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Voto nº 11.853— aPELAçÃO cRIMINAL Nº 990.09.067158-0


Arts. , do Cód. Penal;
aArts. 18 e 659, do Cód. Proc. Penal;
arts.. 16, ns. II e III, 20, 21, 22 e 23, da Lei nº 5.250/67. da Const. Fed.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o pedido
de “habeas corpus”.
— “Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a
situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 11.85400000 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.058878-


0000000000-0
Art. s. 171, § 2º, nº II, do Cód. Penal;
arts. 312, 313 e 659, do Cód. Proc. Penal.;
art. da Const. Fed.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.058878-0


Comarca: SÃO CAETANO DO SUL
Impetrante: Dr. GERNIVAL MORENO DOS SANTOS
Paciente: RICARDO EWERTON MORENO FRANÇA

Voto nº 11.854
RELATOR

–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.

––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação,


a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).
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Voto nº 11.855 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.085240-2


Arts. 214, 224, alínea a, 233 e 71, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único e 312, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.085240-2


Comarca: São Paulo
Impetrante: Dr. EDUARDO DI LAURO CORLETO
Paciente: DONIZETI ALVES SÁTIRO

Voto nº 11.855
RELATOR

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,


consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência
da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código
de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal
ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da
infração penal e veementes indícios de sua autoria.
—-
Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a decisão
definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc.
Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do crime e indícios
suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a
condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).

— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de


requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva (cf. art.
310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o autor de
atentado violento ao pudor incide na cláusula restritiva; pelo que não tem jus ao
benefício.

Voto nº 11.858 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.02.026976-2


Arts. 107, nº IV, 109, nº V, e 110, § 1º, do Cód. Penal;
arts. 61 e 304, do Cód. Proc. Penal.

ApelaçÃo CRIMINAL Nº 993.02.026976-2


Comarca: São Paulo
Apelante: ANTONIO VIEIRA LIMA
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Apelado: Ministério Público

Voto nº 11.858
RELATOR

— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do exemplo


desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed., p. 154).

–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de prescrição
da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença condenatória”
(Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).

–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão punitiva


estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou deliberação.

Voto nº 11.859— aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.02.026370-5


Arts. 213, 214, 14, nº II, 107, nº IV, 109, nº V, e 110, § 1º, do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal.

ApelaçÃo CRIMINAL Nº 993.02.026370-5


Comarca: Barueri
Apelante: Elias Francisco da Silva
Apelado: Ministério Público

Voto nº 11.859
RELATOR

— A palavra da vítima de atentado violento ao pudor tem


importância inquestionável na apuração das circunstâncias do fato
criminoso e na identificação de seu autor. Exceto se os elementos de
prova dos autos demonstrarem que a ofendida mentiu, suas palavras
servem de carta de crença e, pois, justificam a edição de decreto
condenatório (art. 214 do Cód. Penal).

— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do exemplo


desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed., p. 154).

–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de


prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).
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–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão


punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou deliberação.

Voto nº 11.860 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.02.010568-9


Arts. 342, § 1º, 44, § 2º, 107, nº IV, 109, nº V e 110, § 1º, nº V, do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal.

ApelaçÃo CRIMINAL Nº 993.02.010568-9


Comarca: Suzano
Apelantes: Ministério Público
Apelado: Devaldo da Silva

Voto nº 11.860
RELATOR

— A substituição da pena privativa de liberdade por medida alternativa é providência de


efeito salutar, uma vez que, sobre cooperar na reeducação do infrator, importa benefícios
para a comunidade. Não tenha dúvida o Juiz em adotá-la generosamente (art. 44 do Cód.
Penal).

— Se superior a um ano a pena privativa de liberdade aplicada ao réu, somente a poderá


substituir o Juiz por uma restritiva de direitos e multa, ou por duas restritivas de
direitos, conforme a disposição do art. 44, § 2º, do Cód. Penal.

— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do exemplo


desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed., p. 154).

–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de


prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).

Voto nº 11.861— HABEAS cORPUS Nº 990.09.099670-6


Arts. 121, § 2º, 33, § 2º, e 83, parág. único, do Cód. Penal;
art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.
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HABEAS CORPUS Nº 990.09.099670-6


Comarca: BOTUCATU
Impetrante: Dr. José marcos gutierres
Paciente: Geisa cassiana do Carmo de oliveira
Voto nº 11.861
RELATOR
— Contra o parecer de notáveis juristas, que sustentam não ser o “habeas corpus” meio
apropriado a impugnar decisão de que caiba recurso ordinário, mostra-se de bom
exemplo conhecer da impetração, porque, em tese, passa pelo remédio jurídico-
processual mais célere e eficaz para conjurar abusos e ilegalidades contra o direito à
liberdade de locomoção do indivíduo (art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.).

A Lei nº 10.792/2003 (que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal) não
revogou o Código Penal; destarte, nos casos de pedido de benefício em que seja mister
aferir mérito, poderá o Juiz determinar a realização de exame criminológico no
sentenciado, se autor de crime doloso cometido mediante violência ou grave ameaça,
pela presunção de periculosidade (art. 83, parág. único, do Cód. Penal).

Voto nº 11.862 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.088103-8


Arts. 330 e 71, do Cód. Penal;
art. 312 do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º , nº II, e 41 da Lei nº 11.340/06;
art. 65 do Decreto-lei nº 3.688/41;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.088103-8


Comarca: Tupã
Impetrante: Dr. Eleudes Gomes da costa
Paciente: André José dias

Voto nº 11.862
RELATOR

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado


na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão
preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo
Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar
a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e
veementes indícios de sua autoria.
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—-
Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a decisão definitiva
de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A
prisão preventiva exige prova bastante da existência do crime e indícios suficientes de autoria.
Não é necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código
de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
–– Não há averbar de falta de fundamentação a decisão que encerra base jurídica e fática
bastante a garantir-lhe a validade. Tratando-se de crime grave, a necessidade e a
conveniência da decretação da custódia cautelar como que se presumem.

Voto nº 11.863— aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.02.001781-0


Art. 157, § 3º, do Cód. Penal.

ApelaçÃo CRIMINAL Nº 993.02.001781-0


Comarca: São Bernardo do Campo
Apelante: Ministério Público
Apelado: Evelson Rodrigues de Oliveira
Voto nº 11.863
RELATOR

—“Temos para nós que a chamada do corréu, como elemento de prova acusatória, jamais poderia
servir de base a uma condenação, simplesmente porque violaria o princípio constitucional do
contraditório” (Camargo Aranha, Da Prova no Processo Penal, 3a. ed., p. 102).

— Entre os princípios que informam o processo penal sobreleva o de que somente a certeza é
base legítima de condenação. Na dúvida, ou falta de prova de autoria, o único desfecho
admissível para o feito-crime é a absolvição do réu, em obséquio à regra jurídica de cunho
universal: “In dubio pro reo”.

— Se a prova dos autos não lhe permite abraçar, com segurança e motivação lógica, a proposta
acusatória, deve o Juiz inclinar-se, prudentemente, à solução que favorece o réu.

Voto nº 11.864 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.06.119750-2


Arts. 214, 223, parág. único, 224, alínea a, 225, § 2º, ns. I e II, 226, nº II e 71, do
Cód. Penal;
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arts. 2º, § 1º, e 9º, da Lei nº 8.072/90;


Súmula nº 9 do STJ.

ApelaçÃo CRIMINAL Nº 993.06.119750-2


Comarca: Cajuru
Apelantes: Décio Placidino Gouvea
Apelado: Ministério Público

Voto nº 11.864
RELATOR

— A exigência de prisão provisória para apelar não ofende a garantia constitucional


da presunção de inocência (Súmula nº 9 do STJ).

—Tem a palavra da vítima importância capital nos crimes contra a liberdade sexual.
Se ajustada ao conjunto probatório dos autos, enseja condenação: ao cabo de
contas, ninguém se reputa mais apto a discorrer das circunstâncias e autoria do
crime que a pessoa que lhe padeceu diretamente os agravos físicos e morais (art.
214 do Cód. Penal).

—“(...) relativamente aos crimes de estupro e atentado violento ao pudor em qualquer


das hipóteses referidas no art. 224 do Cód. Penal, o aumento de pena previsto no
art. 9º da Lei nº 8.072/90 somente tem incidência se do fato resultar lesão corporal
grave ou morte (art. 223 e parág. único do Cód. Penal)” (STJ, HC nº 36.828-RJ; rel.
Min. Hélio Quaglia Barbosa; DJU 13.2.2006, p. 849; m.v.).

— O autor de atentado violento ao pudor (art. 214 do Cód. Penal),


crime da classe dos hediondos, deve cumprir sua pena “inicialmente em
regime fechado”, por força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei nº
8.072/90), no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de
pena. Se o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se
reincidente — e conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, §
2º).
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Voto nº 11.865 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.071518-9


Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.071518-9


Comarca: ASSIS
Impetrante: FABIANO DE CARVALHO
Paciente: O mesmo

Voto nº 11.865
RELATOR

— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência do


condenado em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto aguarda
vaga no semi-aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem superior
invencível, tal situação no entanto cai na esfera da previsão humana: todo o infrator
sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada em grau menor ou maior.

— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de iludir o
rigor da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que há mais
tempo aguardam a efetivação da transferência para o estágio intermediário, além de
fazer injúria à própria sociedade, que tem o direito de exigir do infrator a reparação,
em forma de pena retributiva, do dano que lhe causou com o seu crime.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso
deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 11.866 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.078456-3


Arts. 66, nº III, alíneas b, e e f, e 145, da Lei de Execução Penal;
art. 83 do Cód. Penal;
art. 5º, nº LXVIII da Const. Fed.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.078456-3


Comarca: GUARULHOS
Impetrante: Dr. SINÉSIO MARQUES DA SILVA
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Paciente: MARCELO ALVES MACHADO

Voto nº 11.866
RELATOR

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução


da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº
III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de
recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via
sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

–– Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o escopo


de obter livramento condicional, pois se trata de matéria em que, por previsão de
lei (art. 66, nº III, alínea e, da Lei de Execução Penal), deve entender o Juízo de
Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de usurpação de suas atribuições
e violação de norma de organização judiciária do Estado.
— Não constitui constrangimento ilegal reparável por “habeas corpus” a decisão que
determina a suspensão provisória do curso do livramento condicional deferido a
condenado que cometa novo crime. Trata-se de providência cautelar prevista em
lei, que o Juiz pode tomar até sem a prévia audiência do Conselho Penitenciário, que
será ouvido a seu tempo, antes da decisão a respeito da revogação definitiva do
benefício (art. 145 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 11.867 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.067512-8


Arts. 155, § 4º, ns. II e IV, e 14, nº II, do Cód. Penal;
arts. 312, 313 e 659, do Cód. Proc. Penal.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.067512-8


Comarca: CAMPINAS
Impetrante: DrA. daniela gabriel
Pacientes: DAVID COSTA DE OLIVEIRA E

ROBSON PRAZERES FERNANDES

Voto nº 11.867
RELATOR
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–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a violência
ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas
corpus”.

––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença condenatória” (STJ;


HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p. 16.585).

Voto nº 11.868 — embargos DE DECLARAÇÃO Nº 993.06.106448-


0/5
Arts. 168, § 1º, nº III, 59 e 65, nº III, alínea b, do Cód. Penal;
arts. 222, § 2º, 399, § 2º, 535, 563, 566 e 619, do Cód. Proc. Penal;
Súmula nº 231 do STJ.

Embargos dE declaração Nº 993.06.106448-0/50000


Comarca: Tupã
Embargan te: Dorcílio Ramos Sodré Júnior
Embargada: 5a. Câmara Criminal do Tribunal de
Justiça do Estado de São Paulo

Voto nº 11.868
RELATOR

— Recurso próprio para corrigir equívoco e dirimir dúvida ou contradição, os embargos de


declaração não têm caráter infringente, pelo que devem ser rejeitados se armam ao fito
apenas de impugnar os fundamentos do acórdão (art. 619 do Cód. Proc. Penal).
11

—“Segundo o cânon inscrito no art. 619 do CPP, os embargos de declaração têm por
objetivo tão-somente expungir do acórdão ambigüidade, contradição ou obscuridade
ou ainda suprir omissão sobre tema de pronunciamento obrigatório pelo Tribunal. Tal
recurso não se presta para rediscutir o tema analisado e proclamado no julgamento,
pois o mesmo é desprovido de efeito infringente, salvo se a modificação decorrer da
correção dos citados defeitos” (STJ; ED nº 6.275; rel. Min. Vicente Leal; j. 19.8.97;
DJU 20.10.97, p. 53.138; apud Alberto Silva Franco et alii, Código de Processo
Penal e sua Interpretação Jurisprudencial, 1999, vol. II, p. 3.031).

Voto nº 11.869 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.07.113698-0

ApelaçÃo CRIMINAL Nº 993.07.113698-0


Comarca: Campinas
Apelantes: Adriano Jesus Brenelli
Apelado: Ministério Público
Art. 155, §§ 2º, 3º e 4º, nº IV, do Código Penal;
arts. 386, nº III e 580, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º da Lei de Introdução Cód. Civil.

Voto nº 11.869
RELATOR

— A confissão judicial, por seu valor absoluto — visto se presume feita


espontaneamente —, basta à fundamentação do edito condenatório.

— Mesmo quando conspirem os elementos constitutivos do crime, sempre se reconheceu


ao Juiz discrição para, firme no princípio da insignificância do bem jurídico protegido
e da mínima reprovabilidade social do fato, absolver o réu, por atipicidade de conduta
(art. 386, nº III, do Cód. Proc. Penal).

— Ao Juiz a Lei determina — e não apenas assegura — que, no aplicá-la, atenda “aos fins
sociais” e “às exigências do bem comum” (art. 5º da Lei de Introdução ao Código
Civil). Casos haverá em que lhe será força repelir, com retidão e sabedoria, o libelo no
qual se compraziam já nossos maiores, de que o rigor da lei unicamente se mostrava
contra os pobres e os desamparados (cf. Diogo do Couto, Diálogo do Soldado Prático,
12

1790, p. 19).

— Nos casos de insignificante lesão ao bem jurídico protegido e mínimo grau de


censurabilidade da conduta do agente — como na hipótese de furto de “pulsos
telefônicos” no valor de R$ 3,72 —, pode o Magistrado, com prudente arbítrio, deixar
de aplicar-lhe pena. É que, nas ações humanas o Direito Penal somente deve intervir
como providência “ultima ratio”.

Voto nº 11.870—Recurso em Sentido Estrito Nº 990.09.054844-4


Arts. 121, “caput” e 23, nº II, do Cód. Penal;
arts. 408 e 413, “caput”, do Cód. Proc. Penal.

recurso em sEntido estrito Nº 990.09.054844-4


Comarca: São Paulo
Recorrente: SEVERINO ALVES DA SILVA
Recorrido: Ministério Público

Voto nº 11.870
RELATOR

–– A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo Júri o


acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc. Penal). Donde
veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença processual de conteúdo
declaratório em que o juiz proclama admissível a acusação, para que esta seja decidida no
plenário do Júri” (Elementos de Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. III, p. 217;
Millennium Editora).

–– Ainda que, em tese, possa absolver o réu com fundamento na legítima defesa, ao Juiz da
pronúncia não é lícito fazê-lo senão quando comprovada a descriminante legal acima de
toda a dúvida razoável (art. 23, nº II, do Cód. Penal).
13

Voto nº 11.871— agravo em execução Nº 990.09.065148-2


Art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 52, ns. X e XL, da Const. Fed.

AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 990.09.065148-2


Comarca: Presidente prudente
Agravante: Ministério Público
Agravado: Egydio Carlos chiapetta

Voto nº 11.871
RELATOR
SORTEADO
DECLARAÇÃO DE VOTO (VENCIDO)
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal
— não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode ser
realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do crime que
cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o Magistrado com a
prudência e o arbítrio do bom varão.

— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto é,
“tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto. Somente
fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da
recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a


inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes
14

Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao


pedido de progressão de regime do condenado por crime hediondo cometido antes
da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio basilar de
Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.

— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores


intérpretes, “é auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para
suspender a sua execução (CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs.,
vol. 400, p. 415).

— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os


condenados por crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para efeito
de progressão, caem sob o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal:
cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.

—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes
hediondos e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº 11.464, em
29 de março de 2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução Penal” (HC
nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU 19.11.07, p.
264);

—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito que
é a fonte da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).

—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos
argumentos ou provas concludentes me convenceram do desacerto do veredictum
anterior: acima do melindre pessoal de cada um está a sacrossanta causa da
Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p.
377).

Voto nº 11.872 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.02.024029-2


Arts. 214, “caput”, 223, parág. único e 224, do Cód. Penal;
arts. 2º, § 1º, e 9º, da Lei nº 8.072/90.

ApelaçÃo CRIMINAL Nº 993.02.024029-2


Comarca: Itapetininga
Apelantes: José Renato Vieira Dino
Apelado: Ministério Público

Voto nº 11.872
15

RELATOR

— Decisão que, em operação lógica do espírito, deduz de vigoroso conjunto probatório a


culpabilidade do agente e lhe inflige pena correta e justa não tolera a nota de mal fundamentada,
antes será padrão muito para imitar.

— Tem a palavra da vítima importância capital nos crimes contra a liberdade sexual. Se
ajustada ao conjunto probatório dos autos, enseja condenação: ao cabo de contas, ninguém se
reputa mais apto a discorrer das circunstâncias e autoria do crime que a pessoa que lhe padeceu
diretamente os agravos físicos e morais (art. 214 do Cód. Penal).

—“(...) relativamente aos crimes de estupro e atentado violento ao pudor em qualquer das hipóteses
referidas no art. 224 do Cód. Penal, o aumento de pena previsto no art. 9º da Lei nº 8.072/90
somente tem incidência se do fato resultar lesão corporal grave ou morte (art. 223 e parág. único
do Cód. Penal)” (STJ, HC nº 36.828-RJ; rel. Min. Hélio Quaglia Barbosa; DJU 13.2.2006, p.
849; m.v.).

— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/90),
no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de pena. Se o sentenciado
primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se reincidente — e conspiram os mais
requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).

Voto nº 11.874 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.02.013698-3


Arts. 121 e 14, nº II, do Cód. Penal.

ApelaçÃo CRIMINAL Nº 993.02.013698-3


Comarca: Atibaia
Apelantes: Marcos Leandro Passos
Apelado: Ministério Público
Voto nº 11.874
RELATOR

—“Quanto mais o sujeito se aproxima da consumação, menor deve ser a diminuição da pena (um
terço); quanto menos ele se aproxima da consumação, maior deve ser a atenuação (dois terços)”
(Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 55).

— A pedra-de-toque, na redução da pena pela tentativa de homicídio, é a maior ou


16

menor aproximação da consumação do crime, e não o exaurimento da conduta do agente (arts.


121 e 14, nº II, do Cód. Penal).

— Tratando-se de tentativa branca de homicídio, é razoável a redução da pena em seu grau


máximo de 2/3 (cf. Rev. Tribs., vol. 503, p. 327; rel. Hoeppner Dutra).

Voto nº 11.875 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.01.083153-0


Arts. 121, 129, § 2º, nº III, 107, nº IV, 109, nº IV, e 110, § 1º, do Cód. Penal;
arts. 61, 492, § 1º e 593, III, d, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº XXXVIII, alínea c, da Const. Fed.

ApelaçÃo CRIMINAL Nº 993.01.083153-0


Comarca: Teodoro Sampaio
Apelante: Ministério Público
Apelado: Valdeci Bernardo da Silva
Voto nº 11.875
RELATOR

— Em face da soberania de seus veredictos, as decisões do júri (proferidas “ex informata


conscientia”) somente se anulam quando em franca rebeldia com a prova dos autos, ou nos casos
de comprovada corrupção ou prevaricação dos jurados (art. 5º, nº XXXVIII, alínea c, da Const. Fed.).

— Se o réu não inculcou a intenção de matar – elemento subjetivo do tipo definido no art. 121 do
Cód. Penal –, anda acertadamente o Magistrado que lhe desclassifica a infração para outra da
competência do Juízo singular, nos termos do art. 410 (atual 492, § 1º) do Cód. Proc. Penal.

—“Tendo possibilidade de persistir na agressão, mas dela desistindo voluntariamente, não age o
acusado com animus necandi, que é requisito essencial da tentativa de homicídio” (Rev. Tribs.,
vol. 566, p. 304; rel. Onei Raphael)

— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do exemplo desaparece


(Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed., p. 154).

–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de prescrição da
pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença condenatória” (Damásio E. de
Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).

Voto nº 11.876— agravo em execução Nº 990.09.070438-1


17

Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;


art. 112 da Lei de Execução Penal;
arts. 159, § 1º, e 214, "caput”, do Cód. Penal;
art. 52, X e XL, da Const. Fed.

AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 990.09.070438-1


Comarca: PRESIDENTE PRUDENTE

Agravante: Ministério Público

Agravado: EDUARDO GENARI

Voto nº 11.876
RELATOR
S ORTEADO
DECLARAÇÃO DE VOTO (VENCIDO)
—“A progressão de regime de cumprimento de pena (fechado para o semiaberto) passou a ser
direito do condenado, bastando que se satisfaça a dois pressupostos: o primeiro, de
caráter objetivo, que depende do cumprimento de pelo menos 1/6 da pena; o segundo, de
caráter subjetivo, relativo ao seu bom comportamento carcerário, que deve ser atestado
pelo diretor do estabelecimento prisional” (STJ; HC nº 38.602; 5ª. Turma; rel. Min.
Arnaldo Esteves de Lima).

— Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a


inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos), é o
art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao pedido de progressão de
regime do condenado por crime hediondo cometido antes da promulgação da Lei nº 11.464,
de 28.3.07, pois, segundo princípio basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não
pode retroagir.

— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores intérpretes, “é


auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para suspender a sua execução
(CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs., vol. 400, p. 415).

— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os condenados por


crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para efeito de progressão, caem sob
o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal: cumprimento de 1/6 da pena e bom
comportamento carcerário.

—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes hediondos
e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº 11.464, em 29 de março de
2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a.
Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
18

—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito que é a fonte
da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).

—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos argumentos
ou provas concludentes me convenceram do desacerto do veredictum anterior: acima do
melindre pessoal de cada um está a sacrossanta causa da Justiça” (Carlos Maximiliano,
Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 377).

— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto é,
“tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semiaberto. Somente fato
grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da recuperação,
poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.

— A concessão do benefício da progressão de regime prisional segundo os requisitos da lei


não se deve interpretar por liberalidade irresponsável da Justiça Criminal, senão por voto
sincero de que o sentenciado emende a mão e tome para o caminho do bem, de que se
desviara, a fim de que possa reintegrar-se, efetivamente, no convívio social (art. 112 da Lei
de Execução Penal).

— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à proteção da Lei!

— O argumento da pena longa não é poderoso a obstar a concessão de regime semiaberto


ao sentenciado, se já cumpriu dela a sexta parte (necessariamente longa).

Voto nº 11.877 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.05.015224-3


Arts. 155, § 4º, nº II, 14, nº II, 107, nº IV, 109, nº V, e 110, § 1º, do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal.

ApelaçÃo CRIMINAL Nº 993.05.015224-3


Comarca: São José do Rio Preto
Apelante: Ministério Público
Apelado: Evandro Eduardo Ponchini

Voto nº 11.877
RELATOR
19

— Doutrina perene de Nélson Hungria a respeito da tentativa de furto: “O furto não se pode
dizer consumado senão quando a custódia ou vigilância, direta ou indiretamente exercida
pelo proprietário, tenha sido totalmente iludida. Se o ladrão é encalçado, ato seguido à
apprehensio da coisa, e vem a ser privado desta, pela força ou pela desistência
involuntária, não importa que isto ocorra quando já fora da esfera de atividade
patrimonial do proprietário: o furto deixou de se consumar, não passando da fase de
tentativa” (Comentários ao Código Penal, 1980, vol. VII, p. 25).

— Na expressão clássica de Abel do Vale, o decurso do tempo apaga a memória do fato


punível e a necessidade do exemplo desaparece (apud Ribeiro Pontes, Código Penal
Brasileiro, 8a. ed., p. 154).

— A prescrição retroativa “atinge a pretensão punitiva, rescindindo a sentença


condenatória e seus efeitos principais e acessórios” (Damásio E. de Jesus, Código
Penal Anotado, 18a. ed., p. 361).

Voto nº 11.878 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.091384-3


Arts. 155, “caput” e 69, do Cód. Penal;
art. 659 do Cód. Proc. Penal;
art. 16 da Lei nº 10.826/03.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.091384-3


Comarca: SÃO PAULO
Impetrante: Dr. RODRIGO VIDAL NITRINI
Paciente: Cícero Isaías de oliveira

Voto nº 11.878
RELATOR

–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.

––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença condenatória”


(STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p. 16.585).
20

Voto nº 11.879 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.108612-6


Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.108612-6


Comarca: São Pedro
Impetrante: Cícero de souza
Paciente: O mesmo
Voto nº 11.879
RELATOR

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o pedido
de “habeas corpus”.

––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação,


a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 11.880 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.042735-3


Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.042735-3


Comarca: São Paulo
Impetrantes: Dr. Georges estevam michaelides e
21

Laura anastácia c. Meira da silva


(estag.)
Paciente: HAMILTON RODRIGUES

Voto nº 11.880
RELATOR

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o pedido
de “habeas corpus”.

––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a


situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 11.881 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.071726-2


Art. 155 do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 312, 313 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.071726-2


Comarca: SÃO PAULO
Impetrante: Dr. LUCIANO ALVES DA SILVA
Pacientes: ANDERSON PAULO DA SILVA MYAS e

André ricardo wencler


Voto nº 11.881
RELATOR
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado
na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão cautelar,
quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo Penal:
garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a
aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e
veementes indícios de sua autoria.

22

NNão requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a decisão
definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód.
Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do crime e indícios
suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a
condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).

— O benefício da liberdade provisória é incompatível com a condição do réu que não


comprova primariedade, bons antecedentes, ocupação lícita e residência no foro da
culpa (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). A custódia cautelar, nesse caso, é
medida indeclinável de garantia da ordem pública e aplicação da lei penal.

— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o


excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora na
inquirição de testemunhas por precatória, que tem o caráter de força maior, motivo de
suspensão do curso dos prazos (art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 11.882— HABEAS cORPUS Nº 990.09.118438-1


Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.118438-1


Comarca: PRESIDENTE PRUDENTE
Impetrante: DrA. FERNANDA DIAS ROSSI
Paciente: Fernando lemes bento

Voto nº 11.882
RELATOR

— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência do


condenado em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto aguarda vaga
no semi-aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem superior invencível, tal
situação no entanto cai na esfera da previsão humana: todo o infrator sabe que,
delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada em grau menor ou maior.

— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de iludir o rigor
da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que há mais tempo
aguardam a efetivação da transferência para o estágio intermediário, além de fazer injúria
à própria sociedade, que tem o direito de exigir do infrator a reparação, em forma de pena
retributiva, do dano que lhe causou com o seu crime.
23

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução da


pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº III,
alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o
reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do
“habeas corpus”.

Voto nº 11.883 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.105464-0


Arts. 157, § 2º, ns. I e II, 288, parág. único e 29, “caput”, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.105464-0


Comarca: São Paulo
Impetrantes: Dr. Renato isnard khair e
JuçÂnia Maria pereira (estag.)
Pacientes: Marlon albino da silva e
Douglas anselmo
Voto nº 11.883
RELATOR
— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento, dilatando
os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o
excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da natural complexidade da causa ou de incidentes processuais, pois não
está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força maior que
obstam à realização do ato processual.
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da culpa
decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou ao
Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).
24

— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz), primariedade, bons


antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa não valem a
autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód.
Proc. Penal) àquele que, acusado de crime grave — como é o roubo —, tem contra
si a presunção de periculosidade.

Voto nº 11.884 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.090253-1


Arts. 155, § 4º, nº I, 288 e 14, nº II, do Cód. Penal;
art. 312 do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.090253-1


Comarca: promissão
Impetrante: Dra. Luciana Maria Rodrigues
Paciente: Márcio Duarte Vieira
Voto nº 11.884
RELATOR
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,
consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII) , subsiste a providência da
prisão cautelar, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de
Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou
para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da
infração penal e veementes indícios de sua autoria.

–– Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312
do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do
crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve
ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 23a.
ed., p. 253).

Voto nº 11.885 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.097757-4


Arts. 171, 333, 798, § 4º, 14, nº II, e 69, do Cód. Penal;
art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
Súmula nº 52 do STJ.
25

HABEAS CORPUS Nº 990.09.097757-4


SÃO PAULO
Comarca:
Impetrantes: Dr. Isaac minichillo de Araújo,
Dr. Anderson minichillo da silva araújo e
Dra. Franciny gasparotto rodrigues
Paciente: Aparecido Vicente de paula
Voto nº 10.885
RELATOR

–– Não se conhece de “habeas corpus” que seja simples reiteração de pedido anterior, com os
mesmos fundamentos de fato e de direito. A razão é que, satisfeita a prestação
jurisdicional, não pode o Juízo ou Tribunal reapreciar a matéria do litígio, senão mediante
recurso ordinário.

—“Não se conhece de habeas corpus que seja reiteração de outro, já indeferido” (Rev.
Forense, vol. 158, p. 340).

— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,


rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento, dilatando os dias
de sua permanência no cárcere.

— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o excesso


de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora decorrente da
natural complexidade da causa ou de incidentes processuais, pois não está nas mãos de
Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força maior que obstam à realização do
ato processual.

––“O habeas corpus é o instrumento tutelar da liberdade. No seu exame, o juiz não pode criar
obstáculos tais que venham a tornar letra morta a garantia constitucional” (Revista do
Superior Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 95; rel. José Dantas).

––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da culpa


decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou ao Ministério
Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).

—“Não há maior tormento no mundo que o esperar” (Vieira, Sermões,


1959, t. V, p. 210).

—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por excesso


26

de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).

Voto nº 11.886 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.02.028561-0


Arts. 214, 224, alínea a, e 226, nº II, do Cód. Penal;
art. 386, nº VI e VII, do Cód. Proc. Penal;
art. 36 do Cód. Criminal do Império do Brasil.

ApelaçÃo CRIMINAL Nº 993.02.028561-0


Comarca: São José do Rio Preto
Apelantes: Osmar de Sousa Baldoino e
Ministério Público
Apelados: Os mesmos

Voto nº 11.886
RELATOR

— É de notável circunspecção o parecer da Procuradoria Geral de Justiça que, à conta da


fragilidade da prova reunida no processado, propõe a absolvição do réu, pois
unicamente na certeza deve assentar o decreto condenatório (art. 386, nº VI, do Cód.
Proc. Penal).

—“Nenhuma presunção, por mais veemente que seja, dará motivo para imposição de
pena” (art. 36 do Código Criminal do Império do Brasil).

—“O valor probante dos indícios e presunções, no sistema de livre convencimento que
o Código adota, é em tudo igual ao das provas diretas” (José Frederico Marques,
Elementos de Direito Processual Penal, 1965, vol. II, p. 378). Mas, para que
autorizem edito condenatório, devem ser concludentes e exclusivos de toda a
hipótese favorável ao acusado.

—“Os indícios não têm a necessária consistência e força persuasiva da verdadeira


prova, pelo que não bastam para justificar qualquer sentença condenatória” (Auto
Fortes, Questões Criminais, 1a. ed., p. 124)

Voto nº 11.890 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.06.074813-0


27

Arts. 157, § 2º, ns. I e II, 29, 107, nº IV, 109, nº VI, e 110, § 1º, do Cód. Penal;
arts. 61 e 202, do Cód. Proc. Penal;
art. 16 da Lei nº 6.368/76.

ApelaçÃo CRIMINAL Nº 993.06.074813-0


Barueri
Comarca:
Apelantes: Eduardo Rodrigues Silva
Apelado: Ministério Público
Voto nº 11.890
RELATOR

— A confissão policial, ainda que repudiada em Juízo, autoriza decreto condenatório se em harmonia
com outros elementos de prova, máxime o firme reconhecimento do réu pela vítima.

—“A confissão do delito vale não pelo lugar em que é prestada, mas pela força de convencimento
que nela se contém” (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 95, p. 564; rel. Min. Cordeiro Guerra).

— No caso de roubo, tem a palavra da vítima extraordinária importância para comprovar-lhe a


materialidade e a autoria: parte precípua no evento criminoso, é a que está em
melhores condições de, à luz da verdade sabida, reclamar a punição unicamente do culpado.

— A crítica irrogada ao testemunho policial com o intuito de desmerecê-lo constitui solene


despropósito, pois toda a pessoa pode ser testemunha (art. 202 do Cód. Proc. Penal) e aquela
que, depondo sob juramento, falta à verdade incorre nas penas da lei, donde a inépcia do
raciocínio apriorístico de que o policial vem a Juízo para mentir.

— O regime prisional fechado é, em linha de princípio, o que verdadeiramente convém ao autor


de roubo, sobretudo se manifesta sua propensão à vida de crimes.

Voto nº 11.891 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.07.111087-6


28

Arts. 155, §4º, nº I, 61, nº I, 65, nº I e III, alínea d, 107, nº IV, 109, nº V, 110, §
1º, e 115, do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal;
Súmula nº 231 do STJ.

ApelaçÃo CRIMINAL Nº 993.07.111087-6


Comarca: São Paulo
Apelantes: Ministério Público
Apelado: Jonatas Ferreira da Silva
Voto nº 11.891
RELATOR

— Sustenta-se em prova inabalável e, pois, está acima de crítica, a sentença que condena por
furto o agente que, ao receber voz de prisão, ainda trazia à mão a “res furtiva” (art. 155 do
Cód. Penal).

—“A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo do
mínimo legal” (Súmula nº 231 do STJ).

— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do exemplo desaparece


(Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed., p. 154).

— Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão punitiva


estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou deliberação.

Voto nº 11.892 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.095166-4


Arts. 66, nº III, alínea b e 117, nº I, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.095166-4


Comarca: Sorocaba
Impetrante: ROGÉRIO dos santos
Paciente: O MESMO
Voto nº 11.892
RELATOR
29

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução


da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº
III, alínea b, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe
o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e
estreita do “habeas corpus”.

— Ainda que instrumento processual de dignidade


constitucional, próprio a tutelar a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas
corpus” substituir o recurso ordinário, máxime quando a “causa petendi”
respeita a questões de alta indagação.

—“Não se conhece de habeas corpus originário quando substitui recurso ordinário


não interposto” (STF; HC nº 59.186-8; rel. Min. Décio Miranda; DJU 26.3.82, P.
2.561).

Voto nº 11.893— aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.02.030331-6


Arts. 304, 107, nº IV, 109, nº V, e 110, § 1º, do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal.

ApelaçÃo CRIMINAL Nº 993.02.030331-6


Comarca: BATATAIS
Apelante: Arcelino borge de SOUZA
Apelada: JUSTIÇA PÚBLICA

Voto nº 11.893
RELATOR

— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do exemplo


desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed., p. 154).

–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de prescrição da
pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença condenatória” (Damásio E.
de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).

–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão punitiva


estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou deliberação.
30

Voto nº 11.894 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.06.134401-7


Arts. 213, 214, “caput”, 224, alínea a, 69 e 71, do Cód. Penal;
arts. 1º, nº VI e 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

ApelaçÃo CRIMINAL Nº 993.06.134401-7


Comarca: Mogi Guaçu
Apelantes: Adeildo de Melo
Apelado: Ministério Público

Voto nº 11.894
RELATOR

— Tem a palavra da vítima importância capital nos crimes contra a liberdade sexual.
Se ajustada ao conjunto probatório dos autos, enseja condenação: ao cabo de contas,
ninguém se reputa mais apto a discorrer das circunstâncias e autoria do crime que a
pessoa que lhe padeceu diretamente os agravos físicos e morais (art. 213 do Cód.
Penal).
31

— “Não conheço crime mais repugnante, mais merecedor de severa punição do que o
estupro. Ele revela no delinquente a existência dominante dos mais grosseiros e brutais
instintos, a falta absoluta de cavalheirismo, de generosidade, de respeito pela mulher,
que é o sinal distintivo de uma natureza nobre. As consequências do crime são
indeléveis para a vítima” (Viveiros de Castro, Os Delitos contra a Honra da Mulher,
1936, p. 135).

— Crimes contra a liberdade sexual, a jurisprudência do Tribunal de Justiça do


Estado de São Paulo tem admitido continuidade delitiva entre estupro
e atentado violento ao pudor, se praticados nas circunstâncias do art. 71 do Cód. Penal
(arts. 213 e 214 do Cód. Penal).

— O crime continuado, instituto nascido da equidade, é uma “fictio juris” destinada a


evitar o cúmulo material de penas (cf. José Frederico Marques, Curso de Direito
Penal, 1956, vol. II, p. 354).

— No crime continuado, mais do que a unidade de ideação, prevalecem os elementos


objetivos referidos no art. 71 do Cód. Penal e a conveniência de remediar o exagero
punitivo, que não corrige o infrator, senão que o revolta e embrutece, por frustrar-lhe a
esperança de realizar, em tempo razoável e justo, o sonho da liberdade.

— O STF, em Sessão Plenária, decidiu que “os crimes de estupro e de atentado


violento ao pudor, tanto nas suas formas simples (Cód. Penal, arts. 213 e 214),
como nas qualificadoras (Cód. Penal, 223, caput, e parág. único), são crimes
hediondos: Lei nº 8.072/90, redação da Lei nº 8.930/94, art. 1º, ns. V e VI” (HC nº
81.288-1-SC; rel. Min. Carlos Velloso; j. 17.12.2001).

— O autor de estupro, delito da classe dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime
fechado, no início, por força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 11.895— HABEAS cORPUS Nº 990.09.099690-0


Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.099690-0


Comarca: tupã
Impetrante: Dr. Luiz synesio Lopes de oliveira
Paciente: Marcos Roberto gordado
––
32

Voto nº 11.895
RELATOR

Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a violência
ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas
corpus”.

–– “Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a


situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 11.896 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.094127-8


Arts. 155, 109, nº V e 117, do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.094127-8


Comarca: Salto
Impetrante: Dr. Marcelo Manoel da silva
Paciente: Anderson Frederico dos santos

Voto nº 11.896
RELATOR
––“Em qualquer fase do processo, o juiz, se reconhecer extinta a punibilidade, deverá
declará-lo de oficio” (art. 61 do Cód. Proc. Penal).

––“A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final (...), regula-se pelo
máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime” (art. 109 do Cód. Penal).

— “Não decorrido o necessário lapso temporal, não se reconhece a prescrição” (STJ; HC


nº 9241/SP; 5a. T., rel. Min. Edson Vidigal; DJU 11.10.99, p.76; v.u).
33

Voto nº 11.897 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.001510-1


Art. 180 do Cód. Penal;
art. 659 do Cód. Proc. Penal.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.001510-1


Comarca: piracicaba
Impetrante: Rafael Antonio moretti
Paciente: O mesmo

Voto nº 11.897
RELATOR

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o pedido
de “habeas corpus”.

— “Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a


situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 11.898 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.065252-7


Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução da


pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº III,
alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso,
cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita
do “habeas corpus”.
–– Não é o “habeas corpus” via legal idônea para apressar decisões nem apreciar pedido de
progressão de regime prisional, por implicar análise detida de requisitos objetivos e
subjetivos, reservada à competência do Juízo da execução (art. 66, nº III, alínea b, da Lei
de Execução Penal).
34

Voto nº 11.899— agravo em execução Nº 990.09.079777-0


Art. 112 da Lei de Execução Penal.

AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 990.09.079777-0


Comarca: PRESIDENTE PRUDENTE
Agravante: Ministério Público
Agravado: FERNANDO LEMES BENTO
Voto nº 11.899
RELATOR

— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal — não aboliu o
exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode ser realizado se as circunstâncias
pessoais do sentenciado e a natureza do crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais,
obrará sempre o Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.

— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto é, “tiver cumprido
ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário”, faz jus
à progressão ao regime semiaberto. Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e
refratária aos estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais
brando.

— A concessão do benefício da progressão de regime prisional segundo os requisitos da lei não se deve
interpretar por liberalidade irresponsável da Justiça Criminal, senão por voto sincero de que o
sentenciado emende a mão e tome para o caminho do bem, de que se desviara, a fim de que possa
reintegrar-se, efetivamente, no convívio social (art. 112 da Lei de Execução Penal).

— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à proteção da Lei!

Voto nº 11.904— agravo em execução Nº 990.08.064039-9


Art. 157, § 3º, do Código Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 52, X e XL, da Const. Fed.

AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 990.08.064039-9


Comarca: MARÍLIA
35

Agravante: Ministério Público


Agravado: José Ronaldo Vieira de lima
Voto nº 11.904
RELATOR

— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal — não aboliu o
exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode ser realizado se as circunstâncias
pessoais do sentenciado e a natureza do crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais,
obrará sempre o Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.

— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto é, “tiver
cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento
carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto. Somente fato grave, indicativo de
personalidade anômala e refratária aos estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para
regime prisional mais brando.

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a inconstitucionalidade do


art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução
Penal que serve de fundamento ao pedido de progressão de regime do condenado por crime
hediondo cometido antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.

— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores intérpretes, “é auto-
aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para suspender a sua execução (CF/88, art.
52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs., vol. 400, p. 415).

— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os condenados por crimes
hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para efeito de progressão, caem sob o regime do
art. 112 da Lei da Execução Penal: cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.

—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes hediondos e
equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº 11.464, em 29 de março de 2007, é
aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª
Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);

—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito que é a fonte da lei”
(Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).

—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos argumentos ou
provas concludentes me convenceram do desacerto do veredictum anterior: acima do melindre
pessoal de cada um está a sacrossanta causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e
Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 377).

Voto nº 11.905— agravo em execução Nº 990.09.086129-0


Art. 112 da Lei de Execução Penal.
36

AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 990.09.086129-0


Comarca: dracena
Agravante: Ministério Público
Agravado: ANTONIO CARLOS BASTOS DE JESUS
Voto nº 11.905
RELATOR

— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal — não
aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode ser realizado se as
circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do crime que cometeu o
aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o Magistrado com a prudência e o
arbítrio do bom varão.

— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto é,
“tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semiaberto. Somente fato
grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da recuperação,
poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.

— A concessão do benefício da progressão de regime prisional segundo os requisitos da lei


não se deve interpretar por liberalidade irresponsável da Justiça Criminal, senão por voto
sincero de que o sentenciado emende a mão e tome para o caminho do bem, de que se
desviara, a fim de que possa reintegrar-se, efetivamente, no convívio social (art. 112 da Lei
de Execução Penal).

— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à proteção da
Lei!

Voto nº 11.906 — agravo em execução Nº 990.09.079066-0


Art. 112 da Lei de Execução Penal.

AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 990.09.079066-0


Comarca: Presidente prudente
37

Agravante: CLEBSON GONÇALVES DA CUNHA


Agravado: Ministério Público

Voto nº 11.906
RELATOR

—“O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a concessão
do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº 12.453-SP; rel. Min.
Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).

— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do estabelecimento


penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à outorga de benefícios (art. 112
da Lei de Execução Penal).

Voto nº 11.907 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.07.063766-8


Arts. 12, “caput”, e 14 da Lei nº 6.368/76;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 202 do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.

ApelaçÃo CRIMINAL Nº 993.07.063766-8


Comarca: aMPARO
Apelante: Maria Luzinete Santana
Apelado: Ministério Público

Voto nº 11.907
RELATOR

— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argui para logo a ideia de
tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).

— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se demonstrar, além


de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em erro de informação. É que, na
busca da verdade real — alma e escopo do processo —, “toda pessoa poderá ser
testemunha” (art. 202 do Cód. Proc. Penal).
38

—“O grau de culpa, por si só, não basta para elevar a pena-base acima da
mínima cominada à infração” (TRF 1a. R.; rel. Nelson Gomes da Silva;
DJU 22.10.90, p. 24.731; apud Mohamed Amaro, Código Penal na
Expressão dos Tribunais, 2007, p. 318).

— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei nº
8.072/90) no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de pena. Se o
sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se reincidente — e conspiram os
mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).

— O autor de tráfico de entorpecentes (art. 33 da Lei nº 11.343/06), crime da classe dos


hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime inicial fechado, por força do preceito do
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

Voto nº 11.908 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.02.031698-1


Art. 14, “caput”, da Lei nº 10.826/03;
art. 10 da Lei nº 9.437/97;
arts. 107, nº IV, 109, nº V, e 110, § 1º, do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, “caput”, da Const. Fed.

ApelaçÃo CRIMINAL Nº 993.02.031698-1


Comarca: LINS
Apelante: MARCELO JOSÉ CÂNDIDO
Apelado: Ministério Público
Voto nº 11.908
RELATOR

— A confissão policial, ainda que repudiada em Juízo, autoriza decreto condenatório se em


harmonia com outros elementos de prova, máxime o firme reconhecimento do réu pela vítima.

—“A confissão do delito vale não pelo lugar em que é prestada, mas pela força de convencimento
que nela se contém” (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 95, p. 564; rel. Min. Cordeiro Guerra).

–– Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a mira o
legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os perigos que acompanham
39

a admissão de uma sociedade armada sem que existam controles ou regras gerais
estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das Armas de Fogo, 1998, p. 107).

–– O porte irregular de arma de fogo de uso permitido tipifica a infração do art. 14, “caput”, da
Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento), independentemente de perigo concreto.

— Desclassificado o tipo penal para a cabeça do art. 10 da Lei nº 9.437/97 (Lei das Armas de
Fogo) — já que a Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento) lhe revogou o inc. IV do § 3º
do art. 10 —, que cominava sanção de 2 a 4 anos de reclusão àquele que, achado na posse de
arma de fogo, tivesse “condenação anterior por crime contra a pessoa, contra o patrimônio e
por tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins” —, cumpre reajustar a pena privativa de
liberdade do réu.

— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do exemplo desaparece


(Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed., p. 154).

–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de prescrição da
pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença condenatória” (Damásio E. de
Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).

–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão punitiva


estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou deliberação.

Voto nº 11.909 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.056600-0


Art. 647 do Cód. Proc. Penal;
art. 33, “caput”, da Lei nº 11.343/06;
arts. 5º, nº LXVIII e 105, nº I, alíneas a e c, da Const. Fed.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.056600-0


Comarca: ATIBAIA
Impetrante: JOÇone Saldanha da silva de Souza
Paciente: O mesmo

Voto nº 11.909
RELATOR

Condição fundamental da concessão da ordem de “habeas corpus”, a liquidez e certeza do direito


alegado pelo paciente devem estar comprovadas nos autos (art. 647 do Cód. Proc. Penal).

40

Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a liberdade do


indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso ordinário, máxime quando a
“causa petendi” respeita a questões de alta indagação.

––“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença condenatória”
(Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).

—“Não se conhece de habeas corpus originário quando substitui recurso ordinário não
interposto” (STF; HC nº 59.186-8; rel. Min. Décio Miranda; DJU 26.3.82, P. 2.561).

— É ao Colendo Superior Tribunal de Justiça que compete julgar “habeas corpus” impetrado
contra ato do Tribunal de Justiça, conforme o preceito do art. 105, nº I, alíneas “a” e “c”,
da Constituição Federal, explicitado pela Emenda Constitucional nº 22, de 18 de março de
1999 (cf. HC nº 78.069-9/MG; 2a. Turma; rel. Min. Marco Aurélio; DJU 14.5.99).

Voto nº 11.910 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.062244-0


Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.062244-0


Comarca: Araçatuba
Impetrante: Dra. Fernanda aparecida astolphi
Paciente: Eduardo Cortez prado

Voto nº 11.910
RELATOR

–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a violência ou
coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.

––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a situação
jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente Cernicchiaro; j.
18.12.96).

Voto nº 11.911 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.105379-1


41

Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.105379-1


Comarca: Presidente prudente
Impetrante: José Paulo da silva
Paciente: O mesmo

Voto nº 11.911
RELATOR

–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a violência
ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de
“habeas corpus”.

––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a


situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 11.912— HABEAS cORPUS Nº 990.09.105197-7


Art. 112 da Lei de Execução Penal;
arts. 121, § 2º, 33, § 2º, e 83, parág. único, do Cód. Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.105197-7


Comarca: Casa branca
Impetrante: Romer Rodrigues pereira
Paciente: O mesmo
Voto nº 11.912
RELATOR
— Contra o parecer de notáveis juristas, que sustentam não ser o “habeas corpus” meio
apropriado a impugnar decisão de que caiba recurso ordinário, mostra-se de bom exemplo
conhecer da impetração, porque, em tese, passa pelo remédio jurídico-processual mais
célere e eficaz para conjurar abusos e ilegalidades contra o direito à liberdade de locomoção
do indivíduo (art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.).

42

A Lei nº 10.792/2003 (que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal) não
revogou o Código Penal; destarte, nos casos de pedido de benefício em que seja mister
aferir mérito, poderá o Juiz determinar a realização de exame criminológico no
sentenciado, se autor de crime doloso cometido mediante violência ou grave ameaça, pela
presunção de periculosidade (art. 83, parág. único, do Cód. Penal).

Voto nº 11.913 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.104412-1


Arts. 157, § 2º, ns. I e II, 288 e 29, “caput”, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.104412-1


Comarca: São Paulo
Impetrantes: Dr. Renato isnard khair e
Juçania Maria pereira (estag.)
Pacientes: Marlon albino da silva e
Douglas anselmo
Voto nº 11.913
RELATOR

— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,


rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento, dilatando os dias
de sua permanência no cárcere.

— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o excesso


de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora decorrente da
natural complexidade da causa ou de incidentes processuais, pois não está nas mãos de
Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força maior que obstam à realização do
ato processual.

Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz), primariedade, bons antecedentes, prova de
ocupação lícita e de residência no foro da culpa não valem a autorizar a concessão de
liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal) àquele que, acusado de
crime grave — como é o roubo —, tem contra si a presunção de periculosidade.

Voto nº 11.914 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.118165-0


Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.
43

HABEAS CORPUS Nº 990.09.118165-0


Comarca: PRESIDENTE PRUDENTE
Impetrante: Dr. Antonio Ricardo cola colette
Paciente: Michel Ferreira de lima
Voto nº 11.914
RELATOR

— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência do


condenado em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto aguarda vaga
no semi-aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem superior invencível, tal
situação no entanto cai na esfera da previsão humana: todo o infrator sabe que,
delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada em grau menor ou maior.

— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de iludir o rigor
da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que há mais tempo
aguardam a efetivação da transferência para o estágio intermediário, além de fazer injúria
à própria sociedade, que tem o direito de exigir do infrator a reparação, em forma de pena
retributiva, do dano que lhe causou com o seu crime.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução da


pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº III,
alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o
reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do
“habeas corpus”.

Voto nº 11.915 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.100902-4


Arts. 33 e 40 nº VI, da Lei nº 11.343/06;
arts. 393, nº I, e 594, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.100902-4


Comarca: cabrEúva
Impetrante: Dr. WíLSON JOSÉ DOS SANTOS
MÚSCARI
Paciente: JOSÉ LUIs CALAMARE JúNIOR
Voto nº 11.915
44

RELATOR
— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a liberdade
do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso ordinário, máxime quando
a “causa petendi” respeita a questões de alta indagação.

—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).

–– Se o acusado respondeu preso ao processo-crime por tráfico de entorpecente, será


verdadeira abusão lógica deferir-lhe o benefício da liberdade provisória após sua
condenação, pois entre os efeitos da sentença condenatória recorrível inclui-se
precisamente o de “ser o réu conservado na prisão” (art. 393, nº I, do Cód. Proc. Penal).
–– Se a Justiça o não reputou digno do benefício da liberdade, quando ainda contava ser
absolvido, com mais forte razão carecerá o acusado de requisito subjetivo depois de
condenado, quando a presunção de inocência terá cedido à de sua culpabilidade (art.
594 do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 11.916 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.112907-0


Arts. 297 e 304, do Cód. Penal;
arts. 167, 310, parág. único, e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.112907-0


Comarca: Guarulhos
Impetrante: Marco Aurélio porcino da costa
Paciente: O MESMO

Voto nº 11.916
RELATOR
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime
(dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo;
apenas cabe na instância ordinária, com observância da regra do contraditório (art.
648, nº I, do Cód. Proc. Penal).

Se preso em flagrante delito, a regra geral é que o acusado aguarde, no cárcere, a verificação
de sua culpabilidade ou inocência, principalmente se não satisfaz aos requisitos legais da
liberdade provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
45

Voto nº 11.917 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.115100-9


Arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
arts. 33 e 44, da Lei nº 11.343/06;
art. 2º da Lei nº 8.072/90;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.115100-9


Comarca: MOGI DAS CRUZES
Impetrantes: Dr. WILI PANTEN JUNIOR E
Dr. rafael toro dos santos
Paciente: MARCOS ANTôniO MARTINS

Voto nº 11.917
RELATOR

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o elemento
moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa unicamente se admite
quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a
sua inocência (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).

––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não contraditória e que
não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel. Min. Clóvis Ramalhete;
DJU 18.9.81, p. 9.157).

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado na


Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão preventiva,
quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo Penal: garantia da
ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal,
desde que comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.

––“O habeas corpus é o instrumento tutelar da liberdade. No seu exame, o juiz não pode
criar obstáculos tais que venham a tornar letra morta a garantia constitucional”
(Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 95; rel. José Dantas).
—-
Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a decisão
definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc.
Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do crime e indícios
suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a
46

condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 23a. ed., p. 253).

— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art. 44 da


Lei nº 11.343/06).

Voto nº 11.918— agravo em execução Nº 990.09.055387-1


Arts. 39, nº V, “in fine”, 49 e 50, da Lei de Execução Penal;
art. 48, nº XVIII, alínea a, do Reg imento Interno Padrão dos Estabelecimentos
Prisionais do Estado de São Paulo.

AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 990.09.055387-1


Comarca: SÃO PAULO
Agravante: Elci melo da costa Junior
Agravado: MINISTÉRIO PÚBLICO

Voto nº 11.918
RELATOR
— Por ausência de previsão legal, constitui exagero punitivo qualificar de falta grave (art.
50 da Lei de Execução Penal) a conduta do reeducando que tem em seu poder material
destinado ao preparo da pingoleta “Maria Louca”; à luz do art. 48, nº XVIII, alínea a,
do Regimento Interno Padrão dos Estabelecimentos Prisionais do Estado de São Paulo,
configura apenas falta disciplinar média.

—“A posse de material destinado à fabricação da aguardente denominada Maria Louca


não constitui crime doloso, por falta de previsão legal, nem mesmo crime contra a saúde
pública. Ausente a reserva legal, não se reconhece a falta grave” (Jurisprudência do
Tribunal de Justiça, vol. 183, p. 324).

Voto nº 11.919 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.02.029789-8


Arts. 213, 214, 223, “caput”, parág. único , 224, alínea a, 226, nº II, 33, § 3º, e 59,
do Cód. Penal;
arts. 1º, nº VI e 9º, da Lei nº 8.072/90;
art. 1º, ns. V e VI, da Lei nº 8.930/94.

ApelaçÃo CRIMINAL Nº 993.02.029789-8


Comarca: São José do Rio Preto
Apelantes: José Luiz Carvalho e
47

Ministério Público
Apelados: Os mesmos

Voto nº 11.919
RELATOR

— A palavra da vítima de atentado violento ao pudor tem


importância inquestionável na apuração das circunstâncias do fato
criminoso e na identificação de seu autor. Exceto se os elementos de
prova dos autos demonstrarem que a ofendida mentiu, suas
palavras servem de carta-de-crença e, pois, justificam a edição de
decreto condenatório (art. 214 do Cód. Penal).

— O STF, em Sessão Plenária, decidiu que “os crimes de estupro e de atentado violento ao pudor,
tanto nas suas formas simples (Cód. Penal, arts. 213 e 214), como nas qualificadoras (Cód.
Penal, 223, caput, e parág. único), são crimes hediondos: Lei nº 8.072/90, redação da Lei nº
8.930/94, art. 1º, ns. V e VI” (HC n º 81.288-1-SC; rel. Min. Carlos Velloso; j. 17.12.2001).

—“(...) relativamente aos crimes de estupro e atentado violento ao pudor em qualquer das
hipóteses referidas no art. 224 do Cód. Penal, o aumento de pena previsto no art. 9º da
Lei nº 8.072/90 somente tem incidência se do fato resultar lesão corporal grave ou
morte (art. 223 e parág. único do Cód. Penal)” (STJ, HC nº 36.828-RJ; rel. Min.
Hélio Quaglia Barbosa; DJU 13.2.2006, p. 849; m.v.).

— Mesmo em se tratando de crimes hediondos (art. 1º da Lei nº 8.072/90), têm nossas


Cortes Superiores de Justiça admitido a estipulação de regime prisional diverso do
fechado (semiaberto e aberto), se fixada a pena-base no mínimo legal e favoráveis ao
réu as circunstâncias judiciais do art. 59 do Cód. Penal (cf. STJ; HC nº 60.523/SP; 5a.
T.; rel. Min. Arnaldo Esteves Lima; DJ 10.12.2007, p. 402; HC nº 90.829/SP; 5a. T.;
relª Minª Laurita Vaz; DJ 15.12.2008).

Voto nº 11.921 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.03.051298-8


Arts. 312, “caput”, 71, 107, nº IV, 109, nº V, e 110, § 1º, do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal;
Súmula nº 231 do STJ.

ApelaçÃo CRIMINAL Nº 993.03.051298-8


48

Comarca: Mogi Mirim


Apelante: José Renato de Oliveira André
Apelado: Ministério Público
Voto nº 11.921
RELATOR

—A confissão judicial, por seu valor absoluto — visto se presume feita espontaneamente —,
basta à fundamentação do edito condenatório.

—“A incidência de circunstância atenuante não pode conduzir a redução da pena abaixo do
mínimo legal” (Súmula nº 231 do STJ)

— Segundo jurisprudência consagrada em nossos Tribunais, o melhor critério para a majoração


da pena pela continuidade delitiva (art. 71 do Cód. Penal) é o que se baseia no número de
infrações: se duas, o aumento será o menor (1/6).
49

—“Quando se tratar de crime continuado, a prescrição regula-se pela pena imposta na


sentença, não se computando o acréscimo decorrente da continuação” (Súmula nº 497 do
STF).

— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do exemplo


desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed., p. 154).

— Forma que é de prescrição da pretensão punitiva, a prescrição intercorrente (art. 110, § 1º,
do Cód. Penal) rescinde a própria sentença condenatória, fulminando-lhe os efeitos (cf.
Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).

Voto nº 11.922 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.03.048468-2


Arts. 155, § 2º, 14, nº II, 44, 107, nº IV, 109, nº VI, e 110, § 1º, do Cód. Penal;
arts. 61, 156 e 158, do Cód. Proc. Penal.

ApelaçÃo CRIMINAL Nº 993.03.048468-2


Comarca: Taubaté
Apelante: Maria Silvia Lotufo Alves do Carmo
Apelado: Ministério Público

Voto nº 11.922
RELATOR

— Destinatário da prova, pode o Juiz, sempre com prudente arbítrio, indeferir a produção
daquelas que, ao parecer, não influam na apuração da verdade (que é a alma e o escopo
do processo) nem importem para a decisão da causa.

— Aquele que traz consigo bem de terceiro, sem lhe provar a posse legítima, nisso
mesmo dá a conhecer que o houve por meio criminoso.
50

— Satisfaz à vontade da Lei e aos preceitos da Justiça a decisão que, firme em prova plena
e incontroversa, condena por tentativa de furto o sujeito que, após apoderar-se de
artigos de supermercado, deixa à pressa o local, sem efetuar-lhes o pagamento,
sendo por isso preso em flagrante. Ainda que interrompido o “iter
criminis”, houve ataque ao patrimônio alheio, o que justifica a sanção penal.

— A substituição da pena privativa de liberdade por medida alternativa é providência de


efeito salutar, uma vez que, sobre cooperar na reeducação do infrator, importa
benefícios para a comunidade. Não tenha dúvida o Juiz em adotá-la generosamente
(art. 44 do Cód. Penal).

— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do exemplo


desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed., p.
154).

— Forma que é de prescrição da pretensão punitiva, a prescrição intercorrente (art. 110, §


1º, do Cód. Penal) rescinde a própria sentença condenatória, fulminando-lhe os efeitos
(cf. Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).

Voto nº 11.923—Recurso em Sentido Estrito Nº 990.09.059523-0


Arts. 121, § 2º, nº I, e 14, nº II, do Cód. Penal;
art. 413, “caput”, do Cód. Proc. Penal.

recurso em sEntido estrito Nº 990.09.059523-0


Comarca: OSASCO
Recorrente: EDINALDO MARCELINO DO
NASCIMENTO
Recorrido: Ministério Público

Voto nº 11.923
RELATOR

–– A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo Júri o


acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 413 do Cód. Proc. Penal). Donde
veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença processual de
conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a acusação, para que esta
seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de Direito Processual Penal, 2a. ed.,
vol. III, p. 217; Millennium Editora).
51

— Segundo a comum opinião dos doutores, para a pronúncia não é mister mais que a
prova da realidade do crime e indícios da responsabilidade do réu (art. 413 do Cód.
Proc. Penal).

–– Salvo se manifesta sua inocorrência, não é de bom exemplo afastar, desde logo, na
fase da pronúncia, as qualificadoras do homicídio; ao Tribunal do Júri, como a seu
Juiz natural, é que, em princípio, cabe apreciá-lo (art. 121, § 2º, nº I, e art. 14, nº II,
do Cód. Penal).

Voto nº 11.924 — embargos DE DECLARAÇÃO Nº 990.08.065242-


7
Arts. 155, § 4º, nº I, 14, nº II, 107, nº IV, 109, nº VI, 110, § 1º, e 115, do Cód.
Penal.
art. 61 do Cód. Proc. Penal.

Embargos de Declaração Nº 990.08.065242-7


Comarca: Olímpia
Embargante: Rogério Beloni de Souza
Embargada: 5a. câmara criminal do tribunal de
justiça do estado de são paulo

Voto nº 11.924
RELATOR
— O padrão aritmético para aferir o dano ínfimo — pedra-de-toque do “princípio da
insignificância” — é o “desvalor do resultado”: a lesão ao bem jurídico haverá de ser
“ínfima”. Além das circunstâncias objetivas (desvalor do resultado e da ação), cumpre
atender às de caráter subjetivo, isto é, ao “desvalor da culpabilidade do
agente”. É imprescindível, na aplicação do “princípio da insignificância”, que a vida
pregressa e a personalidade do agente se conciliem com o benefício (cf. Luiz Flávio
52

Gomes, in Rev. Tribs., vol. 789, p. 440).

— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do exemplo


desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed., p. 154).

–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de prescrição da
pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença condenatória” (Damásio E.
de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).

— O acórdão confirmatório da sentença condenatória não interrompe a prescrição (cf. Damásio


E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 388).

Voto nº 11.926 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.03.083296-6


Arts. 312, “caput”, 24, 107, nº IV, 109, nº V, e 110, § 1º, do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal.

ApelaçÃo CRIMINAL Nº 993.03.083296-6


Comarca: Orlândia
Apelantes: Carlos Augusto Vanzolini
Apelado: Ministério Público

Voto nº 11.926
RELATOR

— Feita em Juízo, tem a confissão do réu valor absoluto, porque estreme de eventuais defeitos
que a podiam viciar, como a coação moral. Rainha das provas (“regina probationum”)
chamavam-lhe os velhos praxistas, e tal apanágio ainda lhe reconhece a jurisprudência dos
Tribunais, pelo que autoriza a edição de decreto condenatório.
53

— A necessidade faz do homem o que quer, reza o aforismo jurídico: “necessitas non
habet legem”. Mas só constitui causa excludente de criminalidade se o agente não
podia conjurar o mal, exceto com o sacrifício do bem jurídico alheio (art. 24 do Cód.
Penal). A mera alegação de estreiteza de recursos, desacompanhada de prova cabal e
convincente, não basta para o reconhecimento da descriminante legal, senão se
converteria em razão universal de impunidade.

— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do exemplo


desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed., p. 154).

–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de prescrição da
pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença condenatória” (Damásio E.
de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).

Voto nº 11.927 — REvisÃO cRIMINAL Nº 993.05.071224-9


Arts. 155, § 4º, ns. I e IV, 14, nº II, e 59, do Cód. Penal;
art. 621 do Cód. Proc. Penal.

RevisÃo CRIMINAL Nº 993.05.071224-9


Comarca: Santa Adélia
Peticionário: Roberto Carlos Silva dos Santos
Voto nº 11.927
RELATOR

— Antecedentes são fatos da biografia do réu que, no julgamento das causas criminais,
interessam à análise de seu perfil moral.

— Feita em Juízo, tem a confissão do réu valor absoluto, porque estreme de eventuais defeitos que
a podiam viciar, como a coação moral. Rainha das provas (“regina probationum”) chamavam-
lhe os velhos praxistas, e tal apanágio ainda lhe reconhece a jurisprudência dos Tribunais, pelo
que autoriza a edição de decreto condenatório.

—“Quanto mais o sujeito se aproxima da consumação, menor deve ser a diminuição da pena (um
terço); quanto menos ele se aproxima da consumação, maior deve ser a atenuação (dois
terços)” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 19a. ed., p. 55).
54

Voto nº 11.928 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.02.005625-4


Art. 312, “caput”, do Cód. Penal;
art. 66, I, in fine, Código Civil.

ApelaçÃo CRIMINAL Nº 993.02.005625-4


Comarca: VINHEDO
Apelante: Ministério Público
Apelado: CECILIANO DA SILVA MELO FILHO

Voto nº 11.928
RELATOR

— Vem a talho a lição do conspícuo Mittermayer: “não podendo o juiz sair da


dúvida, deverá, no fim de contas, recorrer ao meio ordinário, e admitir como verdadeira a
versão mais favorável ao acusado” (Tratado da Prova em Matéria Criminal, 1871, t. II, p.
177; trad. Alberto Antônio Soares).

— Sobretudo em caso de crime a que se cominam penas severas, só é possível condenar o réu
se houver certeza de sua culpabilidade; se não, será força absolvê-lo, em obséquio ao
preceito comum de interpretação da dúvida (“in dubio pro reo”).

––“Na Justiça penal, tudo deve ser certo e preciso como uma equação algébrica. Os
elementos probatórios de uma acusação penal devem ser espontâneos, lógicos,
consistentes, precisos, harmônicos e, sobretudo, concordantes, para que apresentem em si
uma inteireza real a sobrelevar a evidência da verdade” (TACrimSP, Ap. nº 18.186-São
Paulo; rel. Hoeppner Dutra; j. 30.10.59).

Voto nº 11.929— aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.03.071336-3


Art. 184, § 2º, do Cód. Penal;
art. 386, nº VII, do Cód. Proc. Penal;
art. 89, §§ 3º e 4º, da Lei nº 9.099/95.

ApelaçÃo CRIMINAL Nº 993.03.071336-3


55

Comarca: Mococa
Apelante: Renato Carlos da Silva
Apelado: Ministério Público
Voto nº 11.929
RELATOR
— Vem a talho a lição do conspícuo Mittermayer: “não podendo o juiz sair da
dúvida, deverá, no fim de contas, recorrer ao meio ordinário, e admitir como
verdadeira a versão mais favorável ao acusado” (Tratado da Prova em Matéria
Criminal, 1871, t. II, p. 177; trad. Alberto Antônio Soares).

— Expressiva corrente jurisprudencial tem sufragado a inteligência de que, para o


aperfeiçoamento do tipo do art. 184, § 2º, do Código Penal (violação de direito
autoral), não basta a prova da reprodução ilegal: é mister se proceda à “identificação
das vítimas (artistas ou outros proprietários dos direitos autorais) e o valor do
prejuízo” (TJSP; Ap. Crim. nº 993.07.016686-0/ Dracena; 2a. Câm.; rel. Ivan
Marques; j. 29.9.08).

— No Direito Penal, em pontos de dúvida, prevalece o prolóquio sublime inscrito nos


emblemas da Justiça Criminal: “In dubio pro reo”.

Voto nº 11.930 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.03.058924-7


Arts. 180, “caput”, 107, nº IV, 109, nº V, e 110, § 1º, do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal.

ApelaçÃo CRIMINAL Nº 993.03.058924-7


Comarca: Taubaté
Apelantes: Marco Antonio Bueno
Apelado: Ministério Público

Voto nº 11.930
RELATOR

— Nos crimes de receptação dolosa, porque mui difícil apurar o elemento subjetivo do tipo,
cumpre recorrer às circunstâncias mesmas do fato e à personalidade do agente (art. 180 do
Cód. Penal).

— É apotegma de Direito Penal que o castigo deve responder à culpa, em igual medida.
56

— Suposto mereça todo o infrator a proteção da lei, não é de bom exemplo dispensar mercês,
em detrimento da ordem social, àqueles que fazem do crime profissão.

— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do exemplo


desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed., p. 154).

— Forma que é de prescrição da pretensão punitiva, a prescrição intercorrente (art. 110, § 1º,
do Cód. Penal) rescinde a própria sentença condenatória, fulminando-lhe os efeitos (cf.
Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).

Voto nº 11.931 — REvisÃO cRIMINAL Nº 993.03.008500-1


Art. 155, “caput” do Cód. Penal;
arts. 621 e 626, do Cód. Proc. Penal.

RevisÃo CRIMINAL Nº 993.03.008500-1


Comarca: LIMEIRA
Peticionário: CLAUDIO ROBERTO RODRIGUES DA
ROCHA

Voto nº 11.931
RELATOR
— Revisão criminal: última porta a que pode bater o condenado, não parece bem mantê-la
sistematicamente fechada àqueles que clamam por justiça.

— Para elidir a autoridade da coisa julgada, é mister que o sentenciado traga ao Juízo da
revisão criminal prova sólida e convincente de que sua condenação contraveio aos
elementos do processo ou às leis da razão e da justiça (art. 621 do Cód. Proc. Penal).

— A confissão, máxime se feita perante o Magistrado, tem o caráter de prova ilustríssima;


segundo o famoso Ulpiano, equipara-se não menos que à coisa julgada: “Confessio
habet vim rei judicatae”.

—“A confissão judicial tem valor absoluto e, ainda que seja o único elemento de prova,
serve como base à condenação” (Rev. Tribs., vol. 744, p. 573).

— Contrária à evidência é só aquela decisão que de todo se afaste das provas coligidas nos
autos.
57

— É de indeferir pedido de revisão criminal a peticionário que não comprove “ad


satiem” que a sentença condenatória incidiu em erro ou quebrantou os preceitos da
Justiça (art. 621 do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 11.932 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.03.048631-6


Arts. 163, parág. único, nº III, 352, 107, nº IV, 109, nº VI e 110, § 1º, do Cód.
Penal;
arts. 61 e 386, nº III, do Cód. Proc. Penal.

ApelaçÃo CRIMINAL Nº 993.03.048631-6


Comarca: Cerqueira César
Apelante: Cícero Apolinário de Almeida
Apelado: Ministério Público

Voto nº 11.932
RELATOR

— Expressão incoercível do instinto humano, o amor da liberdade elide o caráter de


ilicitude penal da fuga do preso, exceto se empreendida mediante violência contra
pessoa ou com dano do patrimônio público (arts. 352 e 163 do Cód. Penal).

— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do exemplo


desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed., p. 154).

— Forma que é de prescrição da pretensão punitiva, a prescrição intercorrente (art. 110, §


1º, do Cód. Penal) rescinde a própria sentença condenatória, fulminando-lhe os efeitos
(cf. Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 358).

Voto nº 11.933 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.03.048458-5


Arts. 155, “caput”, 107, nº IV, 109, nº V, e 110, § 1º, do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal.

ApelaçÃo CRIMINAL Nº 993.03.048458-5


BURITAMA
58

Comarca:
Apelantes: Flávio Aparecido Marques de Campos
Apelado: Ministério Público

Voto nº 11.933
RELATOR

— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do exemplo


desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed., p. 154).

— Forma que é de prescrição da pretensão punitiva, a prescrição intercorrente (art. 110, § 1º,
do Cód. Penal) rescinde a própria sentença condenatória, fulminando-lhe os efeitos (cf.
Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).

— Acolhida preliminar de extinção de punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão


punitiva estatal, todas as mais questões perdem alcance e já não podem ser objeto de
exame nem deliberação (art. 107, nº IV, 1a. figura, do Cód. Penal).

Voto nº 11.934 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.049549-9


Art. 659 do Cód. Proc. Penal;
art. 33, “caput”, e § 4º, da Lei nº 11.343/06.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.049549-9


Comarca: Araçatuba
Impetrante: Dr. Luiz Antônio gonzaga
Paciente: Tharik Mendes honório

Voto nº 11.934
RELATOR

Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a violência ou
coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas
corpus”.

–– “Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a situação
jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente Cernicchiaro; j.
18.12.96).
59

Voto nº 11.935 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.092403-9


Art. 66, nº III, alíneas b, e e f, da Lei de Execução Penal;
art. 83 do Cód. Penal.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.092403-9


Comarca: São Paulo
Impetrante: Adão pessoa de Vasconcelos neto
Paciente: O mesmo
Voto nº 11.935
RELATOR

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução da


pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº III,
alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso,
cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita
do “habeas corpus”.

–– Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o escopo de


obter livramento condicional, pois se trata de matéria em que, por previsão de lei (art.
66, nº III, alínea e, da Lei de Execução Penal), deve entender o Juízo de Direito da
Vara das Execuções Criminais, sob pena de usurpação de suas atribuições e violação de
norma de organização judiciária do Estado.

Voto nº 11.936 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.104055-0


Art. 659 do Cód. Proc. Penal;
arts. 33, 35 e 40, nº VI, da Lei nº 11.343/06.

–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença condenatória”
(STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p. 16.585).
60

Voto nº 11.937 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.074543-6


Arts. 33 e 44, da Lei nº 11.343/06;
Súmula nº 52 do STJ.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.074543-6


Comarca: CAMPINAS
Impetrante: Dr. MARIO RUBENS DUARTE FILHO
Paciente: MARCOS FERRARI
Voto nº 11.937
RELATOR

— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado, rigorosamente,
nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem preciosíssimo do homem —,
não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento, dilatando os dias de sua permanência no cárcere.

— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o excesso de


prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora decorrente da ausência de
testemunhas, se intimadas na forma da lei, pois não está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente,
prevenir motivos de força maior que obstam à realização do ato processual.

—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por excesso de


prazo” (Súmula nº 52 do STJ).

— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art. 44 da Lei nº 11.343/06).

Voto nº 11.938 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.041977-6


Art. 66, nº III, alíneas b, e e f, da Lei de Execução Penal;
art. 659 do Cód. Proc. Penal.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.041977-6


Comarca: Araçatuba
Impetrante: Eduardo Cortez do prado
Paciente: O mesmo
Voto nº 11.938
RELATOR

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado
a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará
61

prejudicado o pedido de “habeas corpus”.

––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a situação
jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução da


pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº III,
alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe
o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do
“habeas corpus”.

–– Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o escopo de obter
livramento condicional, pois se trata de matéria em que, por previsão de lei (art. 66, nº III,
alínea e, da Lei de Execução Penal), deve entender o Juízo de Direito da Vara das Execuções
Criminais, sob pena de usurpação de suas atribuições e violação de norma de organização
judiciária do Estado.

Voto nº 11.939 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.102285-3


Art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 647 do Cód. Proc. Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 5º, nº IV, da Const. Fed.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.102285-3


Comarca: Bauru
Impetrante: Dr. Mario Lucio pereira machado
Paciente: Sílvio Ferreira dos santos
Voto nº 11.939
RELATOR

— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto é, “tiver
cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento
carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto. Somente fato grave, indicativo de
personalidade anômala e refratária aos estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança
para regime prisional mais brando.

— A concessão do benefício da progressão de regime prisional segundo os requisitos da lei não


se deve interpretar por liberalidade irresponsável da Justiça Criminal, senão por voto sincero de
que o sentenciado emende a mão e tome para o caminho do bem, de que se desviara, a fim de
que possa reintegrar-se, efetivamente, no convívio social (art. 112 da Lei de Execução Penal).
62

— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à proteção da Lei!

Voto nº 11.940 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.03.048607-3


Art. 10, “caput”, da Lei nº 9.437/97;
arts. 107, nº IV, 109, nº V, e 110, § 1º, Cód. Penal;
art. 61 do Cód. de Processo Penal;
art. 14, “caput”, da Lei nº 10.826/03;
art. 89 da Lei nº 9.099/95.

ApelaçÃo CRIMINAL Nº 993.03.048607-3


Comarca: São Paulo
Apelante: Ricardo Oliveira Targino da Silva
Apelado: Ministério Público
Voto nº 11.940
RELATOR

— Trazer consigo, fora de casa, arma de fogo de uso permitido, sem a autorização e em
desacordo com a determinação legal ou regulamentar, configura o tipo previsto e punido pelo
art. 10, “caput”, da Lei nº 9.437/97 (atual art. 14, “caput”, da Lei nº 10.826/03).

— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do exemplo


desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed., p. 154).

— Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão punitiva


estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou deliberação.

Voto nº 11.941 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.03.059873-4


Arts. 344, “caput”, 107, nº IV, 109, nº V, e 110, § 1º, do Cód. Penal;
arts. 61, 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal.

ApelaçÃo CRIMINAL Nº 993.03.059873-4


Serra Negra

Comarca:
Apelante: Aparecido Putão
Apelado: Ministério Público
63

Voto nº 11.941
RELATOR

— Para a configuração do crime previsto no art. 344 do Cód. Penal (coação no curso do
processo), basta a ameaça grave a testemunha ou vítima, capaz de infundir-lhe no ânimo
justificável receio.

— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do exemplo


desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed., p. 154).

–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de prescrição da
pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença condenatória” (Damásio E.
de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).

–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão punitiva


estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou deliberação.

Voto nº 11.942 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.03.079272-7


Arts. 297, “caput”, 298, 17, 71, 107, nº IV, 109, nº V, e 110, § 1º, do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal.

ApelaçÃo CRIMINAL Nº 993.03.079272-7


Comarca: Santos
Apelante: Antonio Carlos Campos Barcelos
Apelado: Ministério Público
Voto nº 11.942
RELATOR

–– Segundo velha máxima de jurisprudência, aquele a quem o crime aproveita, esse o praticou:
“Cui prodest scelus is fecit”.

— Simples requerimento (ou petição) endereçado à repartição pública não constitui objeto
material do delito do art. 298 do Cód. Penal (cf. Damásio E. de Jesus, Código Penal
Anotado, 18a. ed., p. 931).
64

— Incorre nas penas do art. 297 do Cód. Penal (falsificação de documento público) o sujeito que,
no intento de melhorar seu currículo profissional, falsifica diploma universitário de colega e,
após substituir-lhe o nome pelo seu, extrai do documento cópia reprográfica, entregando-a ao
departamento de recursos humanos da empregadora.

—“Em qualquer fase do processo, o juiz, se reconhecer extinta a punibilidade, deverá declará-lo
de ofício” (art. 61 do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 11.943 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.102411-2


Art. 659 do Cód. Proc. Penal;
arts. 33 e 35, da Lei nº 11.343/06.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.102411-2


Comarca: Santa Isabel
Impetrante: Dr. Roberto Lucas de Souza
Paciente: Airton costa Paulino junior

Voto nº 11.943
RELATOR

–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.

––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença condenatória”


(STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p. 16.585).

Voto nº 11.944 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.078098-3


Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal;
art. 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a liberdade do


indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso ordinário, máxime quando a
65

“causa petendi” respeita a questões de alta indagação.


—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução
da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº
III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal) ; ao Tribunal, apenas em grau de
recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via
sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 11.945 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.113137-7


Art. 157, “caput”, do Cód. Penal;
arts. 393, nº I, e 594, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.113137-7


Comarca: São PAULO
Impetrante: Dr. THOMAZ CORRÊA FARQUI
Paciente: MANOEL DA SILVA LACERDA

Voto nº 11.945
RELATOR

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a liberdade


do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso ordinário, máxime quando
a “causa petendi” respeita a questões de alta indagação.

—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).

–– Se o acusado respondeu preso ao processo-crime por tráfico de entorpecente, será


verdadeira abusão lógica deferir-lhe o benefício da liberdade provisória após sua
condenação, pois entre os efeitos da sentença condenatória recorrível inclui-se precisamente
o de “ser o réu conservado na prisão” (art. 393, nº I, do Cód. Proc. Penal).
–– Se a Justiça o não reputou digno do benefício da liberdade, quando ainda contava ser
absolvido, com mais forte razão carecerá o acusado de requisito subjetivo depois de
condenado, quando a presunção de inocência terá cedido à de sua culpabilidade.
66

Voto nº 11.946 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.117041-0


Art. 117 do Cód. Penal;
art. 197 da Lei de Execução Penal.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.117041-0


Comarca: São PAULO
Impetrante: Dra. Samanta romano tresinari grangeiro
Paciente: Benjamin bezerra dos anjos filho

Voto nº 11.946
RELATOR

— Isto de prescrição da pretensão executória da pena, segundo consagrada orientação de


nossos Tribunais, não se decreta na via judicial do “habeas corpus”, cujo âmbito estreito
não permite exame de questões que só podem ser bem aferidas no Juízo das Execuções
Criminais, como a incidência de eventual causa interruptiva da prescrição (art. 117 do
Cód. Penal), etc.

— De ordinário, não é o “habeas corpus” substitutivo do recurso próprio, máxime quando a


matéria de seu objeto reclame percuciente análise de circunstâncias que lhe excedam os
limites e a natureza jurídica.

—“Ocorrendo causa extintiva da punibilidade após o trânsito em julgado da decisão, a


competência para declará-la é do juiz da execução” (Julio Fabbrini Mirabete,
Execução Penal, 11a. ed., p. 192).

Voto nº 11.947 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.098763-4


Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.098763-4


Comarca: BAURU
Impetrante: DR. LUCIANO CASTREQUINI BUFULIN
67

Paciente: THIAGO RODRIGUES

Voto nº 11.947
RELATOR
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução da
pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº III,
alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso,
cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e
estreita do “habeas corpus”.

–– Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o escopo


de obter progressão de regime, pois se trata de matéria em que, por previsão de lei
(art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve entender o Juízo de
Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de usurpação de suas atribuições
e violação de norma de organização judiciária do Estado.

Voto nº 11.948 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.063697-1


Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal;
art. 83 do Cód. Penal.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.063697-1


Comarca: BAURU
Impetrante: CLAUDEMIRO DE ALMEIDA OLIVEIRA
Paciente: O mesmo

Voto nº 11.948
RELATOR

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução da


pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº III,
alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso,
cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e
estreita do “habeas corpus”.

–– Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o escopo


de obter progressão de regime, pois se trata de matéria em que, por previsão de lei
(art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve entender o Juízo de
Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de usurpação de suas atribuições
e violação de norma de organização judiciária do Estado.
68

Voto nº 11.949 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.047387-8


Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.047387-8


Comarca: Araçatuba
Impetrante: Dr. Luiz augusto pinhata
Paciente: ADAlberto José de souza

Voto nº 11.949
RELATOR

Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.

––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação,


a situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 11.950 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.110967-3


Arts. 112 e 197, da Lei de Execução Penal.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.110967-3


Comarca: PRESIDENTE PRUDENTE
Impetrante: JOSÉ BEZERRA DA SILVA
Paciente: O MESMO

Voto nº 11.950
RELATOR

— Ainda que instrumento processual de dignidade


69

constitucional, próprio a tutelar a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus”


substituir o recurso ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de
alta indagação.

—“Não se conhece de habeas corpus originário quando substitui recurso ordinário não
interposto” (STF; HC nº 59.186-8; rel. Min. Décio Miranda; DJU 26.3.82, p. 2.561).

—“O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a


concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº 12.453-SP;
rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).

— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do


estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à outorga de
benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 11.951 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.094402-1


Art. 168, § 1º, nº II, do Cód. Penal;
art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.094402-1


Comarca: BAURU
Impetrante: Dr. mário luis capóssoli
Paciente: O mesmo

Voto nº 11.951
RELATOR

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o elemento
moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa unicamente se
admite quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a atipicidade do fato imputado
ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).

––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não contraditória e
que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel. Min. Clóvis
Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
70

Voto nº 11.952 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.107478-0


Arts. 157, § 2º, ns. I e II, e 14, nº II, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, e 312, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.107478-0


Comarca: SÃO PAULO
Impetrante: DR. ALEXANDRE DE SOUZA
HERNANDES
Paciente: EDUARDO LUCIANO DA SILVA

Voto nº 11.952
RELATOR

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado na


Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão preventiva,
quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo Penal: garantia
da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei
penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
—-
Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a decisão
definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc.
Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do crime e indícios
suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a
condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 23a. ed., p. 253).
— Embora seja de Magistrado motivar sempre suas decisões, ninguém ainda ousou contestar a
verdade destas palavras do conspícuo Ministro Mário Guimarães, do Supremo Tribunal
Federal, grande sabedor da matéria: “Certas decisões, também, se fundamentam por si
mesmas. Insistir em justificá-las, seria ocioso” (O Juiz e a Função Jurisdicional, 1958, p.
347).

— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz),


primariedade, bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da
culpa não valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág.
único, do Cód. Proc. Penal) àquele que, acusado de crime grave — como é o roubo —,
tem contra si a presunção de periculosidade.
71

— Conforme a doutrina comum, o pedido de “habeas corpus” deve ser instruído com as
peças e documentos que comprovem as alegações do paciente.

— O Colendo Supremo Tribunal Federal, em copiosos arestos, tem proclamado que se não
toma conhecimento do pedido de “habeas corpus” quando não está devidamente
instruído (José Frederico Marques, Elementos de Direito Processual Penal, 1a. ed.,
vol. IV, p. 417).

Voto nº 11.953 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.053905-4


Súmula nº 52 do STJ.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.053905-4


Comarca: MOCOCA
Impetrante: Dr. SERGIO AUGUSTO DIAS BASTOS
Paciente: JONATHAN FERREIRA MARTINS

Voto nº 11.953
RELATOR

–– Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,


rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento, dilatando os
dias de sua permanência no cárcere.

––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da culpa


decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou ao Ministério
Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236)

––“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por


excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).

—“A regra da igualdade não consiste senão em quinhoar desigualmente aos desiguais, na
medida em que se desigualam” (Rui, Oração aos Moços, 1a. ed., p. 25).

Voto nº 11.954 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.115371-0


Arts. 109 e 115, do Cód. Penal;
72

arts. 61 e 366, do Cód. Proc. Penal.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.115371-0


Comarca: Aguaí
Impetrante: Dr. José de arruda Egídio
Paciente: Clayton Cerqueira silva
Voto nº 11.954
RELATOR

–– Não obstante o direito expresso –– que manda o juiz suspender “o processo e o curso do
prazo prescricional” se o réu não atendeu à citação por éditos nem constituiu defensor (art.
366 do Cód. Proc. Penal) ––, a sustação, por tempo indeterminado, do prazo prescricional
fere de rosto as leis da sociologia jurídico-penal, máxime a que proscreve as formas eternas
de pena (às quais se equipara a decisão que decreta a suspensão, sem termo, do curso do
prazo prescricional.

— Na falta de norma legal própria, disciplinam a matéria as disposições gerais acerca da


prescrição “in abstracto” (art. 109 do Cód. Penal), regulando-se pelo máximo da pena
cominada ao delito.

––“Em qualquer fase do processo, o juiz, se reconhecer extinta a punibilidade, deverá declará-
lo de oficio” (art. 61 do Cód. Proc. Penal).

––“A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final (...), regula-se pelo máximo da
pena privativa de liberdade cominada ao crime” (art. 109 do Cód. Penal).

— “Não decorrido o necessário lapso temporal, não se reconhece a prescrição” (STJ; HC nº


9241/SP; 5a. T., rel. Min. Edson Vidigal; DJU 11.10.99, p.76; v.u).

Voto nº 11.955— agravo em execução Nº 990.09.020091-0


Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 213 do Cód. Penal;
art. 52, X e XL, da Const. Fed.

AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 990.09.020091-0


Comarca: RIO CLARO
Agravante: Ministério Público
Agravado: SEBASTIÃO BORGES DE CARVALHO
73

Voto nº 11.955
2º JUIZ
DECLARAÇÃO DE VOTO (VENCIDO)

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a


inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos), é o
art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao pedido de progressão de
regime do condenado por crime hediondo cometido antes da promulgação da Lei nº 11.464,
de 28.3.07, pois, segundo princípio basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não
pode retroagir.

— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores intérpretes, “é


auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para suspender a sua execução
(CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs., vol. 400, p. 415).

— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os condenados por crimes
hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para efeito de progressão, caem sob o regime do
art. 112 da Lei da Execução Penal: cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.

—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes hediondos
e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº 11.464, em 29 de março de
2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a.
Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);

—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito que é a fonte
da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).

—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos argumentos ou
provas concludentes me convenceram do desacerto do veredictum anterior: acima do
melindre pessoal de cada um está a sacrossanta causa da Justiça” (Carlos Maximiliano,
Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 377).

— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto é,
“tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semi-aberto. Somente fato
grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da recuperação,
poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.

Voto nº 11.956 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.06.050620-0


Art. 121, § 2º, nº II, do Cód. Penal;
art. 2º, §§ 1º e 2º, Lei nº 8.072/90;
art. 5º, nº XXXVIII, alínea c, da Const. Fed.

ApelaçÃo CRIMINAL Nº 993.06.050620-0


74

Comarca: Cubatão
Apelantes: Cleberson de Assis Ferreira
Apelado: Ministério Público

Voto nº 11.956
RELATOR

–– Para autorizar decisão condenatória não é mister prova perfeita e exuberante, bastando a
que dê ao Juiz o fundamento lógico suficiente para não cair em erro crasso.

— Em face da soberania de seus veredictos, as decisões do júri (proferidas “ex


informata conscientia”) somente se anulam quando em franca rebeldia com a prova
dos autos, ou nos casos de comprovada corrupção ou prevaricação dos jurados (art. 5º,
nº XXXVIII, alínea c, da Const. Fed.).

— Pratica homicídio por motivo fútil o sujeito que, por questão de somenos, tira a vida a
outrem (art. 121, § 2º, nº II, do Cód. Penal).

–– Em face da soberania constitucional de suas decisões, os veredictos do Júri não se


anulam, exceto se em contradição manifesta com a prova dos autos, ou em caso de
corrupção ou prevaricação dos jurados. Contrária à prova dos autos é somente
aquela decisão que neles não depara fundamento algum.

— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes hediondos (Lei nº
8.072/90), no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de pena. Se
o sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se reincidente — e
conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).

Voto nº 11.957 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.082140-0


Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.082140-0


Comarca: PRESIDENTE PRUDENTE
Impetrante: DrA. ELISIANE CRISTINA BOÇO
75

Paciente: DANIEL FERREIRA RABELO

Voto nº 11.957
RELATOR

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de
“habeas corpus”.

–– “Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a


situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 11.958— agravo em execução Nº 990.09.122017-5


Art. 112 da Lei de Execução Penal.

AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 990.09.122017-5


PRESIDENTE PRUDENTE

Comarca:
Agravante: IDALMIR DOS SANTOS BRITO
Agravado: Ministério público

Voto nº 11.958
RELATOR

—“O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a


concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº 12.453-SP;
rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).
76

— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do


estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à outorga de
benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).

HABEAS CORPUS Nº 990.09.100136-8


Comarca: Limeira
Impetrante: Dr. Luciano nogueira fachini
Paciente: Andréa Fabiana de lima

Voto nº 11.959
RELATOR

–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.

––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença condenatória”


(STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p. 16.585).

Voto nº 11.959 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.100136-8


Art. 659 do Cód. Proc. Penal;
art. 35, “caput”, da Lei nº 11.343/06.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.100136-8


Comarca: Limeira
Impetrante: Dr. Luciano nogueira fachini
Paciente: Andréa Fabiana de lima
77

Voto nº 11.959
RELATOR

–– Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a
violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o
pedido de “habeas corpus”.

––“Julga-se prejudicado o pedido, se à impetração sobreveio sentença condenatória”


(STJ; HC nº 1.959-8; rel. Min. José Dantas; DJU 23.8.93, p. 16.585).

Voto nº 11.960 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.081579-5


Art. 155, “caput”, do Cód. Penal;
art. 312 do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado na


Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão cautelar,
quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo Penal: garantia
da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei
penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a decisão
definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc.
Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do crime e indícios
suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a
condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— Ato mais relevante do ofício do Juiz, a decisão deve ser fundamentada (art. 93, nº IX, da
Const. Fed.), isto é, ao proferi-la deve dar as razões de seu convencimento. Mas
fundamentação percuciente, minuciosa e castigada só a requer decisão definitiva de mérito,
não a que impõe prisão preventiva ou indefere pedido de liberdade provisória; esta se
satisfaz com a indicação da necessidade e conveniência da decretação da custódia cautelar,
que se inferem da prova da materialidade da infração penal grave e dos indícios veementes de
sua autoria.
— Conforme a doutrina comum, o pedido de “habeas corpus” deve ser instruído com as peças
e documentos que comprovem as alegações do paciente.
— O Colendo Supremo Tribunal Federal, em copiosos arestos, tem proclamado que se não
toma conhecimento do pedido de “habeas corpus” quando não está devidamente instruído
(José Frederico Marques, Elementos de Direito Processual Penal, 1a. ed., vol. IV, p.
417).
78

Voto nº 11.961 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 990.08.146529-9


Arts. 129, “caput”, e 331, “caput”, do Cód. Penal.

ApelaçÃo CRIMINAL Nº 990.08.146529-9


Comarca: Taquaritinga
Apelantes: Anderson Luis Lotério
Apelado: Ministério Público

Voto nº 11.961
RELATOR
— Comete crime de desacato (art. 331 do Cód. Penal) o sujeito que, no intento de o
ofender e humilhar, dirige palavras insultuosas a policial militar.

— O argumento de que o estado de exaltação elide o elemento subjetivo do tipo não


assenta em razão lógica nem jurídica, pois o desacato não requer ânimo calmo. Aliás,
expressões e palavras existem que, mesmo empregadas por gracejo, nunca depõem seu
caráter injurioso e, pois, caem sob a fórmula com que as verberavam já os patriarcas do
Direito: “Cum verba sunt per se injuriosa, animus injuriandi praesumitur”.

Voto nº 11.966— agravo em execução Nº 990.09.102587-9


Art. 112 da Lei de Execução Penal.

AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 990.09.102587-9


Comarca: MARÍLIA
Agravante: Ministério Público
Agravado: ADINOMÁRIO PEREIRA DA SILVA

Voto nº 11.966
RELATOR
SORTEADO
DECLARAÇÃO DE VOTO (VENCIDO)
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal — não
aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode ser realizado se as
79

circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do crime que cometeu o aconselharem.


Nisto, como no mais, obrará sempre o Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom
varão.

— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto é, “tiver
cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento
carcerário”, faz jus à progressão ao regime semiaberto. Somente fato grave, indicativo de
personalidade anômala e refratária aos estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a
mudança para regime prisional mais brando.

— A concessão do benefício da progressão de regime prisional segundo os requisitos da lei


não se deve interpretar por liberalidade irresponsável da Justiça Criminal, senão por voto
sincero de que o sentenciado emende a mão e tome para o caminho do bem, de que se
desviara, a fim de que possa reintegrar-se, efetivamente, no convívio social (art. 112 da Lei
de Execução Penal).

— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à proteção da
Lei!

Voto nº 11.967— agravo em execução Nº 990.09.051622-4


Art. 112 da Lei de Execução Penal.

AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 990.09.051622-4


Comarca: Campinas
Agravante: Jorge clemente da silva
Agravado: Ministério público

Voto nº 11.967
RELATOR

—“O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a concessão
do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº 12.453-SP; rel. Min. Gilson
Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).

— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do estabelecimento


penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à outorga de benefícios (art. 112 da
Lei de Execução Penal).
80

Voto nº 11.968— agravo em execução Nº 990.08.120306-5


Art. 44, § 2º, e 46, §§ 3º e 4º, do Cód. Penal.

— Não se conhece de agravo em execução, cujo objeto já tenha sido apreciado e decidido
pelo Tribunal.
–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se deve
outra vez meter em disputa ( cf. Cândido Mendes de Almeida , Auxiliar Jurídico,
1985, vol. II, p. 588).

Voto nº 11.969— agravo em execução Nº 990.09.082773-4


Art. 112 da Lei de Execução Penal.

AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 990.09.082773-4


Comarca: Tupã
Agravante: Ministério Público
Agravado: Cleber dos santos silva
Voto nº 11.969
RELATOR
SORTEADO
DECLARAÇÃO DE VOTO (VENCIDO)
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto é, “tiver cumprido
ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom comportamento carcerário”, faz jus à
progressão ao regime semi-aberto. Somente fato grave, indicativo de personalidade anômala e
refratária aos estímulos da recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais
brando.

— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal — não aboliu o
exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode ser realizado se as circunstâncias
pessoais do sentenciado e a natureza do crime que cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais,
obrará sempre o Magistrado com a prudência e o arbítrio do bom varão.
— Dois requisitos exige a lei para a progressão de regime: lapso temporal e
mérito do condenado; presentes que sejam, compete ao Juiz despachar de boa
81

sombra a pretensão, uma vez não pode recusar-se a praticar os atos de seu
ministério.

— Não vá esquecer ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus
à proteção da Lei!

— O asserto de que o criminoso empedernido não conhece recuperação não é


dogma científico. Para honra da Humanidade, não são raros os casos em que,
incentivados por medidas penais salutares, condenados abjuraram a vida de
crimes, redimiram-se de suas faltas e retornaram à comunhão social, tornando-
se cidadãos prestantes.

— Opor-se à progressão de regime — direito que a lei assegura ao condenado


em condições de o merecer — fora mais do que obstar-lhe a reintegração social,
porque seria matar-lhe a esperança, que é o último remédio que deixou a
natureza a todos os males (Vieira, Sermões, 1682, t. II, p. 87).

–– Decisões contraditórias no seio da Justiça operam sempre como fator de insegurança dos negócios
jurídicos, em detrimento grave de seu nome e crédito.

Voto nº 11.976 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.03.054462-6


Arts. 121, “caput”, 14, nº II, 107, nº IV, 109, nº V, e 110, § 1º, do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº XXXVIII, letra c, da Const. Fed.

ApelaçÃo CRIMINAL Nº 993.03.054462-6


Comarca: Apiaí
Apelante: Sebastião Taborda dos Santos
Apelado: Ministério Público

Voto nº 11.976
RELATOR

— Máxime quando produzida perante o Magistrado, “nada traz mais certeza da autoria de um
delito do que uma confissão livre, clara, sincera, sem qualquer vício” (Hélio Tornaghi,
Curso de Processo Penal, 1980, vol. I, p. 381).

— Configura tentativa de homicídio, e não lesões corporais, o proceder de quem desfere


golpe de arma branca em região nobre do corpo da vítima, provocando-lhe ferimentos de
natureza grave, com perigo de vida (arts. 121, “caput”, e 14, nº II, do Cód. Penal).
— Decisão dos jurados não se anula, exceto se proferida contra a evidência dos autos, pois
tem por si a força do preceito constitucional da soberania dos veredictos do Júri, que lhe
82

assegura a imutabilidade (art. 5º, nº XXXVIII, letra c, da Const. Fed.). “Manifestamente


contrária à prova dos autos” é somente a decisão que neles não depara fundamento algum,
constituindo por isso formidável desvio da razão lógica e da realidade processual.

— Dado que julgam “ex informata conscientia”, não há impugnar a decisão dos jurados se
depara um mínimo de fundamento na prova; que tal decisão já não será manifestamente
contrária à prova dos autos.

— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do exemplo


desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed., p. 154).

–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de prescrição da
pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença condenatória” (Damásio E.
de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).

Voto nº 11.977 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.03.048587-5


Art. 82, da Lei nº 9.099/95;
arts. 107, nº IV, 109, nº V, e 110, § 1º, do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc Penal;
art. 14, “caput”, da Lei nº 10.826/03;
art. 10, “caput”, da Lei nº 9.437/97;
art. 5º, “caput”, da Const. Federal.

— Se a ação instaurada contra o réu não foi decidida pelo Juizado Especial Criminal, mas
pelo Juízo comum, por força que falecerá competência à Turma Recursal Criminal para
julgá-la em grau de apelação (art. 82, da Lei nº 9.099/95).
— A confissão judicial, por seu valor absoluto – visto se presume feita espontaneamente –,
basta à fundamentação do edito condenatório.
— Trazer consigo, fora de casa, arma de fogo de uso permitido, sem a autorização e em
desacordo com determinação legal ou regulamentar, configura o tipo previsto e punido pelo
art. 10, “caput”, da Lei nº 9.437/97 (atual art. 14, “caput”, da Lei nº 10.826/03).
–– Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a mira o
legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os perigos que
acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que existam controles ou regras
gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das Armas de Fogo, 1998, p. 107).
— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do exemplo
desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed., p. 154).
— Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão punitiva
estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou deliberação.

Voto nº 11.978— agravo em execução Nº 990.09.082068-3


Art. 112 da Lei de Execução Penal.
83

AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 990.09.082068-3


Comarca: TUPã
Agravante: Ministério Público
Agravado: LUIZ ANTÔNIO CEDOVIM
Voto nº 11.978
RELATOR
SORTEADO

DECLARAÇÃO DE VOTO (VENCIDO)


—“A progressão de regime de cumprimento de pena (fechado para o semiaberto) passou a ser
direito do condenado, bastando que se satisfaça a dois pressupostos: o primeiro, de
caráter objetivo, que depende do cumprimento de pelo menos 1/6 da pena; o segundo, de
caráter subjetivo, relativo ao seu bom comportamento carcerário, que deve ser atestado
pelo diretor do estabelecimento prisional” (STJ; HC nº 38.602; 5ª. Turma; rel. Min.
Arnaldo Esteves de Lima).

—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos argumentos
ou provas concludentes me convenceram do desacerto do veredictum anterior: acima do
melindre pessoal de cada um está a sacrossanta causa da Justiça” (Carlos Maximiliano,
Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 377).

— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto é,
“tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semiaberto. Somente fato
grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da recuperação,
poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.

— A concessão do benefício da progressão de regime prisional segundo os requisitos da lei


não se deve interpretar por liberalidade irresponsável da Justiça Criminal, senão por voto
sincero de que o sentenciado emende a mão e tome para o caminho do bem, de que se
desviara, a fim de que possa reintegrar-se, efetivamente, no convívio social (art. 112 da Lei
de Execução Penal).

— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à proteção da Lei!

— O argumento da pena longa não é poderoso a obstar a concessão de regime semiaberto ao


sentenciado, se já cumpriu dela a sexta parte (necessariamente longa).

Voto nº 11.979 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.03.048494-1


Art. 12, “caput”, da Lei nº 10.826/03;
arts. 107, nº IV, 109, nº V, e 110, § 1º, do Cód. Penal;
arts. 61 e 202, do Cód. Proc. Penal;
art. 10, “caput”, da Lei nº 9.437/97;
art. 5º, “caput”, da Const. Federal.
84

ApelaçÃo CRIMINAL Nº 993.03.048494-1


Comarca: Piracicaba
Apelante: David Willian Cardoso Monteiro
Apelado: Ministério Público
Voto nº 11.979
RELATOR

— A arguição de nulidade por falta de apreciação de teses da Defesa não prevalece


contra a sentença cuja conclusão se mostre com elas inconciliável. É que “a
sentença precisa ser lida como discurso lógico” (STJ; REsp nº 47.474/RS; 6a.
Turma; rel. Min. Luiz Vicente Cernicchiaro; DJU 24.10.94, p. 28.790).

–– A posse irregular de arma de fogo de uso permitido tipifica a infração do art. 12,
“caput”, da Lei nº 10.826/03 (Estatuto do Desarmamento), independentemente de
perigo concreto.

— A crítica irrogada ao testemunho policial com o intuito de desmerecê-lo constitui


solene despropósito, pois toda a pessoa pode ser testemunha (art. 202 do Cód. Proc.
Penal) e aquela que, depondo sob juramento, falta à verdade incorre nas penas da lei,
donde a inépcia do raciocínio apriorístico de que o policial vem a Juízo para mentir.

–– Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a
mira o legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os perigos
que acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que existam controles
ou regras gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das Armas de Fogo, 1998, p. 107).

— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do exemplo


desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed., p. 154).

–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de


prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).

Voto nº 11.980— agravo em execução Nº 990.09.097738-8


Arts. 105 e 112, da Lei de Execução Penal;
Súmula nº 716 do STF.
85

AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 990.09.097738-8


Comarca: AVARÉ
Agravante: MINISTÉRIO PÚBLICO
Agravado: DOUGLAS FABIANO GONÇALVES
LACERDA
Voto nº 11.980
RELATOR

— Não há que opor à decisão que, embora pendente recurso do Ministério Público, determina a
expedição de guia provisória de recolhimento a favor de réu preso, condenado a cumprir
pena sob o regime prisional fechado, pois mesmo que provido o recurso e exasperada a
pena corporal, já lhe está fixado o regime da última severidade; inexistirá, portanto, o
“periculum in mora”, o risco de fuga do sentenciado à execução da pena ou algum prejuízo
para a sociedade.

— Também os que violaram a ordem jurídica e social têm seus direitos; ainda o mais vil dos
homens não decai nunca da proteção da Lei. A presteza com que encaminha o réu para a
Vara das Execuções Criminais serve de timbre de honra do Juízo da condenação, não de
labéu (art. 105 da Lei de Execução Penal).

— Fere os princípios da Justiça e repugna à consciência jurídica submeter o réu condenado a


efeitos mais graves do que os estipulados no título executório, mesmo no caso de ter sido
interposto recurso pela Acusação.

— “Admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena ou a aplicação imediata de


regime menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado da sentença
condenatória” (Súmula nº 716 do STF)

Voto nº 11.981—Recurso em Sentido Estrito Nº 993.93.032927-6


Arts. 121, § 2º, nº IV, 29 e 69, do Cód. Penal;
arts. 408, “ caput”, e 413, do Cód. Proc. Penal.

recurso em sEntido estrito Nº 993.93.032927-6


Comarca: DIADEMA
Recorrente: JOSE COrNéLIO DA SILVA
Recorrido: MINISTÉRIO PÚBLICO
86

Voto nº 11.981
RELATOR

— Segundo a comum opinião dos doutores, para a pronúncia não é mister mais que a
prova da realidade do crime e indícios da responsabilidade do réu (art. 413 do Cód.
Proc. Penal).

–– A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo Júri o


acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc. Penal). Donde
veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença processual de
conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a acusação, para que esta
seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de Direito Processual Penal, 2a. ed.,
vol. III, p. 217; Millennium Editora).

–– As qualificadoras articuladas na denúncia apenas podem ser excluídas quando


manifesta sua inocorrência; do contrário, são os Jurados os que sobre elas se devem
pronunciar, porque matéria de sua competência.

Voto nº 11.982— agravo em execução Nº 993.09.065752-9


Arts. 105 e 112, da Lei de Execução Penal;
Súmula nº 716 do STF.

AGRAVO EM EXECUÇÃO Nº 993.09.065752-9


Comarca: SÃO PAULO
Agravante: MINISTÉRIO PÚBLICO
Agravada: ANA CRISTINA GONÇALVES

Voto nº 11.982
RELATOR

— Não há que opor à decisão que, embora pendente recurso do Ministério Público, determina
a expedição de guia provisória de recolhimento a favor de réu preso, condenado a
cumprir pena sob o regime prisional fechado, pois mesmo que provido o recurso e
exasperada a pena corporal, já lhe está fixado o regime da última severidade; inexistirá,
portanto, o “periculum in mora”, o risco de fuga do sentenciado à execução da pena ou
algum prejuízo para a sociedade.
87

— Também os que violaram a ordem jurídica e social têm seus direitos; ainda o mais vil dos
homens não decai nunca da proteção da Lei. A presteza com que encaminha o réu para a
Vara das Execuções Criminais serve de timbre de honra do Juízo da condenação, não de
labéu (art. 105 da Lei de Execução Penal).

— Fere os princípios da Justiça e repugna à consciência jurídica submeter o réu condenado a


efeitos mais graves do que os estipulados no título executório, mesmo no caso de ter sido
interposto recurso pela Acusação.

— “Admite-se a progressão de regime de cumprimento da pena ou a aplicação imediata de


regime menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado da sentença
condenatória” (Súmula nº 716 do STF).

Voto nº 11.985 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.096779-0


Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.096779-0


Comarca: ARAÇATUBA
Impetrante: Jean carlos moreira ciccotti
Paciente: O mesmo

Voto nº 11.985
RELATOR

Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal verificar ter já cessado a violência
ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de
“habeas corpus”.

–– “Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a


situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).
88

Voto nº 11.986 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.086270-0


Arts. 155, § 4º, ns. I e IV, e 14, nº II, do Cód. Penal;
art. 89 da Lei nº 9.099/95.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.086270-0


Comarca: Pirassununga
Impetrante: Dra. Carmem karine de Godoy franco
de Toledo
Paciente: Agnaldo de moraes

Voto nº 11.986
RELATOR

— O escrúpulo de restituir à sociedade, sem julgamento, aquele de seus membros que


fundamente a agravou cede ao dever que tem o Juiz de cumprir a lei e respeitar o
direito, ainda que em seu titular pese acusação grave.

—“A Justiça Criminal é sobretudo um ofício de consciência, onde importa mais o valor
da pessoa humana, a recuperação de uma vida, do que a rigidez da lógica formal”
(João Baptista Herkenhoff, Uma Porta para o Homem no Direito Criminal, 2a. ed.,
p. 2).

—“Deve o Juiz usar a lógica do jurista, que é, precisamente, a lógica do razoável e do


humano”(Goffredo Telles Junior, A Folha Dobrada, 1999, p. 162).

Voto nº 11.987— HABEAS cORPUS Nº 990.09.103581-5


Art. 155, § 4º, ns. I, II e IV, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 648, nº II, e 654, § 2º, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º da Const. Fed.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.103581-5


Comarca: carapicuíba
Impetrante: Dr. Moisés de oliveira tacconelli
89

Paciente: Carlos Eduardo de camargo

Voto nº 11.987
RELATOR

— Dos mais sagrados direitos do réu é ver-se processar, rigorosamente, nos prazos que
lhe assina a lei. Donde o haver fixado a Jurisprudência em 81 dias o prazo legal
máximo para a formação da culpa de réu preso. Esse é o marco miliário que estrema a
legalidade do arbítrio.

— Grave que lhe seja o crime e abjeto o caráter, nenhum réu decai nunca da proteção da
lei, que todos iguala (art. 5º da Const. Fed.).

— O escrúpulo de restituir à sociedade, sem julgamento, aquele de seus membros que


fundamente a agravou cede ao dever que tem o Juiz de cumprir a lei e respeitar o
direito, ainda que em seu titular pese acusação grave.

—“Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de habeas
corpus, quando no curso do processo verificarem que alguém sofre ou está na
iminência de sofrer coação ilegal” (art. 654, § 2º, do Cód. Proc. Penal).

–– Passa por iniqüidade manter preso, enquanto lhe tramita o processo, réu que poderá,
no caso de condenação, ter cumprido já a máxima parte de sua pena. Ao demais,
ninguém ignora que o cárcere é o pior lugar do mundo antes do cemitério, tendo-lhe
Dostoiévski chamado, com propriedade, a “casa dos mortos”.

Voto nº 11.988 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.093034-9


Arts. 66, nº III, alíneas b, e e f, e 197, da Lei de Execução Penal.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.093034-9


90

Comarca: Bauru
Impetrante: DR. LUCIANO CASTREQUINI BUFULIN
Paciente: Cristiano colassio da silva

Voto nº 11.988
RELATOR

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de


execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal,
apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso
deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

–– Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o escopo


de obter livramento condicional, pois se trata de matéria em que, por previsão de
lei (art. 66, nº III, alínea e, da Lei de Execução Penal), deve entender o Juízo de
Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de usurpação de suas atribuições
e violação de norma de organização judiciária do Estado.

— Ainda que instrumento processual de dignidade


constitucional, próprio a tutelar a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas
corpus” substituir o recurso ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita
a questões de alta indagação.

—“Não se conhece de habeas corpus originário quando substitui recurso ordinário não
interposto” (STF; HC nº 59.186-8; rel. Min. Décio Miranda; DJU 26.3.82, P.
2.561).

Voto nº 11.989 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.112823-6


Art. 89, § 3º, da Lei nº 9.099/95;
arts. 155, § 4º, nº I, e 14, nº II, do Cód. Penal;
art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.112823-6


Comarca: São Bernardo do campo
91

Impetrante: Dr. Gustavo augusto soares dos reis


Paciente: Renato Barbosa rocha

Voto nº 11.989
RELATOR

–– A existência de processo contra o réu, pela prática de outro crime, constitui


violação grave das condições do sursis processual e justifica-lhe a revogação, na
forma do art. 89, § 3º, da Lei nº 9.099/95.

–– A revogação do benefício, portanto, decorre da vontade expressa da lei, contra a


qual pelejará em vão o acusado.

––“A medida fica sujeita a uma condição resolutiva. Havendo causa, é revogada”
(Damásio E. de Jesus, Lei dos Juizados Especiais Criminais Anotada, 4a. ed., p.
125).

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a


liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso ordinário,
máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta indagação.

Voto nº 11.990 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.096824-1


Arts. 312 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º da Lei nº 8.072/90;
arts. 33, “caput” e 44, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.096824-1


Comarca: ARAÇATUBA
Impetrante: Dr. LINDEMBERG MELO GONÇALVES
Paciente: MARCIA REGINA PEREIRA
92

Voto nº 11.990
RELATOR

— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,


rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento, dilatando os dias
de sua permanência no cárcere.

— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o excesso


de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora decorrente da
natural complexidade da causa ou de incidentes processuais, pois não está nas mãos de
Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força maior que obstam à realização do
ato processual.

––“O habeas corpus é o instrumento tutelar da liberdade. No seu exame, o juiz não pode criar
obstáculos tais que venham a tornar letra morta a garantia constitucional” (Revista do
Superior Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 95; rel. José Dantas).

––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da culpa decorre
de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou ao Ministério Público”
(Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado na


Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão preventiva,
quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo Penal: garantia
da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei
penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.

Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a decisão
definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc.
Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do crime e indícios
suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a
condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).

— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art. 44 da Lei


nº 11.343/06).

Voto nº 11.991 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.094265-7


Arts. 71 e 109, do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal;
art. 1º , nº I, da Lei nº 8.137/90.
93

HABEAS CORPUS Nº 990.09.094265-7


Comarca: São Paulo
Impetrante: Dra. JULIANA CARLA PARISE
CARDOSO
Paciente: FLÁVIO TEIXEIRA DA COSTA
Voto nº 11.991
RELATOR

–– Conforme doutrina comum, o pedido de “habeas corpus” será instruído “com as


peças e documentos que comprovem o alegado” (José Frederico Marques, Elementos de
Direito Processual Penal, 1a. ed., vol. IV, p. 416).

––“Em qualquer fase do processo, o juiz, se reconhecer extinta a punibilidade, deverá


declará-lo de oficio” (art. 61 do Cód. Proc. Penal).

––“A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final (...), regula-se pelo máximo da
pena privativa de liberdade cominada ao crime” (art. 109 do Cód. Penal).

—“Não decorrido o necessário lapso temporal, não se reconhece a prescrição” (STJ; HC nº


9241/SP; 5a. T., rel. Min. Edson Vidigal; DJU.

Voto nº 11.992— aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.02.030038-4

Arts. 184, § 1º, 107, nº IV, 109, nº V, e 110, § 1º, do Cód. Penal;
arts. 61 e 386, nº V, do Cód. Proc. Penal.

ApelaçÃo CRIMINAL Nº 993.02.030038-4


Comarca: Santa Cruz do Rio Pardo
Apelantes: José Antonio Generoso e
Ministério Público
Apelados: os mesmos
94

Voto nº 11.992
RELATOR

— Não cabe crítica à sentença que, firme em prova oral e técnica, julga procedente
denúncia e condena, por violação de direito autoral, sujeito que, mediante fraude,
reproduz fonogramas de terceiro, sem sua expressa autorização (art. 184, § 1º, do
Cód. Penal).

—“A luta pela existência é a lei suprema de toda a criação animada; manifesta-se em
toda a criatura sob a forma de instinto da conservação” (Rudolf Ihering, A Luta
pelo Direito, 20a. ed., p. 17; trad. João Vasconcelos).

— O Juiz, ainda que se não deva apartar nunca da razão lógica, não pode recorrer só
ao processo mental dedutivo para impor condenação, nem substituir a certeza pela
mera probabilidade, mesmo quando o acusado seja indivíduo de sombria nomeada
nas expansões da delinquência.

— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do exemplo


desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed.,
p. 154).

–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de


prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).

Voto nº 11.997 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.01.078155-0

Art. 121, § 2º, nº IV, do Cód. Penal;


art. 5º, nº XXXVIII, letra c, da Const. Fed.

ApelaçÃo CRIMINAL Nº 993.01.078155-0


Comarca: São Paulo
Apelante: Ministério Público
Apelado: Marcelo Diniz
95

Voto nº 11.997
RELATOR

— Decisão dos jurados não se anula, exceto se proferida contra a evidência dos autos,
pois tem por si a força do preceito constitucional da soberania dos veredictos do
Júri, que lhe assegura a imutabilidade (art. 5º, nº XXXVIII, letra c, da Const. Fed.).
“Manifestamente contrária à prova dos autos” é somente a decisão que neles não
depara fundamento algum, constituindo por isso formidável desvio da razão lógica e
da realidade processual.

— Dado que julgam “ex informata conscientia”, não há impugnar a decisão dos
jurados se depara um mínimo de fundamento na prova; que tal decisão já não será
manifestamente contrária à prova dos autos.

––“Se existem duas versões do fato e o júri aceita uma, que não se mostra
evidentemente falsa, não é possível reconhecer que a decisão tenha sido
manifestamente contrária à prova dos autos” (Rev. Forense, vol. 167, p. 412).

Voto nº 11.998 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.06.005324-8

Art. 28, nº I, da Lei nº 11.343/06;


art. 107, nº IV, 109, nº VI, e 110, § 1º, do Cód. Penal;
art. 16 da Lei nº 6.368/76;
art. 5º, nº XL, da Const. Fed.

ApelaçÃo CRIMINAL Nº 993.06.005324-8

Comarca: São Paulo


Apelantes: Patrícia dos Santos Natividade e
Gisele Esteves de Souza
Apelado: Ministério Público
96

Voto nº 11.998
RELATOR

–– Na dúvida se o acusado é traficante ou usuário de droga, deve prevalecer a hipótese


mais favorável do art. 28 da Lei nº 11.343/06 (Lei de Drogas), em obséquio ao
princípio “in dubio pro reo”, que preside soberanamente as decisões da Justiça
Criminal.

— Para autorizar decreto condenatório basta a confissão judicial do réu. Deveras, é


axioma de Direito que “a confissão da parte releva de outra prova” (cf. Cândido
Mendes de Almeida, Auxiliar Jurídico, 1985, t. II, p. 530).

— “A melhor interpretação da lei é a que se preocupa com a solução justa, não


podendo o seu aplicador esquecer que o rigorismo na exegese dos textos legais
pode levar a injustiças” (STJ; Rev. Tribs., vol. 656, p. 188).

— Não cabe censura a decisão do Magistrado que, forte no poder discricionário


que lhe confere a lei, aplica a usuário de drogas a pena de prestação de serviços
à comunidade, em vez de advertência (art. 28, ns, I e II, da Lei de Drogas). Tal
medida não tem somente caráter retributivo, próprio de toda a pena, mas
atende ao fim precípuo de recuperar o viciado, com espertar-lhe na consciência o
sentido pleno da vida e fortalecer-lhe a vontade para que evite os malefícios das
drogas.

— Ao mesmo tempo que o afasta da ociosidade, mãe de todos os vícios, a prestação


de serviços à comunidade enseja ao usuário ou dependente de drogas as
condições de que necessita para reintegrar-se no convício social, pois trabalho é
o melhor fator de promoção humana (art. 28, nº II, da Lei de Drogas).

— A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de


prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).
97

Voto nº 12.000 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.141950-8

Arts. 161, § 1º, nº II e 288, do Cód. Penal;


arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII, e 93, nº IX, da Const. Fed.

HABEAS CORPUS Nº 990.09.141950-8


Comarca: Presidente bernardes
Impetrante Dr. Aton fon filho,
s: Dr. Leandro Lúcio Baptista
Linhares,
Dr. Roberto rainha,
Dra. Paloma Gomes e
Dra. Giane alvares Ambrósio
alvares
Paciente: José aparecido Gomes maia

Voto nº 12.000
RELATOR

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,


consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência
da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código
de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal
ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da
infração penal e veementes indícios de sua autoria.

98

Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312
do Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do
crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve
ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 23a.
ed., p. 253).

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do crime, é


insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas
tem lugar na instância ordinária, com observância da regra do contraditório.
Trancamento de ação penal por falta de justa causa unicamente se admite quando
comprovada, ao primeiro súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a
sua inocência (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).

––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não contraditória
e que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel. Min. Clóvis
Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).

—“O dia em que se não cumprirem as decisões judiciais transitadas em julgado


perecerá o direito, e com ele a liberdade, que faculta a plena realização da pessoa
humana na sociedade em que vive” (Carlos Alberto Menezes Direito, Manual do
Mandado de Segurança, 4a. ed., p. 200).

— Entre nós, tem o direito à propriedade garantia constitucional (art. 5º da Const.


Fed.). Por isso, no limiar de toda propriedade (choupana, chácara, sítio e fazenda),
haveremos de ler, sob a forma de advertência legítima, a imaginária inscrição:“Não
se vislumbra ilegalidade na decisão que indeferiu o pedido de liberdade provisória
formulado em favor do paciente, se demonstrada a necessidade da prisão,
atendendo-se aos termos do art. 312 do Cód. Proc. Penal e da jurisprudência
dominante. Justifica-se a manutenção da medida constritiva, se evidenciado que a
custódia foi baseada também na gravidade do delito praticado. Precedente.
Condições pessoais favoráveis do réu não são garantidoras de eventual direito à
liberdade provisória, se a manutenção da custódia é recomendada por outros
elementos dos autos. Ordem denegada” (STJ; HC nº 26.725; rel. Min. Gilson Dipp;
DJU 25.8.2003, p. 339).
“Aqui, sem a minha autorização, só entra o Sol e ninguém mais!”.
99

Voto nº 12.001— agravo em execução Nº 990.08.167051-8


Art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— O sentenciado que, em curso pedido de progressão de regime prisional, comete novo


crime revela inaptidão para o regime mais brando e falta de condições para merecer o
benefício (art. 112 da Lei de Execução Penal).
— Se já obteve o recorrente aquilo que faz o objeto de agravo em execução, não há
apreciar-lhe o recurso, pela falta de interesse legítimo (art. 659 do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 12.003 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.03.048562-0


Art. 10, “caput”, da Lei nº 9.437/97;
arts. 150, § 3o, no II, 107, nº IV, 109, nº V, e 110, § 1º, do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, no XI, da Const. Fed.

— O simples porte de arma de fogo sem autorização legal tipifica a infração do art. 10,
“caput”, da Lei nº 9.437/97, independentemente da existência de perigo concreto.
— Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a mira o
legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os perigos que
acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que existam controles ou regras
gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das Armas de Fogo, 1998, p. 107).
— A lição de José Duarte encerra verdade irrefutável: “o porte de arma é, sempre,
potencialmente perigoso” (Comentários à Lei das Contravenções Penais, 1944, p. 294).
— Não há falar em violação de domicílio se a entrada do agente em casa alheia foi autorizada pelo
dono, ou para o fim de efetuar prisão em flagrante (art. 150, § 3o, no II, do Cód. Penal).
— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do exemplo
desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed., p. 154).
— Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão punitiva
estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou deliberação.

Voto nº 12.004 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.107443-8


Art. 29 do Cód. Penal;
arts. 647 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
100

arts. 40, “caput”, § 1º, e 68, da Lei nº 9.605/98.

–– Sob pena de constituir violência contra o “status dignitatis” do indivíduo, a instauração de


persecução penal unicamente se admite em face de prova cabal da existência do crime e de
indícios veementes de sua autoria.
–– Comprovada a falta de justa causa, ou de fundamento razoável para a acusação, será
força obstar à persecução penal, em obséquio ao “status dignitatis” do indivíduo, que
deve estar ao abrigo de procedimentos ilegítimos e temerários.
–– Comprovada a falta de justa causa para a persecução criminal — Isto é a “inexistência de
fundamento razoável para a acusação” (José Frederico Marques, Exposição de Motivos
do Anteprojeto do Código de Processo Penal) —, merece deferida a ordem
impetrada para trancar a ação penal (art. 647 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 12.005 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.080717-2


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 312 e 316, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII, e 93, nº IX, da Const. Fed.

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado na


Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão preventiva,
quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo Penal: garantia da
ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal,
desde que comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.
–– Não há averbar de falta de fundamentação a decisão que encerra base jurídica e fática bastante a
garantir-lhe a validade. Tratando-se de roubo, crime de extrema gravidade, a necessidade e a
conveniência da decretação da custódia cautelar como que se presumem.
—“Sem que se caracterize situação de real necessidade, não se legitima a privação cautelar da
liberdade individual do indiciado ou do réu. Ausentes razões de necessidade, revela-se incabível,
ante a sua excepcionalidade, a decretação ou a subsistência da prisão preventiva (...)” (STF;
Rev. Trim. Jurisp., vol. 180, pp. 262-264; rel. Min. Celso de Mello).

Voto nº 12.006 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.138360-0


Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal


verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará
prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
101

––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a situação
jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 12.007 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.07.067492-0


Arts. 121, § 2º, ns. I e IV, 14, nº II, do Cód. Penal;
art. 593, III, d, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 5º, nº XXXVIII, letra c, da Const. Fed.

— Decisão dos jurados não se anula, exceto se proferida contra a evidência dos autos, pois
tem por si a força do preceito constitucional da soberania dos veredictos do Júri, que lhe
assegura a imutabilidade (art. 5º, nº XXXVIII, letra c, da Const. Fed.). “Manifestamente
contrária à prova dos autos” é somente a decisão que neles não depara fundamento algum,
constituindo por isso formidável desvio da razão lógica e da realidade processual.
— Dado que julgam “ex informata conscientia”, não há impugnar a decisão dos jurados se
depara um mínimo de fundamento na prova; que tal decisão já não será manifestamente
contrária à prova dos autos.
— Uma pena, para ser justa – escreveu o profundo Marquês de Beccaria —, deve ter somente
o grau de rigor que baste a afastar os homens da senda do crime. “Perchè una pena sia
giusta, non deve avere che quei soli gradi d’intensione che bastano a rimuovere gli uomini
dai delitti” (Dei Delitti e delle Pene, § XVI).
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007, atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei nº
8.072/90) no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de pena. Se o
sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se reincidente — e conspiram os
mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).

Voto nº 12.008— agravo em execução Nº 990.09.127927-7


Art. 127 da Lei de Execução Penal;
art. 126, § 3º, da Lei nº 7.210/84;
Súmula Vinculante nº 9;
art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.

— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o eloquente Cícero:
“Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em julgado. Portanto,
desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a autoridade da “res judicata”, um dos
principais dogmas em que assenta a ordem jurídica (art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.).
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm alguma coisa
de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta grave
cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).
— De presente, já não é lícito ao Juiz dar ao art. 127 da Lei de Execução Penal outra
interpretação que a literal restrita, por força da Súmula Vinculante nº 9, editada pelo
Colendo Supremo Tribunal Federal, que mandou inscrever entre os dogmas jurídicos a
102

perda, para o condenado “que for punido por falta grave”, do direito ao tempo remido pelo
trabalho.

Voto nº 12.009— agravo em execução Nº 990.09.130104-3


Arts. 126, § 3º, e 127, da Lei de Execução Penal;
Súmula Vinculante nº 9;
art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.

— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o eloquente Cícero:
“Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em julgado. Portanto,
desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a autoridade da “res judicata”,
um dos principais dogmas em que assenta a ordem jurídica (art. 5º, nº XXXVI, da Const.
Fed.).
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm alguma coisa
de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta grave
cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).
— De presente, já não é lícito ao Juiz dar ao art. 127 da Lei de Execução Penal outra
interpretação que a literal restrita, por força da Súmula Vinculante nº 9, editada pelo
Colendo Supremo Tribunal Federal, que mandou inscrever entre os dogmas jurídicos a
perda, para o condenado “que for punido por falta grave”, do direito ao tempo remido
pelo trabalho.

Voto nº 12.010 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.110267-9


Arts. 648, nº II, e 654, § 2º, do Cód. Proc. Penal;
art. 33 da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LXXVIII, da Const. Fed.

— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,


rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento, dilatando os
dias de sua permanência no cárcere.
— A Constituição da República, em cláusula imperativa, assegura a todo o acusado o
direito à “razoável duração do processo” (art. 5º, nº LXXVIII).
— O escrúpulo de restituir à sociedade, sem julgamento, aquele de seus membros que
fundamente a agravou cede ao dever que tem o Juiz de cumprir a lei e respeitar o
103

direito, ainda que em seu titular pese acusação grave.


—“Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de habeas
corpus, quando no curso do processo verificarem que alguém sofre ou está na
iminência de sofrer coação ilegal” (art. 654, § 2º, do Cód. Proc. Penal).
–– Passa por iniquidade manter preso, enquanto lhe tramita o processo, réu que poderá, no
caso de condenação, ter cumprido já a máxima parte de sua pena. Ao demais, ninguém
ignora que o cárcere é o pior lugar do mundo antes do cemitério, tendo-lhe Dostoiévski
chamado, com propriedade, a “casa dos mortos”.

Voto nº 12.011 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.083449-8


Arts. 310, parág. único, e 312, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90;
arts. 33 e 44, da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,


consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da
prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de
Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou
para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da
infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312 do
Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do crime e
indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve ter o juiz
para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art. 44
da Lei nº 11.343/06).

Voto nº 12.012 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.098457-0


Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal;
art. 83 do Cód. Penal.
104

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução


da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº
III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de
recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via
sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
–– Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o escopo de
obter progressão de regime, pois se trata de matéria em que, por previsão de lei (art.
66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve entender o Juízo de Direito da
Vara das Execuções Criminais, sob pena de usurpação de suas atribuições e violação de
norma de organização judiciária do Estado.
— O “habeas corpus” não é o meio idôneo para rever decisão final proferida “secundum
jus”.

Voto nº 12.019— aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.08.036749-3


Arts. 157, “caput”, e 65, nº III, alínea d, do Cód. Penal.

— Depõe ordinariamente contra o interesse do réu seu silêncio na quadra do inquérito policial.
Deveras, quando injusta a acusação, o inocente clama de contínuo à face do mundo, não se
retrai ao silêncio, refúgio natural dos culpados.
— A palavra da vítima é a pedra angular do edifício probatório: se em harmonia com os mais
elementos dos autos justifica a procedência da pretensão punitiva e a condenação do réu.
— Constitui violência, elementar do roubo, o soco desferido pelo agente no braço da vítima,
para intimidá-la e facilitar a subtração de seus bens.
— Diz-se consumado o roubo se o agente, ainda que por breve lapso de tempo, teve a posse
desvigiada da coisa subtraída à vítima mediante violência ou grave ameaça.
—“A simples confissão da prática de um crime não atenua a pena. (...). O que importa é o
motivo da confissão, como, por exemplo, o arrependimento sincero, demonstrando
merecer (o acusado) pena menor, com fundamento na lealdade processual” (Damásio E.
de Jesus, Código Penal Anotado, 17a. ed., p. 245).
— O regime prisional fechado é o que, em princípio, convém ao autor de roubo, por sua
natural periculosidade, como sujeito infenso à ordem legal e destituído de sentimento ético,
sobretudo se reincidente, e pela notória gravidade do crime, que intranqüiliza e comove a
população honrada.

Voto nº 12.020 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.07.007901-0


105

Art. 12 da Lei nº 6.368/76;


art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06;
art. 202 do Cód. Proc. Penal.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo a idéia de
tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— Vale o depoimento pelo grau de veracidade que encerra. Com respeito aos policiais, há decisão
histórica do Pretório Excelso: “A simples condição de policial não torna a testemunha impedida ou
suspeita” (HC nº 51.577; DJU 7.12.73, p. 9.372; apud Damásio E. de Jesus, Código de Processo
Penal Anotado, 22a. ed., p. 187).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se demonstrar, além de
toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em erro de informação. É que, na
busca da verdade real — alma e escopo do processo —, “toda pessoa poderá ser
testemunha” (art. 202 do Cód. Proc. Penal).
— Não tem direito à redução de pena do art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06 o sujeito preso em flagrante
na posse de grande quantidade de entorpecente (v.g., 1/2kg), pois tal circunstância está a
demonstrar, “per se”, que se dedicava a atividade criminosa.
— O justificado rigor, com que a Lei nº 8.072/90 tratava os crimes denominados hediondos, foi
atenuado pela Lei nº 11.464/2007, que lhe introduziu modificação no art. 2º , § 1º, para permitir a
seus autores progressão no regime prisional após o cumprimento, sob o regime fechado, de 2/5 da
pena se primário, ou 3/5, se reincidente.

Voto nº 12.021 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.03.052301-7


Arts. 121, § 2º, ns. II e IV, 132, “caput”, 14, nº II e 110, § 1º, do Cód. Penal;
arts. 490, parág. único, e 492, § 1º, do Cód. Proc. Penal;
art. 10, § 1º, nº III, da Lei nº 9.437/97;
art. 5º, nº XXXVIII, letra c, da Const. Fed.
— Por evitar contradição ou incoerência entre as respostas aos quesitos propostos aos jurados, o
presidente do Tribunal do Júri mandará proceder a outra votação, em ordem a que seja preservada
a inteireza dos atos praticados na esfera da Justiça (art. 490 do Cód. Proc. Penal).
— Decisão dos jurados não se anula, exceto se proferida contra a evidência dos autos, pois tem por si a
força do preceito constitucional da soberania dos veredictos do Júri, que lhe assegura a
imutabilidade (art. 5º, nº XXXVIII, letra c, da Const. Fed.). “Manifestamente contrária à prova
dos autos” é somente a decisão que neles não depara fundamento algum, constituindo por isso
formidável desvio da razão lógica e da realidade processual.
— Dado que julgam “ex informata conscientia”, não há impugnar a decisão dos jurados se depara um mínimo
de fundamento na prova; que tal decisão já não será manifestamente contrária à prova dos autos.
––“Se existem duas versões do fato e o júri aceita uma, que não se mostra evidentemente falsa, não é
possível reconhecer que a decisão tenha sido manifestamente contrária à prova dos autos” (Rev.
Forense, vol. 167, p. 412).
— Comete o crime do art. 132 do Cód. Penal (perigo para a vida ou saúde de outrem) o sujeito que,
não levando em paciência manobra irregular efetuada por outro motorista na via pública, dispara-lhe
no veículo tiros de arma de fogo.
— Se o réu não inculcou a intenção de matar – elemento subjetivo do tipo definido no art. 121 do
Cód. Penal –, anda acertadamente o Magistrado que lhe desclassifica a infração para outra da
competência do Juízo singular, nos termos do art. 410 (atual 492, § 1º) do Cód. Proc. Penal.
—“Tendo possibilidade de persistir na agressão, mas dela desistindo voluntariamente, não age o
acusado com animus necandi, que é requisito essencial da tentativa de homicídio” (Rev. Tribs.,
vol. 566, p. 304; rel. Onei Raphael)
— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do exemplo desaparece
106

(Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed., p. 154).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de prescrição da
pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença condenatória” (Damásio E. de
Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).

Voto nº 12.022 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.107335-0


Arts. 66, nº III, alíneas b e f, 112 e 197, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução


da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº
III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de
recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via
sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Ainda que instrumento processual de dignidade
constitucional, próprio a tutelar a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas
corpus” substituir o recurso ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita
a questões de alta indagação.
—“Não se conhece de habeas corpus originário quando substitui recurso ordinário
não interposto” (STF; HC nº 59.186-8; rel. Min. Décio Miranda; DJU 26.3.82, P.
2.561).
—“O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a
concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº 12.453-
SP; rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).
— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do
estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à outorga de
benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 12.023 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.134008-1


Arts. 66, nº III, alíneas b e f, 112 e 197, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução


da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº
III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de
recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via
sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Ainda que instrumento processual de dignidade
constitucional, próprio a tutelar a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus”
substituir o recurso ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de
alta indagação.
—“Não se conhece de habeas corpus originário quando substitui recurso ordinário não
interposto” (STF; HC nº 59.186-8; rel. Min. Décio Miranda; DJU 26.3.82, P. 2.561).
—“O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a
concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº 12.453-SP;
107

rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).


— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do
estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à outorga de
benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 12.024 — HABEAS cORPUS Nº 990.08.039930-6


Art. 83 do Cód. Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Contra o parecer de notáveis juristas, que sustentam não ser o “habeas corpus” meio
apropriado a impugnar decisão de que caiba recurso ordinário, mostra-se de bom exemplo
conhecer da impetração, porque, em tese, passa pelo remédio jurídico-processual mais
célere e eficaz para conjurar abusos e ilegalidades contra o direito à liberdade de locomoção
do indivíduo (art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.).
–– Satisfeitos os requisitos legais (art. 83 do Cód. Penal), é o livramento condicional
direito público subjetivo do condenado, que se lhe não pode negar sem grave injúria da
Lei e da Justiça.
–– O argumento da pena longa não é poderoso a obstar a concessão de livramento
condicional ao sentenciado, se já cumpriu dela a metade (necessariamente longa).
Tampouco lhe serve de empecilho à obtenção do benefício o registro de falta grave
(fuga), se, ao depois, revelou, por largo espaço de tempo, exemplar conduta carcerária e
notável dedicação ao trabalho, sinais inequívocos de sua redenção.

Voto nº 12.025 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.03.048582-4


Art. 14, “caput”, da Lei nº 10.826/03;
arts. 107, nº IV, 109, nº V e 110, § 1º, do Cód. Penal;
arts. 61, 202 e 386, nº IV, do Cód. Proc. Penal;
art. 10, § 4º, da Lei nº 9.437/97;
art. 5º, “caput”, e 144, da Const. Fed.

— Trazer consigo, fora de casa, arma de fogo de uso permitido, sem a autorização e em
desacordo com a determinação legal ou regulamentar, configura o tipo previsto e punido
pelo art. 10, “caput”, da Lei nº 9.437/97 (atual art. 14, “caput”, da Lei nº 10.826/03).
— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do exemplo
desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed., p. 154).
— Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão punitiva
estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou deliberação.

Voto nº 12.026 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.03.048527-1


108

Art. 14, “caput”, da Lei nº 10.826/03;


arts. 65, nº III, alínea d, 107, nº IV, 109, nº V, e 110, § 1º, do Cód. Penal;
arts. 61 e 202, do Cód. Proc. Penal;
art. 10, “caput”, da Lei nº 9.437/97;
art. 5º, “caput”, da Const. Federal.

— Trazer consigo, fora de casa, arma de fogo de uso permitido, sem a autorização e em
desacordo com a determinação legal ou regulamentar, configura o tipo previsto e punido
pelo art. 10, “caput”, da Lei nº 9.437/97 (atual art. 14, “caput”, da Lei nº 10.826/03).
— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do exemplo
desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed., p. 154).
— Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão punitiva
estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou deliberação.

Voto nº 12.027 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 990.09.111691-2


Arts. 121, § 2º, ns. I e IV, e 29, “caput”, do Cód. Penal;
arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90;
arts. 5º, nº LVII, e 93, nº IX, da Const. Fed.

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,


consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência
da prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código
de Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal
ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da
infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312
do Cód. Proc. Penal : “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do
crime e indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve ter
o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do crime, é insuscetível
de exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na
instância ordinária, com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação
penal por falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I,
do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não contraditória e
que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel. Min. Clóvis
Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
— Inimigo potencial da ordem jurídica e da sociedade, o autor de homicídio
qualificado não merece recobrar a liberdade primeiro que dê estritas contas à
Justiça, ao termo do devido processo legal.
— Por expressa disposição legal, não tem direito a liberdade provisória o acusado de (homicídio
109

qualificado), crime do número dos “hediondos” (art. 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90).

Voto nº 12.029 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.03.048460-7


Art. 155, § 4º, nº I, do Cód. Penal;
art. 386, nº VII, do Cód. Proc. Penal;
art. 36 do Cód. Criminal do Império do Brasil.

— É de notável circunspecção o parecer do Ministério Público (“senhor da ação


penal”) que, à conta da fragilidade da prova reunida no processado, propõe a
absolvição do réu, pois unicamente na certeza deve assentar o decreto condenatório
(art. 386, nº VII, do Cód. Proc. Penal).
— “Nenhuma presunção, por mais veemente que seja, dará motivo para imposição de
pena” (art. 36 do Código Criminal do Império do Brasil).

Voto nº 12.031 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.136257-3


Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.

— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência do


condenado em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto aguarda vaga
no semi-aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem superior invencível, tal
situação no entanto cai na esfera da previsão humana: todo o infrator sabe que,
delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada em grau menor ou maior.
— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de iludir o rigor
da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que há mais tempo
aguardam a efetivação da transferência para o estágio intermediário, além de fazer injúria
à própria sociedade, que tem o direito de exigir do infrator a reparação, em forma de pena
retributiva, do dano que lhe causou com o seu crime.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução da
pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº III,
alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o
reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do
“habeas corpus”.

Voto nº 12.032 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.113690-5


Art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
arts. 33 e 40, nº III, da Lei nº 11.343/06;
Súmula nº 52 do STJ.

— Como lhe compete presidir às audiências e prover à instrução dos processos, não será
decerto o Juiz um conviva de pedra ou um espectador inerte. Fatos existem, no entanto,
110

que lhe excedem a jurisdição; denomina-os a tradição jurídica motivos de força maior, a
cujo número pertence a necessidade de expedição de carta precatória para o interrogatório
do réu, termo essencial do processo e franca oportunidade de obtenção de prova,
imprescindível à busca da verdade real.
— Ainda que exaspere a sorte do preso, tal fato não caracteriza constrangimento ilegítimo por
excesso de prazo no encerramento da instrução criminal, uma vez que nem sempre o
pode o Juiz dispensar ou prevenir. Eis a razão por que, no caso de força maior, dispõe a lei
que “não correrão os prazos” (art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o excesso
de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora na inquirição de
testemunhas por precatória, que tem o caráter de força maior, motivo de suspensão do
curso dos prazos (art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal).
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por excesso
de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).]
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art. 33 da Lei
nº 11.343/06).
—“Não há maior tormento no mundo que o esperar” (Vieira, Sermões,
1959, t. V, p. 210).

Voto nº 12.033 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.104527-6


Art. 157, § 2º, ns. I, II e V, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 312, 321, 323 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII, e 93, nº IX, da Const. Fed.

–– Matéria de alta indagação, como a que entende com o elemento moral do crime (dolo), é
insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas cabe
na instância ordinária, com observância da regra do contraditório (art. 648, nº I, do Cód.
Proc. Penal).
— HABEAS CORPUS – Pedido de liberdade provisória –
Roubo praticado mediante concurso de agentes – Necessidade da custódia cautelar –
Ordem denegada.
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva (cf. art.
310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o autor de
roubo incide na cláusula restritiva; pelo que, não tem jus ao benefício.
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado
na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão
preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo
Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar
a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e
veementes indícios de sua autoria.
–– Não há averbar de falta de fundamentação a decisão que encerra base jurídica e fática
111

bastante a garantir-lhe a validade. Tratando-se de roubo, crime de extrema gravidade, a


necessidade e a conveniência da decretação da custódia cautelar como que se presumem.

Voto nº 12.040 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.03.048532-8


Art. 14, “caput”, da Lei nº 10.826/03;
arts. 107, nº IV, 109, nº V, e 110, § 1º, do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal;
art. 10, § 4º, da Lei nº 9.437/97;
arts. 6º, II, e 14, da Lei 10.826/03;
arts. 1º, § 2º, III, e 35, do Dec. 5.123/04;
arts. 5º, “caput”, e 144, da Const. Fed.

— Trazer consigo, fora de casa, arma de fogo de uso permitido, sem a autorização e em
desacordo com a determinação legal ou regulamentar, configura o tipo previsto e punido pelo
art. 10, “caput”, da Lei nº 9.437/97 (atual art. 14, “caput”, da Lei nº 10.826/03).
–– Ao cominar pena àquele que, sem licença da autoridade, traz arma consigo, pôs a
mira o legislador em “evitar a posse indiscriminada de armas de fogo e os perigos
que acompanham a admissão de uma sociedade armada sem que existam controles
ou regras gerais estabelecidas” (Luiz Flávio Gomes, Lei das Armas de Fogo,
1998, p. 107).
— Ainda que tenha autorização permanente para a posse e uso de arma de fogo
(“imunidade funcional”), ao policial militar é defeso adquiri-la sem permissão da
autoridade, aliás incorrerá nas penas da lei (art. 10, “caput”, da Lei nº 9.473/97).
— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do exemplo
desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed., p.
154).

Voto nº 12.041 — REvisão cRIMINAL Nº 993.05.065063-4


Art. 121, § 2º, nº IV, do Cód. Penal;
art. 621, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 5º, nº LV, da Cons. Fed.

— É de bom exemplo ensejar ao sentenciado ocasião para trazer à luz pública, sempre que o
deseje, razões e argumentos em prol de sua inocência, ou que lhe sirvam a atenuar o
castigo. Pede-o a tradição do Direito, que incluiu entre os seus mais caros postulados o da
amplitude da defesa (art. 5º, nº LV, da Const. Fed.).
— Não incorre na tacha de contrária à evidência e, portanto, não autoriza revisão criminal, a
sentença condenatória que se apóia em alguma prova dos autos (art. 621, nº I, do Cód.
Proc. Penal).
—“Tem-se por improcedente a revisão criminal, quando não ocorre a alegada contradição entre a
sentença e a evidência dos autos” (Rev. Forense, vol. 166, p. 317).
— A Lei nº 11.464/07 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/90), no que
respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de pena. Se o sentenciado
primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se reincidente — e
conspiram todos os requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).
112

— O autor de homicídio qualificado (art. 121, § 2º, nº IV, do Cód. Penal), crime do número
dos hediondos, deve cumprir sua pena sob o regime fechado, no início (art. 2º, § 1º, da Lei
nº 8.072/90).

Voto nº 12.047— agravo em execução Nº 990.08.179532-9


Art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 157, § 2º, nº II, do Cód. Penal.

— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal , isto é,
“tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime aberto. Somente fato
grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da recuperação,
poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.
— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal —
não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode ser
realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do crime que
cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o Magistrado com a
prudência e o arbítrio do bom varão.
— Dois requisitos exige a lei para a progressão de regime: lapso temporal e mérito do
condenado; presentes que sejam, compete ao Juiz despachar de boa sombra a pretensão,
uma vez não pode recusar-se a praticar os atos de seu ministério.
— Não vá esquecer ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à
proteção da Lei!
— O asserto de que o criminoso empedernido não conhece recuperação não é dogma
científico. Para honra da Humanidade, não são raros os casos em que, incentivados por
medidas penais salutares, condenados abjuraram a vida de crimes, redimiram-se de
suas faltas e retornaram à comunhão social, tornando-se cidadãos prestantes.
— Opor-se à progressão de regime — direito que a lei assegura ao condenado em condições
de o merecer — fora mais do que obstar-lhe a reintegração social, porque seria matar-lhe a
esperança, que é o último remédio que deixou a natureza a todos os males (Vieira,
Sermões, 1682, t. II, p. 87).

Voto nº 12.048— agravo em execução Nº 990.09.121692-5


Art. 112 da Lei de Execução Penal.

— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal —
não aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode ser
realizado se as circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do crime que
cometeu o aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o Magistrado com a
prudência e o arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal, isto é,
“tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semiaberto. Somente
113

fato grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da


recuperação, poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.
— A concessão do benefício da progressão de regime prisional segundo os requisitos da
lei não se deve interpretar por liberalidade irresponsável da Justiça Criminal, senão por
voto sincero de que o sentenciado emende a mão e tome para o caminho do bem, de que
se desviara, a fim de que possa reintegrar-se, efetivamente, no convívio social (art. 112
da Lei de Execução Penal).
— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à proteção
da Lei!

Voto nº 12.049— agravo em execução Nº 990.09.120660-1


Art. 50 da Lei de Execução Penal;
Dec. Presidencial nº 6.294/07.

–– Uma vez conspirem todos os requisitos legais para sua concessão, denegar ao sentenciado
o benefício da comutação de penas fora o mesmo que frustrar, em seu espírito e forma, o
Decreto do Presidente da República e, sobre isso, mentir ao ideal de justiça.
— Ao condenado que satisfaz o requisito objetivo (lapso temporal) é bem se conceda
comutação de pena. Pequenas deficiências de cunho íntimo ou subjetivo, que acaso
apresente, deve supri-las o Juiz com o espírito mesmo que preside à outorga do
benefício do indulto: o nobre e generoso sentimento de compreensão humana, com
que, pelo Natal, o chefe de Estado sói amercear-se de todo o encarcerado, “o mais
pobre de todos os pobres”, na pungente expressão de Carnelutti (As Misérias do
Processo Penal, 1995, p. 21; trad. José Antonio Cardinalli).
— Quando claro, o texto legal escusa interpretação e, sobretudo, desautoriza aquela que
prejudicar o condenado: “In dubio pro libertate. Libertas omnibus rebus favorabilior
est. Na dúvida, pela liberdade! Em todos os assuntos e circunstâncias, é a liberdade
que merece maior favor” (apud Carlos Maximiliano, Hermenêutica e Aplicação do
Direito, 16a. ed., p. 261).

Voto nº 12.050— agravo em execução Nº 990.09.123629-2


Arts. 126, § 3º e 127, da Lei nº 7.210/84;
Súmula Vinculante nº 9;
art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.

— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o eloquente Cícero:
“Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em julgado. Portanto,
desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a autoridade da “res judicata”, um
dos principais dogmas em que assenta a ordem jurídica (art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.).
114

— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm alguma coisa
de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta grave
cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).
— De presente, já não é lícito ao Juiz dar ao art. 127 da Lei de Execução Penal outra interpretação
que a literal restrita, por força da Súmula Vinculante nº 9, editada pelo Colendo Supremo
Tribunal Federal, que mandou inscrever entre os dogmas jurídicos a perda, para o condenado
“que for punido por falta grave”, do direito ao tempo remido pelo trabalho.

Voto nº 12.051— agravo em execução Nº 990.09.052045-0


Art. 112 da Lei de Execução Penal.

— “O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a


concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº 12.453-SP;
rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).
— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da
disciplina do estabelecimento penal para poder, no tempo
oportuno, credenciar-se à outorga de benefícios (art. 112 da Lei de
Execução Penal).

Voto nº 12.052— agravo em execução Nº 990.09.084003-0


Arts. 39, ns. II e V, 44, 50, nº VI e 112, da Lei de Execução Penal.

— O art. 50, nº VI, da Lei de Execução Penal, com ser norma penal em branco, permite a
inclusão de novas modalidades infracionais, v.g., a utilização de telefone celular por
preso, no interior da cadeia. Fator e ocasião de quebra da disciplina carcerária – visto
que, ao alcance de integrantes de organizações criminosas, o telefone celular serve a
fomentar rebeliões nos presídios, com risco da segurança pública e da ordem social –, a
proibição de seu uso, estabelecida pela Resolução nº 113/2003, da Secretaria da
Administração Penitenciária, é ao mesmo tempo útil e necessária. Sua inobservância
implica, sem dúvida, falta disciplinar grave, sujeita ao rigor da lei (art. 50, nº VI, e 39,
ns. II e V, da Lei de Execução Penal).
— Com a promulgação da Lei nº 11.466, de 28.3.2007, a posse de telefone celular no
interior de estabelecimento penal — já proibida pela Resolução nº 113/2003 da SAP —,
passou a integrar, às expressas, o rol das faltas graves enumeradas no art. 50 da Lei de
Execução Penal: “tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de
rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com ambiente
externo” (nº VII).
— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do estabelecimento
penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à outorga de benefícios (art. 112
da Lei de Execução Penal).

Voto nº 12.055 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.117820-9


Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução da pena
115

são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e
“f”, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do
ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
–– Não é o “habeas corpus” via legal idônea para apressar decisões nem apreciar pedido de
progressão de regime prisional, por implicar análise detida de requisitos objetivos e subjetivos,
reservada à competência do Juízo da execução (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução
Penal).

Voto nº 12.056 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.062309-8


Art. 659 do Cód. Proc. Penal.
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal
verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará
prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a situação
jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente Cernicchiaro; j.
18.12.96).

Voto nº 12.057 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.113866-5


Arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90;
arts. 33 e 44, da Lei nº 11.343/06;
art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o elemento moral do
crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo;
apenas tem lugar na instância ordinária, com observância da regra do contraditório. Trancamento
de ação penal por falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do Cód.
Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não contraditória e que não deixa
alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado na
Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão preventiva, quando
conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem pública,
conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a decisão definitiva
de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal: “A prisão
preventiva exige prova bastante da existência do crime e indícios suficientes de autoria. Não é
necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf. Código de
Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art. 44 da Lei nº
11.343/06).
— A tese do crime putativo (ou flagrante preparado), em que o autor “é apenas o protagonista
inconsciente de uma comédia” (cf. Nélson Hungria, Comentários ao Código Penal, 1978, vol. I, t. II, p.
107), não tem lugar nem prevalece nos casos de tráfico, porque a posse pretérita de substância
116

entorpecente para consumo de terceiro já aperfeiçoa o tipo do art. 12 da Lei nº 6.368/76.

Voto nº 12.058 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.138445-3


Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 52, X, da Const. Fed.
–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a
inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos), é o
art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao pedido de progressão de
regime do condenado por crime hediondo cometido antes da promulgação da Lei nº 11.464,
de 28.3.07, pois, segundo princípio basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não
pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores intérpretes, “é
auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para suspender a sua execução
(CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs., vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os condenados por
crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para efeito de progressão, caem sob
o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal: cumprimento de 1/6 da pena e bom
comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes hediondos
e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº 11.464, em 29 de março de
2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a.
Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito que é a fonte
da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos argumentos ou
provas concludentes me convenceram do desacerto do veredictum anterior: acima do
melindre pessoal de cada um está a sacrossanta causa da Justiça” (Carlos Maximiliano,
Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 377).

Voto nº 12.059 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.03.063770-5


Arts. 214, “caput”, 224, alínea a, e 226, nº II, do Cód. Penal;
arts. 1º, nº VI, 2º, § 1º, e 9º, da Lei nº 8.072/90;
Súmula nº 9 do STJ.
— A exigência de prisão provisória para apelar não ofende a garantia constitucional da
presunção de inocência (Súmula nº 9 do STJ).
—Tem a palavra da vítima importância capital nos crimes contra a liberdade sexual. Se
ajustada ao conjunto probatório dos autos, enseja condenação: ao cabo de contas, ninguém
se reputa mais apto a discorrer das circunstâncias e autoria do crime que a pessoa que lhe
padeceu diretamente os agravos físicos e morais (art. 214 do Cód. Penal).
—“(...) relativamente aos crimes de estupro e atentado violento ao pudor em qualquer das
hipóteses referidas no art. 224 do Cód. Penal, o aumento de pena previsto no art. 9º da Lei
nº 8.072/90 somente tem incidência se do fato resultar lesão corporal grave ou morte (art.
223 e parág. único do Cód. Penal)” (STJ, HC nº 36.828-RJ; rel. Min. Hélio Quaglia
Barbosa; DJU 13.2.2006, p. 849; m.v.).
— O autor de atentado violento ao pudor (art. 214 do Cód. Penal), crime
da classe dos hediondos, deve cumprir sua pena “inicialmente em regime fechado”,
por força do preceito do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.
117

— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei nº
8.072/90), no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de pena. Se o
sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se reincidente — e conspiram
os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).

Voto nº 12.063 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.142613-0


Art. 69 do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 648, nº II, e 654, § 2º do Cód. Proc. Penal;
arts. 12 e 15 da Lei nº 10.826/03;
art. 5º da Const. Fed.
— Dos mais sagrados direitos do réu é ver-se processar, rigorosamente, nos prazos que lhe
assina a lei. Donde o haver fixado a Jurisprudência em 81 dias o prazo legal máximo para a
formação da culpa de réu preso. Esse é o marco miliário que estrema a legalidade do
arbítrio.
— Grave que lhe seja o crime e abjeto o caráter, nenhum réu decai nunca da proteção da lei,
que todos iguala (art. 5º da Const. Fed.).
— O escrúpulo de restituir à sociedade, sem julgamento, aquele de seus membros que
fundamente a agravou cede ao dever que tem o Juiz de cumprir a lei e respeitar o direito,
ainda que em seu titular pese acusação grave.
—“Os juízes e os tribunais têm competência para expedir de ofício ordem de habeas corpus,
quando no curso do processo verificarem que alguém sofre ou está na iminência de sofrer
coação ilegal” (art. 654, § 2º, do Cód. Proc. Penal).
–– Passa por iniquidade manter preso, enquanto lhe tramita o processo, réu que poderá, no caso
de condenação, ter cumprido já a máxima parte de sua pena. Ao demais, ninguém ignora
que o cárcere é o pior lugar do mundo antes do cemitério, tendo-lhe Dostoiévski chamado,
com propriedade, a “casa dos mortos”.

Voto nº 12.064 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.142816-7


Arts. 157, § 2º, ns. I, II e V, e 288, parág. único, e 69, do Cód. Penal;
arts. 312, 648, nº I, e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o elemento
moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa unicamente se admite
quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou
a sua inocência (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não contraditória e que
não deixe alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel. Min. Clóvis Ramalhete;
DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado na
Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão preventiva,
quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo Penal: garantia
da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei
penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
118

rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem


preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento, dilatando os dias
de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o excesso
de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora decorrente da
natural complexidade da causa ou de incidentes processuais, pois não está nas mãos de
Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força maior que obstam à realização do
ato processual.
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da culpa decorre
de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou ao Ministério Público”
(Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).

Voto nº 12.065 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.135331-0


Arts. 29,“caput”, 33, “caput”, e 44, da Lei nº 11.343/06;
art. 2º da Lei nº 8.072/90;
art. 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal.

— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,


rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento, dilatando os
dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o
excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da natural complexidade da causa ou de incidentes processuais, pois não está
nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força maior que obstam à
realização do ato processual.
––“O habeas corpus é o instrumento tutelar da liberdade. No seu exame, o juiz não pode
criar obstáculos tais que venham a tornar letra morta a garantia constitucional”
(Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 95; rel. José Dantas).
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da culpa
decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou ao
Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art. 44 da
Lei nº 11.343/06).

Voto nº 12.066 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.153255-0


Arts. 214 e 71, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, e 312, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado


na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão
preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo
Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar
119

a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e


veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a decisão
definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc.
Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do crime e indícios
suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a
condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de
requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva (cf. art.
310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o autor de
atentado violento ao pudor incide na cláusula restritiva; pelo que não tem jus ao
benefício.

Voto nº 12.067 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.129173-0


Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal;
art. 83 do Cód. Penal;
art. 15 do Decreto nº 47.236/02.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução da


pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº III,
alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso,
cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita
do “habeas corpus”.
–– Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o escopo de
obter progressão de regime, pois se trata de matéria em que, por previsão de lei ( art.
66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal ), deve entender o Juízo de Direito da
Vara das Execuções Criminais, sob pena de usurpação de suas atribuições e violação de
norma de organização judiciária do Estado.
— O “habeas corpus” não é o instrumento adequando à obtenção de transferência de
presídio, que se deve pleitear perante o Juízo da execução de pena.

Voto nº 12.068 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.05.068630-2


Art. 157, § 2º, ns. I, II e V, do Cód. Penal;
Súmula nº 231 do STJ.

—“A palavra da vítima é a viga mestra da estrutura probatória, e a sua acusação, firme e
segura, em consonância com as demais provas, autoriza a condenação” (Rev. Tribs.,
vol. 750, p. 682).
—“A incidência da circunstância atenuante não pode conduzir à redução da pena abaixo
do mínimo legal” (Súmula nº 231 do STJ).
— O regime prisional fechado, no início, é o que melhor responde à natureza do roubo,
crime gravíssimo, e à personalidade de quem o pratica, infensa à disciplina social e
120

orientada para a delinquência violenta.

Voto nº 12.069 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.032728-6


Arts. 310, parág. único e 312, do Cód. Proc. Penal;
arts. 33 e 35 da Lei nº 11.343/06;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

— A concessão de liberdade provisória ao réu preso a lei subordina à satisfação de


requisito indeclinável: inocorrência de motivo que autorize a prisão preventiva (cf. art.
310, parág. único, do Cód. Proc. Penal). Ora, por sua periculosidade, o autor de
roubo incide na cláusula restritiva; pelo que, não tem jus ao benefício.
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado
na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão
preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo
Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar
a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e
veementes indícios de sua autoria.
–– Não há averbar de falta de fundamentação a decisão que encerra base jurídica e fática
bastante a garantir-lhe a validade. Tratando-se de roubo, crime de extrema gravidade, a
necessidade e a conveniência da decretação da custódia cautelar como que se presumem.

Voto nº 12.072 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 990.08.025071-0


Arts. 3º, 202 e 392, nº I, do Cód. Proc. Penal;
arts. 158 e 501, do Cód. Proc. Civil;
art. 12 da Lei nº 6.368/76;
art. 33, “caput”, § 4º, da Lei nº 11.343/06.
— Reza o art. 501 do Cód. Proc. Civil (aplicável ao processo penal por força do preceito do
art. 3º do Cód. Proc. Penal) que “o recorrente poderá, a qualquer tempo, sem a
anuência do recorrido ou dos litisconsortes, desistir do recurso”; pelo que, negócio
jurídico unilateral, não há que opor ao pedido de desistência de recurso de apelação,
subscrito pela parte e seu advogado.
— A apreensão de grande quantidade de tóxico em poder do acusado argúi para logo a idéia de
tráfico (art. 12 da Lei nº 6.368/76).
— A inidoneidade das testemunhas não se presume; ao argüente impõe-se demonstrar, além
de toda a controvérsia, que faltaram à verdade ou caíram em erro de informação. É que, na
busca da verdade real — alma e escopo do processo —, “toda pessoa poderá ser
testemunha” (art. 202 do Cód. Proc. Penal).
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007 atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei nº
8.072/90) no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de pena. Se o
sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se reincidente — e conspiram os
mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).

Voto nº 12.075 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.07.076587-9


Arts. 148, § 2º, 157, § 2º, ns. I, II, IV e V, 288, parág. único, e 70, do Cód. Penal;
arts. 226, 386, ns. III, IV, V e VI, do Cód. Proc. Penal.
— Nisto de reconhecimento, o ponto está em que seja seguro. O exagerado apego ao rito
121

preconizado pelo art. 226 do Cód. Proc. Penal constitui, muita vez, culto ao “frívolo
curialismo”, que o sábio Francisco Campos mandava proscrever, de férula em punho (cf.
Exposição de Motivos do Código de Processo Penal, nº XVII).
— A confissão judicial do réu tem valor absoluto como meio de prova; pela presunção de sua
autenticidade, pode autorizar a edição de decreto condenatório.
— Particular importância têm as palavras da vítima, nos casos de roubo.
Sujeito principalíssimo do evento delituoso, suas palavras unicamente serão
desacreditadas, quando se demonstrar, por modo inequívoco e pleno, que as contaminou
erro ou malícia, uma vez se presume o seu interesse de incriminar apenas aquele que lhe
infligiu o mal injusto e grave.
—“No sequestro, desde que a privação da liberdade de locomoção constitua meio ou elemento
de outro crime, perde o sequestro a sua autonomia e é absorvido por este crime” (Rev.
Tribs., vol. 491, p. 275; rel. Hoeppner Dutra).
—“Associar-se quer dizer reunir-se, aliar-se ou congregar-se estável ou permanentemente,
para a consecução de um fim comum. À quadrilha ou bando — art. 288 do Cód. Penal —
pode ser dada a seguinte definição: reunião estável ou permanente (que não significa
perpétua), para o fim de perpetração de uma indeterminada série de crimes. A nota de
estabilidade ou permanência da aliança é essencial” (Nélson Hungria, Comentários ao
Código Penal, 1958, vol. IV, pp. 177-178).
—“Responde por roubos em concurso formal o sujeito que, num só contexto de
fato, pratica violência ou grave ameaça contra várias pessoas, produzindo multiplicidade
de violações possessórias” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 591).
— O regime fechado, no início, é o que unicamente se aproposita ao autor de roubo (crime da
última graveza e abjeção), que argui em quem o pratica entranhada rebeldia à disciplina
social.

Voto nº 12.076 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.08.137359-9


Arts. 157, “caput”, 33, alínea c, 59, 65, nº III, alínea d, e 67, do Cód. Penal;
arts. 149, 222 e 563, do Cód. Proc. Penal;
Súmula nº 269 do STJ.
–– Nos casos que com prudente arbítrio considere excepcionais, pode o Magistrado, olhando
pela segurança pública e pelos altos interesses da Justiça, adotar cautelas especiais na prática
dos atos de seu ofício. Este é o espírito da Lei nº 11.900, de 8.1.2009, que deu nova redação
ao art. 222 do Cód. Proc. Penal, cujo § 3º reza: a inquirição de “testemunha poderá ser
realizada por meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e
imagens em tempo real (...)”.
— Andaria mal-avisado o Juiz que, de plano, levantasse mão das engenhosas conquistas
tecnológicas, sob color de que poderiam, em tese, contrariar interesses particulares, esquecido
de que lhes sobreleva sempre o interesse comum. Ao demais, é de varão acreditado pelo saber
e virtudes viver de acordo com o seu tempo!
— A confissão, máxime a prestada em Juízo, vale como prova do fato e de sua autoria, se não
ilidida por elementos de convicção firmes e idôneos. Donde a antiga parêmia: “A confissão
judicial é das melhores provas; quem confessa, contra si profere a sentença” (apud
Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar Jurídico, 1985, t. II, p. 530).
— A palavra da vítima é a pedra angular do edifício probatório: se em
harmonia com os mais elementos dos autos justifica a procedência da pretensão punitiva
e a condenação do réu.
122

— Diz-se consumado o roubo se o agente, ainda que por breve lapso de tempo, teve
a posse desvigiada da coisa subtraída à vítima mediante violência ou
grave ameaça.
— Forma de humanização do Direito Penal, por afastar o exagero punitivo, nada obsta se
compense a nota de reincidência com a circunstância atenuante obrigatória da
confissão espontânea do réu (art. 65, nº III, alínea d, do Cód. Penal).
—“É admissível a adoção de regime prisional semiaberto aos reincidentes condenados a
pena igual ou inferior a 4 (quatro) anos se favoráveis as circunstâncias judiciais”
(Súmula nº 269 do STJ).

Voto nº 12.077 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.136281-6


Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal;
art. 659 do Cód. Proc. Penal.
— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência do condenado
em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto aguarda vaga no semi-
aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem superior invencível, tal situação no entanto
cai na esfera da previsão humana: todo o infrator sabe que, delinqüindo, sua liberdade poderá
ser coartada em grau menor ou maior.
— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de iludir o rigor da
espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que há mais tempo aguardam a
efetivação da transferência para o estágio intermediário, além de fazer injúria à própria
sociedade, que tem o direito de exigir do infrator a reparação, em forma de pena retributiva,
do dano que lhe causou com o seu crime.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução da pena são
da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei
de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali
decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o Tribunal
verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o paciente, lhe julgará
prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a situação jurídica
reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 12.078 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.111831-1


Art. 129, § 9º, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, e 312, do Cód. Proc. Penal;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência,


consagrado na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da
prisão cautelar, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de
Processo Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para
assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração
penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312 do
123

Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do crime e
indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve ter o juiz
para a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 23a. ed., p. 253).

Voto nº 12.079— aPELAçÃO cRIMINAL Nº 990.08.121836-4


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.

–– Exceto na hipótese de necessidade cautelar, não é de bom exemplo (nem talvez legítimo)
condicionar o recebimento do recurso ao prévio recolhimento do réu à prisão: “O
princípio do duplo grau de jurisdição atribui ao réu o direito de ver a sentença
condenatória submetida à apreciação do tribunal, independentemente da condição do
recolhimento à prisão” (Damásio E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a.
ed., p. 473).
—“Sem que se caracterize situação de real necessidade, não se legitima a privação
cautelar da liberdade individual do indiciado ou do réu. Ausentes razões de
necessidade, revela-se incabível, ante a sua excepcionalidade, a decretação ou a
subsistência da prisão preventiva (...)” (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 180, pp. 262-264;
rel. Min. Celso de Mello).
— Embora direito do réu manter-se calado (art. 5º, nº LXIII, da Const. Fed.), ordena a
razão natural que todo o indivíduo se defenda com bravura de injusta acusação; em
silêncio e indiferente, quando argüido de crime, só permanece o que foi achado em
culpa.
— Pedra angular do edifício probatório, a palavra da vítima, nos crimes violentos contra o
patrimônio, é fonte valiosíssima de convicção e, se em harmonia com os mais elementos
dos autos, pode justificar a condenação do réu (art. 157 do Cód. Penal).
— Constitui a majorante do inc. I do § 2º do art. 157 do Cód. Penal a ameaça com
arma desmuniciada, se a vítima o ignorava, porque instrumento apto a intimidá-la
e, pois, render-lhe o ânimo.
— Ao autor de roubo, crime grave entre os que mais o sejam, não convém senão o
regime prisional fechado. É a própria natureza da infração penal que o exige e a
notável deformação de sua personalidade, inconciliável com regime diverso de
cumprimento de pena.

Voto nº 12.080 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 990.08.154260-9


Art. 155, § 4º, nº I, do Cód. Penal.
— Está acima de crítica a decisão que condena por abigeato o indivíduo detido na posse de
gado vacum, logo reconhecido pela vítima por sua marca de domínio (art. 155, § 4º, nº I,
do Cód. Penal).
— A apreensão das “res furtivae” em poder do réu, sem que o justifique pronta e
satisfatoriamente, firma a certeza de sua culpabilidade, máxime se em harmonia com o
conjunto probatório.
—“Quando grosseiramente inverossímil, a defesa do réu é mais um indício de sua
124

culpabilidade” (Nélson Hungria, in Jurisprudência, vol. 13, p. 236).


—“A palavra da vítima é a viga mestra da estrutura probatória, e a sua acusação, firme e
segura, em consonância com as demais provas, autoriza a condenação” (Rev. Tribs., vol.
750, p. 682).

Voto nº 12.081—Recurso em Sentido Estrito Nº 990.09.111538-0


Art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, Const. Fed.
— Nos Tribunais predomina hoje a inteligência de que, se ausentes os requisitos que lhe
justificam a decretação da prisão preventiva, tem o réu o direito de defender-se em
liberdade (art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal).
— Todo ato criminoso é passível de repúdio, mas cumpre atender também ao preceito do art.
5º, nº LVII, da Const. Fed.: “Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado
de sentença penal condenatória”.
— Não há “perder de vista a presunção de inocência, comum a todos os réus, enquanto não
liquidada a prova e reconhecido o delito” (Rui, Oração aos Moços, 1a. ed., p. 42).
—“Sem que se caracterize situação de real necessidade, não se legitima a privação cautelar
da liberdade individual do indiciado ou do réu. Ausentes razões de necessidade, revela-se
incabível, ante a sua excepcionalidade, a decretação ou a subsistência da prisão
preventiva (...)” (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 180, pp. 262-264.

Voto nº 12.082 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.07.022817-2


Arts. 155, “caput”, 14, nº II, 107, nº IV, 109, nº VI, e 110, § 1º, do Cód. Penal;
arts. 61 e 156, do Cód. Proc. Penal.

—“A palavra da vítima é a viga mestra da estrutura probatória, e a sua acusação, firme e segura,
em consonância com as demais provas, autoriza a condenação” (Rev. Tribs., vol. 750, p. 682).
— O regime prisional fechado, no início, é o que melhor responde à natureza do roubo, crime
gravíssimo, e à personalidade de quem o pratica, infensa à disciplina social e orientada para
a delinquência violenta.
— Aquele que invoca álibi (ou “negativa loci”) deve prová-lo à saciedade, sob pena de
confissão do crime que lhe é imputado (art. 156 do Cód. Proc. Penal).
— Ainda que singular o testemunho do fato, serve à fundamentação de decreto condenatório
se em harmonia com os mais elementos de convicção do processo.
— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do exemplo
desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed., p. 154).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de prescrição da
pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença condenatória” (Damásio E.
de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão punitiva
estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou deliberação.

Voto nº 12.083 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.08.024537-1


125

Art. 157, “caput”, do Cód. Penal;


art. 202 do Cód. Proc. Penal.

— Depõe ordinariamente contra o interesse do réu seu silêncio na quadra do inquérito


policial. Deveras, quando injusta a acusação, o inocente clama de contínuo à
face do mundo, não se retrai ao silêncio, refúgio natural dos culpados.
— A palavra da vítima é a pedra angular do edifício probatório: se em
harmonia com os mais elementos dos autos justifica a procedência da pretensão
punitiva e a condenação do réu.
— A crítica irrogada ao testemunho policial com o intuito de desmerecê-lo constitui
solene despropósito, pois toda a pessoa pode ser testemunha (art. 202 do Cód. Proc.
Penal) e aquela que, depondo sob juramento, falta à verdade incorre nas penas da lei,
donde a inépcia do raciocínio apriorístico de que o policial vem a Juízo para mentir.
— Diz-se consumado o roubo se o agente, ainda que por breve lapso de tempo,
teve a posse desvigiada da coisa subtraída à vítima mediante
violência ou grave ameaça.
— O regime prisional fechado é o que, em princípio, convém ao autor de roubo, por sua
natural periculosidade, como sujeito infenso à ordem legal e destituído de sentimento
ético, sobretudo se reincidente, e pela notória gravidade do crime, que intranqüiliza e
comove a população honrada.

Voto nº 12.084 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.089592-6


Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o


Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a
situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 12.085 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.142891-4


Art. 121, § 2º, nº I, do Cód. Penal;
art. 413, § 3º, do Cód. Proc. Penal;
Súmula nº 21, do STJ.

— Não tem direito de aguardar solto seu julgame nto pelo Tribunal do Júri o réu que,
pronunciado como incurso nas penas do art. 121 do Cód. Penal , não comprovou
possuir mérito pessoal que lhe justificasse a outorga do benefício (art. 413, § 3º, do
Cód. Proc. Penal).
—“Pronunciado o réu, fica superada a alegação de constrangimento ilegal da prisão
por excesso de prazo na instrução” (Súmula nº 21, do STJ).
—“Não há maior tormento no mundo que o esperar” (Antônio Vieira, Sermões, 1959,
t. V, p. 210).
126

Voto nº 12.086 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.144209-7


Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.
— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a liberdade
do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso ordinário, máxime quando
a “causa petendi” respeita a questões de alta indagação.
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução da
pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº III,
alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso,
cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e
estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 12.087—Recurso em Sentido Estrito Nº 990.09.065408-2


Art. 168, § 1º, nº III, do Cód. Penal;
art. 43, nº III, do Cód. Proc. Penal.
— Superior a toda crítica é a decisão que, por falta de justa causa para a ação penal — porque
indemonstrada, mesmo por indícios, a existência do fato imputado ao réu —, rejeita a
denúncia (art. 43, nº III, do Cód. Proc. Penal).
—“A inexistência da fumaça do bom direito para a instauração da
persecutio criminis in judicio obriga à rejeição da denúncia” (Damásio
E. de Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 63).
—“Para o exercício regular da ação penal pública ou privada, indispensável o requisito da
justa causa, expressa em suporte mínimo da prova da imputação. O simples relato do fato,
sem qualquer elemento que indique sua provável ocorrência, inviabiliza o recebimento da
queixa-crime ou da denúncia” (Rev. Tribs., vol. 674, p. 341; rel. Min. José Cândido);

Voto nº 12.088 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.094917-1


Arts. 121, § 2º, ns. I e IV, 310, parág. único, 14, nº II, e 69, do Cód. Penal;
art. 312 do Cód. Proc. Penal;
Súmula nº 21 do STJ;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado na
Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão preventiva, quando
conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo Penal: garantia da ordem
pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal, desde que
comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a decisão
definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc. Penal:
“A prisão preventiva exige prova bastante da existência do crime e indícios suficientes de
autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a condenação do réu” (cf.
127

Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).


— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz), primariedade, bons antecedentes, prova de
ocupação lícita e de residência no foro da culpa não valem a autorizar a concessão de liberdade
provisória (art. 310, parág. único, do Cód. Penal) àquele que, acusado de crime grave – como
é o homicídio –, tem contra si a presunção de periculosidade.
— A custódia cautelar, nesse caso, representa não só garantia do processo, mas inexorável medida
política de prevenção da criminalidade e de defesa da ordem social, meta primeira do Estado e
aspiração permanente da Justiça.
—“Pronunciado o réu, fica superada a alegação de constrangimento ilegal da prisão por excesso
de prazo na instrução” (Súmula nº 21, do STJ).

Voto nº 12.089 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.129364-4


Arts. 155, § 4º, ns. I e IV, 180, “caput”, 297, 304, 307, 14, nº II, 70 e 69, do Cód.
Penal;
arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

— Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o
elemento moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas
corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com
observância da regra do contraditório. Trancamento de ação penal por falta de
justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro súbito de vista,
a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I, do Cód.
Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não contraditória
e que não deixe alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel. Min. Clóvis
Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção d e inocência,
consagrado na Const. da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da
prisão preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Cód Proc.
Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para
assegurar a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da
infração penal e veementes indícios de sua autoria.

Voto nº 12.090 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.102345-0


Arts. 148, 159, § 1º, 288, parág. único, 299 e 316, do Cód. Penal;
arts. 83, 514 e 563, do Cód. Proc. Penal;
Súmula nº 330 do STJ.

—“É desnecessária a resposta preliminar de que trata o art. 514 do Código de Processo
Penal, na ação instruída por inquérito policial” (Súmula nº 330 do STJ).
—“Nenhum ato será declarado nulo, se da nulidade não resultar
prejuízo para a acusação ou para a defesa (art. 563 do Cód. Proc. Penal).
128

—“Verificar-se-á a competência por prevenção toda vez que, concorrendo dois ou


mais juízes igualmente competente ou com jurisdição cumulativa, um deles tiver
antecedido aos outros na prática de algum ato do processo (..)” (art. 83 do
Cód.Proc. Penal).
—“O projeto não deixa respiradouro para o frívolo curialismo, que se
compraz em espiolhar nulidades. É consagrado o princípio geral de que
nenhuma nulidade ocorre se não há prejuízo para a acusação ou a defesa”
(Francisco Campos, Exposição de Motivos do Código de Processo Penal, nº
XVII).

Voto nº 12.091 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.148881-0


Arts. 157, § 2º, ns. I e II, 180 e 14, nº II, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
Súmula nº 52 do STJ.

— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,


rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento, dilatando os
dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o
excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da natural complexidade da causa ou de incidentes processuais, pois não está
nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força maior que obstam à
realização do ato processual.
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da culpa
decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou ao Ministério
Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz),
primariedade, bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da
culpa não valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág.
único, do Cód. Proc. Penal) àquele que, acusado de crime grave — como é o roubo —,
tem contra si a presunção de periculosidade.
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por
excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).

Voto nº 12.092 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.100646-7


Arts. 155, “ caput”, 14, nº I e 71, do Cód. Penal;
art. 310, parág. único, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII e LXVIII, da Const. Fed.
129

— De presente, por força do princípio da presunção de inocência (art. 5º, nº LVII, da


Const. Fed.), prevalece nos Tribunais o entendimento de que a prisão cautelar somente
se legitima se determinada por inelutável necessidade e conveniência de ordem pública.
Necessidade é a razão que se funda na gravidade extrema do crime e na periculosidade
do agente, circunstâncias que o obrigam a segregar-se da comunhão social.
–– Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não sustente
em indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois, quer-se
revogada. Nesse número merecem contados os casos de encarceramento de réu,
quando ausentes os requisitos da decretação da prisão preventiva (art. 310, parág.
único, do Cód. Proc. Penal).
—“Liberdade provisória. Embora preso em flagrante por crime inafiançável, pode o
réu ser libertado provisoriamente, desde que inocorram razões para sua prisão
preventiva” (TJSP; Rev.Tribs., vol. 523, p. 376; apud Damásio E. de Jesus,
Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 246).
—“Sem que se caracterize situação de real necessidade, não se legitima a privação
cautelar da liberdade individual do indiciado ou do réu. Ausentes razões de
necessidade, revela-se incabível, ante a sua excepcionalidade, a decretação ou a
subsistência da prisão preventiva (...)” (STF; Rev. Trim. Jurisp., vol. 180, pp. 262-264;
rel. Min. Celso de Mello).

Voto nº 12.093 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.07.070251-6


Arts. 157, § 2º, ns. I, II e III, 33, § 2º, alínea b, e 59, do Cód. Penal;
Súmula nº 719 do STJ.
—“A palavra da vítima é a viga mestra da estrutura probatória, e a sua acusação, firme e
segura, em consonância com as demais provas, autoriza a condenação” (Rev. Tribs.,
vol. 750, p. 682).
— Não repugna à Lei conceda o Magistrado o benefício do regime semiaberto ao condenado não-
reincidente, cuja pena não exceda a 8 anos (cf. art. 33, § 2º, alínea b, do Cód. Penal);
—“A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permite exige
motivação idônea” (Súmula nº 719 do STJ).

Voto nº 12.094 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.03.051757-2


Arts. 304, 107, nº IV, 109, nº V, e 110, § 1º, do Cód. Penal;
arts. 61 e 381, do Cód. Proc. Penal.
— Decisão que, em operação lógica do espírito, deduz de vigoroso contingente probatório a
culpabilidade do agente, e aplica-lhe pena segundo a lei, não tolera a nota de mal
fundamentada, antes será padrão muito para imitar (art. 381 do Cód. Proc. Penal).
— Incorre nas penas do art. 304 do Cód. Penal aquele que usa documento falso por
verdadeiro.
—“Se a carteira (de habilitação para dirigir veículos) é falsa, o crime do art. 304 do Cód. Penal se
configura, ainda que a exibição do documento decorra de exigência da autoridade policial”
(STJ; REsp nº 63.370-SP; rel. Min. Assis Toledo; DJU 17.6.96, p. 21.507).
— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do exemplo
desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed., p. 154).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de prescrição da
130

pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença condenatória” (Damásio E.
de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão punitiva
estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou deliberação.

Voto nº 12.095—Recurso em Sentido Estrito Nº 990.09.034556-0


Arts. 121, § 2º, nº I, e 14, nº II, do Cód. Penal;
art. 413, “caput”, do Cód. Proc. Penal.
–– A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo Júri o
acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 413 do Cód. Proc. Penal). Donde
veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença processual de
conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a acusação, para que esta
seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de Direito Processual Penal, 2a. ed.,
vol. III, p. 217; Millennium Editora).
— Segundo a comum opinião dos doutores, para a pronúncia não é mister mais que a prova
da realidade do crime e indícios da responsabilidade do réu (art. 413 do Cód. Proc. Penal).
–– Salvo se manifesta sua inocorrência, não é de bom exemplo afastar, desde logo, na fase da
pronúncia, as qualificadoras do homicídio; ao Tribunal do Júri, como a seu Juiz natural, é
que, em princípio, cabe apreciá-lo (art. 121, § 2º, nº I, e art. 14, nº II, do Cód. Penal).
—“Na dúvida razoável sobre o não-reconhecimento das circunstâncias elementares,
preferível será deixar para o Tribunal do Júri a decisão sobre a matéria, porque é este,
por força de mandamento constitucional, o juiz natural da lide” (José Frederico
Marques, Elementos de Direito Processual Penal, 1a. ed., vol. III, p. 200).

Voto nº 12.096— agravo em execução Nº 990.09.061117-0


Arts. 38 e 112, da Lei de Execução Penal.

—“A fuga do preso é um fato antijurídico por ser uma violação do dever expresso no art. 38
da Lei de Execução Penal. A principal obrigação legal, fundamental mesmo, inerente ao
estado do condenado a pena privativa de liberdade, é justamente a de se submeter o preso
a ela, ou seja, a não procurar furtar-se à pena pela fuga ou evasão” (Julio Fabrini
Mirabete, Execução Penal, 11a. ed., p. 113).
—“O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a
concessão do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº 12.453-SP;
rel. Min. Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).
— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina
do estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se
à outorga de benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).
— Faltas disciplinares e mau procedimento carcerário do sentenciado
arguem-lhe demérito, que obsta à sua progressão de regime prisional
(art. 112 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 12.097— agravo em execução Nº 990.09.061972-4


Art. 112 da Lei de Execução Penal.
131

— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal — não
aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode ser realizado se as
circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do crime que cometeu o
aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o Magistrado com a prudência e o
arbítrio do bom varão.
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal , isto é,
“tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semiaberto. Somente fato
grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da recuperação,
poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.
— A concessão do benefício da progressão de regime prisional segundo os requisitos da lei
não se deve interpretar por liberalidade irresponsável da Justiça Criminal, senão por voto
sincero de que o sentenciado emende a mão e tome para o caminho do bem, de que se
desviara, a fim de que possa reintegrar-se, efetivamente, no convívio social (art. 112 da Lei
de Execução Penal).
— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à proteção da
Lei!

Voto nº 12.098 — ecurso DEr oFÍCIO Nº 990.09.099189-5


Art. 155, § 4º, do Cód. Penal;
arts. 743 e 746, do Cód. Proc. Penal.

— Enquanto em vigor o art. 746 do Cód. Proc. Penal, da decisão que conceder reabilitação
criminal caberá recurso de ofício.
—“É preciso que a Justiça seja solícita em ouvir o seu reclamo (do ex-presidiário), dando
o primeiro testemunho de que tem ele direito à reintegração social. Não se pode admitir
que marcas de Caim o persigam até o túmulo” (João Baptista Herkenhoff, Uma Porta
para o Homem no Direito Criminal, 2a. ed., p. 196).

Voto nº 12.099— agravo em execução Nº 990.09.101348-0


Arts. 126, § 3º e 127, da Lei nº 7.210/84;
Súmula Vinculante nº 9 do STF;
art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.

— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o eloquente Cícero:
“Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em julgado. Portanto,
desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a autoridade da “res judicata”,
um dos principais dogmas em que assenta a ordem jurídica (art. 5º, nº XXXVI, da Const.
Fed.).
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm alguma coisa
de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta grave
cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).
132

— De presente, já não é lícito ao Juiz dar ao art. 127 da Lei de Execução Penal outra
interpretação que a literal restrita, por força da Súmula Vinculante nº 9, editada pelo
Colendo Supremo Tribunal Federal, que mandou inscrever entre os dogmas jurídicos a
perda, para o condenado “que for punido por falta grave”, do direito ao tempo remido
pelo trabalho.

Voto nº 12.100— agravo em execução Nº 990.09.109854-0


Arts. 5º ao 9º, e 112, da Lei de Execução Penal;
arts. 157, § 3º, 33, § 2º e 81, parag. único , do Cód. Penal.

–– Porque o homem perfeito é uma ficção, o critério para a aferição dos requisitos legais de
ordem subjetiva para a progressão de regime prisional do sentenciado será, em linha de
princípio, aquele adotado pela equipe técnica: terá jus à mudança de regime o
condenado que revelar positivas condições de readaptação ao convívio social (art. 112
da Lei de Execução Penal).
–– A ausência de periculosidade e a aplicação do sentenciado à laborterapia são
elementos decisivos para a concessão do benefício: uma previne a sociedade contra os
efeitos da delinquência; outra (o trabalho) representa o principal fator de promoção
humana.
— A Lei nº 10.792/2003 (que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal )
não revogou o Código Penal; destarte, nos casos de pedido de benefício em que seja
mister aferir mérito, poderá o juiz determinar a realização de exame criminológico
no sentenciado, se autor de crime doloso cometido mediante violência ou grave
ameaça, pela presunção de periculosidade (art. 83, parág. único, do Cód. Penal).
— No alto dizer de Francisco Campos, o juiz “não fica subordinado a nenhum critério
apriorístico no apurar, através delas (“ scilicet ”, das provas dos autos), a verdade
material. O juiz criminal é, assim, restituído à sua própria consciência. Nunca é
demais, porém, advertir que livre convencimento não quer dizer puro capricho de
opinião ou mero arbítrio na apreciação das provas” (Exposição de Motivos do
Código de Processo Penal, nº VII).

Voto nº 12.101 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.008858-3


Art. 157, § 3º, do Cód. Penal;
arts. 393, nº I, 563, 594 e 647, do Cód. Proc. Penal.

— Condição fundamental da concessão da ordem de


“habeas corpus”, a liquidez e certeza do direito alegado pelo paciente devem estar
comprovadas nos autos (art. 647 do Cód. Proc. Penal).
— Ainda que instrumento processual de dignidade
constitucional, próprio a tutelar a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus”
133

substituir o recurso ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de


alta indagação.
––“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
–– Nulidade de ato processual somente se declara em face de prova plena e incontroversa
de prejuízo às partes, ou se “houver influído na apuração da verdade substancial ou
na decisão da causa” (arts. 563 e 566 do Cód. Proc. Penal).
–– Se a Justiça o não reputou digno do benefício da liberdade, quando ainda contava ser
absolvido, com mais forte razão carecerá o acusado de requisito subjetivo depois de
condenado, quando a presunção de inocência terá cedido à de sua culpabilidade.
–– Segundo entendimento pacífico do STF, a disposição do art. 594 do Cód. Proc. Penal
não se aplica a réu preso em razão de flagrante ou preventiva (cf. Damásio E. de
Jesus, Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 474).
—A exigência de prisão provisória para apelar não ofende a garantia constitucional
da presunção de inocência (Súmula nº 9 do STJ).

Voto nº 12.102—Recurso em Sentido Estrito Nº 990.09.051946-0


Arts. 121, § 2º, ns. I e IV, 155, § 4º, nº IV, e 14, nº II, do Cód. Penal;
arts. 408 e 413, “caput”, do Cód. Proc. Penal.

— Segundo a comum opinião dos doutores, para a pronúncia não é mister mais que a
prova da realidade do crime e indícios da responsabilidade do réu ( art. 413 do Cód.
Proc. Penal).
–– A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo Júri o
acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc. Penal). Donde
veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença processual de
conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a acusação, para que esta
seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de Direito Processual Penal, 2a. ed.,
vol. III, p. 217; Millennium Editora).
–– As qualificadoras articuladas na denúncia apenas podem ser excluídas quando
manifesta sua inocorrência; do contrário, são os Jurados os que sobre elas se devem
pronunciar, porque matéria de sua competência.

Voto nº 12.103—Recurso em Sentido Estrito Nº 990.09.079914-5


Arts. 157, § 2º, nº I, 33, § 2º, alínea b, e 65, nº III, alínea d, do Cód. Penal;
arts. 392, nº I, 593, nº I, e 654, § 2º, do Cód. Proc. Penal;
134

Súmula nº 719 do STF.

— Não cabe censura à decisão que inadmite, por intempestiva,


apelação da Defesa. Como em tudo o mais nas relações jurídicas,
prevalece aqui o adágio “dormientibus non succurrit jus” (art. 593,
nº I, do Cód. Proc. Penal).
— Ainda que praxe mui salutar saber do réu se deseja recorrer da
sentença condenatória — e, em caso afirmativo, tomar-lhe por
termo a declaração da vontade —, não é nula a certidão que
apenas menciona tê-lo o oficial de justiça “intimado do inteiro teor
da sentença condenatória”, que mais não pede a lei. Além de que,
a intimação da sentença ao réu não dispensa a de seu advogado, e
este se presume saberá sempre que fazer em prol do assistido (art.
392 do Cód. Proc. Penal).
—“Todo processo é fonte de angústias, tanto para o Juiz, como para as
partes. Uma das coisas mais angustiantes num processo são os
prazos” (Eliézer Rosa, Novo Dicionário de Processo Civil, 1986, p.
214).
—“Vencido o prazo de interposição do recurso, cria-se, quase sempre,
uma preclusão absoluta no tocante às decisões interlocutórias, e a
suma preclusão (ou coisa julgada formal), relativamente às
sentenças definitivas” (José Frederico Marques, Elementos de
Direito Processual Penal, 1a. ed., vol. IV, p. 203).
—“A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena
aplicada permitir exige motivação idônea” (Súmula nº 719 do STF).

Voto nº 12.104 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.128542-0


Arts. 66, nº III, alínea b, e 118, nº I, da Lei de Execução Penal;
arts. 155, § 4º, nº I, 14, nº II, e 83, do Cód. Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Ainda que instrumento processual de dignidade


constitucional, próprio a tutelar a liberdade do indivíduo, não pode o
“habeas corpus” substituir o recurso ordinário, máxime quando a
“causa petendi” respeita a questões de alta indagação.
—“Não se conhece de habeas corpus originário quando substitui recurso ordinário não
interposto” (STF; HC nº 59.186-8; rel. Min. Décio Miranda; DJU 26.3.82, P. 2.561).
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução
da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº
III, alínea “b”, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso,
cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e
estreita do “habeas corpus”.
— A execução da pena privativa de liberdade ficará sujeita à forma regressiva, quando o
condenado “praticar fato definido como crime doloso ou falta grave” (art. 118, nº I,
da Lei de Execução Penal).
135

Voto nº 12.105 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.147035-0


Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.

— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência do


condenado em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto aguarda vaga
no semi-aberto. Ditada por força maior ou razão de ordem superior invencível, tal
situação no entanto cai na esfera da previsão humana: todo o infrator sabe que,
delinqüindo, sua liberdade poderá ser coartada em grau menor ou maior.
— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de iludir o rigor
da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que há mais tempo
aguardam a efetivação da transferência para o estágio intermediário, além de fazer injúria
à própria sociedade, que tem o direito de exigir do infrator a reparação, em forma de pena
retributiva, do dano que lhe causou com o seu crime.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução da
pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº III,
alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o
reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do
“habeas corpus”.

Voto nº 12.106 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.107789-5


Art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Dispõe o art. 659 do Cód. Proc. Penal que, se o


Tribunal verificar ter já cessado a violência ou coação ilegal de que se queixa o
paciente, lhe julgará prejudicado o pedido de “habeas corpus”.
––“Julga-se o habeas corpus prejudicado quando o impetrante obtém, durante a ação, a
situação jurídica reclamada” (STJ; HC nº 1.623/2; 6a. Turma; rel. Min. Vicente
Cernicchiaro; j. 18.12.96).

Voto nº 12.108 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.146314-0


Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução


da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº
III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de
136

recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via
sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
–– Não é o “habeas corpus” via legal idônea para apressar decisões nem apreciar pedido de
progressão de regime prisional, por implicar análise detida de requisitos objetivos e
subjetivos, reservada à competência do Juízo da execução (art. 66, nº III, alínea b, da Lei
de Execução Penal).

Voto nº 12.109 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.150758-0


Arts. 66, nº III, alínea b, 117, nº I, e 197, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Ainda que instrumento processual de


dignidade constitucional, próprio a tutelar a liberdade do indivíduo,
não pode o “habeas corpus” substituir o recurso ordinário,
máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
—“Não se conhece de habeas corpus originário quando substitui recurso ordinário não
interposto” (STF; HC nº 59.186-8; rel. Min. Décio Miranda; DJU 26.3.82, P. 2.561).
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução
da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº
III, alínea b , da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso,
cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e
estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o escopo de
obter progressão ao regime semiaberto, pois se trata de matéria em que, por previsão
de lei (art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve entender o Juízo de
Direito da Vara das Execuções Criminais, sob pena de usurpação de suas atribuições e
violação de norma de organização judiciária do Estado.

Voto nº 12.110 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.03.000035-9


Arts. 107, nº IV, 109, nº V, e 110, § 1º, e 70, do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal;
art. 302 do Cód. Trânsito.

— Obra com extraordinária imprudência o motorista que, trafegando com seu veículo em
alta velocidade e sem as cautelas usuais, perde-lhe o controle e, após invadir a pista de
rolamento de rodovia de duplo sentido de direção, colide-o com outro, provocando a
morte de seus ocupantes (art. 302 do Cód. Trânsito).
— Na teoria da culpa tem validade perene a definição do insigne
Carrara: “É a voluntária omissão de diligência no calcular as consequências
possíveis e previsíveis do próprio fato” (apud Costa e Silva, Comentários ao Código
137

Penal, 1967, p. 94).


– A pena, segundo Garófalo, é o remédio para a falta de adaptação do réu (apud
Fernando Nery, Lições de Direito Criminal, 1933, p. 355). A punição do infrator,
portanto, não é outra coisa que a legítima reação da ordem social contra o crime.
— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do exemplo
desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed., p. 154).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou deliberação.

Voto nº 12.111— aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.03.048470-4


Arts. 155, § 4º, ns. I e IV, e 29, do Cód. Penal;
art. 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal;
art. 36 do Cód. Criminal do Império.

— Se o réu nega veemente a imputação de larápio, que assenta em declarações vagas e


imprecisas, tem a Justiça de respeitar-lhe o direito de inculcar-se inocente.
— No processo penal, unicamente a certeza é base legítima de condenação. Dúvida, que não
significa outra coisa que falta de prova da acusação, deve interpretar-se em favor do réu:
“In dubio pro reo”.
— O farol que deve orientar o Juiz na decisão da causa são as provas dos autos. Se elas não
indicam com segurança a culpa do réu, será força pronunciar o “non liquet” e absolvê-lo.
—“Nenhuma presunção, por mais veemente que seja, dará motivo para imposição de pena”
(art. 36 do Código Criminal do Império).
— Mais que meras conjecturas acerca da culpabilidade do acusado, são necessárias, para sua
condenação, provas tão claras como a luz meridiana: “probationes luce meridiana
clariores” (cf. Giovanni Brichetti, L’Evidenza nel Diritto Processuale Penale, 1950, p.
111).

Voto nº 12.112 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.06.019035-0


Arts. 157, § 2º, ns. I, II e III, 33, § 2º, alínea b, e 59, do Cód. Penal;
Súmula nº 719 do STF;
art. 5º, nº LXIII da Const. Federal.

— Repugna à razão isto de alguém aguardar, com resignação de Jó, o momento do


interrogatório judicial, para só então lavrar seu eloquente protesto de inocência. O que
prefere o silêncio — aliás, direito que a Constituição da República assegura a todo o
acusado (art. 5º, nº LXIII) — é certo que não confessa a autoria do delito, mas também
não a nega.
138

— Postergar a autodefesa é risco tão grande, que somente correm aqueles que, bem cientes de
sua culpa, nada ou pouco se lhes dá que a própria liberdade se deite a perder. O homem
inocente e que se acha em seu acordo e razão, esse não espera pela undécima hora: apenas
o acusem injustamente, logo se defende com todo o vigor de sua palavra. Donde o haverem
os romanos cunhado a sentenciúncula: “qui tacet, consentire videtur” (o que, vertido em
vulgar, soa: quem cala, consente).
— Palavra de vítima, não há desprezá-la em princípio. Deveras, quem mais abalizado para
discorrer de um fato senão aquele que lhe foi o protagonista? Exceto na hipótese (mui rara)
de mentira ou erro, suas declarações bastam a acreditar um termo de condenação.
— O aumento de 3/8 pela incidência de duas qualificadoras do roubo não se mostra
desarrazoado, pois tem por si copiosa jurisprudência dos Tribunais: se duas as
qualificadoras, “o aumento deverá ficar entre o mínimo e o máximo estipulado, ou seja, em
2/5” (Rev. Tribs., vol. 734, p. 673; rel. Denser de Sá).
— Não há proibição legal de o Juiz conceder regime semi-aberto a condenado não-
reincidente a pena inferior a 8 anos (art. 33, § 2º, alínea “b”, do Cód. Penal); a
concessão de tal benefício unicamente é defesa ao réu condenado a pena que
exceda a 8 anos (não importando se primário), ou ao reincidente, cuja pena seja superior a 4
anos.

Voto nº 12.113 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.07.102053-2


Arts. 140, 107, nº IV, 109, nº VI, e 110, § 1º, do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal.

— Quando as palavras são, de si mesmas, injuriosas, presume-se a intenção de ofender


(“cum verba sunt per se injuriosa, animus injuriandi praesumitur”).
— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do exemplo
desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed., p. 154).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de prescrição da
pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença condenatória” (Damásio E.
de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).

Voto nº 12.114 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.06.056579-6


Arts. 157, § 2º, ns. I e II, 159, “caput”, e 69 do Cód. Penal;
Súmula nº 231 do STJ.

—“A flagrância é talvez a mais eloquente prova da autoria de um crime” (Hélio


Tornaghi, Curso de Processo Penal, 1980, vol. II, p. 33).
— A palavra da vítima é a pedra angular do edifício probatório: se em harmonia com os
mais elementos dos autos justifica a procedência da pretensão punitiva e a condenação
do réu.
—“No sequestro, desde que a privação da liberdade de locomoção constitua meio ou
elemento de outro crime, perde o sequestro a sua autonomia e é absorvido por este
crime” (Rev. Tribs., vol. 491, p. 275; rel. Hoeppner Dutra).
139

Voto nº 12.116 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.02.017769-8


Arts. 159, § 1º, 288, parág. único, do Cód. Penal;
art. 600, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
arts. 1º, ns. V e VI, 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90.

— Isto de não haver a Defesa apresentado suas razões não obsta ao conhecimento da
apelação; o ponto está em que tenha sido o patrono do réu regularmente intimado a
fazê-lo (art. 600 do Cód. Proc. Penal).
— Conforme iterativa jurisprudência dos Tribunais, a palavra da vítima, se ajustada aos
mais elementos do processo, justifica decreto condenatório.
—“A palavra da vítima é a viga mestra da estrutura probatória, e a sua acusação, firme e
segura, em consonância com as demais provas, autoriza a condenação” (Rev. Tribs., vol.
750, p. 682).
— É superior a toda crítica a decisão que, firme em prova oral idônea, decreta a
condenação do réu.
— A Lei nº 11.464, de 28.3.2007, atenuou o rigor da Lei dos Crimes Hediondos (Lei nº
8.072/90) no que respeita à progressão no regime prisional de cumprimento de pena. Se o
sentenciado primário tiver dela descontado já 2/5 — ou 3/5, se reincidente — e
conspiram os mais requisitos legais, faz jus ao benefício (art. 2º, § 2º).

Voto nº 12.117 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.07.029768-9


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
art. 386, nº VI, do Cód. Proc. Penal.
— Vítima que incrimina categoricamente autor de roubo, oferece base necessária ao decreto
condenatório, desde que em harmonia com a prova dos autos. A razão é que, havendo com
ele mantido contacto direto, passa pela pessoa mais apta a reconhecê-lo.
—“A palavra da vítima é a viga mestra da estrutura probatória, e a sua acusação, firme e segura, em
consonância com as demais provas, autoriza a condenação” (Rev. Tribs., vol. 750, p. 682).
— O regime prisional fechado, no início, é o que melhor responde à natureza do roubo, crime
gravíssimo, e à personalidade de quem o pratica, infensa à disciplina social e orientada para
a delinquência violenta.

Voto nº 12.118 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.03.064992-4


Arts. 297, “caput”, 304, 307, 107, nº IV, 109, nº V, e 110, § 1º, do Cód. Penal;
arts. 61 e 600, § 4º, do Cód. Proc. Penal.
— É axioma de Direito que “a confissão da parte releva de outra prova” (cf.
Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar Jurídico, 1985, 6 t. II, p. 530).
—“Sujeito que apresenta como próprio documento falso de identidade alheia
responde pelo delito do art. 304 e não do art. 307 do Código Penal” (cf.
Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 945).
— Até à mentira tem o réu licença de recorrer, como meio de defesa; não lhe é
140

lícito, entretanto, atribuir-se falsa identidade, que isto a lei define e pune
como crime (art. 307 do Cód. Penal).
— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do
exemplo desaparece (Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal
Brasileiro, 8a. ed., p. 154).
— Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da
pretensão punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto
de exame ou deliberação.

Voto nº 12.119 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.146569-0


Arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
arts. 33 e 44, da Lei nº 11.343/06;
art. 2º da Lei nº 8.072/90;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o elemento
moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa unicamente se admite
quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a
sua inocência (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado na
Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão preventiva,
quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo Penal: garantia da
ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal,
desde que comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.
––“O habeas corpus é o instrumento tutelar da liberdade. No seu exame, o juiz não pode criar
obstáculos tais que venham a tornar letra morta a garantia constitucional” (Revista do
Superior Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 95; rel. José Dantas).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art. 44 da Lei
nº 11.343/06).

Voto nº 12.120 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.137511-0


Arts. 112 e 197, da Lei de Execução Penal;
art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal.

— Ainda que instrumento processual de dignidade


constitucional, próprio a tutelar a liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus”
substituir o recurso ordinário, máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de
alta indagação.
—“Não se conhece de habeas corpus originário quando substitui recurso ordinário não
interposto” (STF; HC nº 59.186-8; rel. Min. Décio Miranda; DJU 26.3.82, p. 2.561).
—“O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a concessão
do benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº 12.453-SP; rel. Min.
Gilson Dipp; j. 6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).
— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina
do estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se
141

à outorga de benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 12.121 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.172771-7


Arts. 121, “caput”, e 29, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, e 312, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.

— À luz da nova ordem constitucional instaurada no País, a regra geral é que se defenda o réu
em liberdade. Consectário do princípio do estado de inocência (art. 5º, nº LVII, da
Const. Fed.), só por exceção deve o acusado responder preso ao processo.
–– Conforme a comum opinião dos doutores, toda prisão cautelar, que se não sustente em
indeclinável necessidade, passa por abusiva e ilegítima e, pois, quer-se revogada. Nesse
número merecem contados os casos de encarceramento de réu, quando ausentes os
requisitos da decretação da prisão preventiva (art. 310, parág. único, do Cód. Proc.
Penal).

Voto nº 12.122— agravo em execução Nº 990.09.069374-6


Arts. 126, § 3º, e 127, da Lei de Execução Penal;
Súmula Vinculante nº 9 do STF;
art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.

— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o eloquente Cícero:
“Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em julgado. Portanto,
desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a autoridade da “res judicata”,
um dos principais dogmas em que assenta a ordem jurídica (art. 5º, nº XXXVI, da Const.
Fed.).
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm alguma coisa
de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta grave
cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).
— De presente, já não é lícito ao Juiz dar ao art. 127 da Lei de Execução Penal outra
interpretação que a literal restrita, por força da Súmula Vinculante nº 9, editada pelo
Colendo Supremo Tribunal Federal, que mandou inscrever entre os dogmas jurídicos a
perda, para o condenado “que for punido por falta grave”, do direito ao tempo remido
pelo trabalho.

Voto nº 12.123— agravo em execução Nº 990.08.050065-1


Art. 112 da Lei de Execução Penal.

— A Lei nº 10.729/03 — que deu nova redação ao art. 112 da Lei de Execução Penal — não
aboliu o exame criminológico para a progressão de regime, o qual pode ser realizado se as
circunstâncias pessoais do sentenciado e a natureza do crime que cometeu o
aconselharem. Nisto, como no mais, obrará sempre o Magistrado com a prudência e o
142

arbítrio do bom varão.


— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal , isto é,
“tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semiaberto. Somente fato
grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da recuperação,
poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.
— A concessão do benefício da progressão de regime prisional segundo os requisitos da lei
não se deve interpretar por liberalidade irresponsável da Justiça Criminal, senão por voto
sincero de que o sentenciado emende a mão e tome para o caminho do bem, de que se
desviara, a fim de que possa reintegrar-se, efetivamente, no convívio social (art. 112 da Lei
de Execução Penal).
— Não esqueça ao cultor do Direito que ainda o mais vil dos homens tem jus à proteção da
Lei!

Voto nº 12.124—Recurso em Sentido Estrito Nº 990.08.196994-7


Arts. 2º, parág. único, 107, nº IV, 109 e 115, do Cód. Penal;
art. 33, § 4º, da Lei nº 11.343/06;
art. 12, “caput”, § 1º e § 2º, nº II, da Lei nº 6.368/76.

— Por força do princípio da ultratividade da lei mais favorável (art. 2º, parág. único, do
Cód. Penal), é possível aplicar a diminuição de pena prevista no art. 33, § 4º, da Lei nº
11.343/06 (Lei de Drogas) aos casos de condenação pelo art. 12, “caput”, § 1º e § 2º, nº
II, da Lei nº 6.368/76, mediante “recomposição comparativa” das penas cominadas (cf.
Vicente Greco Filho e João Daniel Rassi, Lei de Drogas Anotada,2007, pp. 201/202).
—“A causa de diminuição de pena prevista no art. 33 da Lei nº 11.343/2006, mais benigna,
pode ser aplicada sobre a pena fixada com base no disposto no art.12, caput, da Lei nº
6.368/76” (STF; HC nº 95.435/RS; rel. (designado) Min. Cezar Peluso; 2a. Turma; j.
21.10.2008; m.v.).
— Não é de bom exemplo antecipar o exame do mérito à produção da prova com o intuito
de aferir prescrição virtual, que isto implica descaso pela obrigatoriedade da ação
penal e violação grave da primeira garantia de todo o acusado: ter oportunidade de
comprovar sua inocência (art. 107, nº IV, do Cód. Penal).
— Se a pena ainda não foi concretizada na sentença, não há reconhecer prescrição,
antecipadamente, com fundamento em juízo de provável condenação, visto como pode
suceder que o réu venha a ser absolvido, o que terá por benefício de maior quilate que a
extinção de sua punibilidade pela porta ampla da prescrição.
—“A maioria da jurisprudência não aceita a chamada prescrição virtual” (Guilherme de
Souza Nucci, Código Penal Comentado, 5a. ed., p. 469).

Voto nº 12.125—Recurso em Sentido Estrito Nº 993.07.118504-3


Arts. 121, § 2º, nº II, e 14, nº II, do Cód. Penal;
143

arts. 408 e 413, “caput”, do Cód. Proc. Penal.

— Segundo a comum opinião dos doutores, para a pronúncia não é mister mais que a
prova da realidade do crime e indícios da responsabilidade do réu ( art. 413 do Cód.
Proc. Penal).
–– A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo Júri o
acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc. Penal). Donde
veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença processual de
conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a acusação, para que esta
seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de Direito Processual Penal, 2a. ed.,
vol. III, p. 217; Millennium Editora).
–– Salvo se manifesta sua inocorrência, não é de bom exemplo afastar, desde logo, na
fase da pronúncia, as qualificadoras do homicídio; ao Tribunal do Júri, como a seu
Juiz natural, é que, em princípio, cabe apreciá-lo (art. 121, § 2º, nº II, e art. 14, nº
II, do Cód. Penal).

Voto nº 12.126 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.163320-8


Arts. 35, “caput” e 44, da Lei nº 11.343/06;
art. 2º da Lei nº 8.072/90;
Súmula nº 52 do STJ.

— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,


rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento, dilatando os
dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o
excesso de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora
decorrente da natural complexidade da causa ou de incidentes processuais, pois não
está nas mãos de Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força maior que
obstam à realização do ato processual.
––“O habeas corpus é o instrumento tutelar da liberdade. No seu exame, o juiz não pode
criar obstáculos tais que venham a tornar letra morta a garantia constitucional”
(Revista do Superior Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 95; rel. José Dantas).
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da culpa
decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou ao
Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art. 44
da Lei nº 11.343/06).
—“Encerrada a instrução criminal, fica superada a alegação de constrangimento por
excesso de prazo” (Súmula nº 52 do STJ).
144

Voto nº 12.130 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.148225-0


Arts. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal;
art. 44, § 5º, do Cód. Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a liberdade


do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso ordinário, máxime quando
a “causa petendi” respeita a questões de alta indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros
incidentes de execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas
em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na
via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 12.131 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.152124-8


Arts. 66, nº III, alíneas b e f, 197, da Lei de Execução Penal.

–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução


da pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº
III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de
recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via
sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.
— Ainda que instrumento processual de
dignidade constitucional, próprio a tutelar a liberdade do indivíduo,
não pode o “habeas corpus” substituir o recurso ordinário,
máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta
indagação.
—“Não se conhece de habeas corpus originário quando substitui recurso ordinário
não interposto” (STF; HC nº 59.186-8; rel. Min. Décio Miranda; DJU 26.3.82, P. 2.561).
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o escopo de
obter progressão ao regime semiaberto, pois se trata de matéria em que, por previsão de lei
(art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve entender o Juízo de Direito da
Vara das Execuções Criminais, sob pena de usurpação de suas atribuições e violação de
norma de organização judiciária do Estado.

Voto nº 12.132— aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.03.070761-4


Arts. 297 e 304, do Cód. Penal;
art. 386, nº III, do Cód. Proc. Penal.

— É axioma de Direito que “a confissão da parte releva de outra prova” (cf. Cândido
145

Mendes de Almeida, Auxiliar Jurídico, 1985, 6 t. II, p. 530).


— A falsificação grosseira e perceptível “prima facie” considera-a o Direito incapaz de
iludir e de causar dano a outrem, pelo que não caracteriza os crimes definidos nos arts.
297 e 304 do Cód. Penal (falsificação de documento público e uso de documento
falso).

Voto nº 12.133 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.03.067810-0


Arts. 342, § 1º, 107, nº IV, 109, nº V, e 110, § 1º, do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal.
— Incorre nas penas da lei (art. 342, § 1º, do Cód. Penal) a testemunha que, ao
depor em processo-crime, falta com a verdade acerca de fato juridicamente
relevante, com o intuito de favorecer o réu. A mentira não pode ter entrada no templo
da Justiça!
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de prescrição
da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença condenatória” (Damásio
E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão punitiva
estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou deliberação.

Voto nº 12.135 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.162393-8


Arts. 312 e 648, nº I, do Cód. Proc. Penal;
arts. 33, “caput”, 40, nº III, da Lei nº 11.343/06;
art. 2º da Lei nº 8.072/90;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do fato ou com o elemento
moral do crime (dolo), é insuscetível de exame em processo de “habeas corpus”, de rito
sumaríssimo; apenas tem lugar na instância ordinária, com observância da regra do
contraditório. Trancamento de ação penal por falta de justa causa unicamente se admite
quando comprovada, ao primeiro súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a
sua inocência (art. 648, nº I, do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não contraditória e que
não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel. Min. Clóvis Ramalhete;
DJU 18.9.81, p. 9.157).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado na
Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão preventiva,
quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo Penal: garantia da
ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal,
desde que comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art. 44 da Lei
nº 11.343/06).

Voto nº 12.136— aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.03.059848-3


Arts. 297, “caput”, 304, 107, nº IV, 109, nº V, e 110, § 1º, do Cód. Penal;
arts. 61 e 499, do Cód. Proc. Penal.
146

— Não cai sob a rubrica das nulidades nem viola direito das partes o despacho que, no prazo do
art. 499 do Cód. Proc. Penal, indefere a realização de diligência que não é cabal ou
imprescindível à decisão da causa.
— Incorre nas penas do art. 304 do Cód. Penal aquele que usa documento falso por verdadeiro.
—“Se a carteira (de habilitação para dirigir veículos) é falsa, o crime do art. 304 do Cód. Penal se
configura, ainda que a exibição do documento decorra de exigência da autoridade policial” (STJ;
REsp nº 63.370-SP; rel. Min. Assis Toledo; DJU 17.6.96, p. 21.507).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de prescrição da
pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença condenatória” (Damásio E. de
Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da
pretensão punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto
de exame ou deliberação.

Voto nº 12.137 — mandado de SEgUrança Nº 990.09.112636-5


Art. 76 da Lei nº 9.099/95.
— Incorre na “sanctio juris” de carecedor da ação de mandado de
segurança o impetrante que indica por autoridade coatora sujeito que lhe
não violou direito algum, porque parte ilegítima.
— “É preciso ter atenção para que seja corretamente identificada a autoridade
coatroa. É ela, sempre, aquela que ordena ou omite a prática do ato
impugnado. Em uma palavra, autoridade coatora é a responsável pelo ato
lesivo” (Carlos Alberto Menezes Direito, Manual do Mandado de
Segurança, 4a. ed., p. 101)

Voto nº 12.138 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.03.056902-5


Arts. 297, “caput”, 304, 107, nº IV, 109, nº V, e 110, § 1º, do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal.
— A confissão, máxime se feita perante o Magistrado, tem o caráter de prova
ilustríssima; segundo o famoso Ulpiano, equipara-se não menos que à coisa julgada:
“Confessio habet vim rei judicatae”.
—“A confissão judicial tem valor absoluto e, ainda que seja o único elemento de prova, serve como
base à condenação” (Rev. Tribs., vol. 744, p. 573).
— Incorre nas penas do art. 304 do Cód. Penal aquele que usa documento falso por verdadeiro.
—“Se a carteira (de habilitação para dirigir veículos) é falsa, o crime do art. 304 do Cód. Penal se
configura, ainda que a exibição do documento decorra de exigência da autoridade policial” (STJ;
REsp nº 63.370-SP; rel. Min. Assis Toledo; DJU 17.6.96, p. 21.507).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de prescrição da
pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença condenatória” (Damásio E. de
Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da
pretensão punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto
de exame ou deliberação.

Voto nº 12.139 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.155065-5


Arts. 312 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 2º da Lei nº 8.072/90;
147

arts. 33 e 44, da Lei nº 11.343/06;


art. 5º, nº LVII da Const. Fed.
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não contraditória e que não deixa
alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel. Min. Clóvis Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado, rigorosamente, nos
prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem preciosíssimo do homem —, não
parecera lícito agravar-lhe o sofrimento, dilatando os dias de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o excesso de
prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora decorrente da natural
complexidade da causa ou de incidentes processuais, pois não está nas mãos de Juiz, ainda o mais
diligente, prevenir motivos de força maior que obstam à realização do ato processual.
––“O habeas corpus é o instrumento tutelar da liberdade. No seu exame, o juiz não pode criar
obstáculos tais que venham a tornar letra morta a garantia constitucional” (Revista do Superior
Tribunal de Justiça, vol. 26, p. 95; rel. José Dantas).
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da culpa decorre de incidentes processuais
não imputáveis ao juiz do processo ou ao Ministério Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado na
Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão preventiva,
quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo Penal: garantia da
ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal,
desde que comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art. 44 da Lei nº
11.343/06).

Voto nº 12.140 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.03.082928-0


Arts. 304 e 33, § 1º, alínea a, 107, nº IV, 109, nº IV, e 110, § 1º, do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal.
— Incorre nas penas do art. 304 do Cód. Penal, aquele que usa documento falso por verdadeiro.
—“Se a carteira (de habilitação para dirigir veículos) é falsa, o crime do art. 304 do Cód. Penal se
configura, ainda que a exibição do documento decorra de exigência da autoridade policial” (STJ;
REsp nº 63.370-SP; rel. Min. Assis Toledo; DJU 17.6.96, p. 21.507).
—“Sujeito que apresenta como próprio documento falso de identidade alheia responde pelo delito do
art. 304 e não do art. 307 do Código Penal” (cf. Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado,
18a. ed., p. 945).
— Até à mentira tem o réu licença de recorrer, como meio de defesa; não lhe é lícito, entretanto, atribuir-
se falsa identidade, que isto a lei define e pune como crime (art. 307 do Cód. Penal).
— Ao réu de medonha biografia penal convém o regime fechado, no início, que somente este o
poderá reeducar para a vida livre em sociedade, onde o respeito à ordem e ao patrimônio alheio
é dado primordial (art. 33, § 1º, alínea a, do Cód. Penal).
— O decurso do tempo apaga a memória do fato punível e a necessidade do exemplo desaparece
(Abel do Vale; apud Ribeiro Pontes, Código Penal Brasileiro, 8a. ed., p. 154).

Voto nº 12.141— agravo em execução Nº 990.09.117444-0


Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 112 da Lei de Execução Penal;
art. 213 do Cód. Penal;
art. 52, nº X e XL, da Const. Fed.
–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a
148

inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos), é o
art. 112 da Lei de Execução Penal que serve de fundamento ao pedido de progressão de
regime do condenado por crime hediondo cometido antes da promulgação da Lei nº 11.464,
de 28.3.07, pois, segundo princípio basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não
pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores intérpretes, “é
auto-aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para suspender a sua execução
(CF/88, art. 52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs., vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os condenados por
crimes hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para efeito de progressão, caem sob
o regime do art. 112 da Lei da Execução Penal: cumprimento de 1/6 da pena e bom
comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes hediondos
e equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº 11.464, em 29 de março de
2007, é aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a.
Turma; relª Minª Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito que é a fonte
da lei” (Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos argumentos
ou provas concludentes me convenceram do desacerto do veredictum anterior: acima do
melindre pessoal de cada um está a sacrossanta causa da Justiça” (Carlos Maximiliano,
Hermenêutica e Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 377).
— Se o sentenciado atende aos requisitos do art. 112 da Lei de Execução Penal , isto é,
“tiver cumprido ao menos um sexto da pena no regime anterior e ostentar bom
comportamento carcerário”, faz jus à progressão ao regime semiaberto. Somente fato
grave, indicativo de personalidade anômala e refratária aos estímulos da recuperação,
poderá obstar-lhe a mudança para regime prisional mais brando.

Voto nº 12.142— agravo em execução Nº 990.09.073613-5


Art. 197 da Lei de Execução Penal;
art. 659 do Cód. Proc. Penal.

— Considera-se prejudicado o agravo se, durante o seu processamento, o Juízo de Direito


da Vara das Execuções Criminais tiver já deferido ao sentenciado aquilo mesmo que
fazia objeto do recurso, visto que obtida a situação jurídica reclamada (art. 197 da Lei
de Execução Penal).

Voto nº 12.143 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.03.070311-2


149

Arts. 297, 304, 107, nº IV, 109, nº V, e 110, § 1º, do Cód. Penal;
art. 61 do Cód. Proc. Penal.

— A confissão, máxime se feita perante o Magistrado, tem o caráter


de prova ilustríssima; segundo o famoso Ulpiano , equipara-se não
menos que à coisa julgada: “Confessio habet vim rei judicatae”.
—“A confissão judicial tem valor absoluto e, ainda que seja o único elemento de prova,
serve como base à condenação” (Rev. Tribs., vol. 744, p. 573).
— Incorre nas penas do art. 304 do Cód. Penal aquele que usa documento falso por
verdadeiro.
—“Se a carteira (de habilitação para dirigir veículos) é falsa, o crime do art. 304 do
Cód. Penal se configura, ainda que a exibição do documento decorra de exigência
da autoridade policial” (STJ; REsp nº 63.370-SP; rel. Min. Assis Toledo; DJU
17.6.96, p. 21.507).
–– A prescrição intercorrente (art. 110, § 1º, do Cód. Penal) “constitui forma de
prescrição da pretensão punitiva (da ação), que rescinde a própria sentença
condenatória” (Damásio E. de Jesus, Código Penal Anotado, 18a. ed., p. 358).
–– Decretada a extinção da punibilidade do apelante pela prescrição da pretensão
punitiva estatal, já nenhuma outra matéria poderá ser objeto de exame ou deliberação.

Voto nº 12.144— agravo em execução Nº 990.09.053091-0


Arts. 126, § 3º, e 127, da Lei de Execução Penal;
arts. 563 e 566, do Cód. Proc. Penal;
Súmula Vinculante nº 9 do STF;
art. 5º, nº XXXVI, da Const. Fed.

— Nulidade de ato processual somente se declara em face de prova plena e incontroversa de


prejuízo às partes, ou se “houver influído na apuração da verdade substancial ou na
decisão da causa” (arts. 563 e 566 do Cód. Proc. Penal).
— Lição do provecto Vicente de Azevedo: “se da inobservância da lei não resultar prejuízo
para a acusação ou para a Defesa, é realmente um contrassenso declarar nulo o ato e, em
consequência, o processo” (Curso de Direito Judiciário Penal, 1958,
vol. I, p. 269).
— Matéria de grande peso é a de que trata o art. 127 da Lei de Execução Penal — o condenado
que for punido por falta grave perderá o direito ao tempo remido —, pois obriga o Juiz a
150

decidir contra a própria consciência, se quiser atender à letra da lei.


— Justiça excessiva não é senão injustiça, proclamou com assaz de razão o eloquente Cícero:
“Summum jus, summa injuria” (De Officiis, I, 10).
— A decisão que concede remição de penas é imutável após seu trânsito em julgado.
Portanto, desconstituí-la, salvo mediante revisão criminal, fora violar a autoridade da
“res judicata”, um dos principais dogmas em que assenta a ordem jurídica (art. 5º, nº
XXXVI, da Const. Fed.).
— Frutos de seu trabalho e, pois, estipêndio do suor, os dias remidos do preso têm alguma
coisa de sagrado que os guarda do rigor do Juízo da execução penal.
—“É inadmissível a perda dos dias remidos por decisão judicial, em virtude de falta grave
cometida pelo sentenciado” (RJTACrimSP, vol. 39, p. 416).
— De presente, já não é lícito ao Juiz dar ao art. 127 da Lei de Execução Penal outra
interpretação que a literal restrita, por força da Súmula Vinculante nº 9, editada pelo
Colendo Supremo Tribunal Federal, que mandou inscrever entre os dogmas jurídicos a
perda, para o condenado “que for punido por falta grave”, do direito ao tempo remido pelo
trabalho.

Voto nº 12.145—Recurso em Sentido Estrito Nº 990.08.016016-3


Arts. 121, § 2º, nº I, 129, “caput” e 14, nº II, do Cód. Penal;
art. 413, “caput” do Cód. Proc. Penal.

— A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo Júri o


acusado da prática de crime doloso contra a vida (art. 413 do Cód. Proc. Penal). Donde
veio a dizer José Frederico Marques: “A pronúncia é sentença processual de
conteúdo declaratório em que o juiz proclama admissível a acusação, para que esta
seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de Direito Processual Penal, 2a. ed.,
vol. III, p. 217; Millennium Editora).
–– Não é ao Juiz da pronúncia, mas ao Tribunal Popular, juiz natural da causa, que
compete desclassificar tentativa de homicídio para lesões corporais, se não afastada
de plano a hipótese de haver o réu obrado com intenção homicida ao ferir a vítima
em região nobre do corpo.
–– Salvo se manifesta sua inocorrência, não é de bom exemplo afastar, desde logo, na
fase da pronúncia, as qualificadoras do homicídio; ao Tribunal do Júri, como a seu
Juiz natural, é que, em princípio, cabe apreciá-lo (art. 121, § 2º, nº I, e art. 14, nº
II, do Cód. Penal).

Voto nº 12.146— recurso DE oFÍCIO Nº 990.09.082141-8


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
arts. 743, 744, nº IV, e 746, do Cód. Proc. Penal.

— Enquanto em vigor o art. 746 do Cód. Proc. Penal , da decisão que conceder
151

reabilitação criminal caberá recurso de ofício.


—“É preciso que a Justiça seja solícita em ouvir o seu reclamo (do ex-presidiário),
dando o primeiro testemunho de que tem ele direito à reintegração social. Não se
pode admitir que marcas de Caim o persigam até o túmulo” (João Baptista
Herkenhoff, Uma Porta para o Homem no Direito Criminal, 2a. ed., p. 196).

Voto nº 12.147 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.07.122257-7


Art. 304 do Cód. Penal.

— Incorre nas penas do art. 304 do Cód. Penal aquele que usa de documento falso
como se verdadeiro.
— Segundo velha máxima de jurisprudência, aquele a quem o crime aproveita, esse o
praticou: “Cui prodest scelus is fecit” .

Voto nº 12.148 — aPELAçÃO cRIMINAL Nº 993.08.044979-1


Arts. 171 e 14, nº II, do Cód. Penal.

— É réu de tentativa de estelionato o sujeito que, ao pagar produto com cheque


furtado, recebe voz de prisão da Polícia, que lhe descobrira a fraude e o intuito
criminoso (arts. 171 e 14, nº II, do Cód. Penal).
— A fixação do regime prisional fechado não desdiz da condição do réu que,
reincidente em crime doloso, persiste em violar, desenfreadamente, o patrimônio
alheio.

Voto nº 12.149— agravo em execução Nº 990.08.033738-6


Art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90;
art. 112 da Lei de Execução Penal;
arts. 12, “caput”, e 14, da Lei nº 6368/76;
art. 52, nº X e XL, da Const. Fed.
152

–– Declarada pelo Colendo Supremo Tribunal Federal, em sessão de 23.1.06, a inconstitucionalidade do


art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 (Lei dos Crimes Hediondos), é o art. 112 da Lei de Execução
Penal que serve de fundamento ao pedido de progressão de regime do condenado por crime
hediondo cometido antes da promulgação da Lei nº 11.464, de 28.3.07, pois, segundo princípio
basilar de Direito Penal, a lei posterior mais severa não pode retroagir.
— A decisão da Suprema Corte, conforme o sentimento comum dos melhores intérpretes, “é auto-
aplicável, dispensando a atuação do Senado Federal para suspender a sua execução (CF/88, art.
52, X)” (René Ariel Dotti, in Rev. Tribs., vol. 400, p. 415).
— Na conformidade do que têm proclamado nossos Tribunais Superiores, os condenados por crimes
hediondos cometidos antes da Lei nº 11.464/07, para efeito de progressão, caem sob o regime do
art. 112 da Lei da Execução Penal: cumprimento de 1/6 da pena e bom comportamento carcerário.
—“O requisito objetivo necessário para a progressão de regime prisional dos crimes hediondos e
equiparados cometidos antes da entrada em vigor da Lei nº 11.464, em 29 de março de 2007, é
aquele previsto no art. 112 da Lei de Execução Penal” (HC nº 88.037/SP; 5a. Turma; relª Minª
Laurita Vaz; j. 25.10.07; DJU 19.11.07, p. 264);
—“Fazer justiça não é, em muitos casos, obedecer à lei e, sim, obedecer ao direito que é a fonte da lei”
(Eliézer Rosa, A Voz da Toga, 1a. ed., p. 41).
—“Não trepidei em mudar de voto, pública e declaradamente, toda vez que novos argumentos ou
provas concludentes me convenceram do desacerto do veredictum anterior: acima do melindre
pessoal de cada um está a sacrossanta causa da Justiça” (Carlos Maximiliano, Hermenêutica e
Aplicação do Direito, 16a. ed., p. 377).
— “O cometimento de falta grave interrompe a contagem do prazo exigido para a concessão do
benefício da progressão de regime prisional” (STJ; HC nº 12.453-SP; rel. Min. Gilson Dipp; j.
6.3.2001; DJU 23.4.2001, p. 171).
— Deve o sentenciado atender, sem quebra, às instâncias da disciplina do
estabelecimento penal para poder, no tempo oportuno, credenciar-se à
outorga de benefícios (art. 112 da Lei de Execução Penal).

Voto nº 12.150—Recurso em Sentido Estrito Nº 990.09.105540-9


Arts. 121, §§ 1º e 2º, ns. II e IV, e 14, nº II, do Cód. Penal;
arts. 408 e 413, “caput”, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº XXXVIII , Const. Fed.
–– A decisão de pronúncia tira ao efeito somente de submeter a julgamento pelo Júri o acusado da
prática de crime doloso contra a vida (art. 408 do Cód. Proc. Penal). Donde veio a dizer José
Frederico Marques: “A pronúncia é sentença processual de conteúdo declaratório em que o juiz
proclama admissível a acusação, para que esta seja decidida no plenário do Júri” (Elementos de
Direito Processual Penal, 2a. ed., vol. III, p. 217; Millennium Editora).
–– Salvo se manifesta sua inocorrência, não é de bom exemplo afastar, desde logo, na fase da pronúncia,
as qualificadoras do homicídio; ao Tribunal do Júri, como a seu Juiz natural, é que, em princípio,
cabe apreciá-lo (art. 121, § 2º, ns. II e IV, do Cód. Penal).
— Apreciar a tese do homicídio privilegiado (art. 121, § 1º, do Cód. Penal) é atribuição dos Jurados,
competentes “para o julgamento dos crimes dolosos contra a vida” (art. 5º, nº XXXVIII da Const.
Fed.), não do Juiz da pronúncia, a quem toca somente capitular o crime na sua forma simples ou
qualificada.
––“Nos processos da competência do Júri o Juiz sumariante só deve arredar as qualificadoras
articuladas na denúncia quando for manifesta sua inocorrência” (Rev. Tribs., vol. 577, p. 348; rel.
Cunha Camargo).
153

Voto nº 12.151— RevisÃo CRIMINAL Nº 993.07.086170-3


Arts. 339 e 316, do Cód. Penal;
art. 621, nº III do Cód. Proc. Penal.

— Decisão com força de coisa julgada unicamente se rescinde em face de prova cabal
de ter sido proferida contra a evidência dos autos, em desrespeito da Lei ou com
base em documentos ou testemunhos falsos (art. 621 do Cód. Proc. Penal).

Voto nº 12.152 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.154815-4


Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a


liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso ordinário,
máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta indagação.
— Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de
execução da pena são da competência originária do Juízo das Execuções
Criminais (art. 66, nº III, alíneas “b” e “f”, da Lei de Execução Penal); ao
Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-
lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do “habeas corpus”.

Voto nº 12.153 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.149.328-7


Arts. 297 e 304, do Cód. Penal;
arts. 393, nº I, e 594, do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Ainda que instrumento processual de dignidade constitucional, próprio a tutelar a


liberdade do indivíduo, não pode o “habeas corpus” substituir o recurso ordinário,
máxime quando a “causa petendi” respeita a questões de alta indagação.
—“O habeas corpus não é meio idôneo para corrigir possível injustiça da sentença
condenatória” (Rev. Forense, vol. 119, p. 242; rel. Nélson Hungria).
–– Se o acusado respondeu preso ao processo-crime por tráfico de entorpecente, será
verdadeira abusão lógica deferir-lhe o benefício da liberdade provisória após sua
condenação, pois entre os efeitos da sentença condenatória recorrível inclui-se
precisamente o de “ser o réu conservado na prisão” (art. 393, nº I, do Cód. Proc.
Penal).
–– Se a Justiça o não reputou digno do benefício da liberdade, quando ainda contava
ser absolvido, com mais forte razão carecerá o acusado de requisito subjetivo depois
de condenado, quando a presunção de inocência terá cedido à de sua culpabilidade.
154

Voto nº 12.154— HABEAS cORPUS Nº 990.09.152225-2


Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Contra o parecer de notáveis juristas, que sustentam não ser o “habeas corpus” meio
apropriado a impugnar decisão de que caiba recurso ordinário, mostra-se de bom
exemplo conhecer da impetração, porque, em tese, passa pelo remédio jurídico-
processual mais célere e eficaz para conjurar abusos e ilegalidades contra o direito à
liberdade de locomoção do indivíduo (art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.).
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução da
pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº III,
alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso,
cabe o reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e
estreita do “habeas corpus”.
— Não se conhece de pedido de “habeas corpus” impetrado ao Tribunal com o escopo de
obter progressão ao regime aberto, pois se trata de matéria em que, por previsão de lei
(art. 66, nº III, alínea b, da Lei de Execução Penal), deve entender o Juízo de Direito da
Vara das Execuções Criminais, sob pena de usurpação de suas atribuições e violação de
norma de organização judiciária do Estado.

Voto nº 12.155 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.161849-7


Art. 116 da Lei de Execução Penal;
art. 5º da Lei de Introdução ao Cód. Civil;
art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.

— Contra o parecer de notáveis juristas, que sustentam não ser o “habeas corpus” meio
apropriado a impugnar decisão de que caiba recurso ordinário, mostra-se de bom
exemplo conhecer da impetração, porque, em tese, passa pelo remédio jurídico-
processual mais célere e eficaz para conjurar abusos e ilegalidades contra o direito à
liberdade de locomoção do indivíduo (art. 5º, nº LXVIII, da Const. Fed.).
–– Já dispunham as velhas Ordenações que sentença que passa em julgado não se deve
outra vez meter em disputa (cf. Cândido Mendes de Almeida, Auxiliar Jurídico,
1985, vol. II, p. 588).
— É questão superior a toda a dúvida que o Magistrado, com a prudência do bom varão,
pode temperar com a eqüidade o rigor da lei.
— A lei, na pontual expressão de uma das maiores glórias das letras jurídicas do País, há
de interpretar-se com a lógica do jurista, que é a lógica do razoável (Goffredo Telles
Jr., A Folha Dobrada, 1999, p. 161).
—“Desde que as circunstâncias assim o recomendem”, pode o Juiz modificar as
condições estipuladas para o regime aberto (art. 116 da Lei de Execução Penal).
—“Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às
exigências do bem comum” (art. 5º da Lei de Introdução ao Código Civil).
155

Voto nº 12.156 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.167262-9


Arts. 312 e 648, nº I, do Cód. de Proc. Penal;
arts. 33, “caput” e 44, da Lei nº 11.343/06;
art. 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX; da Const. Fed.

–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado


na Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão
preventiva, quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo
Penal: garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar
a aplicação da lei penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e
veementes indícios de sua autoria.
— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a
decisão definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312 do
Cód. Proc. Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do crime e
indícios suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para
a condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
–– Matéria de alta indagação, como a que entende com a autoria do crime, é insuscetível
de exame em processo de “habeas corpus”, de rito sumaríssimo; apenas tem lugar na
instância ordinária, com observância da regra do contraditório. Trancamento de ação
penal por falta de justa causa unicamente se admite quando comprovada, ao primeiro
súbito de vista, a atipicidade do fato imputado ao réu, ou a sua inocência (art. 648, nº I,
do Cód. Proc. Penal).
––“Exame de provas em habeas corpus é cabível desde que simples, não contraditória e
que não deixa alternativa à convicção do julgador” (STF; HC; rel. Min. Clóvis
Ramalhete; DJU 18.9.81, p. 9.157).
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art. 44 da
Lei nº 11.343/06).

Voto nº 12.157 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.169177-1


Art. 66, nº III, alíneas b e f, da Lei de Execução Penal;
arts. 155, § 4º, nº I, e 14, nº II, do Cód. Penal.

— Embora praxe vitanda, não configura constrangimento ilegal a permanência do


condenado em estabelecimento penal próprio do regime fechado, enquanto aguarda vaga
no semiaberto. Ditada por força maior ou razão de ordem superior invencível, tal
situação no entanto cai na esfera da previsão humana: todo o infrator sabe que,
delinquindo, sua liberdade poderá ser coartada em grau menor ou maior.
— Pretender o condenado passar desde logo ao regime aberto, como forma de iludir o rigor
da espera, será tripudiar sobre o direito de outros sentenciados que há mais tempo
aguardam a efetivação da transferência para o estágio intermediário, além de fazer injúria
156

à própria sociedade, que tem o direito de exigir do infrator a reparação, em forma de pena
retributiva, do dano que lhe causou com o seu crime.
–– Questões relativas à progressão de regime prisional e a outros incidentes de execução da
pena são da competência originária do Juízo das Execuções Criminais (art. 66, nº III,
alíneas b e f, da Lei de Execução Penal); ao Tribunal, apenas em grau de recurso, cabe o
reexame do ponto ali decidido, sendo-lhe defeso deferi-lo na via sumaríssima e estreita do
“habeas corpus”.

Voto nº 12.158 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.160662-6


Art. 44 da Lei nº 11.343/06;
art. 2º, nº II, da Lei nº 8.072/90;
art. 312 do Cód. Proc. Penal;
art. 5º, nº LVII, da Const. Fed.
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado na
Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão preventiva,
quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo Penal: garantia da
ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei penal,
desde que comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua autoria.
— O crime de tráfico de entorpecentes é insuscetível de liberdade provisória (art. 44 da Lei
nº 11.343/06).

Voto nº 12.159 — HABEAS cORPUS Nº 990.09.163000-4


Art. 157, § 2º, ns. I e II, do Cód. Penal;
arts. 310, parág. único, 312 e 798, § 4º, do Cód. Proc. Penal;
art. 16, parágrafo único, nº IV, da Lei nº 10.826/03;
arts. 5º, nº LVII e 93, nº IX, da Const. Fed.
— Inscreve-se entre os mais estimáveis direitos do réu preso o de ser processado,
rigorosamente, nos prazos previstos em lei. É que, privado da liberdade — bem
preciosíssimo do homem —, não parecera lícito agravar-lhe o sofrimento, dilatando os dias
de sua permanência no cárcere.
— É inteligência consolidada em todos os Tribunais de Justiça do País que somente o excesso
de prazo injustificado constitui constrangimento ilegal, não a demora decorrente da
natural complexidade da causa ou de incidentes processuais, pois não está nas mãos de
Juiz, ainda o mais diligente, prevenir motivos de força maior que obstam à realização do
ato processual.
––“Não se configura coação ilegal quando o excesso de prazo na formação da culpa
decorre de incidentes processuais não imputáveis ao juiz do processo ou ao Ministério
Público” (Jurisp. do STJ, vol. 8, p. 236).
–– Não entra em dúvida que, a despeito do princípio da presunção de inocência, consagrado na
Constituição da República (art. 5º, nº LVII), subsiste a providência da prisão preventiva,
quando conspiram os requisitos legais do art. 312 do Código de Processo Penal: garantia
da ordem pública, conveniência da instrução criminal ou para assegurar a aplicação da lei
penal, desde que comprovada a materialidade da infração penal e veementes indícios de sua
autoria.
157

— Não requer o despacho de prisão preventiva o mesmo rigor que deve encerrar a decisão
definitiva de condenação. É o escólio de Damásio E. de Jesus ao art. 312 do Cód. Proc.
Penal: “A prisão preventiva exige prova bastante da existência do crime e indícios
suficientes de autoria. Não é necessária a mesma certeza que deve ter o juiz para a
condenação do réu” (cf. Código de Processo Penal Anotado, 22a. ed., p. 249).
— Embora seja de Magistrado motivar sempre suas decisões, ninguém ainda ousou contestar a
verdade destas palavras do conspícuo Ministro Mário Guimarães, do Supremo Tribunal
Federal, grande sabedor da matéria: “Certas decisões, também, se fundamentam por si
mesmas. Insistir em justificá-las, seria ocioso” (O Juiz e a Função Jurisdicional, 1958, p.
347).
— Salvo casos especiais (ao prudente arbítrio do juiz),
primariedade, bons antecedentes, prova de ocupação lícita e de residência no foro da culpa
não valem a autorizar a concessão de liberdade provisória (art. 310, parág. único, do
Cód. Proc. Penal) àquele que, acusado de crime grave — como é o roubo —, tem contra si
a presunção de periculosidade.

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