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TEMPO COMUM. TRIGÉSIMA QUARTA SEMANA.

SEXTA-FEIRA

96. UMA PALAVRA ETERNA


– Leitura do Evangelho.

– Deus fala-nos na Sagrada Escritura.

– Para tirar fruto.

I. A PONTO DE TERMINAR o ciclo litúrgico, lemos no Evangelho da Missa


esta expressão do Senhor: O céu e a terra passarão, mas as minhas palavras
não passarão1.

As palavras de Jesus são palavras eternas, pois deram-nos a conhecer a


intimidade do Pai e o caminho que devíamos seguir para chegar até Ele.
Permanecerão porque foram pronunciadas por Deus para cada homem, para
cada mulher que vem a este mundo. Deus, tendo falado outrora muitas vezes e
de muitos modos aos nossos pais pelos profetas, ultimamente, nestes dias,
falou-nos por meio do seu Filho2. “Estes dias” são também os nossos. Jesus
Cristo continua a falar, e as suas palavras, por serem divinas, são sempre
actuais.

Toda a Escritura anterior a Cristo adquire o seu sentido exacto à luz da


figura e da pregação do Senhor. Santo Agostinho, com uma expressão
vigorosa, escreve que “a Lei estava prenhe de Cristo”3. E afirma em outro
lugar: “Lede os livros proféticos sem ver Cristo neles: não há nada mais
insípido, mais insosso. Mas descobri Cristo neles, e isso que ledes torna-se
não só saboroso, mas embriagador”4. É Cristo quem descobre o profundo
sentido que se contém em toda a revelação anterior: Então abriu-lhes o
entendimento para que compreendessem as Escrituras5.

Os judeus que se negaram a aceitar o Evangelho ficaram na situação de


quem possui um cofre com um grande tesouro, mas não tem a chave para abri-
lo. Os seus espíritos – escreve São Paulo aos cristãos de Corinto – velaram-
se, e ainda hoje o mesmo véu continua estendido sobre a leitura do Antigo
Testamento, porque só em Cristo é que ele desaparece6, pois “a economia do
Antigo Testamento estava ordenada principalmente para preparar a vinda de
Cristo, redentor universal, e o seu reino messiânico [...]. Deus, que é o
inspirador e autor dos livros de ambos os Testamentos, dispôs as coisas
sabiamente, de tal modo que o Novo estivesse latente no Antigo e o Antigo se
tornasse claro no Novo”7. É comovente neste sentido o diálogo entre o
Apóstolo Filipe e o etíope, ministro de Candace, que lia o profeta Isaías.
Compreendes o que lês?, perguntou-lhe Filipe. Como poderei compreender se
não houver alguém que mo explique? Então, principiando por essa passagem
da Escritura, anunciou-lhe Jesus8. Jesus era a peça-chave para que
compreendesse.
São João Crisóstomo comenta assim esse episódio narrado pelos Actos dos
Apóstolos: “Considerai como é importante não desleixar-se em ler a Escritura
até mesmo numa viagem [...]. Pensem nisto aqueles que nem sequer em casa
a lêem; porque estão com a mulher, ou porque militam no exército ou estão
preocupados com os familiares e ocupados em outros assuntos, julgam que
não lhes convém fazer esse esforço por ler as divinas Escrituras [...]. Este
bárbaro etíope é um exemplo para nós: para os que têm uma vida privada,
para os membros do exército, para as autoridades e também para as mulheres
– com maior razão se estão sempre em casa – e para os que escolheram a
vida monástica. Aprendam todos que nenhuma circunstância é impedimento
para a leitura divina, que é possível realizá-la não só em casa, mas na praça,
em viagem, em companhia de outras pessoas ou no meio de uma ocupação.
Não descuremos, rogo-vos, a leitura das Escrituras”9.

A Igreja sempre recomendou a leitura e a meditação dos textos sagrados,


principalmente do Novo Testamento, em cujas passagens encontramos sempre
Cristo que vem ao nosso encontro. Uns poucos minutos diários ajudam-nos a
conhecer melhor Jesus, a amá-lo mais, pois só amamos aquilo que
conhecemos bem.

II. TODAS AS ESCRITURAS traçaram o caminho que Cristo devia


percorrer10, todas de certo modo anunciaram o Messias. Os Profetas
descreveram esse dia e desejaram vê-lo11. Os discípulos viriam a reconhecer
em Cristo Aquele que tantas vezes e de tantas formas fora anunciado12.
Quando São Paulo tiver que defender-se das ameaças do rei Agripa, dirá
simplesmente que se limita a anunciar o cumprimento do que os Profetas
anunciaram13. Contudo, não foi Cristo que olhou para os Profetas e Moisés e
lhes obedeceu. Foram eles que nas suas descrições, por inspiração divina, se
subordinaram ao que seria a existência do Filho de Deus na terra. Porque
Moisés escreveu de mim14. E Abraão, vosso pai, suspirou por ver o meu dia;
viu-o e alegrou-se15.

Jesus Cristo aplica a si as antigas figuras: o templo16, o maná17, a pedra18, a


serpente de bronze19. Por isso dirá em certa ocasião: Examinais as Escrituras
porque credes ter nelas a vida eterna; e são elas que dão testemunho de
mim20. Quando lemos no Evangelho que o céu e a terra passarão, mas não as
palavras de Cristo, isso significa de algum modo que nelas se contém toda a
revelação de Deus aos homens: a anterior à sua vinda, que tem valor em tudo
o que se refere a Ele, pois é n’Ele que se cumpre e clarifica; e a novidade que
o Senhor traz aos homens, indicando-lhes claramente o caminho que devem
seguir. Jesus Cristo é a plenitude da revelação de Deus aos homens. “Ao dar-
nos, como nos deu, o seu Filho, que é uma Palavra sua, e não tem outra, falou-
nos tudo junto e de uma vez nessa única Palavra, e não tem mais nada que
falar”21.

A Epístola aos Hebreus22 ensina que a palavra de Deus é viva e eficaz, e


mais penetrante que espada de dois gumes; e chega até à separação da alma
e do espírito, das articulações e da medula, e discerne os pensamentos e
intenções do coração. É palavra nova e expressamente dirigida a nós, se
sabemos lê-la com fé. “Nos Livros sagrados, com efeito, o Pai que está nos
céus vem carinhosamente ao encontro dos seus filhos para conversar com
eles. E é tão grande o poder e a eficácia que se encerra na palavra de Deus,
que ela constitui sustentáculo e vigor para a Igreja, e, para os seus filhos,
firmeza da fé, alimento da alma, pura e perene fonte de vida espiritual”23.

De alguma maneira, são actuais a partida e o regresso do filho pródigo, a


necessidade do fermento para transformar a massa do mundo, os leprosos que
ficam curados no seu encontro com Cristo. Quantas vezes não teremos pedido
a Jesus luz para as nossas vidas, servindo-nos das palavras de Bartimeu: Ut
videam!, que eu veja, Senhor! Quantas vezes não teremos recorrido à
misericórdia divina com as palavras do publicano: Tem piedade de mim,
Senhor, que sou um pecador! Como saímos reconfortados do encontro diário
com Jesus na leitura do Evangelho!

III. QUÃO DOCES SÃO as tuas palavras para o meu paladar! São-no mais
que o mel para a minha boca24.

Às vezes – observa Ronald Knox25 –, quando várias pessoas cantam sem


acompanhamento de um instrumento musical, tende-se a baixar o tom; a voz
vai caindo aos poucos. Por isso, se o coro não está acostumado a cantar sem
acompanhamento musical, o director costuma ter escondido um diapasão que
sopra brevemente de vez em quando, para lembrar a todos a nota com que
devem sintonizar.

Quando a vida espiritual começa a baixar de tom, a elanguescer, é


necessário também um diapasão que reponha o tom. Quantas vezes a
meditação de uma passagem do Evangelho, sobretudo da Paixão de Nosso
Senhor, não foi como que uma enérgica chamada de atenção para fugirmos
dessa vida menos heróica que queríamos levar...!

Não podemos passar as páginas do Evangelho como se fossem as de um


livro qualquer. Com que amor foi guardado durante séculos, quando somente
algumas comunidades cristãs tinham o privilégio de possuir uma cópia ou
apenas algumas páginas! Com que piedade e reverência era lido! A sua leitura
– ensina São Cipriano a respeito da oração – é alicerce sólido para edificarmos
a esperança, meio para consolidarmos a fé, alimento para a caridade, guia que
indica o caminho...26 Santo Agostinho diz que os ensinamentos nele contidos
“são lâmpadas colocadas num lugar escuro”27, que sempre iluminam a nossa
vida.

Para tirarmos fruto da leitura e meditação do Evangelho, “pensa que não só


deves saber, mas viver o que ali se narra: obras e ditos de Cristo. Tudo, cada
ponto que se relata, foi registado, detalhe por detalhe, para que o encarnes nas
circunstâncias concretas da tua existência.
“– O Senhor chamou-nos, a nós católicos, para que o seguíssemos de perto;
e, nesse Texto Santo, encontras a Vida de Jesus; mas, além disso, deves
encontrar a tua própria vida.

“Aprenderás a perguntar tu também, como o Apóstolo, cheio de amor:


«Senhor, que queres que eu faça?...» A Vontade de Deus!, ouvirás na tua alma
de modo terminante.

“Pois bem, pega no Evangelho diariamente, e lê-o e vive-o como norma


concreta. – Assim procederam os santos”28.

Então poderemos dizer com o Salmista: Lâmpada para os meus passos é a


tua palavra, e luz para os meus caminhos29.

(1) Lc 21, 33; (2) Hebr 1, 1; (3) Santo Agostinho, Sermão 196, 1; (4) Santo Agostinho,
Comentário ao Evangelho de São João, 9, 3; (5) Lc 24, 45; (6) 2 Cor 3, 14; (7) Concílio
Vaticano II, Constituição Verbum Dei, 15 e segs.; (8) cfr. Act 8, 27-35; (9) São João
Crisóstomo, Homilias sobre o Genesis, 35; (10) cfr. Lc 22, 37; (11) cfr. Lc 10, 24; (12) cfr. Jo 1,
41-45; (13) cfr. At 26, 2; (14) Jo 5, 46; (15) Jo 8, 56; (16) Jo 2, 19; (17) cfr. Jo 6, 32; (18) cfr. Jo
7, 8; (19) cfr. Jo 3, 14; (20) Jo 5, 39; (21) São João da Cruz, Subida do Monte Carmelo, II, 22;
(22) Hebr 4, 12; (23) Concílio Vaticano II, Constituição Dei Verbum, 2; (24) Sl 118, 103; (25)
Ronald A. Knox, Ejercicios para seglares, 2ª ed., Rialp, Madrid, 1962, pág. 177; (26) cfr. São
Cipriano, Tratado sobre a oração; (27) Santo Agostinho, Comentários sobre os Salmos, 128;
(28) São Josemaría Escrivá, Forja, n. 754; (29) Sl 118, 105.

(Fonte: Website de Francisco Fernández Carvajal AQUI)

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