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QUE CIÊNCIA E ESSA?

J. Herculano Pires
Jornal Espírita - julho de 1975 - Nº. 1 - pág 4
http://www.feesp.com.br/divulgacao/pag_jespirita_materia2.htm

Encarando-o por uma perspectiva puramente cultural, o Espitismo é filho da era


científica. No plano religioso, ele se apresenta como o desenvolvimento histórico do
Cristianismo. Numa visão espiritual, é a III Revelação do processo judeu-cristão,
prometida pelo próprio Cristo, para quando os homens estivessem em condições de
compreendê-lo.

Esta colocação do problema espírita é suficiente para mostrar sua complexidade e, ao


mesmo tempo, revelar a leviandade dos que procuram denegrí-lo sem o conhecer.
Proponho-me a tratar aqui do problema específico da Ciência Espírita, essa
desconhecida. Mas, como é natural em se tratando de doutrina tão complexa e
admiravelmente estruturada, serei obrigado, de vez em quando, a me referir aos
problemas de outras áreas, que se ligam à questão científica.

Muitas pessoas me perguntam, quando me refiro a essa questão: "Que ciência é essa?"
Em geral, considera-se o espiritismo como uma espécie de seita religiosa. Entre os
próprios espíritas, fala-se muito em Ciência Espírita, mas ninguém sabe explicar do que
se trata. É natural que isso aconteça, num país em que só agora o nível cultural do povo
está se elevando, o que não permitiu o real desenvolvimento dos estudos espíritas,
sempre realizados de maneira canhestra, sem o método e o rigor ncessários. Mas, o
tempo chegou, e nele estamos, em que as imprecisões e as confusões devem ser
superadas o mais depressa possível.

Não tenho a pretensão de ser mestre no assunto, mas estou seguro de conhecê-lo o
suficiente para corresponder à confiança do amigos do Jornal Espírita, que me
convidaram a tratar do assunto. Tudo farei para acertar e me considerarei muito feliz, se
os leitores quiserem me ajudar com suas sugestões e suas correções, no caso de algum
deslize. No Espiritismo, somos todos aprendizes e devemos ajudar-nos mutuamente,
sem vaidade e sem melindres, se quisermos tocar com a ponta dos dedos a fimbria da
túnica da Verdade. Vamos aos fatos.

Parece-me bastante clara a posição de Kardec, ao afirmar que as Ciências, até o seu
tempo, só tratavam de questões materiais, deixando às religiões os problemas
espirituais. Essa anomalia chegou até os nossos dias, apoiada em pressupostos
filosóficos, como os do criticismo de Kant, que negavam a possibilidade de
conhecermos racionalmente as questões fundamentais do espírito. Mas agora, as coisas
se modificaram, diante dos resultados surpreendentes do avanço científico do nosso
século. E o importante é que esses resultados confirmam o acerto de Kardec, ao tratar da
necessidade de uma Ciência do Espírito que, segundo ele afirmava, deve andar de mãos
dadas com a Ciência da Matéria.

A lógica de Kardec é irretorquível. Toda a realidade que conhecemos decorre de um


processo dialético produzido pela relação constante e a universal interação de espírito e
matéria. Nada é só espírito e nada é só matéria. Desde o átomo até às galaxias, às
constelações no Infinito, o Universo conhecido se apresenta como o resultado da ação
do espírito sobre a matéria e da reação desta sobre aquele. É um equívoco a luta
ideológica entre Materialismo e Espiritualismo. A Ciência, no pleno sentido do termo,
não pode limitar-se apenas a um dos aspectos da realidade.

Essa posição de Kardec seria suficiente para mostrar a grandeza do seu gênio, mas os
homens de ciência, apegados a uma terminologia rígida, entenderam que Kardec se
enganava, tomando o que chamavam de força ou energia por espírito, além disso,
convencidos de que os problemas espirituais pertenciam ao passado supersticioso da
humanidade, revoltaram-se com a pretensão de Kardec e passaram a tratá-lo como um
visionário.

Um século depois, vemos a Ciência da Matéria tocando, com os dedos trêmulos de


Tomé, as chagas da verdade crucificada, que ressuscita em seu corpo espiritual.
Naturalmente, há resistência no campo científico e os sabichões (como Richet os
classificou) continuarão ainda por muito tempo a bater a cabeça contra o muro da
evidência. Mas, o número de cientistas que aceitam hoje a tese de Kardec (mesmo sem
conhecê-la) aumenta sem cessar em todo o mundo, até mesmo as áreas do materialismo
estatal. Chegará o momento, já bem próximo, em que os sabichões também terão de
curvar-se ante a verdade evidente.

A Ciência Espírita não tem por finalidade combater ou superar a Ciência da Matéria,
mas apenas dar-lhe as mãos para um trabalho em conjunto. As questões científicas não
se resolvem com palavras, através da pesquisa. E a pesquisa científica não pode furtar-
se à realidade dos seus próprios resultados.

As conquistas mais recentes da pesquisa científica material levaram a cultura do século


a uma encruzilhada decisiva. O fantasma do Espiritismo, que só assustava as religiões,
está agora transformando os laboratórios científicos em casas mal-assombradas. Mas,
como os cientístas em geral não acreditam em assombrações, nem tem o Diabo, é de
esperar-se que o fantasma seja bem sucedido nessas incursões. Os verdadeiros cientistas
acabarão fazendo-se amigos e companheiros desse intrujão. Como previu Sir Oliver
Lodge, homens e espíritos passarão a trabalhar juntos.

Obs: J. Herculano Pires desencarnou em 09 de março de 1979.

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