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Utiliza-se o termo resistência natural e não imunidade porque este termo está relacionado à
produção de moléculas específicas tais como os anticorpos.
nas portas de entrada, tais como, a pele e as mucosas dos sistemas digestivo, respiratório e
genito-urinário, consistindo em mecanismos de Resistência Natural Externos.
e no interior dos próprios tecidos, consistindo em mecanismos de Resistência Natural
Internos.
A superfície da pele alberga milhões de espécies bacterianas que constituem a flora normal,
importante na manutenção de equilíbrio entre bactérias patogênicas e não patogênicas. As bactérias
desta flora, pela produção de bacteriocinas, controlam a proliferação exacerbada das espécies
bacterianas residentes. Poucos microorganismos penetram na pele íntegra, porém alguns conseguem se
estabelecer nas glândulas sudoríparas ou sebáceas e folículos pilosos. Microorganismos tais como o
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Treponema palidum e a Francisella tularensis penetram na pele íntegra e certos fungos penetram nas
raízes dos cabelos.
A lisozima, enzima que dissolve algumas paredes bacterianas, está presente na pele e nas
lágrimas; é uma muramidase que cliva a ligação de ponte glicosídica β (1-4) entre a N-acetilglicosamina
e o ácido murâmico do glicopeptídeo da parede celular de bactérias gram-positivas. O seu pH no ponto
isoelétrico é 11, o que permite que ela se associe a proteínas ácidas das bactérias. Após a associação, a
lisozima inicia o processo de digestão hidrolítica da parede celular bacteriana. A parede celular de
bactérias gram positivas e, em menor extensão a de bactérias gram negativas, são susceptíveis à ação da
lisozima. Nas bactérias gram negativas, a ação da lisozima é dependente da ativação do sistema
complemento.
Na mucosa das vias respiratórias, uma película de muco reveste a superfície e é constantemente
impelida, pelas células ciliadas, no sentido dos orifícios naturais. Em pessoas normais, este muco limpa
cerca de 90% do material depositado a cada hora. Indivíduos com deficiência no batimento ciliar
apresentam episódios recorrentes de bronquite, sinusite e frequentes pneumonias e infecções do ouvido.
Estes cílios têm ação sobre partículas de 0,5 a 2 µm de diâmetro. As partículas menores que 0,5 µm são
inaladas profundamente e podem iniciar uma infecção, desde que os patógenos podem escapar da ação
dos macrófagos alveolares. Estes macrófagos, que revestem toda a mucosa respiratória, pela sua ação
fagocítica complementam a remoção das bactérias pelo aparelho muco-ciliar. Macrófagos alveolares de
rato podem matar 99% dos microorganismos em relação aos 50% mortos pelos fagócitos sanguíneos.
Além destes, ainda são considerados mecanismos de resistência natural, os pelos das narinas e
a tosse, que impede a aspiração de partículas estranhas.
Todo este sistema de defesa, apesar de eficiente, pode ser suprimido pelo uso de álcool, fumo,
narcóticos, hipóxia e acidose.
As mucosas da boca e da garganta, assim como a pele, albergam bactérias patogênicas e não
patogênicas, que são mantidas sob controle pelas bacteriocinas. Além disso, a saliva contém enzimas
hidrolíticas, que lesionam a parede dos microorganismos.
No intestino delgado, o pH torna-se ligeiramente alcalino por causa dos fluidos pancreáticos e
biliares. Neste local as bactérias ainda estão em baixo número. No intestino grosso, há numerosos
microorganismos não patogênicos que regulam a população de patógenos que possam aí se instalar.
Terapia com antibiótico de amplo espectro pode suprimir esta população levando a infecções fúngicas
no intestino.
4 FILOMENA M. P. BALESTIERI – IMUNOLOGIA BÁSICA E APLICADA
Na vagina adulta, o pH ácido é mantido por lactobacilos normais que interferem com o
estabelecimento de leveduras, bactérias anaeróbias e gram-negativas. No trato genital masculino, a
espermina e a espermidina são as moléculas responsáveis pelo efeito bactericida.
Caso os fatores de resistência natural externos não sejam eficientes o bastante para impedir a
entrada de partículas estranhas, mecanismos de resistência natural internos são ativados na tentativa de
eliminá-las antes que mecanismos específicos sejam desencadeados.
Outros mecanismos, que serão posteriormente estudados em detalhes, são a ativação das
células NK (Capítulo 9) e da via Alternativa do sistema Complemento (Capítulo 10).
A lactoferrina não saturada, presente no leite, assim como a transferrina têm ação protetiva
transportando ferro do meio extracelular para o intracelular, reduzindo a sua concentração nos tecidos e
a proliferação bacteriana. A transferrina é uma β1-globulina sintetizada por hepatócitos; cada
molécula de transferrina associa-se a dois átomos férricos. Exceto por pequenas quantidades de ferro
ligadas à ferritina, praticamente todo ferro circulante está ligado a transferrina no sangue de indivíduos
normais.
CAP. 1 - MECANISMOS DE RESISTÊNCIA INESPECÍFICA DO HOSPEDEIRO 5
ESPÉCIE
RAÇA OU LINHAGEM
É muito difícil observar a espécie humana neste sentido mas existem sugestões de que a raça
negra é mais susceptível à tuberculose enquanto que é mais resistente à difteria, influenza e gonorréia.
Os negros quando não apresentam o antígeno Duffy nas hemácias são resistentes ao
Plasmodium vivax, porque este antígeno serve como receptor para o parasita.
SEXO
Estas diferenças na resposta são mais fáceis de serem observadas em animais de laboratório.
Em relação à infecção com Listeria monocytogenes, camundongos isogênicos (geneticamente iguais) da
linhagem BALB/c fêmeas são mais susceptíveis que camundongos machos. No entanto, camundongos
C57Bl/6 machos e fêmeas são igualmente susceptíveis. Em relação à infecção por Trypanosoma cruzi,
as fêmeas são mais resistentes que os machos.
IDADE
Indivíduos muito jovens ou muito idosos são mais susceptíveis à infecção bacteriana.
Meningite bacteriana, durante o primeiro mês de vida, é mais frequentemente causada por coliformes
pois os anticorpos bactericidas são do tipo IgM e não conseguem atravessar a placenta.
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A forma aguda e letal da Doença de Chagas é mais comum em crianças enquanto que, em
adultos, a evolução é mais lenta e com cardiopatias e alterações digestivas.
NUTRIÇÃO
A deficiência de ácido fólico reduz a atividade dos linfócitos T enquanto que a deficiência nas
vitamina B2 e B1 reduz a atividade dos linfócitos B.
Por outro lado, o estado de supernutrição, com excesso de ferro, leva a saturação da
transferrina e da lactoferrina, o acúmulo de ferro nos tecidos e à proliferação bacteriana.