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Voto no 6543 — HABEAS CORPUS No 886.880-3/8-00


Arts. 312, 321, 323 e 648, n I, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.
— Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência
da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do
Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução
criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a
materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar
a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 21a. ed., p. 246).
—“Não foge, nem se teme a inocência da Justiça” (Antônio Ferreira, Castro, ato
IV, cena I, v. 27).
— Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com observância da regra
do contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa
unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a
atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do Cód.
Proc. Penal).
—“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).

Voto no 6544 — HABEAS CORPUS No 879.732-3/7-00


Art. 157, § 3º, 2a. parte, combinado com o art. 29, do Cód. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
art. 105, nº I, alíneas “a” e “c”, da Const. Fed.
— Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido
anterior, com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que,
satisfeita a prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a
matéria do litígio, senão mediante recurso ordinário.
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido”
(Rev. Forense, vol. 158, p. 340).
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime
integralmente fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 403).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida"
(Antão de Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
— Cai a lanço notar que a constitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei dos Crimes
Hediondos já foi afirmada pelo Supremo Tribunal Federal.
— O condenado por latrocínio (art. 157, § 3º, 2a. Parte, do Cód. Penal), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena integralmente em regime fechado,
por força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
— É ao Colendo Superior Tribunal de Justiça que compete julgar “habeas
corpus” impetrado contra ato do Tribunal de Justiça, conforme o preceito do
art. 105, nº I, alíneas “a” e “c”, da Constituição Federal, explicitado pela
Emenda Constitucional nº 22, de 18 de março de 1999 (cf. HC nº 78.069-
9/MG; 2a. Turma; rel. Min. Marco Aurélio; DJU 14.5.99).

Voto no 6550 – HABEAS CORPUS No 889.752-3/6-00


Art. 121, § 2º, nº II, combinado com os arts. 14, nº II e 29 do Cód. Penal;
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art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.
— Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não
sustente em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois,
quer-se revogada. Nesse número merecem contados os casos de encarceramento
de réu, quando ausentes os requisitos da decretação da prisão preventiva (art.
310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
—“Liberdade provisória. Embora preso em flagrante por crime inafiançável, pode
o réu ser libertado provisoriamente, desde que inocorram razões para sua
prisão preventiva” (TJSP; Rev. Tribs., vol. 523, p. 376; apud Damásio E. de
Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 246).
— Mesmo em se tratando de crime hediondo, têm nossas Cortes de Justiça
consagrado a orientação de que o réu faz jus à liberdade provisória, se ausente
hipótese que lhe autoriza a decretação da prisão preventiva, a qual deve assentar
em razão sólida, justificada pela necessidade (art. 312 do Cód. Proc. Penal).
—“É ociosa a decretação da prisão preventiva, quando o indiciado se acha no
início de cumprimento de pena de reclusão por outro crime” (Rev. Forense, vol.
133, p. 543; rel. Nélson Hungria).

Voto no 6551 – EMBARGOS INFRINGENTES N o


471.881-
3/8-01
Art. 213 do Cód. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos).
— Nisto de confissão, cumpre atender-lhe à força de convencimento: “A confissão
do delito vale não pelo lugar em que é prestada, mas pela força de
convencimento que nela se contém” (Rev. Trim. Jurisp., vol. 95, p. 564; rel.
Min. Cordeiro Guerra).
— Tem a palavra da vítima importância capital nos crimes contra a liberdade
sexual. Se ajustada ao conjunto probatório dos autos, enseja condenação: ao
cabo de contas, ninguém se reputa mais apto a discorrer das circunstâncias e
autoria do crime que a pessoa que lhe padeceu diretamente os agravos físicos e
morais (art. 213 e 214 do Cód. Penal).
— O autor de estupro, delito da classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o
regime integralmente fechado, por expressa vontade da lei (art. 2º, § 1º, da
Lei nº 8.072/90).

Voto no 6553 – HABEAS CORPUS No 892.569-3/8-01


Art. 157, § 2º, ns. I, II e V, do Cód. Penal;
art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
Súmula nº 52 do STJ.
— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente
o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da ausência de testemunhas, se intimadas na forma da lei, pois não
está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força maior
que obstam à realização do ato processual.
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).

Voto no 6554 — HABEAS CORPUS No 891.086-3/6-01


Arts. 86, nº I e 90, do Cód. Penal;
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art. 732 do Cód. Proc. Penal;
arts. 145 e 190, da Lei nº 7.210/84 (Lei de Execução Penal).

— É questão vitoriosa nos Tribunais que a revogação do livramento condicional


somente pode ocorrer durante o período de prova (art. 86 do Cód. Penal).
—“Terminado o período de prova sem revogação, a pena privativa de liberdade
deve ser julgada extinta” (Julio Fabbrini Mirabete, Execução Penal, 11a. ed.,
p. 599).
— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar
a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
—“Não se conhece de habeas corpus originário quando substitui recurso
ordinário não interposto” (STF; HC nº 59.186-8; rel. Min. Décio Miranda;
DJU 26.3.82, p. 2.561).

Voto no 6555 — HABEAS CORPUS No 878.892-3/0-00


Art. 155, § 4º, ns. I e III, combinado com o art. 14, nº II, do Cód. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

— De presente, constitui a prisão provisória exceção; a regra geral é defender-se o


réu em liberdade, em obséquio ao princípio da presunção de inocência (art. 5º,
nº LVII, da Const. Fed.). A melhor exegese do texto constitucional, entretanto, é
a que o procura conciliar com a norma do art. 310, parág. único, do Cód. Proc.
Penal. Assim, por amor da segurança da ordem jurídica e cautela dos direitos e
interesses sociais, o réu preso em flagrante só poderá defender-se em liberdade
se afiançável seu crime e ausentes os motivos que autorizam a decretação da
prisão preventiva.
— Se preso em flagrante delito, a regra geral é que o acusado aguarde, no cárcere,
a verificação de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se não satisfaz
às condições de caráter subjetivo que lhe permitam a concessão de liberdade
provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
—“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixe alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
— Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa unicamente
se admite quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a atipicidade do fato
imputado ao réu, ou a sua inocência.

Voto no 6557 — APELAÇÃO CRIMINAL N o


336.304-3/4-00

Art. 146 do Cód. Penal;


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arts. 156, 386, nº VI e 563, do Cód. Proc. Penal;
art. 1º da Lei nº 9.455/97 (Lei dos Crimes de Tortura).

— O farol que deve orientar o Juiz na decisão da causa são as provas dos autos. Se
elas não indicarem com segurança a culpa do réu, será força pronunciar o “non
liquet” e absolvê-lo.
—“Nenhuma presunção, por mais veemente que seja, dará motivo para imposição
de pena” (art. 36 do Código Criminal do Império).
— O princípio geral de que toda a decisão condenatória deve assentar em prova
plena e cabal (não só da materialidade do fato criminoso, senão também da
autoria e culpabilidade do agente) manda afastar da cabeça do réu o gládio da
Justiça, nos casos de dúvida invencível.
— Muita cautela devem ter os órgãos do Poder Judiciário ao reexaminar processo
em que, na Primeira Instância, foi o réu absolvido. É que, mais próximo da
causa e em contacto direto com o réu e testemunhas, como que inspiram o Juiz
notáveis e puros influxos da Verdade. Donde a geral concepção de que, a
assinatura do Juiz em sentença absolutória deve interpretar-se por um novo e
venerável testemunho a favor da inocência do réu.
— Mais de um caso têm recenseado os anais forenses de decisões que, louvando-
se em meros indícios, foram motivo e ocasião de deploráveis erros judiciários.

Voto no 6558 — AGRAVO EM EXECUÇÃO N o


492.795-
3/2-00

Art. 126 da Lei nº 7.210/84 (Lei de Execução Penal).

— Não merece o ferrete de ilegal nem errônea a decisão que, no cálculo de


liqüidação das penas do condenado, computa-lhe, como de pena cumprida, o
tempo de remição pelo trabalho (art. 126 da Lei de Exec. Penal). Dado que a
Lei de Execução Penal é a tal respeito omissa, pode o Juiz guiar-se pelo
princípio comum que rege a solução dos casos controversos e optar pela
parcialidade mais favorável ao sentenciado: “Semper in dubiis benigniora
praeferenda sunt”.
—“O Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, no processo MJ-
8.926/94, por unanimidade, entendeu que o tempo remido deve ser abatido da
pena não só para livramento condicional como também para indulto e
progressão de regime (DJU 2.12.94, p. 18.352)” (apud Damásio E. de Jesus,
Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 663).

Voto no 6559 — HABEAS CORPUS No 887.450-3/3-00


5
Arts. 12 e 18, nº III, da Lei nº 6.368/76 (Lei de Tóxicos);
art. 563 do Cód. Proc. Penal;
art. 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
art. 38 e 156, da Lei nº 10.409/02.

— A Lei nº 10.409/02 não revogou os arts. 12 e seguintes da Lei nº 6.368/76. É que


uma lei revoga outra, quando expressamente o disponha, ou quando, em relação
à lei nova, a anterior se torne antagônica e antinômica, gerando com ela
incompatibilidade.
— Tal não sucede, porém, respectivamente aos sobreditos diplomas legislativos: à
uma, porque a Lei nº 10.409/02 não declarou revogada a Lei nº 6.368/76; à
outra, porque, em seu espírito e forma, não encerram aqueles textos legais
incompatibilidade ou repugnância lógica; ao revés, conservam ambos sua
autonomia.
—“A incompatibilidade implícita entre duas expressões de direito não se presume;
na dúvida, se considerará uma norma conciliável com a outra” (Carlos
Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 358).
—“O rito especial previsto na Lei nº 10.409/02 aplica-se apenas aos crimes nela
previstos, os quais, insertos nos arts. 14 a 26, que integram a seção única do
Capítulo III, foram integralmente vetados, por vício de inconstitucionalidade”
(STJ; HC nº 28.300-RJ; 6a. Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 16.12.2003;
DJU 3.11.2004, p. 245).
—“Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a
acusação ou para a defesa” (art. 563 do Cód. Proc. Penal)
LIBERDADE PROVISÓRIA — Tráfico de Entorpecentes (art. 12 da Lei nº
6.368/76) — Proibição legal — Crime hediondo — Lei nº 8. 072/90.
— Equiparado aos crimes hediondos, o tráfico de entorpecentes é, por definição
legal, insuscetível de liberdade provisória (art. 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90).

Voto no 6560 — HABEAS CORPUS No 890.102-3/3-00

Arts. 117 e 155, § 2º, nº IV, do Cód. Penal;


art. 197 da Lei nº 7.210/84 (Lei de Execução Penal).

— Isto de prescrição da pretensão executória da pena, segundo consagrada


orientação de nossos Tribunais, não se decreta na via judicial do “habeas
corpus”, cujo âmbito estreito não permite exame de questões que só podem ser
bem aferidas no Juízo das Execuções Criminais, como a incidência de eventual
causa interruptiva da prescrição (art. 117 do Cód. Penal) etc.
— De ordinário, não é o “habeas corpus” substitutivo do recurso próprio, máxime
quando a matéria de seu objeto reclame percuciente análise de circunstâncias
que lhe excedam os limites e a natureza jurídica.

Voto no 6561 — HABEAS CORPUS No 879.723-3/6-00


6
Art. 6º do Cód. Proc. Penal.

— Em linha de princípio, não é o “habeas corpus” meio idôneo para obstar o curso
do inquérito policial nem da ação penal, se o fato imputado ao réu constituir
crime e houver indícios suficientes de sua autoria.
— Ainda na esfera do “habeas corpus”, é admissível a análise de provas para aferir
a procedência da alegação de falta de justa causa para a ação penal; defeso é
apenas seu exame aprofundado e de sobremão, como se pratica na dilação
probatória.
— Para trancar a ação penal, sob fundamento da ausência de “fumus boni juris”,
há mister se mostre a prova mais clara que a luz meridiana, a fim de se não
subverter a ordem jurídica, entre cujos postulados se inscreve o da apuração
compulsória, pelos órgãos da Justiça, da responsabilidade criminal do infrator.

Voto no 6562 — HABEAS CORPUS No 884.088-3/9-00

Art. 147 do Cód. Penal;


art. 16, parag. único, nº IV, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento);
art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei nº 7.210/84 (Lei de Execução Penal);
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar


a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso — de agravo (ou apelação, se ainda não
transitou em julgado a sentença condenatória) —, cabe o reexame do ponto ali
decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas
corpus”.
— O instituto do “habeas corpus”, em vista de seu rito sumaríssimo e natureza
específica, não se presta a aferir requisitos subjetivos para a concessão de
regime prisional, tarefa em que somente haverá entender o Juízo da causa ou
das Execuções Criminais.

Voto no 6563— HABEAS CORPUS No 893.893-3/3-00


Art. 180, “caput”, conjugado com o art. 29, do Cód. Penal;
art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
Súmula nº 52 do STJ.
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— Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido


anterior, com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que,
satisfeita a prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a
matéria do litígio, senão mediante recurso ordinário.
— Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se
deve outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar
Jurídico, 1985, vol. II, p. 588).
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente
o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
na inquirição de testemunhas por precatória, que tem o caráter de força maior,
motivo de suspensão do curso dos prazos (art. 898, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).

Voto no 6564 — HABEAS CORPUS No 889.400-3/0-00


Art. 157, § 2º, nº I e II, combinado com os arts. 70 e 29, do Cód. Penal.
art. 33, § 2º, alínea “c”, do Cód. Penal;
art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei nº 7.210/84 (Lei de Execução Penal);
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar


a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não é o “habeas corpus” via legal idônea para apressar decisões nem apreciar
pedido de progressão de regime prisional, por implicar análise detida de
requisitos objetivos e subjetivos, reservada à competência do Juízo da execução
(art. 66, nº III, alínea “b”, da Lei de Execução Penal).

Voto no 6565 — AGRAVO EM EXECUÇÃO N o


833.634-
3/3-00
Art. 197 da Lei nº 7.210/84 (Lei de Execução Penal).

— Se o Juízo das Execuções Criminais já lhe deferiu pedido de progressão de


regime, carece o sentenciado de legítimo interesse para pleitear a reforma da
anterior decisão que lho denegou. Em conseqüência, agravo em execução
interposto com essa finalidade está prejudicado, visto perdeu o objeto (art. 197
da Lei de Execução Penal).

Voto no 6566 — AGRAVO EM EXECUÇÃO N o


492.811-
3/7-00
Art. 83, nº III, do Cód. Penal;
art. 50, nº II, da Lei nº 7.210/84 (Lei de Execução Penal).
8
— Não faz jus ao livramento condicional o sentenciado que não comprovou
“comportamento satisfatório durante a execução da pena”, requisito
indeclinável da concessão do benefício (art. 83, nº III, do Cód. Penal).
— Ao encetar fuga, o preso infringe o código de disciplina do estabelecimento
penal e desrespeita a primeira das obrigações inerentes a seu estado de
condenado: submeter-se à pena. Daqui por que a lei a considera falta disciplinar
grave (art. 50, nº II, da Lei de Execução Penal).
—“A principal obrigação legal, fundamental mesmo, inerente ao estado do
condenado a pena privativa de liberdade, é justamente a de se submeter o preso
a ele, ou seja, a não procurar furtar-se à pena pela fuga ou evasão” (Julio
Fabbrini Mirabete, Execução Penal, 11a. ed., p. 113).

Voto no 6567 — APELAÇÃO CRIMINAL N o


431.420-3/6-00
Art. 12, conjugado com o art. 18, nº III, da Lei nº 6.368/76 (Lei de Tóxicos);
art. 202 do Cód. Proc. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos).
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para
logo a idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em
erro, de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do
processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc.
Penal).
—“A majorante prevista no art. 18, nº III, da Lei nº 6.368/76 ocorre quando a
associação criminosa é meramente eventual, configurativa de simples concurso
de agentes (co-autoria ou participação), sem que haja quadrilha previamente
organizada” (STJ; rel. Min. Vicente Leal; in Rev. Tribs., vol. 823, p. 553).
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime integralmente
fechado, por força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto no 6568 — HABEAS CORPUS No 897.591-3/4-00


Art. 184, § 2º, do Cód. Penal;
art. 366 do Cód. Proc. Penal.
— Ao decretar a prisão preventiva do réu, deve o Magistrado especificar as
forçosas razões que o moveram a antecipar o rigor do cárcere àquele que não foi
ainda ao menos condenado.
— Medida de exceção ao regime de garantias da liberdade individual, a prisão
preventiva, segundo a comum opinião de graves autores, somente é cabível nos
casos em que periclita a ordem social.
—“A coação cautelar, ainda que alicerçada em lei, não poderá subsistir, se
injusta, iníqua e sem fundamento razoável em face do justo objetivo” (José
Frederico Marques, Elementos de Direito Processual Penal, 1a. ed., vol. IV, p.
28).
9
Voto no 6569 — HABEAS CORPUS No 898.999-3/3-00
Art. 180, “caput”, do Cód. Penal;
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

— De presente, por força do princípio da presunção de inocência (art. 5º, nº LVII,


da Const. Fed.), prevalece nos Tribunais o entendimento de que a prisão
cautelar somente se legitima se determinada por inelutável necessidade e
conveniência de ordem pública. Necessidade é a razão que se funda na
gravidade extrema do crime e na periculosidade do agente, circunstâncias que o
obrigam a segregar-se da comunhão social.
— Se ausentes os pressupostos legais da decretação da prisão preventiva, tem
direito a liberdade provisória o réu que, primário e de bons antecedentes,
responde a processo por crime cometido sem violência (art. 310, parág. único,
do Cód. Proc. Penal).

Voto no 6570 — APELAÇÃO CRIMINAL N o


431.420-3/6-00
Art. 12, conjugado com o art. 18, nº III, da Lei nº 6.368/76 (Lei de Tóxicos);
art. 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal;
art. 36 do Código Criminal do Império.

— A condenação pelo crime do art. 12 da Lei de Tóxicos —— atenta a severidade


da pena e a espécie de regime prisional a que estará sujeito seu autor ——
pressupõe a certeza do comércio nefando. Conjecturas com base na elevada
quantidade da substância entorpecente apreendida, por si sós, não podem supri-
la. É que a dúvida, na Justiça Criminal, aproveita sempre ao acusado: “In dubio
pro reo”.
— O farol que deve orientar o Juiz na decisão da causa são as provas dos autos. Se
elas não indicam com segurança a culpa do réu, será força pronunciar o “non
liquet” e absolvê-lo.
—“Nenhuma presunção, por mais veemente que seja, dará motivo para imposição
de pena” (art. 36 do Código Criminal do Império).
— Mais que meras conjecturas acerca da culpabilidade do acusado, são
necessárias, para sua condenação, provas tão claras como a luz meridiana:
“probationes luce meridiana clariores” (cf. Giovanni Brichetti, L’Evidenza nel
Diritto Processuale Penale, 1950, p. 111).
— Muita cautela devem ter os órgãos do Poder Judiciário ao reexaminar processo
em que, na Primeira Instância, foi o réu absolvido. É que, mais próximo da
causa e em contacto direto com o réu e testemunhas, como que inspiram o Juiz
notáveis e puros influxos da Verdade. Donde a geral concepção de que, a
assinatura do Juiz em sentença absolutória deve interpretar-se por um novo e
venerável testemunho a favor da inocência do réu.

Voto no 6571 — APELAÇÃO CRIMINAL N o


834.386-3/8-00
Art. 157, § 2º, ns. I e II, combinado com o art. 14, nº II, do Cód. Penal;
art. 33, § 1º, alínea “a”, do Cód. Penal.
10
— Desde a mais alta antigüidade, teve-se a confissão pela rainha das provas
(“regina probationum”), porque repugna à natureza afirme alguém contra si fato
que não saiba verdadeiro.
—“A confissão do delito vale não pelo lugar onde é prestada, mas pela força de
convencimento que nela se contém” (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 95, p. 564;
rel. Min. Cordeiro Guerra).
— As palavras da vítima sempre as reputou a Jurisprudência por mui capazes de
autorizar decreto condenatório. Na verdade, protagonista do fato criminoso,
quem mais acreditado que a vítima para descrevê-lo e indicar-lhe o autor?!
— O regime prisional fechado é, pelo comum, o que mais convém à
personalidade do autor de roubo, de seu natural violento e refratário à disciplina
social (cf. art. 33, § 1º, alínea “a”, do Cód. Penal).

Voto no 6572 — HABEAS CORPUS No 891.541-3/3-00


Art. 171, combinado com o art. 71, do Cód. Penal;
arts. 393, nº I e 594, do Cód. Proc. Penal.
— Inadmissível, no âmbito do “habeas corpus”, por suas características especiais e
rito sumaríssimo, discutir a injustiça de sentença condenatória quanto à fixação
do regime prisional. Questão que implica exame aprofundado dos autos da ação
penal somente poderá ser tratada na via ordinária da apelação ou da revisão
criminal.
— A finalidade precípua do “habeas corpus” é a tutela do direito deambulatório,
segundo a lição do eminente Pedro Lessa: “É exclusiva missão do habeas
corpus garantir a liberdade individual na acepção restrita, a liberdade física, a
liberdade de locomoção” (apud M. Costa Manso, O Processo na Segunda
Instância, 1923, p. 390).
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da
sentença condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).

Voto no 6573 —RECURSO EM SENTIDO ESTRITO N o

445.468-3/1
Art. 121, “caput”, combinado com os arts. 14, nº II e 29, do Cód. Penal;
art. 408, “caput”, do Cód. Proc. Penal.
— Segundo a comum opinião dos doutores, para a pronúncia não é mister mais
que a prova da realidade do crime e indícios da responsabilidade do acusado
(art. 408 do Cód. Proc. Penal).
— Não é ao Juiz da pronúncia, mas ao Tribunal Popular, juiz natural da causa,
que compete desclassificar tentativa de homicídio para lesões corporais, se não
afastada de plano a hipótese de haver o réu obrado com intenção homicida ao
efetuar disparos de arma de fogo contra a vítima, que lhe transfixaram a perna.
— Na dúvida sobre a desclassificação do crime para outro da competência do Juiz
singular, deve o Magistrado pronunciar o réu, na forma do art. 408, “caput”, do
Cód. Proc. Penal.

Voto no 6571 — APELAÇÃO CRIMINAL N o


886.859-3/2-00
Art. 157, § 2º, ns. I e II, combinado com o art. 14, nº II, do Cód. Penal.
11
— Desde a mais alta antigüidade, teve-se a confissão pela rainha das provas
(“regina probationum”), porque repugna à natureza afirme alguém contra si fato
que não saiba verdadeiro.
—“A confissão do delito vale não pelo lugar onde é prestada, mas pela força de
convencimento que nela se contém” (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 95, p. 564;
rel. Min. Cordeiro Guerra).
— As palavras da vítima sempre as reputou a Jurisprudência por mui capazes de
autorizar decreto condenatório. Na verdade, protagonista do fato criminoso,
quem mais acreditado que a vítima para descrevê-lo e indicar-lhe o autor?!
— O regime prisional fechado é, pelo comum, o que mais convém à
personalidade do autor de roubo, de seu natural violento e refratário à disciplina
social (cf. art. 33, § 1º, alínea “a”, do Cód. Penal).

Voto no 6572 — HABEAS CORPUS No 891.541-3/3-00


Art. 171, combinado com o art. 71, do Cód. Penal;
arts. 362, 393, nº I e 594, do Cód. Proc. Penal.
— Inadmissível, no âmbito do “habeas corpus”, por suas características especiais e
rito sumaríssimo, discutir a injustiça de sentença condenatória quanto à fixação
do regime prisional. Questão que implica exame aprofundado dos autos da ação
penal somente poderá ser tratada na via ordinária da apelação ou da revisão
criminal.
— A finalidade precípua do “habeas corpus” é a tutela do direito deambulatório,
segundo a lição do eminente Pedro Lessa: “É exclusiva missão do habeas
corpus garantir a liberdade individual na acepção restrita, a liberdade física, a
liberdade de locomoção” (apud M. Costa Manso, O Processo na Segunda
Instância, 1923, p. 390).
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da
sentença condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).

Voto no 6573 — RECURSO EM SENTIDO ESTRITO N o

445.468-3/1
Art. 121, “caput”, combinado com os arts. 14, nº II e 29, do Cód. Penal;
art. 408, “caput”, do Cód. Proc. Penal.
— Segundo a comum opinião dos doutores, para a pronúncia não é mister mais
que a prova da realidade do crime e indícios da responsabilidade do acusado
(art. 408 do Cód. Proc. Penal).
— Não é ao Juiz da pronúncia, mas ao Tribunal Popular, juiz natural da causa,
que compete desclassificar tentativa de homicídio para lesões corporais, se não
afastada de plano a hipótese de haver o réu obrado com intenção homicida ao
efetuar disparos de arma de fogo contra a vítima, que lhe transfixaram a perna.
— Na dúvida sobre a desclassificação do crime para outro da competência do Juiz
singular, deve o Magistrado pronunciar o réu, na forma do art. 408, “caput”, do
Cód. Proc. Penal.

Voto no 6600 — APELAÇÃO CRIMINAL N o


420.429-3/1-01
Arts. 12 e 14, da Lei nº 6.368/76 (Lei de Tóxicos);
art. 69 do Cód. Penal;
12
arts. 149, 202 e 381 do Cód. Proc. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei de Crimes Hediondos);
arts. 33 e 36, da Lei nº 7.210/84 (Lei de Execuções Penais).
— Ainda que o requeira a Defesa, não está obrigado o Juiz a ordenar seja o acusado
submetido a exame médico-legal, se não há dúvida sobre sua integridade mental
ou alguma circunstância do processo lhe indique a necessidade da realização da
providência (art. 149 do Cód. Proc. Penal).
— Diretor do processo, toca ao Juiz aferir, com prudente arbítrio, da conveniência
de atender ou não a requerimento das partes. O princípio do livre
convencimento, que informa suas decisões, faculta-lhe dar de mão,
aprioristicamente, àquelas provas que saiba nada importarão ao desate do litígio,
sendo pois de nenhuma ou somenos valia.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para
logo a idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em
erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do processo
—, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc. Penal).
— Para que seja a pena justa, segundo a memorável lição do Marquês de Beccaria,
não deve ter senão o grau de rigor suficiente para afastar os homens da senda do
crime (Dos Delitos e das Penas, § XVI).
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime integralmente
fechado, por força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime
integralmente fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 403).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida"
(Antão de Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
— Cai a lanço notar que a constitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei dos Crimes
Hediondos já foi afirmada pelo Supremo Tribunal Federal. (cf. HC nº 69.657-1-
SP; j. 18.9.92).

Voto no 6601 — HABEAS CORPUS No 885.183-3/0-00


Art. 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal;
arts. 321, 323 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal.
— Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com observância da regra
do contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa
unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a
atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do Cód.
Proc. Penal).
—“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
— Pela intensa comoção que os delitos de roubo provocam no organismo social,
repugna conceder a seu autor liberdade provisória primeiro que a Justiça lhe
averigúe a responsabilidade criminal (art. 310, parág. único, do Cód. Proc.
Penal).

Voto no 6604 — HABEAS CORPUS No 896.204-3/2-00

Art. 157, § 2º, ns. I, II e V, do Cód. Penal;


arts. 310, parág. único, 403 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
Súmula nº 52 do STJ.
13

— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,


rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente
o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da ausência de testemunhas, se intimadas na forma da lei, pois não
está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força maior
que obstam à realização do ato processual.
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
— Pela intensa comoção que os delitos de roubo provocam no organismo social,
repugna conceder a seu autor liberdade provisória primeiro que a Justiça lhe
averigúe a responsabilidade criminal.

Voto no 6605 — HABEAS CORPUS No 894.122-3/3-00

Art. 12 da Lei nº 6.368/76 (Lei de Tóxicos);


art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar


a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da
sentença condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— O instituto do “habeas corpus”, em vista de seu rito sumaríssimo e natureza
específica, não se presta a aferir requisitos subjetivos para a concessão de
regime prisional, tarefa em que somente haverá de entender o Juízo da causa ou
das Execuções Criminais; o Tribunal, este apenas em grau de recurso pode
modificar o regime estipulado na sentença condenatória, quando patente sua
ilegalidade ou em contradição absoluta com a lei e as circunstâncias do processo.

Voto no 6606 — HABEAS CORPUS No 893.294-3/3-00

Art. 180, “caput”, do Cód. Penal;


art. 310, parág. único e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
Súmula nº 52 do STJ.
14
— Preso o réu em flagrante por delito inafiançável, estando o respectivo auto em
forma regular, não se lhe relaxa a custódia provisória, exceto se decorrido lapso
de tempo superior àquele que a Jurisprudência tem estabelecido como o máximo
razoável para o encerramento da instrução criminal.
— Ainda o prazo de 81 dias, estimado pela Jurisprudência como a meta derradeira
da instrução, não é fatal nem peremptório, pois se sujeita às contingências
inerentes ao processo-crime (v.g.: greve dos servidores da Justiça). Trata-se de
caso de força maior, ou razão de ordem superior, contra a qual nada pode o
Juiz, ainda o mais diligente e prevenido; donde o haver disposto o legislador
que, no caso de força maior, “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do Cód.
Proc. Penal).
— Isto de defender-se em liberdade é direito somente do réu primário e de bons
antecedentes, quando comprovada a ausência de hipótese que autorize a
decretação da prisão preventiva (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).

Voto no 6607 — AGRAVO EM EXECUÇÃO N o


492.811-
3/7-00

Arts. 2º e 7º, do Decreto Presidencial nº 4.495/02;


arts. 3º, nº I e 50, da Lei nº 7.210/84 (Lei de Execuções Penais).

— Uma vez conspirem todos os requisitos legais para sua concessão, denegar ao
sentenciado o benefício da comutação de penas fora o mesmo que frustrar, em
seu espírito e forma, o Decreto do Presidente da República e, sobre isso, mentir
ao ideal de justiça.
— Ao condenado que satisfaz o requisito objetivo (lapso temporal) é bem se
conceda comutação de pena. Pequenas deficiências de cunho íntimo ou
subjetivo, que acaso apresente, deve supri-las o Juiz com o espírito mesmo que
preside à outorga do benefício do indulto: o nobre e generoso sentimento de
compreensão humana, com que, pelo Natal, o chefe de Estado sói amercear-se de
todo o encarcerado, “o mais pobre de todos os pobres”, na pungente expressão de
Carnelutti (As Misérias do Processo Penal, 1995, p. 21; trad. José Antonio
Cardinalli).
— Quando claro, o texto legal escusa interpretação e, sobretudo, desautoriza a
que prejudicar o condenado: “In dubio pro libertate. Libertas omnibus rebus
favorabilior est. Na dúvida, pela liberdade! Em todos os assuntos e
circunstâncias, é a liberdade que merece maior favor” (apud Carlos
Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 261).

Voto no 6611 — HABEAS CORPUS No 897.603-3/0-00


Arts. 121, § 2º, ns. I e IV, c.c. com os arts. 14, nº II e 29, do Cód. Penal;
arts. 408, § 2º e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
arts. 1º, nº I e 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90 (Lei de Crimes Hediondos);
Súmula nº 52 do STJ.
15
— Dado que importa restrição à liberdade, sumo bem do indivíduo, a custódia
cautelar não pode prolongar-se “in aeternum”; daqui a razão por que os
Tribunais de Justiça do País, olhando pela intangibilidade da pessoa humana,
tiveram a bem fixar prazo à instrução criminal de processo de réu preso: 81 dias;
este é o último padrão que separa a legalidade do arbítrio.
— Não se trata, porém, de termo peremptório nem fatal: ao invés, sujeita-se a
circunstâncias excepcionais (como complexidade da causa, necessidade de
inquirir testemunhas por precatória, adiamento de audiência pela falta de
apresentação de réu preso devidamente requisitado, etc.) que escusam pequena
demora no encerramento da instrução. Não está nas mãos de Juiz, ainda o mais
diligente e avisado, conjurar todos os empecilhos que podem alterar o curso
normal do processo.
— O crime de tentativa de homicídio qualificado a lei considera hediondo e, pois,
em princípio, insuscetível de liberdade provisória (cf. arts. 1º, nº I, e 2º, nº II,
da Lei nº 8.072/90).
— Não tem direito de aguardar solto seu julgamento pelo Tribunal do Júri o réu
que, pronunciado como incurso nas penas do art. 121, § 2º, do Cód. Penal, não
comprovou possuir mérito pessoal que lhe justificasse a outorga do benefício
(art. 408, § 2º, do Cód. Proc. Penal).
—“Pronunciado o réu, fica superada a alegação de constrangimento ilegal da
prisão por excesso de prazo na instrução” (Súmula nº 21, do STJ).

Voto no 6612 — HABEAS CORPUS No 899.512-3/0-00


Art. 157, § 2º, ns. I, II e V, do Cód. Penal;
art. 310, parág. único, do Cód. Penal;
art. 93, nº IX, da Const. Fed.
— O decreto de prisão preventiva — “última forma coercitiva para casos
excepcionalíssimos”, na frase de Lucchini (cf. Rev. Tribs., vol. 130, p. 3) —
deve apresentar suficiente fundamentação, para que o Magistrado não empreste
sua força e autoridade a uma providência que, sobre iníqua, passa por odiosa.
— Mas, ainda que não seja o arquétipo da decisão bem motivada, não há averbar
de carecente de fundamentação aquela que encerre base jurídica e fática bastante
a garantir-lhe a validade. Tratando-se de roubo, crime de extrema gravidade, a
necessidade e a conveniência da decretação da custódia cautelar como que se
presumem.
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz), primariedade, bons
antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não
valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único,
do Cód. Penal) àquele que, acusado de crime grave — como é o roubo —, tem
contra si a presunção de periculosidade.
— A custódia cautelar, nesse caso, representa não só garantia do processo, mas
inexorável medida política de prevenção da criminalidade e de defesa da ordem
social, meta primeira do Estado e aspiração permanente da Justiça.

Voto no 6613 — APELAÇÃO CRIMINAL N o


420.510-3/6-00
Arts. 65, nº III, 100, § 1º, 107, nº IV, 1a. figura, 109, nº VI e 171, “caput”,
conjugado com o art. 14, nº II, do Cód. Penal;
arts. 61 e 304, do Cód. Proc. Penal;
Súmula nº 17 do STJ.
16
— É réu de estelionato quem, para obter vantagem ilícita, usa documento falso. O
“falsum”, no caso, faz as vezes de delito-meio e, pelo princípio da consunção, é
absorvido pelo estelionato. É a substância da Súmula nº 17 do STJ: “Quando o
falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este
absorvido”.
—“Em qualquer fase do processo, o juiz, se reconhecer extinta a punibilidade,
deverá declará-lo de ofício” (art. 61 do Cód. Proc. Penal).

Voto no 6614 — APELAÇÃO CRIMINAL N o


422.676-3/2-00
Arts. 107, nº IV, primeira figura, 109, nº VI, parág. único, e 110, § 1º, do
Cód. Penal;
art. 16 da Lei nº 6.368/76 (Lei de Tóxicos).

— A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de


prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 9a. ed., p. 322).
—“Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos previstos para as
privativas de liberdade” (art. 109, parág. único, do Cód. Penal).
— Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.

Voto no 6615 — AGRAVO EM EXECUÇÃO N o


493.059-
3/1-00
Art. 109, nº VI, do Cód. Penal;
arts. 53 e 118, nº I, da Lei nº 7.210/84 (Lei de Execução Penal).

— Tem fomento de direito a tese de que a punição da falta disciplinar, desde que
não constitua crime, sujeita-se à prescrição administrativa de 2 anos — por
analogia com o art. 109, nº VI, do Cód. Penal —, servindo de termo “a quo”, na
hipótese de fuga, a data da recaptura do condenado (art. 50, nº II, da Lei de
Exec. Penal).
— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o
eloqüente Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em
julgado. Portanto, desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a
autoridade da “res judicata”, um dos principais dogmas em que assenta a ordem
jurídica (art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.).
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm
alguma coisa de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de
falta grave cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).

Voto no 6617 — HABEAS CORPUS No 880.808-3/7-00


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.
— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a
liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso ordinário,
máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta indagação.
17
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— O instituto do “habeas corpus”, em vista de seu rito sumaríssimo e natureza
específica, não se presta a aferir requisitos subjetivos para a concessão de regime
prisional, tarefa em que somente haverá de entender o Juízo da causa ou das
Execuções Criminais; o Tribunal, este apenas em grau de recurso pode modificar o
regime estipulado na sentença condenatória, quando patente sua ilegalidade ou em
contradição absoluta com a lei e as circunstâncias do processo.

Voto no 6618 — HABEAS CORPUS No 900.321-3/8-00


Art. 171, combinado com o art. 71, do Cód. Penal;
arts. 362, 393, nº I e 594, do Cód. Proc. Penal.
— Inadmissível, no âmbito do “habeas corpus”, por suas características especiais e rito
sumaríssimo, discutir a injustiça de sentença condenatória quanto à fixação do regime
prisional. Questão que implica exame aprofundado dos autos da ação penal somente
poderá ser tratada na via ordinária da apelação ou da revisão criminal.
— A finalidade precípua do “habeas corpus” é a tutela do direito deambulatório, segundo
a lição do eminente Pedro Lessa: “É exclusiva missão do habeas corpus garantir a
liberdade individual na acepção restrita, a liberdade física, a liberdade de locomoção”
(apud M. Costa Manso, O Processo na Segunda Instância, 1923, p. 390).
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).

Voto no 6619 — HABEAS CORPUS No 900.235-3/5-00


Art. 157, § 2º, ns. I e II, combinado com o art. 14, nº II, do Cód. Penal;
arts. 393, nº I e 594 do Cód. Proc. Penal;
art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei nº 7.210/84.
— Se o acusado respondeu preso ao processo pela prática de roubo, será verdadeira
abusão lógica deferir-lhe o benefício da liberdade provisória após sua condenação,
pois entre os efeitos da sentença condenatória recorrível inclui-se precisamente o de
“ser o réu conservado na prisão” (art. 393, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— Se a Justiça o não reputou digno do benefício da liberdade, quando ainda contava
ser absolvido, com mais forte razão carecerá o acusado de requisito subjetivo depois
de condenado, quando a presunção de inocência terá cedido à de sua culpabilidade.
— Segundo entendimento pacífico do STF, a disposição do art. 594 do Cód. Proc.
Penal não se aplica a réu preso em razão de flagrante ou preventiva (cf. Damásio
E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 21a. ed., p. 470).
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-
lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— O instituto do “habeas corpus”, em vista de seu rito sumaríssimo e natureza
específica, não se presta a aferir requisitos subjetivos para a concessão de regime
prisional, tarefa em que somente haverá entender o Juízo da causa ou das
Execuções Criminais.

Voto no 6620 — HABEAS CORPUS No 892.157-3/8-00


Art. 121, § 2º, ns. I e IV, combinado com o art. 14, nº II, do Cód. Penal.
— Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido anterior,
com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que, satisfeita a
prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a matéria do
litígio, senão mediante recurso ordinário.
— Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se deve
outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar Jurídico,
1985, vol. II, p. 588).
18
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido”
(Rev. Forense, vol. 158, p. 340).

Voto no 6621 — APELAÇÃO CRIMINAL N o


422.676-3/2-00
Arts. 33, § 2º, alínea “b” e 59, do Cód. Penal.
— Não há proibição legal de o Juiz conceder regime semi-aberto a condenado
não-reincidente a pena inferior a 8 anos (art. 33, § 2º, alínea “b”, do Cód.
Penal); a concessão de tal benefício unicamente é defesa ao réu condenado a
pena que exceda a 8 anos (não importando se primário), ou ao reincidente, cuja
pena seja superior a 4 anos.

Voto no 6626 — AGRAVO EM EXECUÇÃO N o


874.446-
3/5-00
Art. 157, § 3º, do Cód. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
Súmula nº 698 do STF;
art. 5º, XLVI, da Const. Fed.
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de latrocínio (art. 157, § 3º,
do Cód. Penal), crime da classe dos hediondos.
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime
integralmente fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 403).
—“Não se estende aos demais crimes hediondos a admissibilidade de progressão no
regime de execução da pena aplicada ao crime de tortura” (Súmula nº 698 do STF).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida"
(Antão de Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).

Voto no 6627 — APELAÇÃO CRIMINAL N o


904.789-3/1-00
Arts. 107, nº IV, 109, nº VI e 110, § 1º, do Cód. Penal;
art. 16 da Lei nº 6.368/76;
art. 10, “caput”, da Lei nº 9.437/97.
— Confissão extrajudicial permite certeza da criminalidade do fato e condenação
do agente, se amparada por prova oral idônea.
— A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
—“Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos previstos para as
privativas de liberdade” (art. 109, parág. único, do Cód. Penal).
— Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.

Voto no 6628 — HABEAS CORPUS No 904.789-3/1-00


Art. 121, § 2º, ns. II e IV, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 312 e 323, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, LVII, da Const. Fed.

— Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,


consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência
da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do
19
Código de Processo Penal, isto é, garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal, ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração e veementes os indícios de sua autoria.
— LIBERDADE PROVISÓRIA — Homicídio qualificado — Proibição legal —
Crime hediondo — Lei nº 8. 072/90.
— Do número dos crimes hediondos, o homicídio qualificado (mesmo em sua
forma tentada) é, por definição legal, insuscetível de liberdade provisória (art.
1º, nº I, e 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90).

Voto no 6629 — HABEAS CORPUS No 886.912-3/5-00


Art. 157, § 2º, ns. I e II, combinado com o art. 70, do Cód. Penal;
arts. 310, 321, 323 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
Súmula nº 52 do STJ;
art. 5º, LVII, da Const. Fed.

—“HABEAS CORPUS” — Pedido de liberdade provisória — Roubo praticado à


mão armada e mediante concurso de agentes — Necessidade da custódia
cautelar — Ordem denegada.
— É verdade que, em obséquio ao princípio da presunção de inocência (art. 5º, nº
LVII, da Const. Fed.), ninguém será havido na conta de culpado senão após o
trânsito em julgado de sentença penal condenatória. Esse mandamento, contudo,
não importa a concessão indiscriminada de liberdade provisória a réu preso
em flagrante. Tal sucede apenas naqueles casos em que se não achem presentes
os requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva (art. 310, parág.
único, do Cód. Proc. Penal).
—“HABEAS CORPUS” — Alegação de constrangimento ilegal por excesso de
prazo — Necessidade de expedição de carta precatória — Inexistência de
ilegalidade — Ordem denegada.
— Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos processos, não
será decerto o Juiz um conviva de pedra ou um espectador inerte. Fatos existem,
no entanto, que lhe excedem a jurisdição; denomina-os a tradição jurídica
motivos de força maior, a cujo número pertence a necessidade de expedição de
carta precatória para o interrogatório do réu.
— Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento
ilegítimo por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma
vez que nem sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no
caso de força maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º,
do Cód. Proc. Penal).

Voto no 6630 — HABEAS CORPUS No 904.463-3/7-00


Art. 157, § 2º, ns. I e II, combinado com o art. 14, nº II, do Cód. Penal.
— Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido
anterior, com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que,
satisfeita a prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a
matéria do litígio, senão mediante recurso ordinário.
— Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se
deve outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar
Jurídico, 1985, vol. II, p. 588).
20
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido”
(Rev. Forense, vol. 158, p. 340).

Voto no 6631 — AGRAVO EM EXECUÇÃO N o


487.132-
3/5-00
Art. 121, § 2º, nº I, do Cód. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
arts. 33, 36 e 112, da Lei 7.210/84 (Lei de Execução Penal);
Súmula nº 698 do STF;
art. 5º, ns. XLIII e XLVII, da Const. Fed.
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime
prisional fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de homicídio
qualificado (art. 121, § 2º, do Cód. Penal), crime da classe dos hediondos.
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime
integralmente fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 403).
—“Não se estende aos demais crimes hediondos a admissibilidade de progressão
no regime de execução da pena aplicada ao crime de tortura” (Súmula nº 698
do STF).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida"
(Antão de Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).

Voto no 6632 — AGRAVO EM EXECUÇÃO N o


481.227-
3/6-00
Art. 214, combinado com o art. 224, do Cód. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
art. 33-36 e 112, da Lei 7.210/84 (Lei de Execução Penal);
art. 5º, ns. XLIII e XLVII, da Const. Fed.;
Súmula nº 698 do STF.
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime
prisional fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de homicídio
qualificado (art. 121, § 2º, do Cód. Penal), crime da classe dos hediondos.
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime
integralmente fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 403).
—“Não se estende aos demais crimes hediondos a admissibilidade de progressão
no regime de execução da pena aplicada ao crime de tortura” (Súmula nº 698
do STF).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida"
(Antão de Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).

Voto no 6633 — AGRAVO EM EXECUÇÃO N o


479.903-
3/1-00
Art. 157, § 3º, 2a. parte do Cód. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
art. 112 da Lei de Execução Penal;
Súmula nº 698 do STF.
21

— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que


assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime
prisional fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de latrocínio
(art. 157, § 3º, do Cód. Penal), crime da classe dos hediondos.
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime
integralmente fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 403).
—“Não se estende aos demais crimes hediondos a admissibilidade de progressão
no regime de execução da pena aplicada ao crime de tortura” (Súmula nº 698
do STF).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida"
(Antão de Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).

Voto no 6634 — AGRAVO EM EXECUÇÃO N o


479.538-
3/5-00
Arts. 53, 118, nº I, 126, § 3º, 127 e 197, da Lei 7.210/84 (Lei de Execução Penal);
art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.

— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em


julgado. Portanto, desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a
autoridade da “res judicata”, um dos principais dogmas em que assenta a ordem
jurídica (art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.).
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de
falta grave cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).
— Palavras do magistrado francês Osvaldo Bardot: “Consultai o bom senso, a
eqüidade, o amor do próximo, antes da autoridade e da tradição. A lei se
interpreta. Ela dirá o que quiserdes que ela diga. Sem mudar um til, pode-se,
com os mais sólidos considerandos do mundo, dar razão a uma parte ou a
outra, absolver ou condenar à pena máxima. Desse modo, que a lei não vos
sirva de álibi” (apud Jucid Peixoto do Amaral, Manual do Magistrado, 4a. ed.,
p. 42).
— Fruto e estipêndio do suor do preso, a remição de sua pena pelo trabalho tem
alguma coisa de sagrado que o defende e guarda do rigor do Juízo da execução
penal, mesmo no caso de haver cometido falta grave. Solução diversa implicaria
desestímulo ao trabalho, fator importantíssimo para a recuperação do indivíduo,
além de verdadeira contradição e injustiça, pois a frustração da perda alcançaria
só o trabalhador, nunca o ocioso.
— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o
eloqüente Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).

Voto no 6635 — APELAÇÃO CRIMINAL N o


904.789-3/1-00

Art. 12, conjugado com o art. 18, nº III, da Lei nº 6.368/76 (Lei de Tóxicos);
art. 202 do Cód. Proc. Penal;
22
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos).

— Nenhum homem inocente, podendo falar, prefere o silêncio para defender-se de


injusta acusação. Se permaneceu calado, ainda que direito seu garantido pela
Constituição da República (art. 5º, nº LXIII), dificilmente se eximirá de juízo
adverso.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para
logo a idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em
erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do
processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc.
Penal).
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime integralmente
fechado, por força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
—“A majorante prevista no art. 18, nº III, da Lei nº 6.368/76 ocorre quando a
associação criminosa é meramente eventual, configurativa de simples concurso
de agentes (co-autoria ou participação), sem que haja quadrilha previamente
organizada” (STJ; rel. Min. Vicente Leal; in Rev. Tribs., vol. 823, p. 553).

Voto no 6637 — APELAÇÃO CRIMINAL N o


359.708-3/6-00

Arts. 59, 109, nº IV, 110 e 115, § 1º, do Cód. Penal;


arts. 12 e 16, da Lei nº 6.368/76 (Lei de Tóxicos);

— No crime de ensaio, “somente na aparência é que ocorre um crime


exteriormente perfeito. Na realidade, o seu autor é apenas o protagonista
inconsciente de uma comédia” (Nélson Hungria, Comentários ao Código
Penal, 1978, vol. I, t. I, p. 107).
— Na dúvida se o acusado é traficante ou usuário de droga, deve prevalecer a
hipótese mais favorável do art. 16 da Lei nº 6.368/76 (Lei de Tóxicos), em
obséquio ao princípio “in dubio pro reo”, que preside soberanamente as
decisões da Justiça Criminal.
— A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 9a. ed., p. 322).
— Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.

Voto no 6638 — HABEAS CORPUS No 855.412-3/1-00


Art. 121, § 2º, ns. I e IV, combinado com o art. 14, nº II, do Cód. Penal.

— Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido


anterior, com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que,
23
satisfeita a prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a
matéria do litígio, senão mediante recurso ordinário.
— Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se
deve outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar
Jurídico, 1985, vol. II, p. 588).
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido”
(Rev. Forense, vol. 158, p. 340).

Voto no 6639 — HABEAS CORPUS No 903.357-3/3-00


Art. 157, § 2º, nº I, combinado com o art. 14, nº II, do Cód. Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar


a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— O instituto do “habeas corpus”, em vista de seu rito sumaríssimo e natureza
específica, não se presta a aferir requisitos subjetivos para a concessão de
regime prisional, tarefa em que somente haverá de entender o Juízo da causa ou
das Execuções Criminais; o Tribunal, este apenas em grau de recurso pode
modificar o regime estipulado na sentença condenatória, quando patente sua
ilegalidade ou em contradição absoluta com a lei e as circunstâncias do processo.

Voto no 6640 — HABEAS CORPUS No 899.511-3/5-00


Art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal;
arts. 12 e 16, nº IV, da Lei nº 10.826/03 (Lei do Desarmamento);
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

— Na esfera do “habeas corpus”, embora admissível o exame de provas para aferir


a procedência da alegação de falta de justa causa para a ação penal, é defesa a
análise aprofundada e percuciente, como se pratica na dilação probatória (art.
647 do Cód. Proc. Penal).
— Para trancar a ação penal, sob o fundamento da ausência de “fumus boni juris”,
há mister se mostre a prova mais clara que a luz meridiana, a fim de se não
subverter a ordem jurídica, entre cujos postulados se inscreve o da apuração
compulsória, pelos órgãos da Justiça, da responsabilidade criminal do infrator.
— As circunstâncias pessoais do réu e a comprovação de seus bons antecedentes
importam muito para a concessão da liberdade provisória, benefício a que, em
princípio, faz jus só o preso não-perigoso (art. 310, parág. único, do Cód. Proc.
Penal)

Voto no 6641 — HABEAS CORPUS No 896.430-3/3-00


Arts. 157 e 297, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 648, nº II, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º da Const. Fed.
24
— Dos mais sagrados direitos do réu é ver-se processar, rigorosamente, nos prazos
que lhe assina a lei. Donde o haver fixado a Jurisprudência em 81 dias o prazo
legal máximo para a formação da culpa de réu preso. Esse é o marco miliário
que estrema a legalidade do arbítrio.
— Grave que lhe seja o crime e abjeto seu caráter, nenhum réu decai nunca da
proteção da lei, que todos iguala (art. 5º da Const. Fed.).
— O escrúpulo de restituir à sociedade, sem julgamento, aquele de seus membros
que fundamente a agravou cede ao dever que tem o Juiz de cumprir a lei e
respeitar o direito, ainda que em seu titular pese a acusação gravíssima de autor
de roubo (art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal).

Voto no 6642 — HABEAS CORPUS No 901.910-3/0-00


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal.

— Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido


anterior, com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que,
satisfeita a prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a
matéria do litígio, senão mediante recurso ordinário.
— Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se
deve outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar
Jurídico, 1985, vol. II, p. 588).
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido”
(Rev. Forense, vol. 158, p. 340).

Voto no 6643 — HABEAS CORPUS No 904.123-3/3-00


Art. 157, § 3º, 2a. parte, combinado com o art. 29, do Cód. Penal;
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal.

— Conforme a doutrina comum, o pedido de “habeas corpus” deve ser instruído


com as peças e documentos que comprovem as alegações do paciente.
— O Colendo Supremo Tribunal Federal, em copiosos arestos, tem proclamado que
se não toma conhecimento do pedido de “habeas corpus” quando não está
devidamente instruído (José Frederico Marques, Elementos de Direito
Processual Penal, 1a. ed., vol. IV, p. 417).
— Na esfera do “habeas corpus”, é admissível a análise de provas para aferir a
procedência da alegação de falta de justa causa para a ação penal; defeso é
apenas seu exame aprofundado e de sobremão, como se pratica na dilação
probatória.
— Para trancar a ação penal, sob o fundamento da ausência de “fumus boni juris”,
há mister se mostre a prova mais clara que a luz meridiana, a fim de se não
subverter a ordem jurídica, entre cujos postulados se inscreve o da apuração
compulsória, pelos órgãos da Justiça, da responsabilidade criminal do infrator.

Voto no 6644 — HABEAS CORPUS No 899.273-3/8-00


25
Art. 155, § 4º, ns. I e IV, do Cód. Penal;
arts. 310, 393, nº I e 594, do Cód. Proc. Penal.

— É regra de direito positivo que o réu não pode apelar sem recolher-se à prisão
(art. 594 do Cód. Proc. Penal), por força do que estatui o art. 393, nº I, do
mencionado diploma legal, convém a saber: entre os efeitos da sentença
condenatória inscreve-se o de “ser o réu preso ou conservado na prisão”.
— Se o réu carece dos requisitos subjetivos, não há dispensar-lhe o benefício do
apelo em liberdade sem grave afronta ao Direito e à boa razão, sendo legítima a
sentença que o denega.

Voto no 6648 — HABEAS CORPUS No 887.322-3/0-00

Art. 121, § 2º, nº IV, do Cód. Penal;


arts. 393, nº I e 659, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos).

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado
a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado
o pedido de “habeas corpus”.
—“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença
condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p.
16.585).
— Se o acusado respondeu preso ao processo pela prática de homicídio, será
verdadeira abusão lógica deferir-lhe o benefício da liberdade provisória após
sua condenação, pois entre os efeitos da sentença condenatória recorrível inclui-
se precisamente o de “ser o réu conservado na prisão” (art. 393, nº I, do Cód.
Proc. Penal).
— Se a Justiça o não reputou digno do benefício da liberdade, quando ainda
contava ser absolvido, com mais forte razão carecerá o acusado de requisito
subjetivo depois de condenado, quando a presunção de inocência terá cedido à
de sua culpabilidade.
— Segundo entendimento pacífico do STF, a disposição do art. 594 do Cód. Proc.
Penal não se aplica a réu preso em razão de flagrante ou preventiva (cf.
Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 474).

Voto no 6649 — HABEAS CORPUS No 896.298-3/0-00


Art. 157, § 2º, nº II, conjugado com o art. 61, nº II, alíneas “c” e “h”, do Cód.
Penal;
arts. 312, 321, 323 e 648, nº I , do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.
26
— Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar
a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com observância da regra
do contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa
unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a
atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do Cód.
Proc. Penal).
—“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).

Voto no 6650 — AGRAVO EM EXECUÇÃO N o


483.369-
3/8-00
Art. 121, § 2º, ns. II e IV, do Cód. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
art. 112 da Lei de Execução Penal;
Súmula nº 698 do STF.

— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que


assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime
prisional fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de latrocínio
(art. 157, § 3º, do Cód. Penal), crime da classe dos hediondos.
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime
integralmente fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 403).
—“Não se estende aos demais crimes hediondos a admissibilidade de progressão
no regime de execução da pena aplicada ao crime de tortura” (Súmula nº 698
do STF).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida"
(Antão de Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).

Voto no 6652 — AGRAVO EM EXECUÇÃO N o


443.586-3/5-00
Arts. 53, 118, nº I, 126, § 3º e 127, da Lei nº 7.210/84 (Lei de Execução Penal);
art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.
27

— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o


eloqüente Cícero: “Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— Provando o condenado que trabalhou enquanto cumpria sua pena sob o regime
fechado ou semi-aberto, deve a Justiça reconhecer-lhe o direito à remição de
parte dela, como dispõe a Lei de Execução Penal (art. 126).
— Fruto e estipêndio do suor do preso, a remição de sua pena pelo trabalho tem
alguma coisa de sagrado que o defende e guarda do rigor do Juízo da execução
penal, mesmo no caso de haver cometido falta grave. Solução diversa implicaria
desestímulo ao trabalho, fator importantíssimo para a recuperação do indivíduo,
além de verdadeira contradição e injustiça, pois a frustração da perda alcançaria
só o trabalhador, nunca o ocioso (art. 127 da Lei de Execução Penal).
—“Os postulados da política jurídica nacional repelem o rigor da hermenêutica
da norma insculpida no art. 127 da LEP” (Célio César Paduani, Da Remição
na Lei de Execução Penal, 2002, p. 76).

Voto no 6653 — HABEAS CORPUS No 900.264-3/7-00


Art. 12 da Lei nº 6.368/76 (Lei de Tóxicos);
art. 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

— É regra de direito positivo que o réu não pode apelar sem recolher-se à prisão
(art. 594 do Cód. Proc. Penal), por força do que estatui o art. 393, nº I, do
mencionado diploma legal, convém a saber: entre os efeitos da sentença
condenatória inscreve-se o de “ser o réu preso ou conservado na prisão”.
— Se o réu carece dos requisitos subjetivos, não há dispensar-lhe o benefício do
apelo em liberdade sem grave afronta ao Direito e à boa razão, sendo legítima a
sentença que o denega.
— Por expressa disposição legal, não tem direito a liberdade provisória quem é
acusado de tráfico de entorpecentes, crime do número dos “hediondos” (art.
2º, nº II, da Lei nº 8.072/90).

Voto no 6654 — AGRAVO EM EXECUÇÃO N o


854.998-
3/7-00
Art. 213 do Cód. Penal;
28
art. 112 da Lei nº 7.210/84 (Lei de Execução Penal);
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
art. 5º, ns. XLIII e XLVI, da Const. Fed.

— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que


assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime
prisional fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de estupro (art.
213 do Cód. Penal), crime da classe dos hediondos.
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime
integralmente fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 403).
—“Não se estende aos demais crimes hediondos a admissibilidade de progressão
no regime de execução da pena aplicada ao crime de tortura” (Súmula nº
698 do STF).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida"
(Antão de Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).

Voto no 6655 — AGRAVO EM EXECUÇÃO N o


891.541-
3/3-00
Art. 157, § 2º, ns. I, II e V, na forma do art. 70, do Cód. Penal;
art. 182 do Cód. Proc. Penal;
arts. 6º, 7º e 112, da Lei nº 7.210/84 (Lei de Execução Penal).

— Ainda que, pelo comum, o juiz não fique “adstrito ao laudo” (art. 182 do Cód.
Proc. Penal), é de bom exemplo, nas matérias de seu ofício, ouvir sempre os que
tiverem saber técnico especializado. Trata-se de máxima de experiência, que a
sabedoria popular compendiou no prosaico anexim: “Mais sabe o ignorante no
seu, que o sábio no alheio”.
—“O juiz criminal é, assim, restituído à sua própria consciência. Nunca é demais,
porém, advertir que livre convencimento não quer dizer puro capricho de
opinião ou mero arbítrio na apreciação das provas” (Francisco Campos,
Exposição de Motivos do Código de Processo Penal, nº VII).
— A despeito da nova redação que a Lei nº 10.792/03 deu ao art. 112 da Lei de
Execução Penal, subsiste a possibilidade de realização do exame criminológico,
“quando o entender indispensável o juiz da execução para a decisão sobre
progressão de regime” (Julio Fabbrini Mirabete, 11a. ed., p. 59).
— Pode o juiz “determinar, de ofício, diligências para dirimir dúvidas sobre ponto
relevante” (art. 156 do Cód. Proc. Penal).

Voto no 6656 — HABEAS CORPUS No 894.819-3/4-00


Arts. 157, § 2º, ns. I, II e V, 158, § 1º, conjugados com os arts. 29 e 69, do Cód.
Penal;
art. 158, § 1º, c.c. o art. 14, nº II, do Cód. Penal;
art. 310, parág. único, do Cód. Penal;
29
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

— Não há averbar de falta de fundamentação a decisão que encerra base jurídica e


fática bastante a garantir-lhe a validade. Tratando-se de roubo, crime de extrema
gravidade, a necessidade e a conveniência da decretação da custódia cautelar
como que se presumem.
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz), primariedade, bons
antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não
valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único,
do Cód. Penal) àquele que, acusado de crime grave — como é o roubo —, tem
contra si a presunção de periculosidade.
— A custódia cautelar, nesse caso, representa não só garantia do processo, mas
inexorável medida política de prevenção da criminalidade e de defesa da ordem
social, meta primeira do Estado e aspiração permanente da Justiça.
HABEAS CORPUS — Pedido de liberdade provisória — Roubo praticado à mão
armada e mediante concurso de agentes — Necessidade da custódia cautelar —
Ordem denegada.
— É verdade que, em obséquio ao princípio da presunção de inocência (art. 5º, nº
LVII, da Const. Fed.), ninguém será havido na conta de culpado senão após o
trânsito em julgado de sentença penal condenatória. Esse mandamento, contudo,
não importa a concessão indiscriminada de liberdade provisória a réu preso em
flagrante. Tal sucede apenas naqueles casos em que se não achem presentes os
requisitos que autorizam a decretação da prisão preventiva (art. 310, parág.
único, do Cód. Proc. Penal).

Voto no 6657 — HABEAS CORPUS No 901.887-3/7-00


Arts. 157, § 2º, ns. II e V, 158, § 1º, conjugados com o art. 69, do Cód. Penal;
art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
Súmula nº 52 do STJ.

— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,


rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
—“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da
culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou
ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236)
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).

Voto no 6658 — AGRAVO EM EXECUÇÃO N o


471.115-
3/7-00
30
Arts. 121, § 2º, ns. I e IV e 157, § 2º, combinado com o art. 61, do Cód. Penal;
art. 112 da Lei nº 7.210/84 (Lei de Execução Penal);
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
art. 5º, ns. XLIII e XLVI, da Const. Fed.

— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que


assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime
prisional fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de estupro (art.
213 do Cód. Penal), crime da classe dos hediondos.
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime
integralmente fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 403).
—“Não se estende aos demais crimes hediondos a admissibilidade de progressão
no regime de execução da pena aplicada ao crime de tortura” (Súmula nº 698
do STF).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida"
(Antão de Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).

Voto no 6659 — APELAÇÃO CRIMINAL N o


479.627-3/1-00
Arts. 109, nº II e 213, do Cód. Penal;
art. 1º, nº V e 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei de Crimes Hediondos).

— A confissão policial, ainda que repudiada em Juízo, autoriza decreto


condenatório se em harmonia com outros elementos de prova, máxime o firme
reconhecimento do réu pela vítima.
— Tem a palavra da vítima importância capital nos casos de estupro. Se ajustada
ao conjunto probatório dos autos, enseja condenação: ao cabo de contas,
ninguém se reputa mais apto a discorrer das circunstâncias e autoria do crime
que a pessoa que lhe padeceu diretamente os agravos físicos e morais.
— A palavra da vítima de estupro tem valor inquestionável na apuração das
circunstâncias do fato criminoso e na identificação de seu autor, pois repugna à
condição da mulher, sobretudo se casada e de vida honesta, faltar à verdade em
matéria que, por sua infâmia e opróbrio, lhe imprimiu na alma um como estigma
indelével (art. 213 do Cód. Penal).
— O autor de estupro, delito da classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o
regime integralmente fechado, por força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº
8.072/90.

Voto no 6666 — EMBARGOS INFRINGENTES N o


475.761-3/5-
01
31
Arts. 26 e 121, § 2º, ns. I, III e IV, conjugado com o art. 29, do Cód. Penal;
art. 386, nº V, do Cód. Proc. Penal.

— Se inimputável o agente, poderá o Juiz, em caso de recomendação médica,


submetê-lo a tratamento em regime ambulatorial, ainda que apenado com
reclusão o fato previsto como crime (art. 97 do Cód. Penal). No Estado
Democrático de Direito, os cuidados com a saúde do indivíduo não importam
menos que o rigor da lei.
—“Hoje a maioria absoluta dos juristas quer libertar da letra da lei o julgador,
pelo menos quando da aplicação dos textos resulte injusta dureza, ou até mesmo
simples antagonismo com os ditames da eqüidade” (Carlos Maximiliano,
Hermenêutica e Aplicação do Direito, 1933, p. 187).

Voto no 6669 — HABEAS CORPUS No 887.435-3/5-00


Art. 121, § 2º, ns. I e IV, conjugado com o art. 14, nº II, do Cód. Penal;
arts. 158, 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
arts. 1º, nº I e 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

— Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,


consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— Se preso em flagrante delito, a regra geral é que o acusado aguarde, no cárcere,
a verificação de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se não satisfaz
aos requisitos legais da liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód.
Proc. Penal).
LIBERDADE PROVISÓRIA — Homicídio qualificado — Proibição legal —
Crime hediondo — Lei nº 8. 072/90.
— Do número dos crimes hediondos, o homicídio qualificado (mesmo em sua
forma tentada) é, por definição legal, insuscetível de liberdade provisória (art.
1º, nº I, e 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90).

Voto no 6670 — HABEAS CORPUS No 898.501-3/2-00


32
Art. 16, parág. único, nº IV, da Lei nº 10.826/03, combinado com o art. 29 do
Cód. Penal;
arts. 310, parág. único e 647, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

— Remédio processual específico para a tutela das garantias e direitos


fundamentais do indivíduo, é o “habeas corpus” instrumento idôneo para o
exame da existência de justa causa para ação penal. Por seu rito sumário,
entretanto, somente enseja o trancamento de inquérito ou ação penal quando
salte aos olhos, desde logo, a atipicidade do fato argüido de criminoso ou a
inocência do acusado (art. 647 do Cód. Proc. Penal).
— A apuração da responsabilidade criminal do réu é própria da instância penal do
contraditório; transferi-la para a via heróica do “habeas corpus” seria decidir
questão de mérito, atribuição privativa do Juízo da causa.
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação
de requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão
preventiva (cf. art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua
periculosidade, o autor de roubo incide na cláusula restritiva; pelo que, não
tem jus ao benefício.
— As circunstâncias pessoais do réu e a comprovação de seus bons antecedentes
importam muito para a concessão da liberdade provisória, benefício a que, em
princípio, faz jus só o preso não-perigoso (art. 310, parág. único, do Cód. Proc.
Penal)

Voto no 6671 — AGRAVO EM EXECUÇÃO N o


489.370-
3/6-00
Arts. 156 e 182, do Cód. Proc. Penal;
arts. 6º, 7º e 112, da Lei nº 7.210/84 (Lei de Execução Penal).

— Ainda que, pelo comum, o juiz não fique “adstrito ao laudo” (art. 182 do Cód.
Proc. Penal), é de bom exemplo, nas matérias de seu ofício, ouvir sempre os que
tiverem saber técnico especializado. Trata-se de máxima de experiência, que a
sabedoria popular compendiou no prosaico anexim: “Mais sabe o ignorante no
seu, que o sábio no alheio”.
—“O juiz criminal é, assim, restituído à sua própria consciência. Nunca é demais,
porém, advertir que livre convencimento não quer dizer puro capricho de
opinião ou mero arbítrio na apreciação das provas” (Francisco Campos,
Exposição de Motivos do Código de Processo Penal, nº VII).
— A despeito da nova redação que a Lei nº 10.792/03 deu ao art. 112 da Lei de
Execução Penal, subsiste a possibilidade de realização do exame criminológico,
“quando o entender indispensável o juiz da execução para a decisão sobre
progressão de regime” (Júlio Fabbrini Mirabete, Execução Penal, 11a. ed., p.
59).
— Pode o juiz “determinar, de ofício, diligências para dirimir dúvidas sobre ponto
relevante” (art. 156 do Cód. Proc. Penal).

Voto no 6677 — HABEAS CORPUS No 898.227-3/1-00


33
Arts. 310, parág. único, 499 e 647, do Cód. Proc. Penal;
art. 16, parág. único, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento);
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

— Na esfera do “habeas corpus”, embora admissível o exame de provas para aferir


a procedência da alegação de falta de justa causa para a ação penal, é defesa a
análise aprofundada e percuciente, como se pratica na dilação probatória (art.
647 do Cód. Proc. Penal).
— Para trancar a ação penal, sob o fundamento da ausência de “fumus boni juris”,
há mister se mostre a prova mais clara que a luz meridiana, a fim de que se não
subverta a ordem jurídica, entre cujos postulados se inscreve o da apuração
compulsória, pelos órgãos da Justiça, da responsabilidade criminal do infrator.
— À luz da nova ordem constitucional instaurada no País, a regra geral é que se
defenda o réu em liberdade. Consectário do princípio do estado de inocência
(art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.), só por exceção deve o acusado responder
preso ao processo.
— Não há denegar liberdade provisória ao infrator do art. 16, parág. único, nº IV,
da Lei nº 10.826/03 (porte ilegal de arma de fogo com numeração suprimida) se
presentes os requisitos do art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal.
— Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não
sustente em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois,
quer-se revogada. Nesse número merecem contados os casos de encarceramento
de réu, quando ausentes os requisitos da decretação da prisão preventiva (art.
310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
— Passa por iniqüidade manter preso, enquanto lhe tramita o processo, réu que
poderá, no caso de condenação, beneficiar-se de sanção alternativa, pois já
ninguém ignora que o cárcere é o pior lugar do mundo antes do cemitério,
tendo-lhe Dostoiévski chamado, com propriedade, a “casa dos mortos”.

Voto no 6678 — HABEAS CORPUS No 902.742-3/3-00


Art. 121, § 2º, nº II, conjugado com o art. 14, nº II, do Cód. Penal;
art. 408, § 2º, do Cód. Proc. Penal;
arts. 1º, nº I e 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
Súmula nº 21, do STJ.

— O crime de tentativa de homicídio qualificado a lei considera hediondo e, pois,


em princípio, insuscetível de liberdade provisória (cf. arts. 1º, nº I, e 2º, nº II,
da Lei nº 8.072/90).
— Não tem direito de aguardar solto seu julgamento pelo Tribunal do Júri o réu
que, pronunciado como incurso nas penas do art. 121, § 2º, do Cód. Penal, não
comprovou possuir mérito pessoal que lhe justificasse a outorga do benefício
(art. 408, § 2º, do Cód. Proc. Penal).
—“Pronunciado o réu, fica superada a alegação de constrangimento ilegal da
prisão por excesso de prazo na instrução” (Súmula nº 21, do STJ).
—“Não foge, nem se teme a inocência da Justiça” (Antônio Ferreira, Castro, ato
IV, cena I, v. 27).

Voto no 6679 — HABEAS CORPUS No 891.541-3/3-00


art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal;
34
Arts. 16, parág. único,nº IV e 21, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do
Desarmamento);
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

— A observância da forma é, em muitos casos, a pedra angular do edifício que


assegura a validade do ato jurídico. Anular-se, entretanto, um ato ou todo o
processo, pela postergação de formalidade que não influiu na apuração dos fatos
ou na decisão da causa, será render exagerado preito de vassalagem à lei e
imolar na ara do “frívolo curialismo”.
— À luz da nova ordem constitucional instaurada no País, a regra geral é que se
defenda o réu em liberdade. Consectário do princípio do estado de inocência
(art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.), só por exceção deve o acusado responder
preso ao processo.
— Flagrantemente inconstitucional o art. 21 da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do
Desarmamento), não há denegar liberdade provisória ao infrator de seu art.
16 (porte ilegal de arma de fogo de uso restrito), se presentes os requisitos do
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal.

Voto no 6680 — HABEAS CORPUS No 891.541-3/3-00


Arts. 117, 155, “caput” e § 4º, nº IV, do Cód. Penal;
art. 197 da Lei nº 7.210/84 (Lei de Execução Penal).

— Isto de prescrição da pretensão executória da pena, segundo consagrada


orientação de nossos Tribunais, não se decreta na via judicial do “habeas
corpus”, cujo âmbito estreito não permite exame de questões que só podem ser
bem aferidas no Juízo das Execuções Criminais, como a incidência de eventual
causa interruptiva da prescrição (art. 117 do Cód. Penal) etc.
— De ordinário, não é o “habeas corpus” substitutivo do recurso próprio, máxime
quando a matéria de seu objeto reclame percuciente análise de circunstâncias
que lhe excedam os limites e a natureza jurídica.

Voto no 6681 — HABEAS CORPUS No 902.742-3/3-00


Art. 121, § 2º, nº II, conjugado com o art. 14, nº II, do Cód. Penal;
art. 408, § 2º, do Cód. Proc. Penal;
arts. 1º, nº I e 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos).

— O crime de tentativa de homicídio qualificado a lei considera hediondo e, pois,


em princípio, insuscetível de liberdade provisória (cf. arts. 1º, nº I, e 2º, nº II,
da Lei nº 8.072/90).
— Não tem direito de aguardar solto seu julgamento pelo Tribunal do Júri o réu
que, pronunciado como incurso nas penas do art. 121, § 2º, do Cód. Penal, não
comprovou possuir mérito pessoal que lhe justificasse a outorga do benefício
(art. 408, § 2º, do Cód. Proc. Penal).
—“Pronunciado o réu, fica superada a alegação de constrangimento ilegal da
prisão por excesso de prazo na instrução” (Súmula nº 21, do STJ).
—“Não foge, nem se teme a inocência da Justiça” (Antônio Ferreira, Castro, ato
IV, cena I, v. 27).
35
Voto no 6682 — AGRAVO EM EXECUÇÃO N o
902.742-
3/3-00
Art. 214, conjugado com o art. 224, do Cód. Penal;
art. 182 do Cód. Proc. Penal;
art. 9º da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
arts. 6º e 112, da Lei nº 7.210/84 (Lei de Execução Penal);

—“Somente a sentença não motivada é passível de nulidade. A fundamentação


sucinta ou deficiente não a invalida” (STJ; RSTJ, vol. 69, p. 126; rel. Min.
Fláquer Scartezzini);
— Satisfeitos os requisitos legais (art. 83 do Cód. Penal), é o livramento
condicional direito público subjetivo do condenado, que se lhe não pode negar
sem grave injúria da Lei e da Justiça.

Voto no 6683 — APELAÇÃO CRIMINAL N o


834.386-3/8-00
Art. 157, “caput”, do Cód. Penal;
arts. 107, nº IV, 109, nº VI e 110, § 1º, do Cód. Penal;
art. 16 da Lei nº 6.368/76 (Lei de Tóxicos).

— É de notável circunspecção o parecer da Procuradoria Geral de Justiça que, à


conta da fragilidade da prova reunida no processado, propõe a absolvição do
réu, pois unicamente na certeza deve assentar o decreto condenatório (art. 386,
nº VI, do Cód. Proc. Penal).
—“Nenhuma presunção, por mais veemente que seja, dará motivo para imposição
de pena” (art. 36 do Código Criminal do Império do Brasil).
— Sobretudo em caso de crime a que se cominam penas severas (como o roubo),
só é possível condenar o réu se houver certeza de sua culpabilidade; se não,
será força absolvê-lo, em obséquio ao preceito comum de interpretação da
dúvida (“in dubio pro reo”).
—“Na Justiça penal, tudo deve ser certo e preciso como uma equação algébrica.
Os elementos probatórios de uma acusação penal devem ser espontâneos,
lógicos, consistentes, precisos, harmônicos e, sobretudo, concordantes, para
que apresentem em si uma inteireza real a sobrelevar a evidência da verdade”
(Hoeppner Dutra).
— Forma que é de prescrição da pretensão punitiva, a prescrição intercorrente
(art. 110, § 1º, do Cód. Penal) rescinde a própria sentença condenatória,
fulminando-lhe os efeitos (cf. Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado,
17a. ed., p. 358).
— Acolhida preliminar de extinção de punibilidade do apelante pela prescrição da
pretensão punitiva estatal, todas as mais questões perdem alcance e já não
podem ser objeto de exame nem deliberação (art. 107, nº IV, 1a. figura, do Cód.
Penal).
36
Voto no 6689 — AGRAVO EM EXECUÇÃO N o
481.719-
3/1-00
Art. 121, § 2º, ns. I, II, IV e V, do Cód. Penal;
art. 1º da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
art. 50 da Lei nº 7.210/84 (Lei de Execução Penal);
arts. 2º e 7º, do Decreto Presidencial nº 4.904/03.

— Uma vez conspirem todos os requisitos legais para sua concessão, denegar ao
sentenciado o benefício da comutação de penas fora o mesmo que frustrar, em
seu espírito e forma, o Decreto do Presidente da República e, sobre isso, mentir
ao ideal de justiça.
— Ao condenado que satisfaz o requisito objetivo (lapso temporal) é bem se
conceda comutação de pena. Pequenas deficiências de cunho íntimo ou
subjetivo, que acaso apresente, deve supri-las o Juiz com o espírito mesmo que
preside à outorga do benefício do indulto: o nobre e generoso sentimento de
compreensão humana, com que, pelo Natal, o chefe de Estado sói amercear-se
de todo o encarcerado, “o mais pobre de todos os pobres”, na pungente
expressão de Carnelutti (As Misérias do Processo Penal, 1995, p. 21; trad. José
Antonio Cardinalli).
— Não incluiu o legislador o homicídio qualificado-privilegiado no rol dos
crimes hediondos (art. 1º da Lei nº 8.072/90); pelo que, seu autor, satisfeitos os
demais requisitos, pode ser contemplado com o indulto ou a comutação de
pena de que trata o Decreto nº 4.904/03).
— Quando claro, o texto legal escusa interpretação e, sobretudo, desautoriza a
que prejudicar o condenado: “In dubio pro libertate. Libertas omnibus rebus
favorabilior est. Na dúvida, pela liberdade! Em todos os assuntos e
circunstâncias, é a liberdade que merece maior favor” (apud Carlos
Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 261).

Voto no 6695 — APELAÇÃO CRIMINAL N o


475.552-3/0-00
Arts. 23 e 121, § 2º, nº I, do Cód. Penal;
arts. 1º, nº I e 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
art. 5º, nº XXXVIII, letra “c”, da Const. Fed.

— Máxime quando produzida perante o Magistrado, “nada traz mais certeza da


autoria de um delito do que uma confissão livre, clara, sincera, sem qualquer
vício” (Hélio Tornaghi, Curso de Processo Penal, 1980, vol. I, p. 381).
— Decisão dos jurados não se anula, exceto se proferida contra a evidência dos
autos, pois tem por si a força do preceito constitucional da soberania dos
veredictos do Júri, que lhe assegura a imutabilidade (art. 5º, nº XXXVIII, letra
“c”, da Const. Fed.). “Manifestamente contrária à prova dos autos” é somente
a decisão que neles não depara fundamento algum, constituindo por isso
formidável desvio da razão lógica e da realidade processual.
— É antiga nos Tribunais a inteligência de que a reação tardia a uma agressão não
configura legítima defesa, senão vingança, inimiga ingente do Direito (art. 23,
nº II, do Cód. Penal).
— Dado que julgam “ex informata conscientia”, não há impugnar a decisão dos
jurados se depara um mínimo de fundamento na prova; que tal decisão já não
será manifestamente contrária à prova dos autos.
37

Voto no 6696 — REVISÃO CRIMINAL N o


355.706-3/8-00
Art. 214, conjugado com os arts. 29 e 71, do Cód. Penal;
arts. 156 e 621, nº III, do Cód. Proc. Penal;
arts. 1º, nº IV e 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos).

— A palavra da vítima é a pedra angular do edifício probatório: se em harmonia


com os mais elementos dos autos justifica a procedência da pretensão punitiva e
a condenação do réu.
— Tem a palavra da vítima importância capital nos casos de atentado violento ao
pudor. Se ajustada ao conjunto probatório dos autos, enseja condenação: ao
cabo de contas, ninguém se reputa mais apto a discorrer das circunstâncias e
autoria do crime que a pessoa que lhe padeceu diretamente os agravos físicos e
morais (art. 214 do Cód. Penal).
— O autor de atentado violento ao pudor, delito da classe dos hediondos, deve
cumprir sua pena sob o regime integralmente fechado, por força do preceito do
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
— Apenas afronta a evidência dos autos a decisão que deles se aparta às inteiras,
não estando nesse número a que se apóia em fortes elementos de convicção,
como o reconhecimento seguro do réu pela vítima.
— Na revisão criminal, é do peticionário o ônus da prova da erronia ou injustiça
da sentença condenatória, como o impõe a exegese do art. 156 do Cód. Proc.
Penal.

Voto no 6700 — HABEAS CORPUS No 900.898-3/0-00


Arts. 121, “caput”, combinado com o art. 14, nº II e 64, nº I, do Cód. Penal;
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não
sustente em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois,
quer-se revogada. Nesse número merecem contados os casos de encarceramento
de réu, quando ausentes os requisitos da decretação da prisão preventiva (art.
310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
—“Para a prisão preventiva não basta a inafiançabilidade do crime, nem a
presunção veemente da existência de criminalidade: é preciso, ainda, para
justificá-la, a sua necessidade indeclinável” (José de Alencar; apud João
Mendes, O Processo Criminal Brasileiro, 1920, t. I, p. 360).
38
Voto no 6701 — HABEAS CORPUS No 906.189-3/8-00
Art. 197 da Lei nº 7.210/84 (Lei de Execução Penal).
— Conforme a doutrina comum, o pedido de “habeas corpus” deve ser instruído
com as peças e documentos que comprovem as alegações do paciente.
— O Colendo Supremo Tribunal Federal, em copiosos arestos, tem proclamado que
se não toma conhecimento do pedido de “habeas corpus” quando não está
devidamente instruído (José Frederico Marques, Elementos de Direito
Processual Penal, 1a. ed., vol. IV, p. 417).
— De ordinário, não é o “habeas corpus” substitutivo do recurso próprio, máxime
quando a matéria de seu objeto reclame percuciente análise de circunstâncias
que lhe excedam os limites e a natureza jurídica.
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto no 6702 — HABEAS CORPUS No 892.812-3/8-00


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 10, § 1º, nº I e § 3º, nº IV, da Lei nº 9.437/97 (Lei das Armas de Fogo);
art. 66, nº III, alínea “f”, da Lei nº 7.210/84 (Lei de Execução Penal).

— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter livramento condicional, pois se trata de matéria em que, por
previsão de lei (art. 66, nº III, alínea “e”, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.

Voto no 6703 — HABEAS CORPUS No 895.688-3/2-00


Art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar


a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— O instituto do “habeas corpus”, em vista de seu rito sumaríssimo e natureza
específica, não se presta a aferir requisitos subjetivos para a concessão de
regime prisional, tarefa em que somente haverá de entender o Juízo da causa ou
das Execuções Criminais; o Tribunal, este apenas em grau de recurso pode
modificar o regime estipulado na sentença condenatória, quando patente sua
ilegalidade ou em contradição absoluta com a lei e as circunstâncias do processo.
39
Voto no 6704 — HABEAS CORPUS No 897.051-3/0-00
Art. 155, § 4º, ns. I e IV, conjugado com o art. 14, nº II, do Cód. Penal;
art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.;
Súmula nº 52 do STJ.

— Não redunda em constrangimento ilegal despacho que denega liberdade


provisória a autor de furto qualificado, portador de péssimos antecedentes. Ao
benefício tem jus somente o réu primário, de vida exemplar e de nenhuma ou
escassa periculosidade.
— Se preso em flagrante delito, a regra geral é que o acusado aguarde, no cárcere,
a verificação de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se não satisfaz
aos requisitos legais da liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód.
Proc. Penal).

Voto no 6705 — REVISÃO CRIMINAL N o


449.124-3/1-00
Art. 214, conjugado com os arts. 29 e 71 do Cód. Penal;
art. 622, parág. único, do Cód. Proc. Penal.

— Indeferida a revisão criminal, em dois casos apenas pode ser de novo intentada:
se diverso o fundamento ou “quando surgirem circunstâncias que beneficiem o
condenado” (cf. Hélio Tornaghi, Curso de Processo Penal, 1980, vol. II, p.
363).
—“Não é admissível a reiteração do pedido revisional, salvo se fundado em novas
provas (Rev. Forense, vol. 197, p. 320).

Voto no 6706 — HABEAS CORPUS No 898.202-3/8-00


Art. 297, “caput” e § 2º, do Cód. Penal;
art. 105, nº I, alíneas “a” e “c”, da Const. Fed.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar


a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— É ao Colendo Superior Tribunal de Justiça que compete julgar “habeas
corpus” impetrado contra ato do Tribunal de Justiça, conforme o preceito do
art. 105, nº I, alíneas “a” e “c”, da Constituição Federal, explicitado pela
Emenda Constitucional nº 22, de 18 de março de 1999 (cf. HC nº 78.069-
9/MG; 2a. Turma; rel. Min. Marco Aurélio; DJU 14.5.99).
40

Voto no 6707 — HABEAS CORPUS No 902.626-3/4-00


Art. 155, § 4º, nº II, conjugado com o art. 14, nº II, do Cód. Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.
Súmulas ns. 241 e 269 do STJ.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar


a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— O instituto do “habeas corpus”, em vista de seu rito sumaríssimo e natureza
específica, não se presta a aferir requisitos subjetivos para a concessão de
regime prisional, tarefa em que somente haverá de entender o Juízo da causa ou
das Execuções Criminais; o Tribunal, este apenas em grau de recurso pode
modificar o regime estipulado na sentença condenatória, quando patente sua
ilegalidade ou em contradição absoluta com a lei e as circunstâncias do processo.

Voto no 6711 — REVISÃO CRIMINAL N o


437.757-3/7-00
Art. 214, conjugado com os arts. 29 e 71, do Cód. Penal;
arts. 1º, nº IV e 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos).

— Nos casos de atentado violento ao pudor, a palavra da vítima, como de quem


teve papel precípuo no evento delituoso, é de especial relevância para a
identificação de seu autor; destarte, exceto lhe prove alguém tenha obrado com
erro ou malícia ao indicar o culpado, já a vítima lhe está antecipando juízo de
condenação, pois nela se presume o interesse de não querer incriminar outrem
que seu malfeitor (art. 214 do Cód. Penal).
— Remédio especial e extremo, não se admite a revisão criminal senão nos casos
expressamente previstos em lei (art. 621 do Cód. Proc. Penal).

Voto no 6712 — HABEAS CORPUS No 900.620-3/2-00


Art. 180, “caput”, conjugado com o art. 29, do Cód. Penal;
art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
—“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).
41

Voto no 6719 — HABEAS CORPUS No 894.383-3/3-00


Art. 1º, nº IV, da Lei nº 8.137/90 (Crime contra a Ordem Tributária);
art. 34 da Lei nº 9.249/95 (Lei do Imposto de Renda);
art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal.

—“O pagamento do tributo, a qualquer tempo, ainda que após o recebimento da


denúncia, extingue a punibilidade do crime tributário” (STF; Min. Cezar
Peluso; Rev. Tribs., vol. 824, p. 495).
— Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do
crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com observância da
regra do contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa
unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a
atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do Cód.
Proc. Penal).
—“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).

Voto no 6720 — HABEAS CORPUS No 913.061-3/0-00


Art. 12 da Lei nº 6.368/76 (Lei de Tóxicos);
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei de Crimes Hediondos);
Lei nº 9.455/97 (Lei de Crime de Tortura);
arts. 33-36, da Lei nº 77.210/84 da Lei de Execuções Penais.

— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que


assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime
prisional fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de tráfico de
entorpecentes (art. 12 da Lei nº 8.072/90), crime da classe dos hediondos.
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime
integralmente fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 403).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida"
(Antão de Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
— Cai a lanço notar que a constitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei dos Crimes
Hediondos já foi afirmada pelo Supremo Tribunal Federal.

Voto no 6721 — HABEAS CORPUS No 912.962-3/5-00


42
Art. 12 da Lei nº 6.368/76, combinado com o art. 29 do Cód. Penal;
arts. 393, nº I e 594 do Cód. Proc. Penal.

— Se o acusado respondeu preso ao processo pela prática de roubo, será


verdadeira abusão lógica deferir-lhe o benefício da liberdade provisória após
sua condenação, pois entre os efeitos da sentença condenatória recorrível inclui-
se precisamente o de “ser o réu conservado na prisão” (art. 393, nº I, do Cód.
Proc. Penal).
— Se a Justiça o não reputou digno do benefício da liberdade, quando ainda
contava ser absolvido, com mais forte razão carecerá o acusado de requisito
subjetivo depois de condenado, quando a presunção de inocência terá cedido à
de sua culpabilidade.
— Segundo entendimento pacífico do STF, a disposição do art. 594 do Cód. Proc.
Penal não se aplica a réu preso em razão de flagrante ou preventiva (cf.
Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 21a. ed., p. 470).
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o re-exame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— O instituto do “habeas corpus”, em vista de seu rito sumaríssimo e natureza
específica, não se presta a aferir requisitos subjetivos para a concessão de
regime prisional, tarefa em que somente haverá entender o Juízo da causa ou
das Execuções Criminais.

Voto no 6722 — HABEAS CORPUS No 906.110-3/9-00


Art. 18, nº IV, da Lei nº 6.368/76 (Lei de Tóxicos);
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
art. 5º, ns. XLIII, XLVI e LXVIII, da Const. Fed.
— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar
a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— O instituto do “habeas corpus”, em vista de seu rito sumaríssimo e natureza
específica, não se presta a aferir requisitos subjetivos para a concessão de
regime prisional, tarefa em que somente haverá de entender o Juízo da causa ou
das Execuções Criminais; o Tribunal, este apenas em grau de recurso pode
modificar o regime estipulado na sentença condenatória, quando patente sua
ilegalidade ou em contradição absoluta com a lei e as circunstâncias do processo.
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime
prisional fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de tráfico de
entorpecentes (art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe dos hediondos.
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime
integralmente fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 403).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida"
(Antão de Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
— Cai a lanço notar que a constitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei dos Crimes
Hediondos já foi afirmada pelo Supremo Tribunal Federal (cf. HC nº 69.657-1-
SP, j. 18.9.92).
43
Voto no 6723 — HABEAS CORPUS No 912.988-3/3-00

Art. 12 da Lei nº 6.368/76 (Lei de Tóxicos), combinado com o art. 29, do Cód.
Penal;
arts. 393, nº I e 594, do Cód. Proc. Penal;
art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei nº 7.210/84 (Lei de Execução Penal).

— Se o acusado respondeu preso ao processo pela prática de roubo, será


verdadeira abusão lógica deferir-lhe o benefício da liberdade provisória após
sua condenação, pois entre os efeitos da sentença condenatória recorrível inclui-
se precisamente o de “ser o réu conservado na prisão” (art. 393, nº I, do Cód.
Proc. Penal).
— Se a Justiça o não reputou digno do benefício da liberdade, quando ainda
contava ser absolvido, com mais forte razão carecerá o acusado de requisito
subjetivo depois de condenado, quando a presunção de inocência terá cedido à
de sua culpabilidade.
— Segundo entendimento pacífico do STF, a disposição do art. 594 do Cód. Proc.
Penal não se aplica a réu preso em razão de flagrante ou preventiva (cf.
Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 474).
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— O instituto do “habeas corpus”, em vista de seu rito sumaríssimo e natureza
específica, não se presta a aferir requisitos subjetivos para a concessão de
regime prisional, tarefa em que somente haverá entender o Juízo da causa ou
das Execuções Criminais.
44

Voto no 6724 — HABEAS CORPUS No 909.769-3/7-00

Art. 157, “caput” e § 2º, nº II, conjugado com os art. 14, nº II e 69, do Cód.
Penal;
arts. 310, parág. único, 382, 393, nº I e 594, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LXVIII e 93, IX, da Const. Fed.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar


a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— O instituto do “habeas corpus”, em vista de seu rito sumaríssimo e natureza
específica, não se presta a aferir requisitos subjetivos para a concessão de
regime prisional, tarefa em que somente haverá de entender o Juízo da causa ou
das Execuções Criminais; o Tribunal, este apenas em grau de recurso pode
modificar o regime estipulado na sentença condenatória, quando patente sua
ilegalidade ou em contradição absoluta com a lei e as circunstâncias do processo.
— É regra de direito positivo que o réu não pode apelar sem recolher-se à prisão
(art. 594 do Cód. Proc. Penal), por força do que estatui o art. 393, nº I, do
mencionado diploma legal, convém a saber: entre os efeitos da sentença
condenatória inscreve-se o de “ser o réu preso ou conservado na prisão”.
— Sua Excelência o réu carece dos requisitos subjetivos, não há dispensar-lhe o
benefício do apelo em liberdade sem grave afronta ao Direito e à boa razão,
sendo legítima a sentença que o denega.
— Segundo entendimento pacífico do STF, a disposição art. 594 do Cód. Proc.
Penal não se aplica a réu preso em razão de flagrante ou preventiva (cf.
Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 474).
— Embora constitua o “sursis” “medida penal sancionatória de natureza
alternativa”, sem relação “com os regimes de execução” (cf. Damásio E. de
Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 277), passa por contradição lógica
deferi-lo a réu a quem a sentença fixara o regime fechado para o cumprimento
da pena, indício claro de falta de requisito subjetivo (art. 77 do Cód. Penal).
45
Voto no 6725 — APELAÇÃO CRIMINAL N o
479.335-3/9-00
Art. 121, conjugado com o art. 14, nº II, e art. 65, nº I, do Cód. Penal;
art. 5º, nº XXXVIII, letra “c”, da Const. Fed.

— Máxime quando produzida perante o Magistrado, “nada traz mais certeza da


autoria de um delito do que uma confissão livre, clara, sincera, sem qualquer
vício” (Hélio Tornaghi, Curso de Processo Penal, 1980, vol. I, p. 381).
— Configura tentativa de homicídio, e não lesões corporais, o proceder de quem
desfecha tiro de espingarda em outrem, pelas costas, ferindo-lhe o braço, pois
que manifesto seu propósito homicida (art. 121 do Cód. Penal).
— Decisão dos jurados não se anula, exceto se proferida contra a evidência dos
autos, pois tem por si a força do preceito constitucional da soberania dos
veredictos do Júri, que lhe assegura a imutabilidade (art. 5º, nº XXXVIII, letra c,
da Const. Fed.). “Manifestamente contrária à prova dos autos” é somente a
decisão que neles não depara fundamento algum, constituindo por isso
formidável desvio da razão lógica e da realidade processual.
— Dado que julgam “ex informata conscientia”, não há impugnar a decisão dos
jurados se depara um mínimo de fundamento na prova; que tal decisão já não
será manifestamente contrária à prova dos autos.

Voto no 6726 — APELAÇÃO CRIMINAL N o


479.166-3/7-00
Art. 214, conjugado com o art. 224, alínea “a” e art. 225, do Cód. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.

— Aquele que permanece calado, é certo, não confessa o delito, mas também não o
nega. E isto basta para que se não prestigie o silêncio.
—“Muito embora o silêncio do interrogando seja uma faculdade procedimental, é
difícil acreditar que alguém, preso e acusado de delito grave, mantenha-se
calado só para fazer uso de uma prerrogativa constitucional” (RJTACrimSP,
vol. 36, p. 325; rel. José Habice).
— Tem a palavra da vítima importância capital nos crimes contra a liberdade
sexual. Se ajustada ao conjunto probatório dos autos, enseja condenação: ao
cabo de contas, ninguém se reputa mais apto a discorrer das circunstâncias e
autoria do crime que a pessoa que lhe padeceu diretamente os agravos físicos e
morais (art. 214 do Cód. Penal).
— O autor de atentado violento ao pudor, delito da classe dos hediondos, deve
cumprir sua pena sob o regime integralmente fechado, por força do preceito do
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto no 6728 — HABEAS CORPUS No 912.487-3/7-00


46
Art. 157, § 2º, nº II, conjugado com o art. 29, “caput”, do Cód. Penal.

— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência do


condenado em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto
aguarda vaga no semi-aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem
superior invencível, tal situação no entanto cai na esfera da previsão humana:
todo o infrator sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada em grau
menor ou maior.
— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de
iludir o rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que
há mais tempo aguardam a efetivação da transferência para o estágio
intermediário, além de fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de
exigir do infrator a reparação, em forma de pena retributiva, do dano que lhe
causou com o seu crime.
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto no 6741 — HABEAS CORPUS No 904.287-3/0-00


Art. 147 do Cód. Penal;
art. 14 da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento);
Medida Provisória nº 229, de 17.12.2004;
Medida Provisória nº 253, de 22.6.2005.

— Remédio processual específico à tutela das garantias e direitos fundamentais do


indivíduo, é o “habeas corpus” instrumento idôneo para o exame da existência
de justa causa para a ação penal. Por seu rito sumário, entretanto, somente
enseja o trancamento de inquérito ou ação penal quando salte aos olhos, desde
logo, a atipicidade do fato argüido de criminoso ou a inocência do acusado (art.
647 do Cód. Proc. Penal).
— A apuração da responsabilidade criminal do réu é própria da instância penal do
contraditório; transferi-la para a via heróica do “habeas corpus” seria decidir
questão de mérito, atribuição privativa do Juízo da causa.
— Como a Medida Provisória nº 253/2005 prorrogou até “o dia 23 de outubro de
2005” (art. 1º) o prazo para a entrega de arma de fogo à Polícia Federal,
ninguém, nesse trecho, poderá ser preso em flagrante por manter alguma sob sua
guarda ou em depósito. Mas, o porte de arma de fogo, sem autorização legal,
esse constitui crime (art. 14 da Lei nº 10.826/2003).
47
Voto no 6750 — APELAÇÃO CRIMINAL N o
479.444-3/6-00
Art. 214, conjugado com o art. 224, alínea “a”, do Cód. Penal;
art. 226, nº III, do Cód. Penal;
art. 61 da Lei das Contravenções Penais;
arts. 1º, ns. V e VI e 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
Lei nº 9.455/97 (Lei dos Crimes de Tortura).

— Ensina a experiência vulgar que o sujeito inocente, quando acusado de crime,


não o sofre em silêncio, antes se defende com energia e prontamente.
— Pratica atentado violento ao pudor o agente que acomete adolescente na via
pública e, após lançá-la ao chão, constrange-a, mediante violência e grave
ameaça, a permitir que desafogue sua concupiscência, passando-lhe as mãos nas
partes pudendas” (art. 214 do Cód. Penal).
— A palavra da vítima de atentado violento ao pudor tem notável importância na
apuração das circunstâncias do fato criminoso e na identificação de seu autor,
pois repugna à condição da mulher, sobretudo se de vida honesta, faltar à
verdade em matéria que, por sua infâmia e opróbrio, lhe imprimiu na alma um
como estigma indelével (art. 214 do Cód. Penal).
— O STF, em Sessão Plenária, decidiu que “os crimes de estupro e de atentado
violento ao pudor, tanto nas suas formas simples (Cód. Penal, arts. 213 e 214),
como nas qualificadoras (Cód. Penal, 223, caput, e parág. único), são crimes
hediondos: Lei nº 8.072/90, redação da Lei nº 8.930/94, art. 1º, ns. V e VI” (HC
n º 81.288-1-SC; rel. Min. Carlos Velloso; j. 17.12.2001).
— O autor de atentado violento ao pudor, delito da classe dos hediondos, deve
cumprir sua pena sob o regime integralmente fechado, por força do preceito do
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto no 6756 — APELAÇÃO CRIMINAL N o


475.879-3/1-00
Arts. 297, 304 e 307, do Cód. Penal.

— O agente que substitui a fotografia de cédula de identidade altera documento


público verdadeiro; por isso, incorre nas penas do art. 297 do Código Penal.
—“Sujeito que apresenta como próprio documento falso de identidade alheia responde
pelo delito do art. 304 e não do art. 307 do Código Penal” (cf. Damásio E. de
Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 941).
— Até à mentira tem o réu licença de recorrer, como meio de defesa; não lhe é lícito,
entretanto, atribuir-se falsa identidade, que isto a lei define e pune como crime
(art. 307 do Cód. Penal).

Voto no 6757 — HABEAS CORPUS No 907.239-3/4-00


48
Art. 121, § 2º, ns. II e IV, conjugado com o art. 14, nº II, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único e 408, § 2º, do Cód. Proc. Penal;
arts. 1º, nº I, e 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.;
Súmula nº 21, do STJ.

— O crime de tentativa de homicídio qualificado a lei considera hediondo e, pois,


em princípio, insuscetível de liberdade provisória (cf. arts. 1º, nº I, e 2º, nº II,
da Lei nº 8.072/90).
— Não tem direito de aguardar solto seu julgamento pelo Tribunal do Júri o réu
que, pronunciado como incurso nas penas do art. 121, § 2º, do Cód. Penal, não
comprovou possuir mérito pessoal que lhe justificasse a outorga do benefício
(art. 408, § 2º, do Cód. Proc. Penal).
—“Pronunciado o réu, fica superada a alegação de constrangimento ilegal da
prisão por excesso de prazo na instrução” (Súmula nº 21, do STJ).

Voto no 6758 — HABEAS CORPUS No 912.626-3/2-00


Art. 121, § 2º, ns. III e IV, conjugado com o art. 14, nº II, do Cód. Penal;
art. 408, § 2º, do Cód. Proc. Penal;
arts. 1º, nº I e 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);

— Dado que importa restrição à liberdade, sumo bem do indivíduo, a custódia


cautelar não pode prolongar-se “in aeternum”; daqui a razão por que os
Tribunais de Justiça do País, olhando pela intangibilidade da pessoa humana,
tiveram a bem fixar prazo à instrução criminal de processo de réu preso: 81 dias;
este é o último padrão que separa a legalidade do arbítrio.
— Não se trata, porém, de termo peremptório nem fatal: ao invés, sujeita-se a
circunstâncias excepcionais (como complexidade da causa, necessidade de
inquirir testemunhas por precatória, adiamento de audiência pela falta de
apresentação de réu preso devidamente requisitado, interposição de recurso pela
Defesa, etc.) que escusam pequena demora no encerramento da instrução. Não
está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente e avisado, conjurar todos os
empecilhos que podem alterar o curso normal do processo.
— O crime de tentativa de homicídio qualificado a lei considera hediondo e, pois,
em princípio, insuscetível de liberdade provisória (cf. arts. 1º, nº I, e 2º, nº II,
da Lei nº 8.072/90).
— Não tem direito de aguardar solto seu julgamento pelo Tribunal do Júri o réu
que, pronunciado como incurso nas penas do art. 121, § 2º, do Cód. Penal, não
comprovou possuir mérito pessoal que lhe justificasse a outorga do benefício
(art. 408, § 2º, do Cód. Proc. Penal).
—“Pronunciado o réu, fica superada a alegação de constrangimento ilegal da
prisão por excesso de prazo na instrução” (Súmula nº 21, do STJ).

Voto no 6759 — HABEAS CORPUS No 891.605-3/6-00


Art. 121, § 2º, nº II, do Cód. Penal;
arts. 1º, nº I e 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
49

— Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do crime, é


insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo;
apenas tem lugar na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa unicamente
é possível quando comprovada, à prima vista, a atipicidade do fato imputado ao
réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— Todo o acusado de homicídio qualificado tem contra si a presunção de
periculosidade. É que, delito que repugna fortemente à consciência popular,
somente o pratica sujeito cuja personalidade se deformou no atrito com a vida
infamante de crimes. A sociedade mesma, portanto, como forma de defesa
legítima, é a que lhe exige a segregação até que preste contas inteiras à Justiça.
— Do número dos crimes hediondos, o homicídio qualificado (mesmo em sua
forma tentada) é, por definição legal, insuscetível de liberdade provisória (art.
1º, nº I, e 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90).

Voto no 6760 — REVISÃO CRIMINAL N o


838.754-3/7-00
Art. 157, § 2º, nº I, conjugado com os arts. 14, nº II, e 148 do Cód. Penal;
art. 156 do Cód. de Proc. Penal;
Lei nº 9.426/96 (Alteração de dispositivos do Código Penal).

— Comete crime de roubo em concurso material com seqüestro o agente que,


após subtrair mediante grave ameaça pertences da vítima, priva-a da liberdade
por considerável espaço de tempo, com fins libidinosos (art. 157, § 2º, nº I, e
148 do Cód. Penal).
—“A palavra da vítima é a viga mestra da estrutura probatória, e a sua acusação,
firme e segura, em consonância com as demais provas, autoriza a condenação”
(Rev. Tribs., vol. 750, p. 682).
— É questão vencida que, em sede de revisão criminal, toca ao peticionário
provar, com firmeza, que a sentença condenatória contraveio à realidade dos
autos. Na forma do art. 156 do Cód. Proc. Penal, pertence-lhe o ônus da prova.

Voto no 6761 — APELAÇÃO CRIMINAL N o


327.736-3/4-00
Art. 118 do Cód. de Proc. Penal.

— “Dominando o instituto da restituição das coisas apreendidas, há uma regra


muito importante que deflui do art. 118 do Cód. Proc. Penal: antes de transitar
em julgado a sentença final, as coisas apreendidas não poderão ser restituídas
enquanto interessarem ao processo” (Tourinho Filho, Processo Penal, 1997,
vol. III, pp. 5-7).

Voto no 6762 — HABEAS CORPUS No 905.907-3/9-00


Art. 355, parág. único, do Cód. Penal;
art. 41 do Cód. Proc. Penal.
—“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não contraditória
e que não deixe alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel. Min. Clóvis
Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
50
— Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa unicamente se
admite quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a atipicidade do fato
imputado ao réu, ou a sua inocência.
— Para que a denúncia produza efeitos de direito e autorize a instauração do
processo-crime basta que descreva ação típica e lhe indique o autor (art. 41 do
Cód. Proc. Penal).
— Nossos Tribunais têm decidido, sem quebra, ser inadmissível o trancamento de
ação penal por alegada ausência de justa causa, quando se baseia a denúncia em
indícios de crime em tese e de sua autoria.

Voto no 6768 — APELAÇÃO CRIMINAL N o


379.845-3/7-00
Art. 10, § 3º, nº IV, da Lei nº 9.437/97 (Lei das Armas de Fogo);
art. 107, nº IV, primeira figura, combinado com os arts. 109, nº V, e 110, § 1º,
do Cód. Penal.
— A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
— Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.

Voto no 6769 — HABEAS CORPUS No 913.143-3/5-00


Art. 299 do Cód. Penal;
art. 659 do Cód. Proc. Penal;
art. 463, nº I, do Cód. de Proc. Civil;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.
— Pode o Juiz Criminal, por analogia com o art. 463, nº I, do Cód. Proc. Civil,
corrigir, de ofício, erro material da sentença.
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
—“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).
— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a
liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso ordinário,
máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— O instituto do “habeas corpus”, em vista de seu rito sumaríssimo e natureza
específica, não se presta a aferir requisitos subjetivos para a concessão de regime
prisional, tarefa em que somente haverá de entender o Juízo da causa ou das
Execuções Criminais; o Tribunal, este apenas em grau de recurso pode modificar o
regime estipulado na sentença condenatória, quando patente sua ilegalidade ou em
contradição absoluta com a lei e as circunstâncias do processo.

Voto no 6770 — HABEAS CORPUS No 887.650-3/6-00


Art. 157, § 2º, ns. I e V, do Cód. Penal;
arts. 393, nº I e 659, do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado
a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado
o pedido de “habeas corpus”.
51
— Proferida sentença proferida, já não colhe o argumento da coação ilegal por
excesso de prazo na formação da culpa, visto que outro o título prisional: a
condenação do réu (art. 393, nº I, do Cód. Proc. Penal).
—“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença
condenatória” (STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p.
16.585).

Voto no 6771 — HABEAS CORPUS No 918.655-3/8-00


Art. 157, § 2º, ns. I, II e V, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. Único e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal.

—“HABEAS CORPUS” — Alegação de constrangimento ilegal por excesso de


prazo — Necessidade de expedição de carta precatória — Inexistência de
ilegalidade — Ordem denegada.
— Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos processos, não
será decerto o Juiz um conviva de pedra ou um espectador inerte. Fatos existem,
no entanto, que lhe excedem a jurisdição; denomina-os a tradição jurídica
motivos de força maior, a cujo número pertence a necessidade de expedição de
carta precatória para o interrogatório do réu, termo essencial do processo e
franca oportunidade de obtenção de prova, imprescindível à busca da verdade
real.
— Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento
ilegítimo por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma
vez que nem sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no
caso de força maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º,
do Cód. Proc. Penal).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz), primariedade, bons
antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não
valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único,
do Cód. Penal) àquele que, acusado de crimes graves, tem contra si a presunção
de periculosidade.
— Se preso em flagrante delito, a regra geral é que o acusado aguarde, no cárcere,
a verificação de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se não satisfaz
às condições de caráter subjetivo que lhe permitam a concessão de liberdade
provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).

Voto no 6772 — HABEAS CORPUS No 904.993-3/2-00


Arts. 12 e 14 da Lei nº 6.368/76 (Lei de Tóxicos);
art. 16, parág. único, nº IV, da Lei nº 10.826/2003, conjugado com o art. 69 do
Cód. Penal;
art. 312 do Cód. de Proc. Penal;
art. 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.
52
— Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar
a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art.
312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da
existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma
certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com observância da regra
do contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa
unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a
atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do Cód.
Proc. Penal).
—“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
— Por expressa disposição legal, não tem direito a liberdade provisória quem é
acusado de tráfico de entorpecentes, crime do número dos “hediondos” (art.
2º, nº III, da Lei nº 8.072/90).

Voto no 6775 — HABEAS CORPUS No 887.784-3/7-00


Art. 157, § 2º, ns. I e II, combinado com os arts. 71 e 29, do Cód. Penal;
art. 659 do Cód. Proc. Penal

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado
a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado
o pedido de “habeas corpus”.
—“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto no 6776 — HABEAS CORPUS No 918.983-3/4-00

Art. 157 do Cód. Penal;


art. 647 do Cód. Proc. Penal;
arts. 66, nº III e 118, nº I, alínea “b”, da Lei nº 7.210/84 (Lei de Execução
Penal).
53
— A sustação provisória do regime semi-aberto deferido ao sentenciado, em razão
de notícia de ter-lhe sido decretada prisão preventiva, não constitui ilegalidade
nem expressão de arbítrio do Magistrado, senão providência prevista em lei (art.
118, nº I, da Lei de Execução Penal) e inerente a seu poder cautelar, dada
sempre no alto interesse da Justiça.
— Sob pena de denegação da ordem, toca ao impetrante o dever profissional de
instruir o pedido de “habeas corpus” com as provas e documentos necessários a
seu julgamento (art. 647 do Cód. Proc. Penal).
— A progressão de regime prisional, como está sujeita à verificação prévia do
concurso dos requisitos, de caráter objetivo e subjetivo, definidos pelo art. 112
da Lei de Execução Penal, é providência privativa do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alínea “b"); ao Tribunal cabe apenas, em grau de
recurso, o reexame da questão ali decidida, sendo-lhe defeso, na via sumaríssima
e estreita do “habeas corpus”, deferir ao sentenciado o benefício.

Voto no 6777 — HABEAS CORPUS No 880.414-3/9-00

Art. 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal;


arts. 50, nº II, 66, nº III e 118, I, §§ 1º e 2º, da Lei nº 7.210/84 (Lei de
Execução Penal);
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Consoante orientação do STF (cf. Rev. Tribs., vol. 763, p. 485), não configura
constrangimento ilegal reparável por “habeas corpus” a decisão do Juízo de
Direito da Vara das Execuções Criminais que determina a regressão cautelar e
provisória do condenado, sem sua prévia audiência, em razão de falta grave
(art. 50, nº II, da Lei de Execução Penal).
— A fuga, em princípio, com ser falta disciplinar grave, retira ao condenado o
direito de permanecer sob o mesmo regime, enquanto não comprovar que a
empreendera por justo motivo. É que, ao quebrar o preceito a que estava
obrigado, também decaiu do direito que assiste apenas ao preso de méritos:
permanecer no regime prisional menos gravoso.
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alínea “b”, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto no 6778 — HABEAS CORPUS No 916.113-3/0-00


Art. 310, parág. único, e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
arts. 12, “caput” e 14, da Lei nº 6.368/76 (Lei de Tóxicos);
art. 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos).
— Ainda na esfera do “habeas corpus”, é admissível a análise de provas para aferir a
procedência da alegação de falta de justa causa para a ação penal; defeso é apenas
seu exame aprofundado e de sobremão, como se pratica na dilação probatória.
— Para trancar a ação penal, sob o fundamento da ausência de “fumus boni juris”,
há mister se mostre a prova mais clara que a luz meridiana, a fim de se não
54
subverter a ordem jurídica, entre cujos postulados se inscreve o da apuração
compulsória, pelos órgãos da Justiça, da responsabilidade criminal do infrator.
— Se preso em flagrante delito, a regra geral é que o acusado aguarde, no cárcere,
a verificação de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se não satisfaz
aos requisitos legais da liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód.
Proc. Penal).
— LIBERDADE PROVISÓRIA — Tráfico de Entorpecentes (art. 12 da Lei nº
6.368/76) — Proibição legal — Crime hediondo — Lei nº 8. 072/90.
— Equiparado aos crimes hediondos, o tráfico de entorpecentes é, por definição
legal, insuscetível de liberdade provisória (art. 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90).

Voto no 6779 — HABEAS CORPUS No 927.976-3/3-00


Art. 66, nº III, alíneas “b”, “e” e “f”, da Lei nº 7.210/84 (Lei de Execução
Penal).
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter livramento condicional, pois se trata de matéria em que, por
previsão de lei (art. 66, nº III, alínea “e”, da Lei de Execução Penal), deve
entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.

Voto no 6780 — AGRAVO EM EXECUÇÃO N o


871.627-
3/0-00
Art. 3º, nº II, do Decreto Presidencial nº 4.904/03;
art. 50 da Lei nº 7.210/84 (Lei de Execução Penal).
— Uma vez conspirem todos os requisitos legais para sua concessão, denegar ao
sentenciado o benefício da comutação de penas fora o mesmo que frustrar, em seu
espírito e forma, o Decreto do Presidente da República e, sobre isso, mentir ao ideal
de justiça.
— Ao condenado que satisfaz o requisito objetivo (lapso temporal) é bem se conceda
comutação de pena. Pequenas deficiências de cunho íntimo ou subjetivo, que acaso
apresente, deve supri-las o Juiz com o espírito mesmo que preside à outorga do
benefício do indulto: o nobre e generoso sentimento de compreensão humana, com
que, pelo Natal, o chefe de Estado sói amercear-se de todo o encarcerado, “o mais
pobre de todos os pobres”, na pungente expressão de Carnelutti (As Misérias do
Processo Penal, 1995, p. 21; trad. José Antonio Cardinalli).
— Quando claro, o texto legal escusa interpretação e, sobretudo, desautoriza a que
prejudicar o condenado: “In dubio pro libertate. Libertas omnibus rebus
favorabilior est. Na dúvida, pela liberdade! Em todos os assuntos e circunstâncias,
é a liberdade que merece maior favor” (apud Carlos Maximiliano, Hermenêutica
e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 261).

Voto no 6781 — HABEAS CORPUS No 909.915-3/4-00


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
arts. 118, ns. I e II, 146, da Lei nº 7.210/84 (Lei de Execução Penal).

— É legítima a ordem de prisão expedida contra o sentenciado que, favorecido


embora com o livramento condicional, deixa de comparecer à audiência
admonitória. Sua condição de foragido, por isso, também obsta se lhe julgue
extinta a pena privativa de liberdade, o que só tem lugar quando expirado o
prazo do livramento sem revogação (art. 146 da Lei de Execução Penal).
55

Voto no 6782 — HABEAS CORPUS No 879.546-3/8-00


Art. 12 da Lei nº 6.368/76 (Lei dos Crimes Hediondos);
art. 366 do Cód. Proc. Penal.

— Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido


anterior, com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que,
satisfeita a prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a
matéria do litígio, senão mediante recurso ordinário.
— Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se
deve outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar
Jurídico, 1985, vol. II, p. 588).
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido”
(Rev. Forense, vol. 158, p. 340).

Voto no 6783 — HABEAS CORPUS No 912.995-3/5-00


Art. 12 da Lei nº 6.368/76 (Lei de Tóxicos);
arts. 310, parág. único e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos).

— Ainda na esfera do “habeas corpus”, é admissível a análise de provas para aferir


a procedência da alegação de falta de justa causa para a ação penal; defeso é
apenas seu exame aprofundado e de sobremão, como se pratica na dilação
probatória
— Para trancar a ação penal, sob fundamento da ausência de “fumus boni juris”,
há mister se mostre a prova mais clara que a luz meridiana, a fim de se não
subverter a ordem jurídica, entre cujos postulados se inscreve o da apuração
compulsória, pelos órgãos da Justiça, da responsabilidade criminal do infrator.
— Se preso em flagrante delito, a regra geral é que o acusado aguarde, no cárcere,
a verificação de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se não satisfaz
aos requisitos legais da liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód.
Proc. Penal).
— LIBERDADE PROVISÓRIA — Tráfico de Entorpecentes (art. 12 da Lei nº
6.368/76) — Proibição legal — Crime hediondo — Lei nº 8. 072/90.
— Equiparado aos crimes hediondos, o tráfico de entorpecentes é, por definição
legal, insuscetível de liberdade provisória (art. 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90).

Voto no 6784 — HABEAS CORPUS No 916.555-3/7-00

Art. 155, § 4º, nº I, do Cód. Penal;


arts. 41, 569 e 659, do Cód. Proc. Penal;
art. 89 da Lei nº 9.099/95 (Lei dos Juizados Especiais).
56
— Não é inepta a denúncia que permite ao réu o exercício do direito de ampla
defesa. Eventual preterição de requisito do art. 41 do Cód. Proc. Penal pode
suprir-se até à sentença final (art. 569 do Cód. Proc. Penal).
—“Se a denúncia narra fato que permite adequação típica, ela não é,
formalmente, inepta (art. 41 do CPP)” (STJ; Jurisprudência, vol. 105, p. 303;
rel. Min. Félix Fischer).
— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar
a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
— Pedido de desclassificação do fato criminoso não cabe na esfera angusta do
“habeas corpus”, onde não têm entrada questões de alta indagação, ou que
impliquem aprofundado exame da prova dos autos.
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado
a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado
o pedido de “habeas corpus”.
—“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto no 6785 — AGRAVO EM EXECUÇÃO N o


874.702-
3/4-00

art. 157, § 2º, ns. I, II e IV, na forma dos arts. 29 e 71, do Cód. Penal;
Arts. 6º e 112, da Lei nº 7.210/84 (Lei de Execução Penal);
Lei nº 10.792/03 (Altera Lei de Execução Penal).

— Se o sentenciado satisfez ao requisito objetivo (lapso temporal), observou sem


quebra o código de disciplina do presídio e submeteu-se à laborterapia, tem jus à
progressão ao regime semi-aberto, porque esta é a vontade da lei (art. 112 da
Lei de Execução Penal). Somente fato grave, indicativo de personalidade
anômala e refratária aos estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança
para regime prisional mais brando.
— O argumento da pena longa não é poderoso a impedir a concessão do benefício
do regime semi-aberto ao sentenciado, se já cumpriu dela a metade
(necessariamente longa).

Voto no 6786 — APELAÇÃO CRIMINAL N o


414.272-3/5-00

Art. 10, § 3º, nº IV, da Lei nº 9.437/97 (Lei das Armas de Fogo);
art. 44, §§ 2º e 3º, do Cód. Penal;
art. 12 da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento);
art. 144 da Const. Fed.
57

— A confissão judicial, por seu valor absoluto — visto se presume feita


espontaneamente —, basta à fundamentação do edito condenatório.
— A posse irregular de arma de fogo de uso permitido tipifica a infração do art.
12, “caput”, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento),
independentemente de perigo concreto.
— Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs
a mira o legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os
perigos que acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que
existam controles ou regras gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das
Armas de Fogo, 1998, p. 107).

Voto no 6787 — APELAÇÃO CRIMINAL N o


437.405-3/1-00

Arts. 12 e 16 da Lei nº 6.368/76 (Lei de Tóxicos).

— A condenação pelo crime do art. 12 da Lei de Tóxicos — atenta a severidade da


pena e a espécie de regime prisional a que estará sujeito o infrator — pressupõe
a certeza do comércio nefando, e não sua simples probabilidade. Conjecturas
com base na elevada quantidade da substância entorpecente apreendida, por si
só, não podem supri-la. É que a dúvida, na Justiça Criminal, aproveita sempre
ao réu: “In dubio pro reo”.
— Ainda que considerável a quantidade de substância entorpecente apreendida na
posse do réu, é prudente o Magistrado que desclassifica para o tipo do art. 16
da Lei nº 6.368/76 (Lei de Tóxicos) o crime previsto em seu art. 12, se a prova
dos autos lhe não revelou, acima de dúvida sensata, ser caso de tráfico.
—“O que se passa no foro íntimo de uma pessoa não é dos domínios do Direito
Penal. Persiste ainda hoje a máxima de Ulpiano: Cogitationis poenam nemo
patitur. Ou, como falam os italianos: Pensiero non paga gabella (o pensamento
não paga imposto ou direito). Em intenção todos podem cometer crimes” (E.
Magalhães Noronha, Direito Penal, 1963, vol. I, p. 154).

Voto no 6790 — HABEAS CORPUS No 923.321-3/6-00


Art. 158, § 1º, (por duas vezes), conjugado com o art. 70 do Cód. Penal;
art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal.

— Na esfera do “habeas corpus”, onde todas as alegações devem estar cabalmente


comprovadas, não se admite exame aprofundado de matéria de fato. Por isso,
pedido de trancamento de ação penal por falta de justa causa (art. 648, nº I, do
Cód. Proc. Penal) somente se defere quando demonstrada, além de toda a
dúvida, a ilegitimidade da coação.
58
— Presente o “fumus boni juris”, ou justa causa para a ação penal, é defeso
atalhar o curso do processo, visto constitui o meio regular “para a averiguação
do crime e da autoria e para o julgamento da ilicitude e da culpabilidade”
(Hélio Tornaghi, Curso de Processo Penal, 1980, vol. I, p. 3).
— Não tem jus à liberdade provisória o autor de extorsão, pela falta de requisito
intrínseco: inocorrência de hipótese que autorize a prisão preventiva (art. 310,
parág. único, do Cód. Proc. Penal).
— A natureza e a gravidade do crime de extorsão impedem se outorgue a seu
autor, ainda que primário e de bons antecedentes, o benefício da liberdade
provisória. A defesa dos direitos e interesses da sociedade é que reclama a
segregação, até a decisão final de mérito, daquele que violou profundamente a
ordem jurídica (art. 158, § 1º, do Cód. Penal).
— Antes da prolação da sentença, pode o Juiz, a todo o tempo, emendar errônea
capitulação legal do crime (“emendatio libelli”).
—“A capitulação errônea do delito feita na denúncia não configura
constrangimento ilegal, sanável por via do habeas corpus” (STJ; HC nº 5.963;
5a.Turma; rel. Min. Edson Vidigal; DJU 3.11.97, p. 56.338).

Voto no 6791 — MANDADO DE SEGURANÇA N o


900.722-
3/8
Art. 197, da Lei nº 7.210/84 (Lei de Execução Penal).

—“Cremos não ser justo nem legal que, por deficiência do sistema penitenciário,
seja (o condenado) constrangido a cumprir pena no regime fechado mais tempo
do que a lei determina” (Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal
Anotado, 22a. ed., p. 656).
— À luz da melhor orientação jurisprudencial, carece o Ministério Público de
legitimidade para impetrar mandado de segurança com o intuito de alcançar
efeito suspensivo a agravo em execução, que o não tem; falece-lhe a pertinência
subjetiva “ad causam”.
— A vontade mesma da lei é a que obsta à concessão de efeito suspensivo ao
agravo, como o dispõe o art. 197 da Lei de Execução Penal. Não se presumem,
na lei, palavras inúteis, conforme retrilhado aforismo jurídico. É para supor que,
nos casos sob o regime da Lei nº 7.210/84, como nos mais, decidam os Juízes
com acerto. “Os Juízes, por definição, não podem errar” (V. César da Silveira,
Dicionário de Direito Romano, 1957, vol. II, p. 588).

Voto no 6792 — HABEAS CORPUS No 910.185-3/4-00


Art. 157, “caput”, do Cód. Penal;
art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei nº 7.210/84 (Lei de Execução Penal);
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
59
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— O instituto do “habeas corpus”, em vista de seu rito sumaríssimo e natureza
específica, não se presta a aferir requisitos subjetivos para a concessão de
regime prisional, tarefa em que somente haverá entender o Juízo da causa ou
das Execuções Criminais.

Voto no 6793 — HABEAS CORPUS No 908.997-3/0-00


Arts. 243 e 244-A, § 1º, da Lei nº 8.069/90 e 288, § 3º (por duas vezes),
conjugados com os arts. 29, 69 e 70, do Cód. Penal;
arts. 392 e 601 do Cód. Proc. Penal.

— A intimação da sentença condenatória ao réu, preso ou em liberdade, somente


se aperfeiçoa se acompanhada do termo de recurso, o qual, embora não
previsto na legislação processual penal, constitui instrumento da praxe forense e
garantia do exercício da ampla defesa, cuja inobservância configura
constrangimento ilegal (art. 392 do Cód. Proc. Penal).
— É presunção de homem que nenhum réu se conforme com decisão
desfavorável, donde o natural interesse de impugná-la mediante recurso.

Voto no 6794 — HABEAS CORPUS No 932.795-3/9-00


Art. 155, § 4º, nº IV, do Cód. Penal;
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não
sustente em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois,
quer-se revogada. Nesse número merecem contados os casos de encarceramento
de réu, quando ausentes os requisitos da decretação da prisão preventiva (art.
310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
—“Liberdade provisória. Embora preso em flagrante por crime inafiançável, pode
o réu ser libertado provisoriamente, desde que inocorram razões para sua
prisão preventiva” (TJSP; Rev.Tribs., vol. 523, p. 376; apud Damásio E. de
Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 246).

Voto no 6795 — HABEAS CORPUS No 924.305-3/0-00


Art. 16, parág. único, nº IV, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do
Desarmamento);
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar


a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
60
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— O instituto do “habeas corpus”, em vista de seu rito sumaríssimo e natureza
específica, não se presta a aferir requisitos subjetivos para a concessão de
regime prisional, tarefa em que somente haverá de entender o Juízo da causa ou
das Execuções Criminais; o Tribunal, este apenas em grau de recurso pode
modificar o regime estipulado na sentença condenatória, quando patente sua
ilegalidade ou em contradição absoluta com a lei e as circunstâncias do processo.

Voto no 6796 — HABEAS CORPUS No 911.471-3/7-00


Art. 180, §§ 1º e 2º, conjugados com o art. 29, do Cód. Penal;
art. 5º da Const. Fed.

— Dos mais sagrados direitos do réu é ver-se processar, rigorosamente, nos prazos
que lhe assina a lei. Donde o haver fixado a Jurisprudência em 81 dias o prazo
legal máximo para a formação da culpa de réu preso. Esse é o marco miliário
que estrema a legalidade do arbítrio.
— Grave que lhe seja o crime e abjeto seu caráter, nenhum réu decai nunca da
proteção da lei, que todos iguala (art. 5º da Const. Fed.).
— O escrúpulo de restituir à sociedade, sem julgamento, aquele de seus membros
que fundamente a agravou cede ao dever que tem o Juiz de cumprir a lei e
respeitar o direito, ainda que em seu titular pese acusação grave.

Voto no 6797 — APELAÇÃO CRIMINAL N o


447.553-3/4-00
Arts. 107, nº IV, primeira figura, 109, nº VI e 110, § 1º, do Cód. Penal;
art. 16 da Lei nº 6.368/76.

— A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de


prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
— Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.

Voto no 6798 — APELAÇÃO CRIMINAL N o


443.547-3/8-00
Arts. 44, § 2º, 107, nº IV, primeira figura, 109, nº VI e 110, § 1º, do Cód.
Penal;
art. 16 da Lei nº 6.368/76 (Lei de Tóxicos);
Lei nº 10.259/01 (Lei dos Juizados Especiais Federais).
61
— Ainda que o requeira a Defesa, não está obrigado o Juiz a ordenar seja o acusado
submetido a exame médico-legal, se não há dúvida sobre sua integridade
mental, ou alguma circunstância do processo lhe indique a necessidade da
realização da providência (art. 149 do Cód. Proc. Penal).
— Diretor do processo, toca ao Juiz aferir, com prudente arbítrio, da conveniência
de atender ou não a requerimento das partes. O princípio do livre
convencimento, que informa suas decisões, faculta-lhe dar de mão,
aprioristicamente, àquelas provas que saiba nada importarão ao desate do litígio,
sendo pois de nenhuma ou somenos valia.
— A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
— Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.

Voto no 6799 — APELAÇÃO CRIMINAL N o


349.261-3/7-00
Arts. 44, §§ 2º e 3º, e 107, nº IV, primeira figura, combinado com os arts. 109,
nº V e 110, § 1º, do Cód. Penal;
art. 10, § 3º, nº IV, da Lei nº 9.437/97 (Lei das Armas de Fogo);
Lei nº 10.826/03 (Estatuto de Desarmamento).

— A confissão judicial, por seu valor absoluto — visto se presume feita


espontaneamente —, basta à fundamentação do edito condenatório.
— A posse irregular de arma de fogo de uso permitido tipifica a infração do art.
12, “caput”, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento),
independentemente de perigo concreto.
— Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs
a mira o legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os
perigos que acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que
existam controles ou regras gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das
Armas de Fogo, 1998, p. 107).
— A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
— Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.

Voto no 6800 — HABEAS CORPUS No 929.773-3/1-00


Art. 659 do Cód. Proc. Penal;
art. 14, “caput”, da Lei nº 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento).
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado
a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado
o pedido de “habeas corpus”.
—“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).
62

Voto no 6801 — HABEAS CORPUS No 916.668-3/2-00


Art. 12, “caput”, combinado com o art. 18, nº IV, da Lei nº 6.368/76 (Lei de
Tóxicos);
arts. 41, 310, parág. único e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º, II, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
Súmula nº 64 do STJ.
—“HABEAS CORPUS” — Instrução criminal — Demora provocada pela
necessidade de expedição de carta precatória — Alegação de constrangimento
ilegítimo — Improcedência — Ordem denegada.
— Improcede a argüição de constrangimento ilegal por excesso de prazo na
formação da culpa, se a demora foi provocada pela necessidade de expedição de
carta precatória para inquirir testemunhas, pois se trata de razão superior, que
obsta ao curso regular dos prazos processuais; donde o haver disposto a lei que,
em caso de força maior,“não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do Cód.
Proc. Penal).
— Unicamente faz jus à liberdade provisória o preso que, havendo cometido
delito afiançável, reúna méritos pessoais; importa ainda não seja o caso de
decretação de prisão preventiva (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
— Inimigo potencial da ordem jurídica e da sociedade, o autor de crime hediondo
não merece recobrar a liberdade primeiro que dê estritas contas à Justiça, ao
termo do devido processo legal.
— Pedido de desclassificação do fato criminoso não cabe na esfera angusta do
“habeas corpus”, onde não têm entrada questões de alta indagação, ou que
impliquem aprofundado exame da prova dos autos.

Voto no 6804 — HABEAS CORPUS No 906.703-3/5-00


Art. 157, § 2º, nº I, do Cód. Penal;
art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei nº 7.210/84 (Lei de Execução Penal);
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.
— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar
a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto no 6805 — HABEAS CORPUS N o


922.949-3/4-00
Art. 293 do Cód. Penal;
art. 6º do Cód. Proc. Penal;
art. 7º, nº IX, da Lei nº 8.137/90.

— Em linha de princípio, não é o “habeas corpus” meio idôneo para obstar o curso
do inquérito policial nem da ação penal, se o fato imputado ao réu constituir
crime em tese e houver indícios suficientes de sua autoria.
63
— Na esfera do “habeas corpus” é admissível a análise de provas para aferir a
procedência da alegação de falta de justa causa para a ação penal; defeso é
apenas seu exame aprofundado e de sobremão, como se pratica na dilação
probatória

Voto nº 6806 — HABEAS CORPUS Nº 908.310-3/6-00


Arts. 29, 69, 117, 119, 180, § 1º e 288, párag. único, do Cód. Penal;
art. 197 da Lei de Execução Penal.

— Isto de prescrição da pretensão executória da pena, segundo consagrada


orientação de nossos Tribunais, não se decreta na via judicial do “habeas
corpus”, cujo âmbito estreito não permite exame de questões que só podem ser
bem aferidas no Juízo das Execuções Criminais, como a incidência de eventual
causa interruptiva da prescrição (art. 117 do Cód. Penal) etc.
— De ordinário, não é o “habeas corpus” substitutivo do recurso próprio, máxime
quando a matéria de seu objeto reclame percuciente análise de circunstâncias
que lhe excedam os limites e a natureza jurídica.

Voto nº 6807 — HABEAS CORPUS Nº 923.591-3/7-00


Arts. 14, nº II e 155, § 4º, ns. I, II e IV, do Cód. Penal;
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.

— De presente, constitui a prisão provisória exceção; a regra geral é defender-se o


réu em liberdade, em obséquio ao princípio da presunção de inocência (art. 5º, nº
LVII, da Const. Fed.). A melhor exegese do texto constitucional, entretanto, é a
que o procura conciliar com a norma do art. 310, parág. único, do Cód. Proc.
Penal. Assim, por amor da segurança da ordem jurídica e cautela dos direitos e
interesses sociais, o réu preso em flagrante só poderá defender-se em liberdade
se afiançável seu crime e ausentes os motivos que autorizam a decretação da
prisão preventiva.
— Se preso em flagrante delito, a regra geral é que o acusado aguarde, no cárcere, a
verificação de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se não satisfaz às
condições de caráter subjetivo que lhe permitam a concessão de liberdade
provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
64

Voto nº 6808 — apelação CRiminal Nº 439.954-3/0-00

Arts. 33, § 2º, alínea “b”, 43, 44, 64, nº I, 107, nº IV, 109, nº VI e 110, § 1º, do
Cód. Penal;
art. 16 da Lei nº 6.368/76 (Lei de Tóxicos);
art. 10, “caput”, da Lei nº 9.437/97 (Lei das Armas de Fogo).

— Se de curta duração a pena privativa de liberdade, e cometido o crime sem


violência, não é defeso ao Juiz determinar que o réu a cumpra sob o regime
semi-aberto, ainda que reincidente. O que lhe taxativamente proíbe a lei é
conceder o benefício ao reincidente condenado a pena superior a 4 anos (cf. art.
33, § 2º, alínea “b”, do Cód. Penal).
— A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
— Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.

Voto nº 6809 — pelaçãoa CRiminal Nº 451.488-3/1-00

Arts. 33, 2a. parte e 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 563 do Cód. Proc. Penal;
art. 10, § 3º, nº IV, da Lei nº 9.437/97;
art. 12, “caput”, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento);
arts. 5º, “caput” e 144, da Const. Fed.

—“Errônea qualificação legal do crime pode ser corrigida a qualquer tempo antes
da prolação da sentença final” (Damásio E. de Jesus, Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 291).
— Para justificar o decreto absolutório basta a dúvida razoável, porque esta, como
a pedra que tomba do rochedo e muda o curso do rio, é apta a desviar da cabeça
do réu o gládio inflamado da Justiça Penal.
— A posse irregular de arma de fogo de uso permitido tipifica a infração do art. 12,
“caput”, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento), independentemente
de perigo concreto.
— Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a
mira o legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os
perigos que acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que
existam controles ou regras gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das
Armas de Fogo, 1998, p. 107).
65

Voto nº 6810 — apelação CRiminal Nº 443.758-3/0-00

Arts. 107, nº IV, 109, nº VI e 110, § 1º, do Cód. Penal;


arts. 12 e 16, da Lei nº 6.368/76 (Lei de Tóxicos).

— A condenação pelo crime do art. 12 da Lei de Tóxicos — atenta a severidade da


pena e a espécie de regime prisional a que estará sujeito o infrator — pressupõe a
certeza do comércio nefando, e não sua simples probabilidade. Conjecturas com
base na elevada quantidade da substância entorpecente apreendida, por si só, não
podem supri-la. É que a dúvida, na Justiça Criminal, aproveita sempre ao réu:
“In dubio pro reo”.
— Ainda que considerável a quantidade de substância entorpecente apreendida na
posse do réu, é prudente o Magistrado que desclassifica para o tipo do art. 16 da
Lei nº 6.368/76 (Lei de Tóxicos) o crime previsto em seu art. 12, se a prova dos
autos lhe não revelou, acima de dúvida sensata, ser o caso de tráfico.
— A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).

Voto nº 6817 — HABEAS CORPUS Nº 902.207-3/2-00

Art. 157, “caput”, do Cód. Penal.

— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,


rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente
o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da ausência de testemunhas, se intimadas na forma da lei, pois não
está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força maior
que obstam à realização do ato processual.
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
66
Voto nº 6818 — HABEAS CORPUS Nº 930.413-3/2-00
Art. 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal;
arts. 312, 393, nº I e 594, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.
— Se o acusado respondeu preso ao processo pela prática de roubo, será verdadeira
abusão lógica deferir-lhe o benefício da liberdade provisória após sua condenação,
pois entre os efeitos da sentença condenatória recorrível inclui-se precisamente o de
“ser o réu conservado na prisão” (art. 393, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— Se a Justiça o não reputou digno do benefício da liberdade, quando ainda contava
ser absolvido, com mais forte razão carecerá o acusado de requisito subjetivo
depois de condenado, quando a presunção de inocência terá cedido à de sua
culpabilidade.
— Segundo entendimento pacífico do STF, a disposição do art. 594 do Cód. Proc.
Penal não se aplica a réu preso em razão de flagrante ou preventiva (cf.
Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 474).
— É regra de direito positivo que o réu não pode apelar sem recolher-se
à prisão (art. 594 do Cód. Proc. Penal), por força do que estatui o art. 393, nº I,
do mencionado diploma legal, convém a saber: entre os efeitos da sentença
condenatória inscreve-se o de “ser o réu preso ou conservado na prisão”.
— Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência
da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do
Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução
criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a
materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que
deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de
Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova
bastante da existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é
necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf.
Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).

Voto nº 6819 — HABEAS CORPUS Nº 934.852-3/4-00


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 310, parág. único, 321 e 323, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
— De presente, constitui a prisão provisória exceção; a regra geral é defender-se o
réu em liberdade, em obséquio ao princípio da presunção de inocência (art. 5º, nº
LVII, da Const. Fed.). A melhor exegese do texto constitucional, entretanto, é a
que o procura conciliar com a norma do art. 310, parág. único, do Cód. Proc.
Penal. Assim, por amor da segurança da ordem jurídica e cautela dos direitos e
interesses sociais, o réu preso em flagrante só poderá defender-se em liberdade
se afiançável seu crime e ausentes os motivos que lhe autorizam a decretação da
prisão preventiva.
— Se preso em flagrante delito, é razão que o acusado aguarde, no cárcere, a
verificação de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se não satisfaz às
condições de caráter subjetivo que lhe permitam a concessão de liberdade
provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva
(cf. art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o
autor de roubo incide na cláusula restritiva; pelo que, não tem jus ao benefício.
67

Voto nº 6820 — HABEAS CORPUS Nº 932.279-3/4-00


Art. 66, nº III, alíneas “b”, “e” e “f”, da Lei de Execução Penal;
arts. 12, 14 e 16, da Lei nº 6.368/76 (Lei de Tóxicos).

— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea “e”, da Lei de Execução Penal),
deve entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.
— O instituto do “habeas corpus”, em vista de seu rito sumaríssimo e natureza
específica, não se presta a aferir requisitos subjetivos para a concessão de regime
prisional, tarefa em que somente haverá entender o Juízo da causa ou das
Execuções Criminais.

a
Voto nº 6821 — pelação CRiminal Nº 309.002-3/3-00
Arts. 71, 107, nº IV, 109, nº V e 110, § 1º, do Cód. Penal;
art. 41 do Cód. Proc. Penal;
arts. 1º, ns. II e IV, 11, da Lei nº 8.137/90.

—“Não é inepta a denúncia que proporciona ao acusado a plena defesa assegurada


pela Constituição Federal” (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 85, p. 70).
— Muita vez é mister dar de mão a certo escrúpulo e suprir pelo raciocínio lógico o
toque da evidência: à falta de prova plena, bastam indícios veementes, múltiplos
e concordes, para demonstrar a autoria do fato incriminado.
— Na apuração da autoria de crime adotavam os romanos o judicioso critério: “Cui
prodest scelus, is fecit”. Aquele a quem o crime aproveita, esse o cometeu. É a
lógica a melhor das provas.
—A pena, para ser justa, há mister do rigor somente que baste a desviar os homens
da senda do crime: Perchè una pena sia giusta, non deve avere che quei soli
gradi d’intensione che bastano a rimuovere gli uomini dai delitti (Cesare
Beccaria, Dei delitti e delle pene, cap. XVI).
—“Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se pela pena imposta
na sentença, não se computando o acréscimo decorrente da continuação”
(Súmula nº 497 do STF).
— A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
68
Voto nº 6822 — HABEAS CORPUS Nº 930.277-3/0-00
Art. 310 do Cód. Proc. Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90.

— Preso o réu em flagrante por delito inafiançável, estando o respectivo auto em


forma regular, não se lhe relaxa a custódia provisória, exceto se decorrido lapso
de tempo superior àquele que a Jurisprudência tem estabelecido como o máximo
razoável para o encerramento da instrução criminal.
— Ainda o prazo de 81 dias, estimado pela Jurisprudência como a meta derradeira
da instrução, não é fatal nem peremptório, pois se sujeita às contingências
inerentes ao processo-crime (v.g.: complexidade da causa, falta de apresentação
de réu preso, etc.).
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
— Por expressa disposição legal, não tem direito a liberdade provisória quem é
acusado de tráfico de entorpecentes, crime do número dos “hediondos” (art.
2º, nº II, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 6823 — HABEAS CORPUS Nº 930.541-3/6-00


Arts. 157, § 2º, nº II, 158, § 1º, c.c. o art. 14, nº II e 310, parág. único, do Cód.
Penal;
art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 93, nº IX, da Const. Fed.

—“HABEAS CORPUS” — Alegação de constrangimento ilegal por excesso de


prazo — Necessidade de expedição de carta precatória — Inexistência de
ilegalidade — Ordem denegada.
— Como lhe compete presidir as audiências e prover à instrução dos processos, não
será decerto o Juiz um conviva de pedra ou um espectador inerte. Fatos existem,
no entanto, que lhe excedem a jurisdição; denomina-os a tradição jurídica
motivos de força maior, a cujo número pertence a necessidade de expedição de
carta precatória para o interrogatório do réu.
— Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento
ilegítimo por excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez
que nem sempre o pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso
de força maior, dispõe a lei que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do
Cód. Proc. Penal).
— Não há averbar de falta de fundamentação a decisão que encerra base jurídica e
fática bastante a garantir-lhe a validade. Tratando-se de roubo, crime de extrema
gravidade, a necessidade e a conveniência da decretação da custódia cautelar
como que se presumem.
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz), primariedade,
bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não
valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único,
do Cód. Penal) àquele que, acusado de crime grave — como é o roubo —, tem
contra si a presunção de periculosidade.
69
Voto nº 6824 — HABEAS CORPUS Nº 918.392-3/7-00
Arts. 14, nº II e 155, § 4º, nº II, do Cód. Penal.

— Preso o réu em flagrante por delito inafiançável, estando o respectivo auto em


forma regular, não se lhe relaxa a custódia provisória, exceto se decorrido lapso
de tempo superior àquele que a Jurisprudência tem estabelecido como o máximo
razoável para o encerramento da instrução criminal.
— Ainda o prazo de 81 dias, estimado pela Jurisprudência como a meta derradeira
da instrução, não é fatal nem peremptório, pois se sujeita às contingências
inerentes ao processo-crime (v.g.: complexidade da causa, falta de apresentação
de réu preso, etc.).
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).

Voto nº 6831 — HABEAS CORPUS Nº 884.174-3/1-00


Arts. 138, “caput”, 141, nº II, 145, parág. único e 319, do Cód. Penal;
art. 41 do Cód. Proc. Penal.
—“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixe alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
— Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa unicamente
se admite quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a atipicidade do fato
imputado ao réu, ou a sua inocência.
— Para que a denúncia produza efeitos de direito e autorize a instauração do
processo-crime basta que descreva ação típica e lhe indique o autor (art. 41 do
Cód. Proc. Penal).
— Nossos Tribunais têm decidido, sem quebra, ser inadmissível o trancamento de
ação penal por alegada ausência de justa causa, quando se baseia a denúncia em
indícios de crime em tese e de sua autoria.

Voto nº 6832 — HABEAS CORPUS Nº 919.346-3/5-00


Arts. 310, parág. único, 648, nº I e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal.
— Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa unicamente se
admite quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a atipicidade do fato
imputado ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
—“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel.
Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente
o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da complexidade da causa, com vários réus e diferentes patronos
judiciais, além de grande número de testemunhas, que tem o caráter de força maior,
motivo de suspensão do curso dos prazos (art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
— Inimigo potencial da ordem jurídica e da sociedade, o autor de latrocínio (ainda
que na forma tentada) não merece recobrar a liberdade primeiro que dê estritas
contas à Justiça, ao termo do devido processo legal.
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).

Voto nº 6833 — HABEAS CORPUS Nº 934.047-3/0-00


70
Arts. 149 e 310, do Cód. Proc. Penal;
arts. 12 e 14, da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90.

— Preso o réu em flagrante por delito inafiançável, estando o respectivo auto em


forma regular, não se lhe relaxa a custódia provisória, exceto se decorrido lapso
de tempo superior àquele que a Jurisprudência tem estabelecido como o máximo
razoável para o encerramento da instrução criminal.
— Por expressa disposição legal, não tem direito a liberdade provisória quem é
acusado de tráfico de entorpecentes, crime do número dos “hediondos” (art.
2º, nº II, da Lei nº 8.072/90).
— Ainda que o requeira a Defesa, não está obrigado o Juiz a ordenar seja o acusado
submetido a exame médico-legal, se não houver dúvida sobre sua integridade
mental nem alguma circunstância do processo lhe indicar a necessidade da
realização da providência (art. 149 do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 6834 — HABEAS CORPUS Nº 894.574-3/5-00


Art. 214 do Cód. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a


liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— O instituto do “habeas corpus”, em vista de seu rito sumaríssimo e natureza
específica, não se presta a aferir requisitos subjetivos para a concessão de regime
prisional, tarefa em que somente haverá de entender o Juízo da causa ou das
Execuções Criminais; o Tribunal, este apenas em grau de recurso pode modificar
o regime estipulado na sentença condenatória, quando patente sua ilegalidade ou
em contradição absoluta com a lei e as circunstâncias do processo.
— Sob pena de violação da coisa julgada material, instituto capitalíssimo em que
assenta a ordem jurídica, o Juízo de Execução não pode alterar o regime prisional
fechado, imposto pela sentença condenatória a autor de atentado violento ao
pudor (art. 214 do Cód. Penal), crime da classe dos hediondos.
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime
integralmente fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 403).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida"
(Antão de Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
— Cai a lanço notar que a constitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei dos Crimes
Hediondos já foi afirmada pelo Supremo Tribunal Federal (cf. HC nº 69.657-1-
SP, j. 18.9.92).

Voto nº 6835 — apelação Criminal Nº 899.295-3/5-00


Arts. 213, 214 e 223, “caput”, e parág. único, do Cód. Penal;
arts. 1º, nº VI e 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
71
art. 5º, XLIII e XLVI, da Const. Fed.

— Comete o crime de atentado violento ao pudor o sujeito que, à fina força e


mediante grave ameaça, obriga mulher a entrar em seu carro e com ela pratica
atos de libidinagem diversos da conjunção carnal (art. 214 do Cód. Penal).
— A palavra da vítima de atentado violento ao pudor tem notável importância na
apuração das circunstâncias do fato criminoso e na identificação de seu autor,
pois repugna à condição da mulher, sobretudo se casada e de vida honesta, faltar
à verdade em matéria que, por sua infâmia e opróbrio, lhe imprimiu na alma um
como estigma indelével (art. 214 do Cód. Penal).
— O STF, em Sessão Plenária, decidiu que “os crimes de estupro e de atentado
violento ao pudor, tanto nas suas formas simples (Cód. Penal, arts. 213 e 214),
como nas qualificadoras (Cód. Penal, 223, caput, e parág. único), são crimes
hediondos: Lei nº 8.072/90, redação da Lei nº 8.930/94, art. 1º, ns. V e VI” (HC
n º 81.288-1-SC; rel. Min. Carlos Velloso; j. 17.12.2001).
— O autor de atentado violento ao pudor, delito da classe dos hediondos, deve
cumprir sua pena sob o regime integralmente fechado, por força do preceito do
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime
integralmente fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 403).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida"
(Antão de Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
— Cai a lanço notar que a constitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei dos Crimes
Hediondos já foi afirmada pelo Supremo Tribunal Federal (cf. HC nº 69.657-1-
SP, j. 18.9.92).

Voto nº 6836 — apelação Criminal Nº 331.056-3/5-00


Arts. 59 e 65, nº III, alínea “d”, do Cód. Penal;
arts. 12 e 18, nº IV, da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

— Para autorizar decreto condenatório basta a confissão judicial do réu. Deveras, é


axioma de Direito que “a confissão da parte releva de outra prova” (cf.
Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar Jurídico, 1985, t. II, p. 530).
—“Para a existência do delito (do art. 12 da Lei nº 6.368/76) não há necessidade de
ocorrência de dano. O próprio perigo é presumido em caráter absoluto,
bastando para a configuração do crime que a conduta seja subsumida num dos
verbos previstos” (Vicente Greco Filho, Tóxicos, 1995, p. 83).
— As circunstâncias gerais e abstratas do crime foram já consideradas no momento
da elaboração legislativa, pelo que não há encarecê-las de novo o Juiz ao
estabelecer a pena do réu (art. 59 do Cód. Penal), senão incorrerá em “bis in
idem”.
—“A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena
abaixo do mínimo legal” (Súmula nº 231 do STJ).
— A estipulação do regime integralmente fechado para o réu de tráfico de
entorpecentes, crime do número dos hediondos, decorre da vontade da lei (art.
2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 6837 — apelação CRiminal Nº 448.011-3/9-00


72
Art. 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal;
art. 36 do Código Criminal do Império;
art. 12 da Lei nº 6.368/76.

— A condenação pelo crime do art. 12 da Lei de Tóxicos —— atenta a severidade


da pena e a espécie de regime prisional a que estará sujeito seu autor ——
pressupõe a certeza do comércio nefando. Conjecturas com base na elevada
quantidade da substância entorpecente apreendida, por si sós, não podem supri-la.
É que a dúvida, na Justiça Criminal, aproveita sempre ao acusado: “In dubio pro
reo”.
— O farol que deve orientar o Juiz na decisão da causa são as provas dos autos. Se
elas não indicam com segurança a culpa do réu, será força pronunciar o “non
liquet” e absolvê-lo.
—“Nenhuma presunção, por mais veemente que seja, dará motivo para imposição
de pena” (art. 36 do Código Criminal do Império).
— Mais que meras conjecturas acerca da culpabilidade do acusado, são
necessárias, para sua condenação, provas tão claras como a luz meridiana:
“probationes luce meridiana clariores” (cf. Giovanni Brichetti, L’Evidenza nel
Diritto Processuale Penale, 1950, p. 111).
— Muita cautela devem ter os órgãos do Poder Judiciário ao reexaminar processo
em que, na Primeira Instância, foi o réu absolvido. É que, mais próximo da
causa e em contacto direto com o réu e testemunhas, como que inspiram o Juiz
notáveis e puros influxos da Verdade. Donde a geral concepção de que, a
assinatura do Juiz em sentença absolutória deve interpretar-se por um novo e
venerável testemunho a favor da inocência do réu.

Voto nº 6838 — HABEAS CORPUS Nº 943.080-3/1-00


Arts. 310 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
arts. 12 e 14, da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90.

— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,


rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
—“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da culpa
decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou ao
Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236)
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
— Por expressa disposição legal, não tem direito a liberdade provisória quem é
acusado de tráfico de entorpecentes, crime do número dos “hediondos” (art.
2º, nº II, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 6839 — HABEAS CORPUS Nº 921.897-3/9-00


Art. 66, nº III, alíneas “b”, “e” e “f”, da Lei de Execução Penal;
73
art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
art. 5º, XLIII e XLVI, da Const. Fed.

— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o
escopo de obter progressão ao regime semi-aberto, pois se trata de matéria em
que, por previsão de lei (art. 66, nº III, alínea “e”, da Lei de Execução Penal),
deve entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de
usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização judiciária do
Estado.
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime
integralmente fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 403).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida"
(Antão de Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
— Cai a lanço notar que a constitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei dos Crimes
Hediondos já foi afirmada pelo Supremo Tribunal Federal.
— O condenado por tráfico de entorpecentes (art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da
classe dos hediondos, deve cumprir sua pena integralmente em regime fechado,
por força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 6840 — HABEAS CORPUS Nº 945.451-3/0-00


Arts. 29, 69 e 70, do Cód. Penal;
arts. 601 e 659, do Cód. Proc. Penal;
arts. 243 e 244-A, § 1º, da Lei nº 8.069/90 (Estatuto da Criança e do
Adolescente)

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter
já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará
prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
—“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 6841 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 893.400-3/5-


00
Art. 126 da Lei de Execução Penal.
74

— À luz da lógica e por princípio de justiça, a escorreita exegese do art. 126 da Lei
de Execução Penal deve compreender também, no conceito de trabalho, a
atividade escolar do preso, por sua transcendental importância como fator de
promoção humana e poderoso instrumento de reforma da vida e costumes.
Destarte, comprovando que freqüentou aulas em curso patrocinado pelo sistema
penitenciário, tem jus o condenado à remição de penas, na proporção de um dia
para cada 12 horas de efetiva atividade escolar.
— O argumento expendido no agravo (e que tira ao fim de prestigiar, no âmbito
carcerário, só o trabalho físico, em detrimento da atividade intelectual) encerra
crasso equívoco, pois justamente abate o que devera exaltar: o labor intelectual,
notabilíssimo instrumento de promoção humana.
— Se “o estudo é a luz da vida”, como, pelo comum, entendem e proclamam os
pedagogos, como pretender, sem injúria da razão, que o trabalho intelectual
represente um “minus” em respeito do trabalho físico?! Falou avisadamente
quem disse: “Abrir escolas é fechar prisões”; daqui se mostra bem a suma
importância que o convívio escolar tem na formação do caráter do indivíduo.

Voto nº 6842 — HABEAS CORPUS Nº 934.824-3/7-00


Art. 121, § 2º, ns. I, III e IV, conjugado com o art. 29, do Cód. Penal;
arts. 312, 408, § 2º, 563, 581, nº IV e 647, do Cód. Proc. Penal;
arts. 1º, nº I e 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90;
art. 5º, ns. LVII e LXVIII, da Const. Fed.

— Condição fundamental da concessão da ordem


de “habeas corpus”, a liqüidez e certeza do direito alegado pelo paciente devem
estar comprovadas nos autos (art. 647 do Cód. Proc. Penal).
— Ainda que instrumento processual de dignidade
constitucional, próprio a tutelar a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas
corpus” substituir o recurso ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita
a questões de alta indagação.
— Não é o “habeas corpus” meio idôneo para
rever sentença de pronúncia, com o escopo de trancar a ação penal (cf. Rev.
Trim. Jurisp., vol. 74, p. 45).
— PRISÃO PREVENTIVA — Homicídio qualificado — Presentes os requisitos
legais (art. 312 do Cód. Proc. Penal) — Medida necessária, ainda que drástica.
— Não entra em dúvida que, a despeito do
princípio da presunção de inocência, consagrado na Constituição da República
(art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão preventiva, quando
conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo Penal, isto é,
garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal, ou para assegurar
a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração e
veementes os indícios de sua autoria.
— LIBERDADE PROVISÓRIA — Homicídio qualificado — Proibição legal —
Crime hediondo — Lei nº 8.072/90.
— Do número dos crimes hediondos, o
homicídio qualificado (também na forma tentada) é, por definição legal,
insuscetível de liberdade provisória (arts. 1º, nº I, e 2º, nº II, da Lei nº
8.072/90).
75

Voto nº 6843 — HABEAS CORPUS Nº 935.674-3/9-00


Art. 121, § 2º, do Cód. Penal;
art. 408, § 2º, do Cód. Proc. Penal;
arts. 1º, nº I e 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90;
art. 93, nº IX, da Const. Fed.

— O crime de homicídio qualificado a lei considera hediondo e, pois, em princípio,


insuscetível de liberdade provisória (cf. arts. 1º, nº I, e 2º, nº II, da Lei nº
8.072/90).
— Não tem direito de aguardar solto seu julgamento pelo Tribunal do Júri o réu que,
pronunciado como incurso nas penas do art. 121, § 2º, do Cód. Penal, não
comprovou possuir mérito pessoal que lhe justificasse a outorga do benefício
(art. 408, § 2º, do Cód. Proc. Penal).
— Ainda que se não deva desconsiderar o espírito nem a forma do preceito que
obriga o Juiz a fundamentar suas decisões (art. 93, nº IX, da Const. Fed),
impossível é desautorizar a doutrina do insigne Mário Guimarães: “Certas
decisões, também, se fundamentam por si mesmas. Insistir em justificá-las, seria
ocioso” (O Juiz e a Função Jurisdicional, 1958, p. 347).

Voto nº 6844 — HABEAS CORPUS Nº 949.237-3/2-00


Art. 647 do Cód. Proc. Penal;
art. 47 da Lei das Contravenções Penais;
arts. 61 e 82, da Lei nº 9.099/95.

— Competente para o processo e julgamento de “habeas corpus” impetrado contra


ato de Promotor de Justiça que requisita instauração de procedimento
investigatório para apurar infração do art. 47 da Lei das Contravenções Penais
(exercício ilegal de profissão) é, por força do disposto no art. 82 da Lei nº
9.099/95, o Colégio Recursal dos Juizados Especiais Criminais e não o
Tribunal de Justiça.
— Remédio processual específico para a tutela das garantias e direitos fundamentais
do indivíduo, é o “habeas corpus” instrumento idôneo para o exame da
existência de justa causa para a persecução penal. Por seu rito sumário,
entretanto, somente enseja o trancamento de inquérito ou ação penal quando salte
aos olhos, desde logo, a atipicidade do fato argüido de criminoso ou a inocência
do acusado (art. 647 do Cód. Proc. Penal).
— A apuração da responsabilidade criminal do réu é própria da instância penal do
contraditório; transferi-la para a via heróica do “habeas corpus” seria decidir
questão de mérito, atribuição privativa do Juízo da causa.
—“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
76
Voto nº 6845 —RECURSO DE HABEAS CORPUS Nº
949.238-3/7-00
Art. 172 do Cód. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
— Embora não seja o inquérito mais que a fase preparatória da acusação formal,
constitui já mal insigne para o indivíduo, pois o alcança em seu mais valioso
patrimônio: a honra. Todo o indiciamento importa verdadeira “capitis
deminutio”. A decisão, portanto, que põe cobro ao gravame do indiciamento em
inquérito policial — quando escusado (e talvez arbitrário) — passa por legítima,
além de sábia.
— Sob pena de constituir violência contra o “status dignitatis” do indivíduo, o
indiciamento em inquérito policial a lei unicamente permite em face de prova
cabal da existência do crime e de indícios veementes de sua autoria.

Voto nº 6846 — HABEAS CORPUS Nº 932.493-3/0-00


Arts. 14, nº II e 121, § 2º, ns. I e IV, do Cód. Penal;
art. 408, § 2º, do Cód. Proc. Penal;
arts. 1º, nº I, e 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90.
— Dado que importa restrição à liberdade, sumo bem do indivíduo, a custódia
cautelar não pode prolongar-se “in aeternum”; daqui a razão por que os
Tribunais de Justiça do País, olhando pela intangibilidade da pessoa humana,
tiveram a bem fixar prazo à instrução criminal de processo de réu preso: 81 dias;
este é o último padrão que separa a legalidade do arbítrio.
— Não se trata, porém, de termo peremptório nem fatal: ao invés, sujeita-se a
circunstâncias excepcionais (como complexidade da causa, necessidade de
inquirir testemunhas por precatória, adiamento de audiência pela falta de
apresentação de réu preso devidamente requisitado, interposição de recurso pela
Defesa, etc.) que escusam pequena demora no encerramento da instrução. Não
está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente e avisado, conjurar todos os
empecilhos que podem alterar o curso normal do processo.
— O crime de tentativa de homicídio qualificado a lei considera hediondo e, pois,
em princípio, insuscetível de liberdade provisória (cf. arts. 1º, nº I, e 2º, nº II,
da Lei nº 8.072/90).
— Não tem direito de aguardar solto seu julgamento pelo Tribunal do Júri o réu que,
pronunciado como incurso nas penas do art. 121, § 2º, do Cód. Penal, não
comprovou possuir mérito pessoal que lhe justificasse a outorga do benefício
(art. 408, § 2º, do Cód. Proc. Penal).
—“Pronunciado o réu, fica superada a alegação de constrangimento ilegal da
prisão por excesso de prazo na instrução” (Súmula nº 21, do STJ).

Voto nº 6847 — apelação CRiminal Nº 399.022-3/8-00


Art. 107, nº I, do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal;
art. 16 da Lei nº 6.368/76.
— Comprovada a morte do agente, é força julgar-lhe extinta a punibilidade (art.
107, nº I, do Cód. Penal e art. 61 do Cód. Proc. Penal). A morte é o termo de
todas as coisas. “Mors omnia solvit”, reza velho aforismo jurídico.
—“Sendo pessoal a responsabilidade penal, a morte do agente faz com que o
Estado perca o jus puniendi, não se transmitindo a seus herdeiros qualquer
obrigação de natureza penal: mors omnia solvit” (Damásio E. de Jesus, Código
77
Penal Anotado, 17a. ed., p. 336).

Voto nº 6848 — pelaçãoa CRiminal Nº 453.304-3/8-00


Art. 202 do Cód. Proc. Penal;
arts. 12 e 16, da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— A desclassificação do crime do art. 12 da Lei nº 6.368/76 para o tipo do art. 16
não se mostra atendível, se o réu trazia consigo e guardava na residência
considerável quantidade de substância entorpecente, embalada sob a forma de
“crack”, apreendida pela Polícia juntamente com balança de precisão, pois tais
circunstâncias revelam que o tóxico se destinava ao comércio ilícito, e não ao
uso próprio.
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em
erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do
processo —, toda pessoa poderá ser testemunha (art. 202 do Cód. Proc. Penal).
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe
dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime integralmente fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 6849 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 841.902-


3/0-00
Arts. 155, § 4º, ns. III e IV, 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
arts. 38 e 50, nº II, da Lei de Execução Penal.
— À luz do Decreto nº 4.903/03, a satisfação do lapso temporal de 1/3 é requisito
para a comutação de penas em se tratando de sentenciado reincidente (art. 2º).
— Consoante a comum opinião dos doutores e a jurisprudência dos Tribunais, o
sentenciado que empreende fuga comete falta grave (art. 50, nº II, da Lei de
Exec. Penal) e, pois, sujeita-se a cumprir mais 1/6 do restante da pena, a partir da
recaptura, para ter direito a benefícios (cf. Rev. Tribs., vol. 743, p. 625).
— A comutação de penas destina-se a abreviar o tempo de encarceramento do
condenado que deseja deveras emendar-se das faltas cometidas e reintegrar-se no
convívio social; não pode servir de galardão àquele que, pelos atos de
indisciplina no presídio, dá a conhecer latente periculosidade.

Voto nº 6850 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 874.438-3/9-


00
Arts. 33, § 2º, 83, parág. único, 129 e 157, § 2º, do Cód. Penal;
arts. 38 e 112, da Lei de Execução Penal;
arts. 5º ao 9º, da Lei nº 7.210/84.
— A Lei nº 10.792/2003 (que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução
Penal) não revogou o Código Penal; destarte, nos casos de pedido de benefício
em que seja mister aferir mérito, poderá o juiz determinar a realização de exame
criminológico no sentenciado, se autor de crime doloso cometido mediante
violência ou grave ameaça, pela presunção de periculosidade (art. 83, parág.
único, do Cód. Penal).
— “O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a
concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº
12.453-SP; rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).
78
— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do
estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à outorga de
benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 6851 — HABEAS CORPUS Nº 960.237-3/3-00


Arts. 14, nº II, 121, § 2º, ns. I e IV, 180, § 1º e 311, do Cód. Penal;
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal;
art. 12 da Lei nº 10.826/03;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
— Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido
anterior, com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que,
satisfeita a prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a
matéria do litígio, senão mediante recurso ordinário.
— Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se
deve outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar
Jurídico, 1985, vol. II, p. 588).
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido”
(Rev. Forense, vol. 158, p. 340).

Voto nº 6852 — HABEAS CORPUS Nº 935.680-3/6-00


Arts. 563 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
arts. 12 e 18, nº IV, da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90.
— Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa unicamente se
admite quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a atipicidade do fato
imputado ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
—“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
— A Lei nº 10.409/02 não revogou os arts. 12 e seguintes da Lei nº 6.368/76. É que
uma lei revoga outra, quando expressamente o disponha, ou quando, em relação à
lei nova, a anterior se torne antagônica e antinômica, gerando com ela
incompatibilidade.
— Tal não sucede, porém, respectivamente aos sobreditos diplomas legislativos: à
uma, porque a Lei nº 10.409/02 não declarou revogada a Lei nº 6.368/76; à
outra, porque, em seu espírito e forma, não encerram aqueles textos legais
incompatibilidade ou repugnância lógica; ao revés, conservam ambos sua
autonomia.
—“A incompatibilidade implícita entre duas expressões de direito não se presume;
na dúvida, se considerará uma norma conciliável com a outra” (Carlos
Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 358).
—“O rito especial previsto na Lei nº 10.409/02 aplica-se apenas aos crimes nela
previstos, os quais, insertos nos arts. 14 a 26, que integram a seção única do
Capítulo III, foram integralmente vetados, por vício de inconstitucionalidade”
(STJ; HC nº 28.300-RJ; 6a. Turma; rel. Min. Paulo Medina; j. 16.12.2003; DJU
3.11.2004, p. 245).
—“Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar prejuízo para a
acusação ou para a defesa” (art. 563 do Cód. Proc. Penal)
— LIBERDADE PROVISÓRIA — Tráfico de Entorpecentes (art. 12 da Lei nº
6.368/76) — Proibição legal — Crime hediondo — Lei nº 8. 072/90.
79
— Equiparado aos crimes hediondos, o tráfico de entorpecentes é, por
definição legal, insuscetível de liberdade provisória (art. 2º, nº II, da Lei nº
8.072/90).

Voto nº 6853 — apelação CRiminal Nº 479.141-3/3-00


Arts. 14, nº II, 29, 69 e 121, § 2º, ns. I e IV, do Cód. Penal;
art. 5º, ns. XXXVIII, alínea “c’ e LXIII, da Const. Fed.

— Ainda que direito seu, consagrado pelo texto constitucional (art. 5º, nº LXIII),
causa perplexidade isto de não querer defender-se o réu como fazem as pessoas
inocentes, segundo lhes ensinou a voz da Natureza, pela palavra e até pela força.
Donde o prolóquio: “qui tacet, consentire videtur” (quem cala, consente).
— Para autorizar decisão condenatória não é mister prova perfeita e exuberante,
bastando a que dê ao Juiz o fundamento lógico suficiente para não cair em erro
crasso.
— Em face da soberania de seus veredictos, as decisões do júri (proferidas “ex
informata conscientia”) somente se anulam quando em franca rebeldia com a
prova dos autos, ou nos casos de comprovada corrupção ou prevaricação dos
jurados (art. 5º, nº XXXVIII, alínea c, da Const. Fed.).

Voto nº 6854 — apelação CRiminal Nº 475.424-3/6-00


Arts. 44, § 2º, 69, 107, nº IV, 109, nº V, 110, § 1º, 297, § 1º e 314, do Cód.
Penal.

— Incorre nas penas da lei o escrevente de cartório que, por suprir lapso e omissão
de escritura pública de compra e venda de imóvel, inutiliza folha do
instrumento e lavra outra em substituição, falsificando-lhe as assinaturas das
partes (arts. 297, § 1º, e 314 do Cód. Penal).
—“Para a caracterização do delito (do art. 314 do Cód. Penal), não importa a
ocorrência ou não de prejuízo a alguém, pois o dano, efetivo ou potencial, não é
elemento do tipo penal” (Rev. Tribs., vol. 639, p. 277; rel. Dirceu de Mello).

Voto nº 6855 — HABEAS CORPUS Nº 929.582-3/0-00


Art. 121, § 2º, nº II, do Cód. Penal;
arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 1º, nº I, da Lei nº 7.960/89;
arts. 1º, nº I e 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90.

— Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
— LIBERDADE PROVISÓRIA — Homicídio qualificado — Proibição legal —
Crime hediondo — Lei nº 8.072/90.
— Do número dos crimes hediondos, o homicídio qualificado (também na forma
tentada) é, por definição legal, insuscetível de liberdade provisória (arts. 1º, nº
I, e 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90).
80

Voto nº 6856 — HABEAS CORPUS Nº 944.598-3/2-00


art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal;
art. 14 da Lei nº 10.826/03;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
— À luz da nova ordem constitucional instaurada no País, a regra geral é que se
defenda o réu em liberdade. Consectário do princípio do estado de inocência
(art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.), só por exceção deve o acusado responder preso
ao processo.
— Não há denegar liberdade provisória ao infrator do art. 14 da Lei nº 10.826/03
(porte ilegal de arma de fogo) se presentes os requisitos do art. 310, parág.
único, do Cód. Proc. Penal.
— Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não
sustente em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois, quer-
se revogada. Nesse número merecem contados os casos de encarceramento de
réu, quando ausentes os requisitos da decretação da prisão preventiva (art. 310,
parág. único, do Cód. Proc. Penal).
— Passa por iniqüidade manter preso, enquanto lhe tramita o processo, réu que
poderá, no caso de condenação, beneficiar-se de sanção alternativa, pois já
ninguém ignora que o cárcere é o pior lugar do mundo antes do cemitério, tendo-
lhe Dostoiévski chamado, com propriedade, a “casa dos mortos”.

Voto nº 6857 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 841.808-


3/1-00
Art. 97, § 1º, do Cód. Penal;
art. 182 do Cód. Proc. Penal.
— Proferida “secundum legem”, não incorre em censura a decisão que prorroga o
prazo da medida de segurança de sentenciado, por subsistente ainda sua
periculosidade (art. 97, § 1º, do Cód. Penal).
— Embora o Juiz não esteja adstrito ao laudo, como o dispõe expressamente o art.
182 do Cód. Proc. Penal, não deve rejeitá-lo, exceto se em frontal antinomia com
a lição da experiência vulgar ou em conflito com o raciocínio lógico.
— Periculosidade é a “possibilidade de novas violações da lei penal” (Giovanni
Lombardi; apud Marcello Jardim Linhares, Responsabilidade Penal, 1978,
vol. II, p. 930).

Voto nº 6858 — HABEAS CORPUS Nº 945.957-3/9-00


Art. 157, § 2º, nº I, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 403 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal.
— Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido
anterior, com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que,
satisfeita a prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a
matéria do litígio, senão mediante recurso ordinário.
— Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se
deve outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar
Jurídico, 1985, vol. II, p. 588).
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido”
(Rev. Forense, vol. 158, p. 340).
81
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente
o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
na inquirição de testemunhas por precatória, que tem o caráter de força maior,
motivo de suspensão do curso dos prazos (art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).

Voto nº 6859 — HABEAS CORPUS Nº 948.162-3/2-00


Arts. 29, “caput” e 121, § 2º, nº IV, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 312, 313 e 408, § 2º, do Cód. Proc. Penal;
arts. 1º, nº I e 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
— Dado que importa restrição à liberdade, sumo bem do indivíduo, a custódia
cautelar não pode prolongar-se “in aeternum”; daqui a razão por que os
Tribunais de Justiça do País, olhando pela intangibilidade da pessoa humana,
tiveram a bem fixar prazo à instrução criminal de processo de réu preso: 81 dias;
este é o último padrão que separa a legalidade do arbítrio.
— Não se trata, porém, de termo peremptório nem fatal: ao invés, sujeita-se a
circunstâncias excepcionais (como complexidade da causa, necessidade de
inquirir testemunhas por precatória, adiamento de audiência pela falta de
apresentação de réu preso devidamente requisitado, interposição de recurso pela
Defesa, etc.) que escusam pequena demora no encerramento da instrução. Não
está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente e avisado, conjurar todos os
empecilhos que podem alterar o curso normal do processo.
— O crime de tentativa de homicídio qualificado a lei considera hediondo e, pois,
em princípio, insuscetível de liberdade provisória (cf. arts. 1º, nº I, e 2º, nº II,
da Lei nº 8.072/90).
— Não tem direito de aguardar solto seu julgamento pelo Tribunal do Júri o réu que,
pronunciado como incurso nas penas do art. 121, § 2º, do Cód. Penal, não
comprovou possuir mérito pessoal que lhe justificasse a outorga do benefício
(art. 408, § 2º, do Cód. Proc. Penal).
—“Pronunciado o réu, fica superada a alegação de constrangimento ilegal da
prisão por excesso de prazo na instrução” (Súmula nº 21, do STJ).

Voto nº 6860 — apelação CRiminal Nº 455.247-3/1-00


Art. 202 do Cód. Proc. Penal;
arts. 12 e 16, da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
— Tem lá seu valor a confissão do réu na Polícia, máxime se feita em presença de
curador e ajustada aos mais elementos de prova dos autos.
—“A confissão do delito vale não pelo lugar em que é prestada, mas pela força de
convencimento que nela se contém” (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 95, p. 564;
rel. Min. Cordeiro Guerra).
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se demonstrar,
além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em erro de
informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do processo —, “toda
pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc. Penal).
— A desclassificação do crime do art. 12 da Lei nº 6.368/76 para o tipo do art. 16
não se mostra atendível, se o réu trazia consigo e guardava na residência
considerável quantidade de substância entorpecente acondicionada em pacotes,
apreendidos pela Polícia juntamente com papel-alumínio, pois tais circunstâncias
revelam que o tóxico se destinava ao comércio ilícito, e não ao uso próprio.
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe
dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime integralmente fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime
integralmente fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 403).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida"
(Antão de Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
82
— Cai a lanço notar que a constitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei dos Crimes
Hediondos já foi afirmada pelo Supremo Tribunal Federal. (cf. HC nº 69.657-1-
SP; j. 18.9.92).

Voto nº 6861 — HABEAS CORPUS Nº 936.867-3/7-00


Arts. 310 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
arts. 12 e 14, da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90.

— Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com observância da regra
do contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa
unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a
atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do Cód.
Proc. Penal).
—“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
— LIBERDADE PROVISÓRIA — Tráfico de Entorpecentes (art. 12 da Lei nº
6.368/76) — Proibição legal — Crime hediondo — Lei nº 8. 072/90.
— Equiparado aos crimes hediondos, o tráfico de entorpecentes é, por
definição legal, insuscetível de liberdade provisória (art. 2º, nº II, da Lei nº
8.072/90).

Voto nº 6862 — HABEAS CORPUS Nº 947.166-3/3-00


Art. 180, §§ 1º e 2º, do Cód. Penal;
art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter
já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará
prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
—“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 6863 — mandado de segurança Nº 868.102-3/7-


00
Art. 120 do Cód. Proc. Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76.

— Provado que o dinheiro que lhe apreendeu a Polícia era de origem lícita (e não
produto de crime), mostra-se de rigor sua devolução à impetrante, como forma de
restauração do direito violado (art. 120 do Cód. Proc. Penal).
— É o mandado de segurança meio idôneo para obter a liberação de coisas
irregularmente apreendidas em inquérito policial (cf. Rev. Tribs., vol. 749, p.
675).
83

Voto nº 6864 — apelação CRiminal Nº 851.939-3/7-00


Arts. 33, § 2º, alínea “b”, 59 e 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal.

— A confissão do réu na Polícia, ainda que repudiada em Juízo, pode justificar


decreto condenatório, se em harmonia com os mais elementos de convicção dos
autos; ao seu aspecto intrínseco é que se deve atender, não à circunstância do
lugar onde a presta o confitente.
—“Para os chamados penalistas práticos, a confissão do acusado se equiparava à
própria coisa julgada, como ensinava Farinácio: Confessio habet vim rei
judicatae” (José Frederico Marques, Estudos de Direito Processual Penal, 1a.
ed., p. 290).
— Não há proibição legal de que o Juiz conceda ao condenado não-reincidente a
pena inferior a 8 anos o benefício do regime semi-aberto; o Código Penal, o que
veda às expressas é que se conceda ele ao réu condenado a pena superior a 8 anos
(não importando se primário), ou ao reincidente, cuja pena seja superior a 4 anos
(art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal).

Voto nº 6865 — HABEAS CORPUS Nº 936.309-3/1-00


Arts. 14, nº II, 29 e 121, § 2º, ns. I e IV, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 312 e 313, do Cód. Proc. Penal;
arts. 1º, nº I e 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.

— Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,


consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que
deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de
Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova
bastante da existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é
necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf.
Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— O crime de homicídio qualificado a lei considera hediondo e, pois, em princípio,
insuscetível de liberdade provisória (cf. arts. 1º, nº I, e 2º, nº II, da Lei nº
8.072/90).
84

Voto nº 6874 — HABEAS CORPUS Nº 946.595-3/3-00


Art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal;
art. 16 parág. único, nº IV, da Lei nº 10.826/03;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

— À luz da nova ordem constitucional instaurada no País, a regra geral é que se


defenda o réu em liberdade. Consectário do princípio do estado de inocência
(art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.), só por exceção deve o acusado responder preso
ao processo.
— Não há denegar liberdade provisória ao infrator do art. 16 da Lei nº 10.826/03
(porte ilegal de arma de fogo) se presentes os requisitos do art. 310, parág.
único, do Cód. Proc. Penal.
— De ser afiançável o delito não resulta, por força, tenha seu autor direito à
liberdade provisória; cumpre-lhe satisfazer ao requisito do merecimento. A
periculosidade é francamente incompatível com o benefício.

Voto nº 6875 — HABEAS CORPUS Nº 922.253-3/8-00


Art. 155, § 4º, ns. III e IV, do Cód. Penal;
arts. 580, 648, nº II e 654, § 2º, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º da Const. Fed.

— Dos mais sagrados direitos do réu é ver-se processar, rigorosamente, nos prazos
que lhe assina a lei. Donde o haver fixado a Jurisprudência em 81 dias o prazo
legal máximo para a formação da culpa de réu preso. Esse é o marco miliário que
estrema a legalidade do arbítrio.
— Grave que lhe seja o crime e abjeto seu caráter, nenhum réu decai nunca da
proteção da lei, que todos iguala (art. 5º da Const. Fed.).
— O escrúpulo de restituir à sociedade, sem julgamento, aquele de seus membros
que fundamente a agravou cede ao dever que tem o Juiz de cumprir a lei e
respeitar o direito, ainda que em seu titular pese acusação grave.
—“Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de habeas
corpus, quando no curso do processo verificarem que alguém sofre ou está na
iminência de sofrer coação ilegal” (art. 654, § 2º, do Cód. Proc. Penal).
—“É justo que, em caso igual, a mim e aos outros se aplique o mesmo direito”
(Demóstenes, A Oração da Coroa, 1877, p. 25; trad. Latino Coelho).
85

Voto nº 6876 — apelação CRiminal Nº 335.356-3/3-00


Art. 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal;
art. 36 do Código Criminal do Império;
art. 12 da Lei nº 6.368/76.
— Conquanto se não deva, “a priori”, suspeitar de testemunhas policiais, manda a
prudência se lhes recebam com cautela os depoimentos, quando não roborados
por outros adminículos de convicção.
— Dúvida que perturbe o espírito do Magistrado será a que basta a endireitar-lhe os
passos para o caminho da absolvição, em obséquio ao princípio de nomeada
universal: “In dubio pro reo”.
— Dúvida, em Direito Penal, equivale a ausência de prova.
— A condenação pelo crime do art. 12 da Lei de Tóxicos — atenta a severidade da
pena e a espécie de regime prisional a que estará sujeito seu autor — pressupõe a
certeza do comércio nefando. Conjecturas com base na elevada quantidade da
substância entorpecente apreendida, por si sós, não podem supri-la. É que a
dúvida, na Justiça Criminal, aproveita sempre ao acusado: “In dubio pro reo”.
— O farol que deve orientar o Juiz na decisão da causa são as provas dos autos. Se
elas não indicam com segurança a culpa do réu, será força pronunciar o “non
liquet” e absolvê-lo.
—“Nenhuma presunção, por mais veemente que seja, dará motivo para imposição
de pena” (art. 36 do Código Criminal do Império).
— Mais que meras conjecturas acerca da culpabilidade do acusado, são
necessárias, para sua condenação, provas tão claras como a luz meridiana:
“probationes luce meridiana clariores” (cf. Giovanni Brichetti, L’Evidenza nel
Diritto Processuale Penale, 1950, p. 111).
— Muita cautela devem ter os órgãos do Poder Judiciário ao reexaminar processo
em que, na Primeira Instância, foi o réu absolvido. É que, mais próximo da
causa e em contacto direto com o réu e testemunhas, como que inspiram o Juiz
notáveis e puros influxos da Verdade. Donde a geral concepção de que, a
assinatura do Juiz em sentença absolutória deve interpretar-se por um novo e
venerável testemunho a favor da inocência do réu.

Voto nº 6877 — apelação CRiminal Nº 421.858-3/6-00


Arts. 64, nº I, 107, nº IV, primeira figura, 109, nº VI e 110, § 1º, do Cód.
Penal;
art. 202 do Cód. Proc. Penal;
art. 16 da Lei nº 6.368/76;
art. 89 da Lei nº 9.099/95.
— Instituto destinado a beneficiar unicamente o infrator de vida pregressa
inculpável, a suspensão condicional do processo não se aplica a acusado que
tenha sido condenado por outro crime (art. 89 da Lei nº 9.099/95).
— A crítica irrogada ao testemunho policial com o intuito de desmerecê-lo constitui
solene despropósito, pois toda a pessoa pode ser testemunha (art. 202 do Cód.
Proc. Penal) e aquela que, depondo sob juramento, falta à verdade incorre nas
penas da lei, donde a inépcia do raciocínio apriorístico de que o policial vem a
Juízo para mentir.
— A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
86
— Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.

Voto nº 6878 — HABEAS CORPUS Nº 942.201-3/8-00


Arts. 157, § 2º, ns. I, II e V, 158, § 1º, c.c. o art. 14, nº II, do Cód. Penal;
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal.

— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,


rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente
o excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da ausência de testemunhas, se intimadas na forma da lei, pois não
está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força maior
que obstam à realização do ato processual.
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
— Pela intensa comoção que os delitos de roubo provocam no organismo social,
repugna conceder a seu autor liberdade provisória primeiro que a Justiça lhe
averigúe a responsabilidade criminal.
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz), primariedade,
bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não
valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único,
do Cód. Proc. Penal) àquele que, acusado de crime grave — como é o roubo —,
tem contra si a presunção de periculosidade.

Voto nº 6881 — apelação CRiminal Nº 455.982-3/5-00


Arts. 107, nº IV, primeira figura, 109, parág. único e 110, § 1º, do Cód. Penal;
art. 16 da Lei nº 6.368/76.

— A confissão, os juristas sempre a reputaram a rainha das provas (“regina


probationum”); se produzida em Juízo, é absoluto seu valor, visto se presume
livre dos vícios de inteligência e vontade, e pode justificar edito condenatório.
— A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
—“Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos previstos para as
privativas de liberdade” (art. 109, parág. único, do Cód. Penal).
— Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.
87

Voto nº 6882 — apelação CRiminal Nº 874.326-3/8-00


Arts. 44 e 180, § 1º, do Cód. Penal.

— Nos crimes de receptação dolosa, porque mui difícil apurar o elemento


subjetivo do tipo, cumpre recorrer às circunstâncias mesmas do fato e à
personalidade do agente (art. 180 do Cód. Penal).
— Em se tratando de simples “emendatio libelli”, é força proceder à devida
correção, ainda que em Segunda Instância. Conforme o STF, pode o Juiz, se é
que o não deva, na sentença, corrigir o erro (Rev. Trim. Jurisp., vol. 79, p. 95;
apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p.
291).
—“O preceito secundário do § 1º (do art. 180 do Cód. Penal) deve ser
desconsiderado, uma vez que ofende os princípios constitucionais da
proporcionalidade e da individualização legal da pena” (Damásio E. de Jesus,
Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 694).
—“A imposição de pena maior ao fato de menor gravidade é inconstitucional,
desrespeitando os princípios da harmonia e da proporcionalidade” (Idem,
ibidem).

Voto nº 6883 — HABEAS CORPUS Nº 948.596-3/2-00


Arts. 14, nº II, 29, 69, 121, § 2º, ns. IV e V, 157, § 2º, nº II e 288, parág. único,
do Cód. Penal;
arts. 28 e 406, do Cód. Proc. Penal.

— Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido


anterior, com os mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que,
satisfeita a prestação jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a
matéria do litígio, senão mediante recurso ordinário.
— Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se
deve outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar
Jurídico, 1985, vol. II, p. 588).
—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido”
(Rev. Forense, vol. 158, p. 340).
—“O prazo para concluir a instrução criminal não se conta apenas pela soma de
dias. Urge conjugá-la com o juízo de razoabilidade, ante as dificuldades de cada
processo” (STJ; HC; rel. Min. Luiz Vicente Cernicchiaro; DJU 16.12.91, p.
18.555)
88

Voto nº 6884 — HABEAS CORPUS Nº 936.434-3/1-00


Arts. 311 e 312, do Cód. Proc. Penal;
arts. 12 e 14, da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90;
art. 16, parág. único, nº IV, da Lei nº 10.826/2003;
art. 93, nº IX, da Const. Fed.

— Ato mais relevante do ofício do Magistrado, a decisão deve ser fundamentada


(art. 93, nº IX, da Const. Fed.), isto é, ao proferi-la deve dar as razões de seu
convencimento. Mas fundamentação percuciente, minuciosa e castigada só a
requer decisão definitiva de mérito, não a que impõe prisão preventiva; esta se
satisfaz com a indicação da necessidade da decretação da custódia cautelar, que
se infere da prova da materialidade da infração penal grave e de indícios
veementes de sua autoria.
— Sob pena de subversão de princípios capitais do sistema jurídico-processual, não
é lícito proceder o Tribunal a análise aprofundada de provas, no âmbito de
“habeas corpus”, com o intuito de aferir a justa causa para a ação penal; exame
de mérito apenas tem lugar na instância ordinária, após regular dilação
probatória.
— Por expressa disposição legal, não tem direito a liberdade provisória quem é
acusado de tráfico de entorpecentes, crime do número dos “hediondos” (art.
2º, nº II, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 6885 — HABEAS CORPUS Nº 890.964-3/6-00


Arts. 14, nº II, 33, § 2º, letra “c” e 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
arts. 393, nº I e 594, do Cód. Proc. Penal;
art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal.

— Se o acusado respondeu preso ao processo pela prática de roubo, será verdadeira


abusão lógica deferir-lhe o benefício da liberdade provisória após sua
condenação, pois entre os efeitos da sentença condenatória recorrível inclui-se
precisamente o de “ser o réu conservado na prisão” (art. 393, nº I, do Cód.
Proc. Penal).
— Se a Justiça o não reputou digno do benefício da liberdade, quando ainda contava
ser absolvido, com mais forte razão carecerá o acusado de requisito subjetivo
depois de condenado, quando a presunção de inocência terá cedido à de sua
culpabilidade.
— Segundo entendimento pacífico do STF, a disposição do art. 594 do Cód. Proc.
Penal não se aplica a réu preso em razão de flagrante ou preventiva (cf.
Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 21a. ed., p. 470).
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— O instituto do “habeas corpus”, em vista de seu rito sumaríssimo e natureza
específica, não se presta a aferir requisitos subjetivos para a concessão de regime
prisional, tarefa em que somente haverá entender o Juízo da causa ou das
89
Execuções Criminais.

Voto nº 6886 — MANDADO DE SEGURANÇA Nº 878.581-


3/0-00
Arts. 42 e 51, do Cód. Penal;
arts. 168 e 182, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, ns. LXIX e LXXV, da Const. Fed.

— A Lei nº 9.268/96 alterou a redação do art. 51 do Cód. Penal para atribuir à pena
de multa a natureza de dívida de valor, vedando, assim, a possibilidade de sua
conversão em pena privativa de liberdade.
— Revogado o art. 182 da Lei de Execução Penal — cujo § 1º dispunha acerca da
conversão da pena de multa em detenção: “a cada dia-multa corresponderá um
dia de detenção” —, é forçosa a conseqüência de que já não há substrato jurídico
nem critério legal que autorizem a aplicação de detração analógica, ou de pena
de multa (art. 42 do Cód. Penal).
— “Somente a violação de direito líqüido e certo, pedra angular do instituto,
autoriza a impetração de mandado de segurança” (art. 5º, nº LXIX, da Const.
Fed.).
—“A expressão direito líqüido e certo tem o alcance próprio de direito manifesto,
evidente, que exsurge da lei com claridade” (Carlos Alberto Menezes Direito,
Manual do Mandado de Segurança, 4a. ed., p. 66).

Voto nº 6887 — HABEAS CORPUS Nº 902.493-3/6-00


Art. 83 do Cód. Penal;
arts. 50, nº II, 66, nº III, alínea “b” e 118, nº I, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alínea “b”, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe
defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Consoante orientação do STF (cf. Rev. Tribs., vol. 763, p. 485), não configura
constrangimento ilegal reparável por “habeas corpus” a decisão do Juízo de
Direito da Vara das Execuções Criminais que determina a regressão cautelar e
provisória do condenado, sem sua prévia audiência, em razão de falta grave (art.
50, nº II, da Lei de Execução Penal).
— O Juiz que determina a regressão do sentenciado ao regime fechado, em caso de
falta grave, não viola a lei, antes a cumpre com pontualidade. Sua decisão, por
isso, está ao abrigo de reforma na via excepcional do “habeas corpus” (art. 118,
nº I, da Lei de Execução Penal).
90

Voto nº 6888 — HABEAS CORPUS Nº 950.242-3/8-00


Arts. 14, nº II, 61, nº I e 155, § 4º, nº I, do Cód. Penal;
art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a


liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso
ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido,
sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 6889 — apelação CRiminal Nº 406.849-3/5-00


Arts. 107, nº IV, 109, nº V, 110, § 1º, 171 e 288, do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal.

—“Não tendo havido recurso da acusação, o prazo prescricional, a partir da


publicação da sentença, é regulado pela pena imposta (prescrição
superveniente). (...) Aplicado exclusivamente o § 1º do art. 110 (do Cód. Penal),
teremos a incidência da extinção da punibilidade pela prescrição da pretensão
punitiva (ação penal). Não subsistem a sentença nem seus efeitos principais e
acessórios. E o Tribunal não precisa apreciar o mérito, ficando prejudicada a
apelação” (cf. Damásio E. de Jesus, Prescrição Penal, 9a. ed., p. 49).
— A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).
— Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.
91

Voto nº 6890 — HABEAS CORPUS Nº 947.604-3/3-00


Arts. 14, nº II, 71, 170 e 171, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 312, 499 e 647, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.
— De presente, constitui a prisão provisória exceção; a regra geral é defender-se o
réu em liberdade, em obséquio ao princípio da presunção de inocência (art. 5º, nº
LVII, da Const. Fed.). A melhor exegese do texto constitucional, entretanto, é a
que o procura conciliar com a norma do art. 310, parág. único, do Cód. Proc.
Penal. Assim, por amor da segurança da ordem jurídica e cautela dos direitos e
interesses sociais, o réu preso em flagrante só poderá defender-se em liberdade
se afiançável seu crime e ausentes os motivos que autorizam a decretação da
prisão preventiva.
— Se preso em flagrante delito, a regra geral é que o acusado aguarde, no cárcere, a
verificação de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se não satisfaz às
condições de caráter subjetivo que lhe permitam a concessão de liberdade
provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
— Não padece constrangimento ilegal — pelo que, não tem jus à concessão de
ordem de “habeas corpus” — o indivíduo que a Justiça mantém entre ferros, em
face da existência de copiosos e fortes indícios de que fez do crime profissão,
pois sua permanência em liberdade representaria iminente risco ao patrimônio e à
tranqüilidade das pessoas trabalhadoras e honestas (art. 647 do Cód. Proc.
Penal).

Voto nº 6891 — HABEAS CORPUS Nº 888.134-3/9-00


Arts. 71, 155, § 4º, nº IV, 157, § 2º, ns. I e II, 213, 214, 224, letra “a” e 226, nº
II, do Cód. Penal;
art. 647 do Cód. Proc. Penal;
art. 105, nº I, alínea “c”, da Const. Fed.
— Inadmissível, no âmbito do “habeas corpus”, por suas características especiais e
rito sumaríssimo, discutir a injustiça de sentença condenatória quanto à fixação
do regime prisional. Questão que implica exame aprofundado dos autos da ação
penal somente poderá ser tratada na via ordinária da apelação ou da revisão
criminal.
— A finalidade precípua do “habeas corpus” é a tutela do direito deambulatório,
segundo a lição do eminente Pedro Lessa: “É exclusiva missão do habeas
corpus garantir a liberdade individual na acepção restrita, a liberdade física, a
liberdade de locomoção” (apud M. Costa Manso, O Processo na Segunda
Instância, 1923, p. 390).
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— Instituto de natureza especial e rito sumário, o “habeas corpus”, segundo o
comum sentir dos juristas, não se presta ao exame de questões de alta
indagação; pelo que, em seus raios estreitos, somente pode aferir-se a ilegalidade
manifesta “ictu oculi”, ou ao primeiro olhar, senão impende recorrer à via
ordinária, na qual o fato e suas circunstâncias sejam analisados de espaço e
profundamente (art. 647 do Cód. Proc. Penal).
— É ao Colendo Superior Tribunal de Justiça que compete julgar “habeas
corpus” impetrado contra ato do Tribunal de Justiça, conforme o preceito do
art. 105, nº I, alínea c, da Constituição Federal, explicitado pela Emenda
Constitucional nº 23/1999 (cf. HC nº 78.069-9/MG; 2a. Turma; rel. Min. Marco
92
Aurélio; DJU 14.5.99).

Voto nº 6892 — HABEAS CORPUS Nº 947.473-3/4-00


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
arts. 312, 321, 323 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.
— Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que
deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de
Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova
bastante da existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é
necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf.
Código de Processo Penal Anotado, 21a. ed., p. 246).
—“Não foge, nem se teme a inocência da Justiça” (Antônio Ferreira, Castro, ato
IV, cena I, v. 27).
— Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com observância da regra
do contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa
unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a
atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do Cód.
Proc. Penal).
—“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).

Voto nº 6893 — apelação CRiminal Nº 497.778-3/1-00


Art. 61, nº I, do Cód. Penal;
arts. 12 e 18, nº III, da Lei nº 6.368/76;
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.
— Repugna à razão isto de alguém aguardar, com resignação de Jó, o momento do
interrogatório judicial, para só então lavrar seu eloqüente protesto de inocência.
O que prefere o silêncio — aliás, direito que a Constituição da República
assegura a todo o acusado (art. 5º, nº LXIII) — é certo que não confessa a autoria
do delito, mas também não a nega.
— Postergar a autodefesa é risco tão grande, que somente correm aqueles que, bem
cientes de sua culpa, nada ou pouco se lhes dá que a própria liberdade se deite a
perder. O homem inocente e que se acha em seu acordo e razão, esse não espera
pela undécima hora: apenas o acusem injustamente, logo se defende com todo o
vigor de sua palavra. Donde o haverem os romanos cunhado a sentenciúncula:
“qui tacet, consentire videtur” (o que, vertido em vulgar, soa: quem cala,
consente).
—“O que se passa no foro íntimo de uma pessoa não é dos domínios do Direito
Penal. Persiste ainda hoje a máxima de Ulpiano: Cogitationis poenam nemo
patitur. Ou, como falam os italianos: Pensiero non paga gabella (o pensamento
93
não paga imposto ou direito). Em intenção todos podem cometer crimes” (E.
Magalhães Noronha, Direito Penal, 1963, vol. I, p. 154).

Voto nº 6894 — HABEAS CORPUS Nº 934.952-3/0-00


Arts. 43, nº I e 647, do Cód. Proc. Penal;
art. 302, do Código de Trânsito.
— Remédio processual específico para a tutela das garantias e direitos fundamentais
do indivíduo, é o “habeas corpus” instrumento idôneo para o exame da existência
de justa causa para ação penal. Por seu rito sumário, entretanto, somente enseja o
trancamento de inquérito ou ação penal quando salte aos olhos desde logo a
atipicidade do fato argüido de criminoso (art. 647 do Cód. Proc. Penal).
— A apuração da responsabilidade criminal do réu é própria da instância penal do
contraditório; transferi-la para a via heróica do “habeas corpus” seria decidir a
questão de mérito, atribuição privativa do Juízo da causa.
— Presente o “fumus boni juris”, ou justa causa para a ação penal, é defeso atalhar
o curso do processo, visto constitui o meio regular “para a averiguação do crime
e da autoria e para o julgamento da ilicitude e da culpabilidade” (Hélio
Tornaghi, Curso de Processo Penal, 1980, vol. I, p. 3).
—“Se o fato atribuído ao paciente constitui violação da lei penal, existe justa causa
para o processo” (Rev. Forense, vol. 172, p. 426).

Voto nº 6895 — apelação CRiminal Nº 419.768-3/5-00


Arts. 149, 202 e 381, do Cód. Proc. Penal;
arts. 12 e 16, da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
— Ainda que o requeira a Defesa, não está obrigado o Juiz a ordenar seja o acusado
submetido a exame médico-legal, sem que haja dúvida sobre sua integridade
mental, ou alguma circunstância do processo lhe indique a necessidade da
realização da providência (art. 149 do Cód. Proc. Penal).
— Diretor do processo, toca ao Juiz aferir, com prudente arbítrio, da conveniência de
atender ou não a requerimento das partes. O princípio do livre convencimento,
que informa suas decisões, faculta-lhe dar de mão, aprioristicamente, àquelas
provas que saiba nada importarão ao desate do litígio, sendo pois de nenhuma ou
somenos valia.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo
a idéia de tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se
demonstrar, além de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em
erro de informação. É que, na busca da verdade real — alma e escopo do
processo —, “toda pessoa poderá ser testemunha” (art. 202 do Cód. Proc.
Penal).
— Para que seja a pena justa, segundo a memorável lição do Marquês de Beccaria,
não deve ter senão o grau de rigor suficiente para afastar os homens da senda do
crime (Dos Delitos e das Penas, § XVI).
— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 12 da Lei nº 6.368/76), crime da classe
dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime integralmente fechado, por
força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
—“A pena para crime considerado hediondo deve ser cumprida em regime
integralmente fechado” (STJ; rel. Min. José Arnaldo; in Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 105, p. 403).
—“É inútil censurar a lei, pois, enquanto não revogada, tem que ser cumprida"
(Antão de Moraes, Problemas e Negócios Jurídicos, 1a. ed., vol. I, p. 12).
— Cai a lanço notar que a constitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei dos Crimes
Hediondos já foi afirmada pelo Supremo Tribunal Federal. (cf. HC nº 69.657-1-
94
SP; j. 18.9.92).

Voto nº 6896 — apelação CRiminal Nº 428.082-3/5-00


Arts. 71, 107 e 111, do Cód. Penal;
arts. 1º , nº V e 11, da Lei nº 8.137/90;
art. 34 da Lei nº 9.249/95.
—“Judicis est semper in causis verum sequi”. Nas causas, deve o juiz buscar sempre
a verdade (Cícero).
— A despeito das vozes contrárias (que contam com adeptos na primeira esfera do
pensamento jurídico do País), a tese de que o procedimento administrativo-
fiscal, nos crimes contra a ordem tributária, constitui pressuposto ou condição
de procedibilidade é a que tem por si o voto majoritário do Supremo Tribunal
Federal (Lei nº 8.137/90).
— Nos crimes contra a ordem tributária (art. 1º da Lei nº 8.137/90, o
parcelamento da dívida antes do recebimento da denúncia elide a justa causa para
a ação penal e autoriza a extinção da punibilidade do réu (art. 34 da Lei nº
9.249/95).
—“O pagamento do tributo, a qualquer tempo, ainda que após o recebimento da
denúncia, extingue a punibilidade do crime tributário” (STF; Min. Cezar
Peluso; Rev. Tribs., vol. 824, p. 495).

Voto nº 6898 — HABEAS CORPUS Nº 949.922-3/9-00


Art. 659 do Cód. Proc. Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos);
art. 1º, § 7º, da Lei nº 9.455/97.
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter
já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará
prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
—“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 6899 — HABEAS CORPUS Nº 941.916-3/3-00


Art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal;
arts. 14, 16, parág. único, nº IV e 21, da Lei nº 10.826/03;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
— À luz da nova ordem constitucional instaurada no País, a regra geral é que se defenda
o réu em liberdade. Consectário do princípio do estado de inocência (art. 5º, nº
LVII, da Const. Fed.), só por exceção deve o acusado responder preso ao processo.
— Não há denegar liberdade provisória ao infrator do art. 14 da Lei nº 10.826/03
(porte ilegal de arma de fogo) se presentes os requisitos do art. 310, parág.
único, do Cód. Proc. Penal.
— Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não
sustente em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois, quer-
se revogada. Nesse número merecem contados os casos de encarceramento de
réu, quando ausentes os requisitos da decretação da prisão preventiva (art. 310,
parág. único, do Cód. Proc. Penal).
— Passa por iniqüidade manter preso, enquanto lhe tramita o processo, réu que
poderá, no caso de condenação, beneficiar-se de sanção alternativa, pois já
ninguém ignora que o cárcere é o pior lugar do mundo antes do cemitério, tendo-
lhe Dostoiévski chamado, com propriedade, a “casa dos mortos”.
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Voto nº 6901 — HABEAS CORPUS Nº 947.852-3/4-00
Arts. 29 e 121, § 2º, ns. I e IV, do Cód. Penal;
arts. 310 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90.

— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,


rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento,
dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
—“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da
culpa decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou
ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236)
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento
por excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
— Por expressa disposição legal, não tem direito a liberdade provisória o acusado
de homicídio qualificado, crime do número dos “hediondos” (art. 2º, nº II, da
Lei nº 8.072/90).

Voto nº 6902 — APELAÇão CRiminal Nº 344.127-3/0-00


Arts. 71, 107, nº IV, 109, nº V e 110, § 1º, do Cód. Penal;
art. 41 do Cód. Proc. Penal;
art. 1º, nº II, da Lei nº 8.137/90.

—“Não é inepta a denúncia que proporciona ao acusado a plena defesa assegurada


pela Constituição Federal” (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 85, p. 70).
— Muita vez é mister dar de mão a certo escrúpulo e suprir pelo raciocínio lógico o
toque da evidência: à falta de prova plena, bastam indícios veementes, múltiplos
e concordes, para demonstrar a autoria do fato incriminado.
— Na apuração da autoria de crime adotavam os romanos o judicioso critério: “Cui
prodest scelus, is fecit”. Aquele a quem o crime aproveita, esse o cometeu. É a
lógica a melhor das provas.
—“Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se pela pena imposta
na sentença, não se computando o acréscimo decorrente da continuação”
(Súmula nº 497 do STF).
— A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).

Voto nº 6903 — HABEAS CORPUS Nº 965.855-3/0-00


Art. 155 do Cód. Penal;
arts. 580, 648, nº II, 654, § 2º e 659, do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter
já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará
prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
—“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a
ação, a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min.
Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).
96

Voto nº 6904 — apelação CRiminal Nº 331.713-3/4-00


Arts. 107, nº IV, 109, parág. único, 110, § 1º, 119, 297, 304, 307, do Cód.
Penal;
art. 10 da Lei nº 9.437/97.

— O agente que substitui a fotografia de cédula de identidade altera documento


público verdadeiro; por isso, incorre nas penas do art. 297 do Código Penal.
—“Sujeito que apresenta como próprio documento falso de identidade alheia
responde pelo delito do art. 304 e não do art. 307 do Código Penal” (cf.
Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 941).
— Até à mentira tem o réu licença de recorrer, como meio de defesa; não lhe é
lícito, entretanto, atribuir-se falsa identidade, que isto a lei define e pune como
crime (art. 307 do Cód. Penal).
— A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 9a. ed., p. 322).
—“Aplicam-se às penas restritivas de direito os mesmos prazos previstos para as
privativas de liberdade” (art. 109, parág. único, do Cód. Penal).
— Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou
deliberação.

Voto nº 6905 — apelação CRiminal Nº 440.403-3/0-00


Arts. 107, nº IV, primeira figura, 109, nº VI e 307, do Cód. Penal;
art. 10, § 3º, nº IV, da Lei nº 9.437/97;
art. 12, “caput”, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento);
arts. 5º, “caput” e 144, da Const. Fed.

—“Para os chamados penalistas práticos, a confissão do acusado se equiparava à


própria coisa julgada, como ensinava Farinácio: Confessio habet vim rei
judicatae” (José Frederico Marques, Estudos de Direito Processual Penal, 1a.
ed., p. 290).
— A posse irregular de arma de fogo de uso permitido tipifica a infração do art. 12,
“caput”, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento), independentemente de
perigo concreto.
— Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a
mira o legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os
perigos que acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que
existam controles ou regras gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das
Armas de Fogo, 1998, p. 107).
— Até à mentira tem o réu licença de recorrer, como meio de defesa; não lhe é
lícito, entretanto, atribuir-se falsa identidade, que isto a lei define e pune como
crime (art. 307 do Cód. Penal).
97
Voto nº 6906 — AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 841.836-3/9-
00
Arts. 29 e 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 182 do Cód. Proc. Penal;
arts. 6º e 112, da Lei de Execução Penal.
— Ainda que, pelo comum, o juiz não fique “adstrito ao laudo” (art. 182 do Cód.
Proc. Penal), é de bom exemplo, nas matérias de seu ofício, ouvir sempre os que
tiverem saber técnico especializado. Trata-se de máxima de experiência, que a
sabedoria popular compendiou no prosaico anexim: “Mais sabe o ignorante no
seu, que o sábio no alheio”.
— “O juiz criminal é, assim, restituído à sua própria consciência. Nunca é demais,
porém, advertir que livre convencimento não quer dizer puro capricho de
opinião ou mero arbítrio na apreciação das provas” (Francisco Campos,
Exposição de Motivos do Código de Processo Penal, nº VII).
— Satisfeitos os requisitos legais (art. 112 da Lei de Execução Penal), é a
progressão de regime direito público subjetivo do condenado, que se não pode
negar sem grave injúria da Lei e da Justiça.

Voto nº 6907 — HABEAS CORPUS Nº 936.522-3/3-00


Arts. 14, nº II e 157, § 3º, 2a. parte, do Cód. Penal;
arts. 310, 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.
— Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a
providência da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art.
312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da
instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que
deve encerrar a decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de
Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova
bastante da existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é
necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf.
Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa unicamente se
admite quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a atipicidade do fato
imputado ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
—“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não
contraditória e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
— Inimigo potencial da ordem jurídica e da sociedade, o autor de latrocínio (ainda
que na forma tentada) não merece recobrar a liberdade primeiro que dê estritas
contas à Justiça, ao termo do devido processo legal.
— Por expressa disposição legal, não tem direito a liberdade provisória o acusado
de (homicídio qualificado), crime do número dos “hediondos” (art. 2º, nº II, da
Lei nº 8.072/90).
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Voto nº 6908 — HABEAS CORPUS Nº 949.008-3/8-00


Art. 121, § 2º, ns. II e IV, do Cód. Penal;
arts. 41 e 564, nº III, do Cód. Proc. Penal;
art. 14 da Lei nº 10.826/03;
art. 5º, nº LV, da Const. Fed.

—“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não


contraditória e que não deixe alternativa à convicção do julgador” (STF; HC;
rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
— Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa unicamente
se admite quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a atipicidade do fato
imputado ao réu, ou a sua inocência.
— Para que a denúncia produza efeitos de direito e autorize a instauração do
processo-crime basta que descreva ação típica e lhe indique o autor (art. 41 do
Cód. Proc. Penal).
— Nossos Tribunais têm decidido, sem quebra, ser inadmissível o trancamento de
ação penal por alegada ausência de justa causa, quando se baseia a denúncia em
indícios de crime em tese e de sua autoria.
— O aditamento da denúncia, para nela incluir novo crime, obriga à audiência do
réu, por amor da garantia da ampla defesa e do contraditório processual
consagrados pela Carta Magna (art. 5o, no LV), cuja substância se contém na
fórmula preceptiva “audiatur et altera pars” (ouça-se também a outra parte).
— Peça de defesa e juntamente oportunidade de obtenção de prova, o interrogatório
do réu, no caso de lhe ser imputado novo crime em aditamento à denúncia,
constitui regra impostergável, cuja quebra fulmina de nulidade o processo.

Voto nº 6909 — HABEAS CORPUS Nº 945.638-3/3-00


Arts. 29, “caput”, 61, nº II e 121, § 2º, ns. II, III e IV, do Cód. Penal;
arts. 149, 184 e 251, do Cód. Proc. Penal.

— A mera alegação de falta de higidez psíquica do réu não basta a deferir-lhe


pedido de instauração de incidente de insanidade mental; é mister que o
verifique o Juiz à luz dos elementos informativos dos autos e, na condição de
presidente e diretor do processo, decida, com prudente arbítrio, se necessária ou
não a diligência, que importa sempre demora, muita vez escusada, na prestação
jurisdicional (art. 149 do Cód. Proc. Penal).
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Voto nº 6910 — HABEAS CORPUS Nº 946.258-3/6-00


Arts. 14, nº II, 29, 69, 121, “caput” e 180, “caput”, do Cód. Penal;
art. 408 do Cód. Proc. Penal.

— Escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 408 do Cód. Proc. Penal: “na hipótese,
dada a natureza do crime (doloso contra a vida), o legislador entendeu
necessária a prisão do acusado, a não ser que apresente as condições da
primariedade e dos bons antecedentes ( § 2º)” (Código de Processo Penal
Anotado, 22a. ed., p. 340).
—“Não constitui constrangimento ilegal o excesso de prazo na instrução,
provocado pela defesa”(Súmula nº 64 do STJ).

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