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Florianópolis, novembro de 2009 Contra-Contra 5

Crítica

As pobres pétalas pútridas de Bellatin


O autor conta a história de pessoas afetadas pelo medicamento Talidomida, que provoca a má-formação do feto
Arte: Eduardo Malaguti
Flores, livro do mexicano Mario te) intocáveis cânones da razão perante enjôos em mulheres tin se considera um próteses extravagantes (como o pênis
Bellatin, é uma novela experimental e a natureza, marginais que encontram grávidas. As crian- “editor”; po- dourado que ornou seu braço artificial
pós-moderna. É muito mais que uma nas mais bizarras formas de sexualida- ças geradas por rém, ele espera na FLIP), ou ao prometer apresentar
mera compilação de historietas bati- de o prazer. São esses tipos de personas essas mães que você não o sósias de autores mexicanos a intelec-
zadas com as mais diversas espécies que Bellatin tão crua, ríspida e econo- corriam considere como tuais franceses em um Colóquio Literá-
dessas plantas. Como nos alerta subli- micamenteexplora, abusando de uma sério risco nada. Defende rio em Paris.
minarmente o autor na introdução, o prosa seca e de “silêncios construídos”. de possuir a ideia de que Contraditoriamente ou não, ele
livro foi um trabalho de edição e com- Nem por isso ele falha no seu verdadei- má-formação não existe autor e nega que sua escrita seja autobiogá-
posição de tradição suméria, uma téc- ro interesse de explicitar quão desajus- nas extremi- que a melhor manei- fica. A trajetória de Mario Bellatin foi
nica milenar que soma trechos curtos tadas e miseráveis são essas pétalas. dades (o pró- ra de se escrever é dei- dedicada a (des)construir discursos ar-
e rápidos numa longa e complicada Se em Rosa de Hiroshima, de Vi- prio autor é uma xar de lado a escri- tísticos e literários com atitudes e per-
estrutura narrativa. nícius de Moraes, a “rosa” funcionava dessas vítimas: nasceu sem o ta literária, sonagens que, não raro, são parecidos
A lendária obra suméria de Gilga- como metáfora para as deformidades braço direito por conta do ou seja, com ele. A reflexão que fica, de fato, ao
mesh contava a história de um semi- causadas pela bomba atômica, as “flo- remédio). A talidomida fun- a ideia ler um livro como Flores é: seria sua es-
deus em busca da imortalidade. No res” de Bellatin podem ser vistas como ciona como a “bomba atô- do alhe- crita dotada de “real” ou seria Bellatin,
caso de Flores, os personagens são de- as deformidades da sociedade. Cada mica” de Bellatin: ela afeta amento radical ele próprio, uma ficção?
generados e sua busca é por aquilo que uma delas parte integrante de um todo: todas as flores do seu jardim, (domínio público) e
irá, enfim, satisfazer suas perturbadas de uma planta, de um arranjo, de um direta ou indiretamente, e re- da perda da indivi- Marcelo Andreguetti
existências. Portadores de deformações jardim. presenta o erro da ciência, o dualidade do escritor
congênitas, mulheres que não podem As “flores” se encontram no funes- desabrochar do anormal frente nas obras. Sua vida se Flores - Mario Bellatin
engravidar, poetas excêntricos e alcóo- to e sombrio jardim das vítimas do ao normal da natureza, a sexu- passa no limiar entre Tradução: Josely Vianna Baptista
latras, homens de ciência confrontados medicamento da Talidomida, usado alidade contra a religião. ficção e realidade: seja ao confron- Editora Cosac & Naify, 2009,
com a falência de seus (aparentemen- no início dos anos 60 para combater Mais que um “escritor”, Bella- tar os olhares exteriores por usar 80 pag. - R$ 39,00

Crônica

O caos na troca dos horários de ônibus


Um dia lindo de folga na praia. o morro da Lagoa pedalando. Para che- avisou que ele teria que ir ainda mais apenas com os ônibus para transportar Secretário, mas o senhor não sabe de
Amanhece com uma brisa fria e úmi- gar em Canas, eu perderia o dia todo na apertado na lata de sardinhas que vo- quem não tem dinheiro ou prefere não onde vêm nem para onde vão as pessoas
da, nenhuma nuvem no céu e um sol rodovia, tomaria um banho de mar de cês chamam de linha circular? usar o carro. Nos bairros mal-planeja- que pegam os ônibus. Não há pesquisas
acanhado por trás do morro da Lagoa. 15 minutos e já seria hora de voltar. Eu Com todo o respeito, eu posso apos- dos, as seis pistas da Beira-mar Norte de procedência/destino em nossa ilha
A vontade de pegar um ônibus e ir para poderia ir para o sul, mas é mais prová- tar que ninguém jamais viu uma cidade e a estrutura das rodovias são titanes- da magia. Nem as lendárias bruxas da
praia é gigantesca. Mas a que horas vel eu ser atropelada em uma daquelas cancelar horários de tantas linhas nos cas se comparadas à geral do Córrego ilha fantástica sabem. Ainda assim, o
passa o ônibus? ruas sem acostamento que chegar viva dias de semana. Ao contrário, quan- Grande ou à estreita rua Bocaiúva. São senhor prefere tomar uma decisão “às
O horário que consta no site da na praia. do há mudança, é para oferecer mais as vias terrestres que espremem toda a cegas” e piorar o transporte do cidadão,
Transol não está correto, afinal, o que- Sr. Secretário, por que o senhor opções na tabela, tanto de horários, mobilidade da ilha. que agora precisa, mais que antes, es-
rido secretário de transportes resolveu mudou todos os horários de ônibus quanto de linhas. E pior: além de dimi- Será que tiraram os ônibus das ruas perar por um ônibus.
mudar tudo sem aviso prévio. Por isso, sem noticiar na mídia, sem preparar a nuir o número de ônibus que circulam, para que eles não briguem mais com os Obrigada, senhor Secretário. O
a lista de horários na internet não foi mudança no setor e melou o meu dia nenhum outro transporte coletivo foi carros? Para que os turistas aluguem os senhor acaba de melar o meu dia de
atualizada, nem no site do Setuf (o ór- de praia? Por que o senhor não avisou implementado ou melhorado. seus automóveis assim que chegarem praia. Irei, então, ao trabalho. Para mi-
gão que cuida do transporte viário da ao cidadão que ele chegaria atrasado Sim, Florianópolis – o paraíso na na cidade? Para que o pobre não saia nha sorte, posso ir a pé.
cidade), nem no das empresas. no trabalho se saísse no mesmo horá- Terra, o Éden dos argentinos, europeus e mais de casa, melhorando o trânsito?
Ir de bicicleta? Não tem como subir rio que sai todos os dias? Por que não endinheirados do mundo afora – conta Desculpe dizer dessa forma, senhor Andressa Dreher
Arte: João Assunção

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