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CAPÍTULO 1

MECANISMOS DE RESISTÊNCIA INESPECÍFICA DO HOSPEDEIRO

O sistema imune reage à entrada de agentes estranhos no organismo utilizando dois


mecanismos básicos de respostas:

os mecanismos de resistência natural, que são inespecíficos e herdados geneticamente e


os mecanismos de imunidade adquirida, que são específicos e desencadeados a partir dos
contatos com as substâncias estranhas ambientais (antígenos).

Utiliza-se o termo resistência natural e não imunidade porque este termo está relacionado à
produção de moléculas específicas tais como os anticorpos.

Neste capítulo, abordaremos os principais mecanismos de resistência natural dos diversos


sistemas do organismo humano. Estes mecanismos de resistência natural podem estar presentes:

nas portas de entrada, tais como, a pele e as mucosas dos sistemas digestivo, respiratório e
genito-urinário, consistindo em mecanismos de Resistência Natural Externos.
e no interior dos próprios tecidos, consistindo em mecanismos de Resistência Natural
Internos.

MECANISMOS DE RESISTÊNCIA NATURAL DA PELE

A superfície da pele alberga milhões de espécies bacterianas que constituem a flora normal,
importante na manutenção de equilíbrio entre bactérias patogênicas e não patogênicas. As bactérias
desta flora, pela produção de bacteriocinas, controlam a proliferação exacerbada das espécies
bacterianas residentes. Poucos microorganismos penetram na pele íntegra, porém alguns conseguem se
estabelecer nas glândulas sudoríparas ou sebáceas e folículos pilosos. Microorganismos tais como o
2 FILOMENA M. P. BALESTIERI – IMUNOLOGIA BÁSICA E APLICADA

Treponema palidum e a Francisella tularensis penetram na pele íntegra e certos fungos penetram nas
raízes dos cabelos.

As secreções sudoríparas e sebáceas, em virtude de seu pH ácido, e possivelmente, pela


presença de ácidos graxos, possuem propriedades antimicrobianas que tendem a eliminar os
microorganismos patogênicos. Estes ácidos graxos - os ácidos láctico, caprílico e capróico (Figura 1)
das glândulas sebáceas - têm comprovado efeito bactericida. No couro cabeludo e em outras partes
pilosas do corpo humano, há secreção de ácidos graxos saturados de 7, 9 e 11 carbonos. Estes ácidos
são também fungistáticos e importantes na eliminação de fungos que causam infecções na pele e pelos.
A ausência de ácidos graxos nas áreas desvestidas de glândulas sebáceas, como entre os dedos dos pés,
aumenta a susceptibilidade à infecções fúngicas.

A lisozima, enzima que dissolve algumas paredes bacterianas, está presente na pele e nas
lágrimas; é uma muramidase que cliva a ligação de ponte glicosídica β (1-4) entre a N-acetilglicosamina
e o ácido murâmico do glicopeptídeo da parede celular de bactérias gram-positivas. O seu pH no ponto
isoelétrico é 11, o que permite que ela se associe a proteínas ácidas das bactérias. Após a associação, a
lisozima inicia o processo de digestão hidrolítica da parede celular bacteriana. A parede celular de
bactérias gram positivas e, em menor extensão a de bactérias gram negativas, são susceptíveis à ação da
lisozima. Nas bactérias gram negativas, a ação da lisozima é dependente da ativação do sistema
complemento.

A resistência cutânea pode variar com a idade. Na infância, a susceptibilidade às micoses no


couro cabeludo (“tinhas”) é alta, por que a produção dos ácidos graxos é aumentada pelos hormônios
sexuais. Desta forma, após a puberdade, a resistência a estes fungos aumenta bastante com o crescente
teor de ácidos graxos nas secreções sebáceas.

Figura 1 - Fórmula do ácido capróico - ácido graxo saturado

H3C - CH2- CH2- CH2- CH2-COOH (6 carbonos)


CAP. 1 - MECANISMOS DE RESISTÊNCIA INESPECÍFICA DO HOSPEDEIRO 3

MECANISMOS DE RESISTÊNCIA NATURAL DO SISTEMA RESPIRATÓRIO

Na mucosa das vias respiratórias, uma película de muco reveste a superfície e é constantemente
impelida, pelas células ciliadas, no sentido dos orifícios naturais. Em pessoas normais, este muco limpa
cerca de 90% do material depositado a cada hora. Indivíduos com deficiência no batimento ciliar
apresentam episódios recorrentes de bronquite, sinusite e frequentes pneumonias e infecções do ouvido.
Estes cílios têm ação sobre partículas de 0,5 a 2 µm de diâmetro. As partículas menores que 0,5 µm são
inaladas profundamente e podem iniciar uma infecção, desde que os patógenos podem escapar da ação
dos macrófagos alveolares. Estes macrófagos, que revestem toda a mucosa respiratória, pela sua ação
fagocítica complementam a remoção das bactérias pelo aparelho muco-ciliar. Macrófagos alveolares de
rato podem matar 99% dos microorganismos em relação aos 50% mortos pelos fagócitos sanguíneos.

O muco, assim como as lágrimas, possuem lisozima e outras substâncias anti-microbianas.

Além destes, ainda são considerados mecanismos de resistência natural, os pelos das narinas e
a tosse, que impede a aspiração de partículas estranhas.

Todo este sistema de defesa, apesar de eficiente, pode ser suprimido pelo uso de álcool, fumo,
narcóticos, hipóxia e acidose.

MECANISMOS DE RESISTÊNCIA NATURAL DO SISTEMA DIGESTIVO

As mucosas da boca e da garganta, assim como a pele, albergam bactérias patogênicas e não
patogênicas, que são mantidas sob controle pelas bacteriocinas. Além disso, a saliva contém enzimas
hidrolíticas, que lesionam a parede dos microorganismos.

No estômago, os microorganismos encontram um pH muito ácido (pH 1), oriundo da secreção


de HCl pelas células parietais. Apenas organismos marcadamente acidúricos ou envolvidos
profundamente em partículas de alimento podem escapar à capacidade precipitante deste ácido.

No intestino delgado, o pH torna-se ligeiramente alcalino por causa dos fluidos pancreáticos e
biliares. Neste local as bactérias ainda estão em baixo número. No intestino grosso, há numerosos
microorganismos não patogênicos que regulam a população de patógenos que possam aí se instalar.
Terapia com antibiótico de amplo espectro pode suprimir esta população levando a infecções fúngicas
no intestino.
4 FILOMENA M. P. BALESTIERI – IMUNOLOGIA BÁSICA E APLICADA

MECANISMOS DE RESISTÊNCIA NATURAL DO SISTEMA GENITO-URINÁRIO

No trato genito-urinário, a fluidez, a acidez e o conteúdo de lisozima na urina protegem as


mucosas. Os gonococos são as bactérias mais susceptíveis a acidez urinária.

Na vagina adulta, o pH ácido é mantido por lactobacilos normais que interferem com o
estabelecimento de leveduras, bactérias anaeróbias e gram-negativas. No trato genital masculino, a
espermina e a espermidina são as moléculas responsáveis pelo efeito bactericida.

MECANISMOS DE RESISTÊNCIA NATURAL INTERNOS

Caso os fatores de resistência natural externos não sejam eficientes o bastante para impedir a
entrada de partículas estranhas, mecanismos de resistência natural internos são ativados na tentativa de
eliminá-las antes que mecanismos específicos sejam desencadeados.

Dentre estes mecanismos, o mais importante é a fagocitose, efetuada principalmente por


neutrófilos e macrófagos (Capítulo 4).

Outros mecanismos, que serão posteriormente estudados em detalhes, são a ativação das
células NK (Capítulo 9) e da via Alternativa do sistema Complemento (Capítulo 10).

Além destes mecanismos, várias macromoléculas são produzidas e ligam-se à parede


bacteriana ou estruturas virais impedindo a infecção.

As histonas, as protaminas, a espermina e espermidina são moléculas que se associam à


moléculas carregadas negativamente na parede de bactérias. As β-lisinas séricas (idêntica
provavelmente à plaquinas de plaquetas) atuam sobre bactérias gram positivas.

As glicoproteínas séricas - fetuína, transferrina e α-1- glicoproteína inibem o ataque de vírus


a células susceptíveis e assim protegem as células de infecções virais.

A lactoferrina não saturada, presente no leite, assim como a transferrina têm ação protetiva
transportando ferro do meio extracelular para o intracelular, reduzindo a sua concentração nos tecidos e
a proliferação bacteriana. A transferrina é uma β1-globulina sintetizada por hepatócitos; cada
molécula de transferrina associa-se a dois átomos férricos. Exceto por pequenas quantidades de ferro
ligadas à ferritina, praticamente todo ferro circulante está ligado a transferrina no sangue de indivíduos
normais.
CAP. 1 - MECANISMOS DE RESISTÊNCIA INESPECÍFICA DO HOSPEDEIRO 5

FATORES QUE INTERFEREM NOS MECANISMOS DE RESISTÊNCIA NATURAL

ESPÉCIE

Alguns microorganismos são espécie-específicos. O porque deste tipo de associação nem


sempre é compreendido. Em alguns casos a simples diferença de temperatura corporal entre duas
espécies altera a capacidade de colonização de um microorganismo. Por exemplo, o Mycobacterium
avium provoca tuberculose somente em aves. O Bacillus anthracis infecta o homem mas não galinhas
(temperatura corporal: 39oC). O gonococos infecta apenas homens e macacos.

RAÇA OU LINHAGEM

É muito difícil observar a espécie humana neste sentido mas existem sugestões de que a raça
negra é mais susceptível à tuberculose enquanto que é mais resistente à difteria, influenza e gonorréia.

Deficiências hereditárias de glicose-6-fosfato nas hemácias de certos indivíduos levam à


resistência à malária por Plasmodium falciparum.

Os portadores de anemia falciforme são resistente ao Plasmodium falciparum.

Os negros quando não apresentam o antígeno Duffy nas hemácias são resistentes ao
Plasmodium vivax, porque este antígeno serve como receptor para o parasita.

SEXO

Estas diferenças na resposta são mais fáceis de serem observadas em animais de laboratório.
Em relação à infecção com Listeria monocytogenes, camundongos isogênicos (geneticamente iguais) da
linhagem BALB/c fêmeas são mais susceptíveis que camundongos machos. No entanto, camundongos
C57Bl/6 machos e fêmeas são igualmente susceptíveis. Em relação à infecção por Trypanosoma cruzi,
as fêmeas são mais resistentes que os machos.

IDADE

Indivíduos muito jovens ou muito idosos são mais susceptíveis à infecção bacteriana.
Meningite bacteriana, durante o primeiro mês de vida, é mais frequentemente causada por coliformes
pois os anticorpos bactericidas são do tipo IgM e não conseguem atravessar a placenta.
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A forma aguda e letal da Doença de Chagas é mais comum em crianças enquanto que, em
adultos, a evolução é mais lenta e com cardiopatias e alterações digestivas.

A vaginite gonocócica ocorre principalmente em meninas, pois próximo a puberdade a


produção de estrógenos leva à cornificação das células epiteliais e um pH mais ácido, produzindo mais
resistência.

INFLUÊNCIA HORMONAL E METABÓLICA

O Diabetes mellitus leva a maior susceptibilidade à infecções vaginais e piogênicas tissulares,


que podem ser devido a modificações metabólicas, glicemia elevada, influxo reduzido de células
fagocíticas e à diminuição da atividade fagocitária.

NUTRIÇÃO

A desnutrição calórico-proteíca interfere nas concentrações de C3 e fator B, diminui a


produção de Interferon, reduz a atividade de neutrófilos e suprime o sistema de linfócitos T mais do que
o de LB.

A deficiência de Vitamina A afeta a integridade das células epiteliais.

A deficiência de ácido fólico reduz a atividade dos linfócitos T enquanto que a deficiência nas
vitamina B2 e B1 reduz a atividade dos linfócitos B.

Por outro lado, o estado de supernutrição, com excesso de ferro, leva a saturação da
transferrina e da lactoferrina, o acúmulo de ferro nos tecidos e à proliferação bacteriana.

A deficiência proteíca e do complexo de vitaminas A e B leva a um desenvolvimento mais


rápido da infecção por T. cruzi.

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