - Organizações Não-Governamentais de Jovens
Ambientalistas
47
RASCUNHO
48
RASCUNHO

Vous aimerez peut-être aussi