Académique Documents
Professionnel Documents
Culture Documents
— O farol que deve orientar o Juiz na decisão da causa são as provas dos autos. Se
elas não indicarem com segurança a culpa do réu, será força pronunciar o “non
liquet” e absolvê-lo.
—“Nenhuma presunção, por mais veemente que seja, dará motivo para imposição
de pena” (art. 36 do Código Criminal do Império).
— O princípio geral de que toda a decisão condenatória deve assentar em prova
plena e cabal (não só da materialidade do fato criminoso, senão também da
autoria e culpabilidade do agente) manda afastar da cabeça do réu o gládio da
Justiça, nos casos de dúvida invencível.
— Muita cautela devem ter os órgãos do Poder Judiciário ao reexaminar processo
em que, na Primeira Instância, foi o réu absolvido. É que, mais próximo da
causa e em contacto direto com o réu e testemunhas, como que inspiram o Juiz
notáveis e puros influxos da Verdade. Donde a geral concepção de que, a
assinatura do Juiz em sentença absolutória deve interpretar-se por um novo e
venerável testemunho a favor da inocência do réu.
— Mais de um caso têm recenseado os anais forenses de decisões que, louvando-
se em meros indícios, foram motivo e ocasião de deploráveis erros judiciários.
— Em linha de princípio, não é o “habeas corpus” meio idôneo para obstar o curso
do inquérito policial nem da ação penal, se o fato imputado ao réu constituir
crime e houver indícios suficientes de sua autoria.
— Ainda na esfera do “habeas corpus”, é admissível a análise de provas para aferir
a procedência da alegação de falta de justa causa para a ação penal; defeso é
apenas seu exame aprofundado e de sobremão, como se pratica na dilação
probatória.
— Para trancar a ação penal, sob fundamento da ausência de “fumus boni juris”,
há mister se mostre a prova mais clara que a luz meridiana, a fim de se não
subverter a ordem jurídica, entre cujos postulados se inscreve o da apuração
compulsória, pelos órgãos da Justiça, da responsabilidade criminal do infrator.
445.468-3/1
Art. 121, “caput”, combinado com os arts. 14, nº II e 29, do Cód. Penal;
art. 408, “caput”, do Cód. Proc. Penal.
— Segundo a comum opinião dos doutores, para a pronúncia não é mister mais
que a prova da realidade do crime e indícios da responsabilidade do acusado
(art. 408 do Cód. Proc. Penal).
— Não é ao Juiz da pronúncia, mas ao Tribunal Popular, juiz natural da causa,
que compete desclassificar tentativa de homicídio para lesões corporais, se não
afastada de plano a hipótese de haver o réu obrado com intenção homicida ao
efetuar disparos de arma de fogo contra a vítima, que lhe transfixaram a perna.
— Na dúvida sobre a desclassificação do crime para outro da competência do Juiz
singular, deve o Magistrado pronunciar o réu, na forma do art. 408, “caput”, do
Cód. Proc. Penal.
445.468-3/1
Art. 121, “caput”, combinado com os arts. 14, nº II e 29, do Cód. Penal;
art. 408, “caput”, do Cód. Proc. Penal.
— Segundo a comum opinião dos doutores, para a pronúncia não é mister mais
que a prova da realidade do crime e indícios da responsabilidade do acusado
(art. 408 do Cód. Proc. Penal).
— Não é ao Juiz da pronúncia, mas ao Tribunal Popular, juiz natural da causa,
que compete desclassificar tentativa de homicídio para lesões corporais, se não
afastada de plano a hipótese de haver o réu obrado com intenção homicida ao
efetuar disparos de arma de fogo contra a vítima, que lhe transfixaram a perna.
— Na dúvida sobre a desclassificação do crime para outro da competência do Juiz
singular, deve o Magistrado pronunciar o réu, na forma do art. 408, “caput”, do
Cód. Proc. Penal.
— Uma vez conspirem todos os requisitos legais para sua concessão, denegar ao
sentenciado o benefício da comutação de penas fora o mesmo que frustrar, em
seu espírito e forma, o Decreto do Presidente da República e, sobre isso, mentir
ao ideal de justiça.
— Ao condenado que satisfaz o requisito objetivo (lapso temporal) é bem se
conceda comutação de pena. Pequenas deficiências de cunho íntimo ou
subjetivo, que acaso apresente, deve supri-las o Juiz com o espírito mesmo que
preside à outorga do benefício do indulto: o nobre e generoso sentimento de
compreensão humana, com que, pelo Natal, o chefe de Estado sói amercear-se de
todo o encarcerado, “o mais pobre de todos os pobres”, na pungente expressão de
Carnelutti (As Misérias do Processo Penal, 1995, p. 21; trad. José Antonio
Cardinalli).
— Quando claro, o texto legal escusa interpretação e, sobretudo, desautoriza a
que prejudicar o condenado: “In dubio pro libertate. Libertas omnibus rebus
favorabilior est. Na dúvida, pela liberdade! Em todos os assuntos e
circunstâncias, é a liberdade que merece maior favor” (apud Carlos
Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 261).
— Tem fomento de direito a tese de que a punição da falta disciplinar, desde que
não constitua crime, sujeita-se à prescrição administrativa de 2 anos — por
analogia com o art. 109, nº VI, do Cód. Penal —, servindo de termo “a quo”, na
hipótese de fuga, a data da recaptura do condenado (art. 50, nº II, da Lei de
Exec. Penal).
— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o
eloqüente Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em
julgado. Portanto, desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a
autoridade da “res judicata”, um dos principais dogmas em que assenta a ordem
jurídica (art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.).
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm
alguma coisa de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de
falta grave cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).
Art. 12, conjugado com o art. 18, nº III, da Lei nº 6.368/76 (Lei de Tóxicos);
art. 202 do Cód. Proc. Penal;
22
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos).
— É regra de direito positivo que o réu não pode apelar sem recolher-se à prisão
(art. 594 do Cód. Proc. Penal), por força do que estatui o art. 393, nº I, do
mencionado diploma legal, convém a saber: entre os efeitos da sentença
condenatória inscreve-se o de “ser o réu preso ou conservado na prisão”.
— Se o réu carece dos requisitos subjetivos, não há dispensar-lhe o benefício do
apelo em liberdade sem grave afronta ao Direito e à boa razão, sendo legítima a
sentença que o denega.
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado
a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado
o pedido de “habeas corpus”.
—“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença
condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p.
16.585).
— Se o acusado respondeu preso ao processo pela prática de homicídio, será
verdadeira abusão lógica deferir-lhe o benefício da liberdade provisória após
sua condenação, pois entre os efeitos da sentença condenatória recorrível inclui-
se precisamente o de “ser o réu conservado na prisão” (art. 393, nº I, do Cód.
Proc. Penal).
— Se a Justiça o não reputou digno do benefício da liberdade, quando ainda
contava ser absolvido, com mais forte razão carecerá o acusado de requisito
subjetivo depois de condenado, quando a presunção de inocência terá cedido à
de sua culpabilidade.
— Segundo entendimento pacífico do STF, a disposição do art. 594 do Cód. Proc.
Penal não se aplica a réu preso em razão de flagrante ou preventiva (cf.
Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 474).
— É regra de direito positivo que o réu não pode apelar sem recolher-se à prisão
(art. 594 do Cód. Proc. Penal), por força do que estatui o art. 393, nº I, do
mencionado diploma legal, convém a saber: entre os efeitos da sentença
condenatória inscreve-se o de “ser o réu preso ou conservado na prisão”.
— Se o réu carece dos requisitos subjetivos, não há dispensar-lhe o benefício do
apelo em liberdade sem grave afronta ao Direito e à boa razão, sendo legítima a
sentença que o denega.
— Por expressa disposição legal, não tem direito a liberdade provisória quem é
acusado de tráfico de entorpecentes, crime do número dos “hediondos” (art.
2º, nº II, da Lei nº 8.072/90).
— Ainda que, pelo comum, o juiz não fique “adstrito ao laudo” (art. 182 do Cód.
Proc. Penal), é de bom exemplo, nas matérias de seu ofício, ouvir sempre os que
tiverem saber técnico especializado. Trata-se de máxima de experiência, que a
sabedoria popular compendiou no prosaico anexim: “Mais sabe o ignorante no
seu, que o sábio no alheio”.
—“O juiz criminal é, assim, restituído à sua própria consciência. Nunca é demais,
porém, advertir que livre convencimento não quer dizer puro capricho de
opinião ou mero arbítrio na apreciação das provas” (Francisco Campos,
Exposição de Motivos do Código de Processo Penal, nº VII).
— A despeito da nova redação que a Lei nº 10.792/03 deu ao art. 112 da Lei de
Execução Penal, subsiste a possibilidade de realização do exame criminológico,
“quando o entender indispensável o juiz da execução para a decisão sobre
progressão de regime” (Julio Fabbrini Mirabete, 11a. ed., p. 59).
— Pode o juiz “determinar, de ofício, diligências para dirimir dúvidas sobre ponto
relevante” (art. 156 do Cód. Proc. Penal).
— Ainda que, pelo comum, o juiz não fique “adstrito ao laudo” (art. 182 do Cód.
Proc. Penal), é de bom exemplo, nas matérias de seu ofício, ouvir sempre os que
tiverem saber técnico especializado. Trata-se de máxima de experiência, que a
sabedoria popular compendiou no prosaico anexim: “Mais sabe o ignorante no
seu, que o sábio no alheio”.
—“O juiz criminal é, assim, restituído à sua própria consciência. Nunca é demais,
porém, advertir que livre convencimento não quer dizer puro capricho de
opinião ou mero arbítrio na apreciação das provas” (Francisco Campos,
Exposição de Motivos do Código de Processo Penal, nº VII).
— A despeito da nova redação que a Lei nº 10.792/03 deu ao art. 112 da Lei de
Execução Penal, subsiste a possibilidade de realização do exame criminológico,
“quando o entender indispensável o juiz da execução para a decisão sobre
progressão de regime” (Júlio Fabbrini Mirabete, Execução Penal, 11a. ed., p.
59).
— Pode o juiz “determinar, de ofício, diligências para dirimir dúvidas sobre ponto
relevante” (art. 156 do Cód. Proc. Penal).
— Uma vez conspirem todos os requisitos legais para sua concessão, denegar ao
sentenciado o benefício da comutação de penas fora o mesmo que frustrar, em
seu espírito e forma, o Decreto do Presidente da República e, sobre isso, mentir
ao ideal de justiça.
— Ao condenado que satisfaz o requisito objetivo (lapso temporal) é bem se
conceda comutação de pena. Pequenas deficiências de cunho íntimo ou
subjetivo, que acaso apresente, deve supri-las o Juiz com o espírito mesmo que
preside à outorga do benefício do indulto: o nobre e generoso sentimento de
compreensão humana, com que, pelo Natal, o chefe de Estado sói amercear-se
de todo o encarcerado, “o mais pobre de todos os pobres”, na pungente
expressão de Carnelutti (As Misérias do Processo Penal, 1995, p. 21; trad. José
Antonio Cardinalli).
— Não incluiu o legislador o homicídio qualificado-privilegiado no rol dos
crimes hediondos (art. 1º da Lei nº 8.072/90); pelo que, seu autor, satisfeitos os
demais requisitos, pode ser contemplado com o indulto ou a comutação de
pena de que trata o Decreto nº 4.904/03).
— Quando claro, o texto legal escusa interpretação e, sobretudo, desautoriza a
que prejudicar o condenado: “In dubio pro libertate. Libertas omnibus rebus
favorabilior est. Na dúvida, pela liberdade! Em todos os assuntos e
circunstâncias, é a liberdade que merece maior favor” (apud Carlos
Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 261).
— Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não
sustente em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois,
quer-se revogada. Nesse número merecem contados os casos de encarceramento
de réu, quando ausentes os requisitos da decretação da prisão preventiva (art.
310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
—“Para a prisão preventiva não basta a inafiançabilidade do crime, nem a
presunção veemente da existência de criminalidade: é preciso, ainda, para
justificá-la, a sua necessidade indeclinável” (José de Alencar; apud João
Mendes, O Processo Criminal Brasileiro, 1920, t. I, p. 360).
38
Voto no 6701 — HABEAS CORPUS No 906.189-3/8-00
Art. 197 da Lei nº 7.210/84 (Lei de Execução Penal).
— Conforme a doutrina comum, o pedido de “habeas corpus” deve ser instruído
com as peças e documentos que comprovem as alegações do paciente.
— O Colendo Supremo Tribunal Federal, em copiosos arestos, tem proclamado que
se não toma conhecimento do pedido de “habeas corpus” quando não está
devidamente instruído (José Frederico Marques, Elementos de Direito
Processual Penal, 1a. ed., vol. IV, p. 417).
— De ordinário, não é o “habeas corpus” substitutivo do recurso próprio, máxime
quando a matéria de seu objeto reclame percuciente análise de circunstâncias
que lhe excedam os limites e a natureza jurídica.
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Indeferida a revisão criminal, em dois casos apenas pode ser de novo intentada:
se diverso o fundamento ou “quando surgirem circunstâncias que beneficiem o
condenado” (cf. Hélio Tornaghi, Curso de Processo Penal, 1980, vol. II, p.
363).
—“Não é admissível a reiteração do pedido revisional, salvo se fundado em novas
provas (Rev. Forense, vol. 197, p. 320).
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
—“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).
41
Art. 12 da Lei nº 6.368/76 (Lei de Tóxicos), combinado com o art. 29, do Cód.
Penal;
arts. 393, nº I e 594, do Cód. Proc. Penal;
art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei nº 7.210/84 (Lei de Execução Penal).
Art. 157, “caput” e § 2º, nº II, conjugado com os art. 14, nº II e 69, do Cód.
Penal;
arts. 310, parág. único, 382, 393, nº I e 594, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LXVIII e 93, IX, da Const. Fed.
— Aquele que permanece calado, é certo, não confessa o delito, mas também não o
nega. E isto basta para que se não prestigie o silêncio.
—“Muito embora o silêncio do interrogando seja uma faculdade procedimental, é
difícil acreditar que alguém, preso e acusado de delito grave, mantenha-se
calado só para fazer uso de uma prerrogativa constitucional” (RJTACrimSP,
vol. 36, p. 325; rel. José Habice).
— Tem a palavra da vítima importância capital nos crimes contra a liberdade
sexual. Se ajustada ao conjunto probatório dos autos, enseja condenação: ao
cabo de contas, ninguém se reputa mais apto a discorrer das circunstâncias e
autoria do crime que a pessoa que lhe padeceu diretamente os agravos físicos e
morais (art. 214 do Cód. Penal).
— O autor de atentado violento ao pudor, delito da classe dos hediondos, deve
cumprir sua pena sob o regime integralmente fechado, por força do preceito do
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado
a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado
o pedido de “habeas corpus”.
51
— Proferida sentença proferida, já não colhe o argumento da coação ilegal por
excesso de prazo na formação da culpa, visto que outro o título prisional: a
condenação do réu (art. 393, nº I, do Cód. Proc. Penal).
—“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença
condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p.
16.585).
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado
a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado
o pedido de “habeas corpus”.
—“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).
— Consoante orientação do STF (cf. Rev. Tribs., vol. 763, p. 485), não configura
constrangimento ilegal reparável por “habeas corpus” a decisão do Juízo de
Direito da Vara das Execuções Criminais que determina a regressão cautelar e
provisória do condenado, sem sua prévia audiência, em razão de falta grave
(art. 50, nº II, da Lei de Execução Penal).
— A fuga, em princípio, com ser falta disciplinar grave, retira ao condenado o
direito de permanecer sob o mesmo regime, enquanto não comprovar que a
empreendera por justo motivo. É que, ao quebrar o preceito a que estava
obrigado, também decaiu do direito que assiste apenas ao preso de méritos:
permanecer no regime prisional menos gravoso.
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alínea “b”, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
art. 157, § 2º, ns. I, II e IV, na forma dos arts. 29 e 71, do Cód. Penal;
Arts. 6º e 112, da Lei nº 7.210/84 (Lei de Execução Penal);
Lei nº 10.792/03 (Altera Lei de Execução Penal).
Art. 10, § 3º, nº IV, da Lei nº 9.437/97 (Lei das Armas de Fogo);
art. 44, §§ 2º e 3º, do Cód. Penal;
art. 12 da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento);
art. 144 da Const. Fed.
57
—“Cremos não ser justo nem legal que, por deficiência do sistema penitenciário,
seja (o condenado) constrangido a cumprir pena no regime fechado mais tempo
do que a lei determina” (Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal
Anotado, 22a. ed., p. 656).
— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de
legitimidade para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar
efeito suspensivo a agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência
subjetiva “ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao
agravo, como o dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem,
na lei, palavras inúteis, conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que,
nos casos sob o regime da Lei nº 7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes
com acerto. “Os Juízes, por definição, não podem errar” (V. César da Silveira,
Dicionário de Direito Romano, 1957, vol. II, p. 588).
— Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não
sustente em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois,
quer-se revogada. Nesse número merecem contados os casos de encarceramento
de réu, quando ausentes os requisitos da decretação da prisão preventiva (art.
310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
—“Liberdade provisória. Embora preso em flagrante por crime inafiançável, pode
o réu ser libertado provisoriamente, desde que inocorram razões para sua
prisão preventiva” (TJSP; Rev.Tribs., vol. 523, p. 376; apud Damásio E. de
Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 246).
— Dos mais sagrados direitos do réu é ver-se processar, rigorosamente, nos prazos
que lhe assina a lei. Donde o haver fixado a Jurisprudência em 81 dias o prazo
legal máximo para a formação da culpa de réu preso. Esse é o marco miliário
que estrema a legalidade do arbítrio.
— Grave que lhe seja o crime e abjeto seu caráter, nenhum réu decai nunca da
proteção da lei, que todos iguala (art. 5º da Const. Fed.).
— O escrúpulo de restituir à sociedade, sem julgamento, aquele de seus membros
que fundamente a agravou cede ao dever que tem o Juiz de cumprir a lei e
respeitar o direito, ainda que em seu titular pese acusação grave.
— Em linha de princípio, não é o “habeas corpus” meio idôneo para obstar o curso
do inquérito policial nem da ação penal, se o fato imputado ao réu constituir
crime em tese e houver indícios suficientes de sua autoria.
63
— Na esfera do “habeas corpus” é admissível a análise de provas para aferir a
procedência da alegação de falta de justa causa para a ação penal; defeso é
apenas seu exame aprofundado e de sobremão, como se pratica na dilação
probatória
Arts. 33, § 2º, alínea “b”, 43, 44, 64, nº I, 107, nº IV, 109, nº VI e 110, § 1º, do
Cód. Penal;
art. 16 da Lei nº 6.368/76 (Lei de Tóxicos);
art. 10, “caput”, da Lei nº 9.437/97 (Lei das Armas de Fogo).
Arts. 33, 2a. parte e 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 563 do Cód. Proc. Penal;
art. 10, § 3º, nº IV, da Lei nº 9.437/97;
art. 12, “caput”, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento);
arts. 5º, “caput” e 144, da Const. Fed.
—“Errônea qualificação legal do crime pode ser corrigida a qualquer tempo antes
da prolação da sentença final” (Damásio E. de Jesus, Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 291).
— Para justificar o decreto absolutório basta a dúvida razoável, porque esta, como
a pedra que tomba do rochedo e muda o curso do rio, é apta a desviar da cabeça
do réu o gládio inflamado da Justiça Penal.
— A posse irregular de arma de fogo de uso permitido tipifica a infração do art. 12,
“caput”, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento), independentemente
de perigo concreto.
— Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a
mira o legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os
perigos que acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que
existam controles ou regras gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das
Armas de Fogo, 1998, p. 107).
65
a
Voto nº 6821 — pelação CRiminal Nº 309.002-3/3-00
Arts. 71, 107, nº IV, 109, nº V e 110, § 1º, do Cód. Penal;
art. 41 do Cód. Proc. Penal;
arts. 1º, ns. II e IV, 11, da Lei nº 8.137/90.
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter
já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará
prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
—“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).
— À luz da lógica e por princípio de justiça, a escorreita exegese do art. 126 da Lei
de Execução Penal deve compreender também, no conceito de trabalho, a
atividade escolar do preso, por sua transcendental importância como fator de
promoção humana e poderoso instrumento de reforma da vida e costumes.
Destarte, comprovando que freqüentou aulas em curso patrocinado pelo sistema
penitenciário, tem jus o condenado à remição de penas, na proporção de um dia
para cada 12 horas de efetiva atividade escolar.
— O argumento expendido no agravo (e que tira ao fim de prestigiar, no âmbito
carcerário, só o trabalho físico, em detrimento da atividade intelectual) encerra
crasso equívoco, pois justamente abate o que devera exaltar: o labor intelectual,
notabilíssimo instrumento de promoção humana.
— Se “o estudo é a luz da vida”, como, pelo comum, entendem e proclamam os
pedagogos, como pretender, sem injúria da razão, que o trabalho intelectual
represente um “minus” em respeito do trabalho físico?! Falou avisadamente
quem disse: “Abrir escolas é fechar prisões”; daqui se mostra bem a suma
importância que o convívio escolar tem na formação do caráter do indivíduo.
— Ainda que direito seu, consagrado pelo texto constitucional (art. 5º, nº LXIII),
causa perplexidade isto de não querer defender-se o réu como fazem as pessoas
inocentes, segundo lhes ensinou a voz da Natureza, pela palavra e até pela força.
Donde o prolóquio: “qui tacet, consentire videtur” (quem cala, consente).
— Para autorizar decisão condenatória não é mister prova perfeita e exuberante,
bastando a que dê ao Juiz o fundamento lógico suficiente para não cair em erro
crasso.
— Em face da soberania de seus veredictos, as decisões do júri (proferidas “ex
informata conscientia”) somente se anulam quando em franca rebeldia com a
prova dos autos, ou nos casos de comprovada corrupção ou prevaricação dos
jurados (art. 5º, nº XXXVIII, alínea c, da Const. Fed.).
— Incorre nas penas da lei o escrevente de cartório que, por suprir lapso e omissão
de escritura pública de compra e venda de imóvel, inutiliza folha do
instrumento e lavra outra em substituição, falsificando-lhe as assinaturas das
partes (arts. 297, § 1º, e 314 do Cód. Penal).
—“Para a caracterização do delito (do art. 314 do Cód. Penal), não importa a
ocorrência ou não de prejuízo a alguém, pois o dano, efetivo ou potencial, não é
elemento do tipo penal” (Rev. Tribs., vol. 639, p. 277; rel. Dirceu de Mello).
— Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— LIBERDADE PROVISÓRIA — Homicídio qualificado — Proibição legal —
Crime hediondo — Lei nº 8.072/90.
— Do número dos crimes hediondos, o homicídio qualificado (também na forma
tentada) é, por definição legal, insuscetível de liberdade provisória (arts. 1º, nº
I, e 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90).
80
— Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com observância da regra
do contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa
unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a
atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do Cód.
Proc. Penal).
—“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
— LIBERDADE PROVISÓRIA — Tráfico de Entorpecentes (art. 12 da Lei nº
6.368/76) — Proibição legal — Crime hediondo — Lei nº 8. 072/90.
— Equiparado aos crimes hediondos, o tráfico de entorpecentes é, por
definição legal, insuscetível de liberdade provisória (art. 2º, nº II, da Lei nº
8.072/90).
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter
já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará
prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
—“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).
— Provado que o dinheiro que lhe apreendeu a Polícia era de origem lícita (e não
produto de crime), mostra-se de rigor sua devolução à impetrante, como forma de
restauração do direito violado (art. 120 do Cód. Proc. Penal).
— É o mandado de segurança meio idôneo para obter a liberação de coisas
irregularmente apreendidas em inquérito policial (cf. Rev. Tribs., vol. 749, p.
675).
83
— Dos mais sagrados direitos do réu é ver-se processar, rigorosamente, nos prazos
que lhe assina a lei. Donde o haver fixado a Jurisprudência em 81 dias o prazo
legal máximo para a formação da culpa de réu preso. Esse é o marco miliário que
estrema a legalidade do arbítrio.
— Grave que lhe seja o crime e abjeto seu caráter, nenhum réu decai nunca da
proteção da lei, que todos iguala (art. 5º da Const. Fed.).
— O escrúpulo de restituir à sociedade, sem julgamento, aquele de seus membros
que fundamente a agravou cede ao dever que tem o Juiz de cumprir a lei e
respeitar o direito, ainda que em seu titular pese acusação grave.
—“Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de habeas
corpus, quando no curso do processo verificarem que alguém sofre ou está na
iminência de sofrer coação ilegal” (art. 654, § 2º, do Cód. Proc. Penal).
—“É justo que, em caso igual, a mim e aos outros se aplique o mesmo direito”
(Demóstenes, A Oração da Coroa, 1877, p. 25; trad. Latino Coelho).
85
— A Lei nº 9.268/96 alterou a redação do art. 51 do Cód. Penal para atribuir à pena
de multa a natureza de dívida de valor, vedando, assim, a possibilidade de sua
conversão em pena privativa de liberdade.
— Revogado o art. 182 da Lei de Execução Penal — cujo § 1º dispunha acerca da
conversão da pena de multa em detenção: “a cada dia-multa corresponderá um
dia de detenção” —, é forçosa a conseqüência de que já não há substrato jurídico
nem critério legal que autorizem a aplicação de detração analógica, ou de pena
de multa (art. 42 do Cód. Penal).
— “Somente a violação de direito líqüido e certo, pedra angular do instituto,
autoriza a impetração de mandado de segurança” (art. 5º, nº LXIX, da Const.
Fed.).
—“A expressão direito líqüido e certo tem o alcance próprio de direito manifesto,
evidente, que exsurge da lei com claridade” (Carlos Alberto Menezes Direito,
Manual do Mandado de Segurança, 4a. ed., p. 66).
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter
já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará
prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
—“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).
96
— Escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 408 do Cód. Proc. Penal: “na hipótese,
dada a natureza do crime (doloso contra a vida), o legislador entendeu
necessária a prisão do acusado, a não ser que apresente as condições da
primariedade e dos bons antecedentes ( § 2º)” (Código de Processo Penal
Anotado, 22a. ed., p. 340).
—“Não constitui constrangimento ilegal o excesso de prazo na instrução,
provocado pela defesa”(Súmula nº 64 do STJ).