Mãe Emília de Oya Lajá foi uma princesa africana que trouxe a nação Oyo para o Rio Grande do Sul. Ela fundou casas de culto e ajudou a manter viva a tradição religiosa africana na região. Seu herdeiro espiritual, Pai Acimar de Xangô Tayó, formou a nação Oyo-Jeje, combinando os ritos de Oyo com Jeje. Esta nação ainda existe hoje e influenciou profundamente a cultura gaúcha.
Mãe Emília de Oya Lajá foi uma princesa africana que trouxe a nação Oyo para o Rio Grande do Sul. Ela fundou casas de culto e ajudou a manter viva a tradição religiosa africana na região. Seu herdeiro espiritual, Pai Acimar de Xangô Tayó, formou a nação Oyo-Jeje, combinando os ritos de Oyo com Jeje. Esta nação ainda existe hoje e influenciou profundamente a cultura gaúcha.
Mãe Emília de Oya Lajá foi uma princesa africana que trouxe a nação Oyo para o Rio Grande do Sul. Ela fundou casas de culto e ajudou a manter viva a tradição religiosa africana na região. Seu herdeiro espiritual, Pai Acimar de Xangô Tayó, formou a nação Oyo-Jeje, combinando os ritos de Oyo com Jeje. Esta nação ainda existe hoje e influenciou profundamente a cultura gaúcha.
Trata da importncia de Me Emlia de Oya Laj, para o desenvolvimento da nao no Rio Grande do Sul, especialmente sobre a formao da nao oyo-jeje. Vertente religiosa africana de tradio yorub.
Palavras-chave: princesa emlia, oyo, jeje, nao
1 INTRODUO
Ao contrrio de outros segmentos da sociedade, na religio africana, a mulher sempre teve e possui ainda hoje grande importncia, pois alm de estar diretamente ligada a formao da religio africana no Rio Grande do Sul, especialmente a nao oyo, dirigente em centenas de casas de culto afro, no Rio Grande do Sul e em outros estados do Brasil. Este artigo tem por objetivo principal mostrar a importncia de Me Emlia de Oya Laj para a religio africana, sobretudo a formao da nao Oyo, especialmente na cidade de Porto Alegre RS, responsvel por trazer o Oyo diretamente da frica para a cidade de Rio Grande, que seguramente veio para Porto Alegre, atravs dela. 2
2 PRINCESA EMLIA
Muito pouco se sabe da histria regressa de Me Emlia de Oya Laj, o que se sabe, de acordo com a tradio Oral (forma mais comum que o conhecimento africano permaneceu at os nossos dias), que era descendente de uma famlia nobre da frica, de local e data de nascimento sem referncias diretas. "A transmisso oral uma tcnica a servio de um sistema dinmico. A lngua oral est indissoluvelmengte ligado dos gestos, expresses e distncia corporal" (SANTOS p.47).
Foi retirada de sua terra natal, de local e data pouco provvel, j que os escravos retirados da frica, no eram tratados diretamente como seres humanos e sim como mercadoria, o que dificulta bastante a identificao de sua origem j que isso no era importante para poca. Cabe uma pesquisa histria para que estas informaes venham a pblico e desta forma tenhamos maiores condies de entender a sua influncia e caractersticas histricas. Todos os relatos que sabe sobre ela, iniciam na cidade de Rio Grande, j em sua fase adulta, viveu grande parte de sua vida nesta cidade. No existe conhecimento difundido, escrito, sobre local de nascimento, onde morava e de que forma o seus cultos religiosos aconteciam. Tudo que se sabe de tradio oral, e muito se perdeu durante dcadas em que o batuque do Rio Grande do Sul, foi ignorado pela comunidade acadmica, que muito estudou os cultos da Bahia e Rio de Janeiro. Faz-se necessrio para obter esses dados uma pesquisa de campo direta nos locais citados de sua vida, a cidade de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, como local onde desembarcou quando veio da frica como escrava e na cidade de Porto Alegre, onde morou na rua Visconde do Herval. A mudana de Me Emlia para a cidade de Porto Alegre acredita-se, ter sido motivada pela necessidade de dar assistncia espiritual aos habitantes da capital, e a tentativa de manter viva a sua tradio religiosa. Sem dvida, Me Emlia, foi mulher, forte, em uma poca em que muitas mulheres no se expressavam ou tinham receio de se expressar, fez valer sua opinio, e deu condies do conhecimento da nao Oyo existir, mesmo que com muitas dificuldades (j que muito se perdeu) at os nossos dias de hoje. Me Emlia, como ficou conhecida foi responsvel por trazer consigo os conhecimentos da nao dos Orixs de Oyo, e cultu-los na cultura gacha.
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Para Tacques (2008 p. 84) "um dos pontos iniciais do Oy, que comea a formar a nossa Bacia, a Sra Emlia Fontes de Arajo, conhecida como Me Emlia de Oy Laja (grifo nosso), que era uma Princesa do Povo Yorub, na Nigria ...". A famlia Oyo divide a sua origem com duas irms, y Emlia de Oy Laj e y Cesria de Sng - Oba Leri. Note que esta nao tambm divide o trono com duas divindades Oya e Sango. [informao Gilson de Oba, raiz Oyo] (Wolff, 2013) Existe muita controvrsia no nascimento e morte da Princesa Emlia, no entanto, optou-se na data de 1930, como a que mais foi relatada. Dentro da histria do Brasil, existem, muitas controvrsias sobre a formao do negro, o nmero de escravos escravizados, onde foram quando vieram e de que forma estes escravos vieram para o Brasil (Carvalho, 2000 p. 6). Tacques (2008 p. 80) destaca que "Me Emlia, falecida em 1930, deixou como herdeiro: ... Pai Acimar de Xang Tay ...", o que nos leva a definir esta data como mais provvel por sua morte.
4 FORMAO DA NAO OYO-JEJE Pai Acimar de Xang Tay, foi o responsvel pela formao da nao oyo-jeje, conforme nos destaca Tacques. "Pai Acimar de Xang Tay, Sr Acimar Cezarino Ribeiro dos Santos, que iniciou oficialmente a nossa Bacia no Rio Grande do Sul com Oy e Jeje. Pai Acimar tambm faz parte da Bacia do Pai Antoninho de Oxum. Pertenceu a gamela de Me Nicola de Xang Bambox e passou para Me Miguelina conhecida como Me Miguela de Xang Tay." (Tacques, 2008 85-86 p.) Ao se analisar a formao da religio africana no Rio Grande do Sul, nos possvel perceber que ao contrrio do que muitos acreditam a Batuque do Rio Grande do Sul, de forma alguma uma ramificao do Cadombl presente na Bahia, j que apresenta ritos e fundamentos bem diferenciados. Assim como o Cadombl bahiano, o batuque do riograndense apresenta razes diretas no continente africano, tendo a sua formao praticamente na mesma poca com vinda dos escravos ao para o Brasil. 4
Na frica cada regio cultuava um grupo diferenntes de Orixs, de forma diferente, com dogmas e rituais, de acordo com a regio geogrfica. Quando os escravos vieram para o Brasil, trouxeram consigo estas naes diferentes. Com a escravido estes escravos, vindos ao Brasil, viram a sua cultura ser desmantelada, e com a possibilidade de ser perdida, organizando assim o culto em nosso pas. Como vieram de regies diferentes, trouxeram consigo ritos diferentes, que foram unidos aqui, especialmente no Rio Grande do Sul, formando o que se entende por Batuque. Cada regio oriunda diretamente da frica, criou um nao diferente, jeje, oyo, ijex, nag, cabinda, dentre outras. Uma das ramificaes da nao Oyo (nosso objeto de estudo) formada por Pai Acimar de Xang, herdeiro espiritual de Me Emlia. "Pai Acimar de Xang Tay, Sr Acimar Cezarino Ribeiro dos Santos, que iniciou oficialmente a nossa Bacia no Rio Grande do Sul com Oy e Jeje. Pai Acimar tambm faz parte da Bacia do Pai Antoninho de Oxum. Pertenceu a gamela de Me Nicola de Xang Bambox e passou para Me Miguelina conhecida como Me Miguela de Xang Tay." (Tacques, 2008 85-86 p.) Desta maneira fcil perceber a importncia de Me Emlia de Oya Laj, ou simplesmente Princesa Emlia, pois a vertende criada por ela, ainda hoje est presente, em dezenas de casas de ax oriundas de Pai Acimar. importante que todos tenham a viso de que para a entender a cultura de um povo necessrio sempre se olhar para traz, analisar nossa histria, e verificar quem to foram nossos peronagens. No possvel querer entender a histria apenas sobre o enfoque de alguns historiadores que muitas vezes realizam pesquisas patrocidas por instituies que j determinam o resultado final que esperam daquela pesquisa. 3 CONSIDERAES FINAIS A importncia de uma mulher negra, como a Princesa Emlia de Oya Laj, de extrema importncia, pois de uma s vez nos torna ssvel a compreenso de duas coisas, a influncia da mulher na religio, e sobretudo a importncia da mulher negra, em uma poca onde a cultura africana era sempre muito criticada. 5
Entender nossa histria compreender o presente, o porque fazemos de um jeito e porque no fazemos de outra forma. Na religio africana, o conhecimento na sua maior parte transmitido pela oralidade, neste sentido se faz necessrio saber de quem recebemos o conhecimento que praticamos. (Pereira, 2013) Quando se compreennde a histria e a importncia de pessoas influentes, temos condies de entender a dinmica social em que estamos inseridos, alguns porques, indagaes e de que maneira a estas possibilitaram a mudana de conceitos. A histria do Rio Grande do Sul repleta de exemplos de homens e mulheres que mudaram o rumo de suas comunidades, na cultura, na religio, na poltica. importante que todos comeem a repensar a histria, que reler o existe, filtrar o que necessrio e procurar reescrever, desenvolver senso crtico, para fazer com que as pessoas tambm faam isso. necessrio e importante conhecer a formao da religio africana no Rio Grande do Sul, essencialmente da nao Oyo-jeje, para poder compreender de que maneira a religio africana influenciou a cultura, a poltica e costumes gachos. Entender o passado, sempre nos faz compreender melhor nosso presente, nossa histria e nossa raiz. REFERNCIAS
CARVALHO, Marcom Antonio de. Cultura negra. So Paulo: Editora Trs, 2000. FALANDO das naes do batuque. Disponvel por http://blogs.montevideo.com.uy/blognoticiasarchivo_18174_20100601_20100630_1.html em 24 ago 2013 PEREIRA, Ronie Anderson. Origem feitura Pai Ronie de Ogum. Disponvel por http://ileorixa.com.br/paironie/religiao/historia.html, em 24 ago 2013. Publicado em 07 fev 2013. SANTOS, Juana Elbein dos. Os Ng e a morte: Pde, ss e o culto gun na Bahia; traduzido pela Universidade Federal da Bahia. 13 ed. Petrpolis, Vozes, 2008. TACQUES, Ivone Aguiar. Il-If: de onde viemos. Porto Alegre: Artha, 2008. WOLFF, Erick. A estrutura religiosa afroconesul e os concitos yorubas. Parte 2. Publicado na Revista Olorum, n. 6, outubro de 2011.Disponvel por http://mantodeoxala.blogspot.com.br/2012/11/a-estrutura-religiosa-afrosul-e-os_9.html em 25 ago 2013 6