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profunda. “A terapeuta já tinha diag- bem, ter horário para acordar, para
nosticado a minha depressão há uns se alimentar e respeitar os limites do
dez anos, mas eu sempre relutei em corpo são as principais recomenda-
tomar remédio. Só que depois que eu ções para se evitar a depressão.
sofri ameaças no meu emprego, não A psiquiatra Ana Michels prefere
tive como escapar”, confessa. Desde não afirmar que a depressão está se
março Liliane toma 50mg de antide- banalizando. “Eu não sei se a doença
pressivo por dia. “Eu sentia uma coisa está aumentando de fato ou se agora
ruim na garganta como se eu preci- se fazem diagnósticos que não se fa-
sasse sair gritando, eu tinha vontade ziam antigamente”, Ana reconhece:
de...”. Com a mão em forma de arma “Nós vivemos numa época que parece
apontada para a cabeça Liliane mos- não existir muito espaço para a triste-
tra que tinha vontade de se matar. za. As pessoas se sentem obrigadas a
Ana explica que o deprimido sente serem felizes todos os dias, a estarem
uma dor tão grande, tão intensa que sempre muito satisfeitas, muito reali-
pensa na morte como um alívio. Nilza zadas. Não é bem assim, nós temos o
também não tinha mais vontade de direito de estarmos tristes e temos que
viver. “Uma coisa eu tenho certeza, permitir que esse tempo de tristeza se
se a pessoa não toma a medicação ela desenvolva dentro da gente”, finaliza.
comete uma loucura”.
Além dos sintomas psicológicos e
sentimentais, a depressão pode pro- Mayara Schmidt Vieira