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«Os professores são as novas vítimas do bullying»,sustentou, em

declarações à Lusa, a investigadora que é docente da Universidade


do Minho (UM) e presidente da Comissão Directiva e Cientifica de
Doutoramento em Estudos da Crianças.

Embora sem números oficiais, Maria Beatriz mostra-se «muito


preocupada» com a forma como o bullying, a agressão continuada e
sem motivo, está a atingir os professores.

«Tenho acompanhado casos em que os professores esperam


ansiosamente que o ano escolar termine», referiu a investigadora à
margem do Fórum Educação para a Saúde, organizado pela Câmara
de Famalicão.

No fórum, a docente apresentou a comunicação «O bullying na


escola. Que tipo de intervenções?», remetendo-se apenas à
violência entre pares, «de crianças e jovens para crianças e
jovens».

«Os professores têm dificuldade em controlar os alunos, não


conseguem incentivá-los e ficam cada vez mais desmotivados»,
frisou Maria Beatriz Pereira.

Dos estudos desenvolvidos há, para a investigadora, uma certeza:


«quanto maior é o insucesso escolar maior é a incidência de
bullying».

As mesmas crianças e jovens que «maldosamente» agridem e


maltratam os colegas, no recreio, dentro da sala de aula, «ofendem
os professores, chamam-lhes nomes e ameaçam-nos, não com
agressões físicas, mas com avisos de que, por exemplo, lhes vão
destruir o carro».

«Nos casos que acompanho, os professores são constantemente


denegridos, rebaixados e humilhados pelos alunos», referiu a
docente da UM.

Como «defesa», admitiu Maria Beatriz Pereira, os professores pouco


podem fazer.

«Apresentam queixa contra os estudantes no conselho executivo,


as crianças podem ou não ser suspensas, os pais são chamados
à escola e pouco mais», disse.

De todas as formas de bullying, as que mais parecem deixar marcas


nos professores são, segundo Maria Beatriz Pereira, «o
rebaixamento junto de colegas e alunos e as observações
maldosas sobre o aspecto físico ou a forma de vestir» dos
professores.

«O que caracteriza o bullying é que há sempre um controlo


através do medo e isso tanto acontece junto de crianças como de
adultos», sustentou.

Desde 1997 que a investigadora do Instituto de Estudos da Criança


trabalha sobre a violência escolar. Em 2002 publicou o livro «Para
uma escola sem violência. Estudo e prevenção das práticas
agressivas entre crianças».

De acordo com os dados então recolhidos, em Portugal pensa-se que


«uma em cada cinco crianças e jovens é afectada pelo bullying».

Dos seis mil e duzentos estudantes do 1º, 2º e 3º Ciclo, observados no


triénio 1995/97, a equipa de Maria Beatriz Pereira concluiu que o
insucesso escolar está «intimamente» ligado ao bullying.

«Quanto maior é o insucesso, maior é a agressividade e a


necessidade de maltratar os outros», referiu.

A «única solução» para reduzir os efeitos das agressões físicas e


verbais é, para a docente da UM, «a criação, por parte das escolas,
de regras rígidas e de punições para quem não as cumprir».

«A comunidade educativa tem que reconhecer a existência do


problema, criar um grupo de trabalho com ligação directa à
direcção da escola que proceda ao diagnóstico da realidade a
partir da qual, uma equipa vai definir as regras de intervenção»,
sustentou a investigadora

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