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Quando dizemos que Maria tem uma dignidade “quase infinita”, queremos
indicar que é a criatura mais próxima da Santíssima Trindade e que goza de
uma honra e majestade altíssimas, inteiramente singulares. É a Filha
primogénita do Pai, a predilecta, como foi chamada tantas vezes na Tradição
da Igreja e o Concílio Vaticano II repetiu4. Com Jesus Cristo, Filho de Deus,
Nossa Senhora mantém o estreito laço da consanguinidade, que a faz ter com
Ele umas relações absolutamente próprias. Maria é Templo e Sacrário do
Espírito Santo5. Que alegria podermos ver, especialmente nestes dias da
Novena, que temos uma Mãe tão próxima de Deus, tão pura e bela, e tão
próxima de nós!
“Ave, Maria, Filha de Deus Pai; Ave, Maria, Mãe de Deus Filho; Ave, Maria,
Esposa de Deus Espírito Santo... Mais do que tu, só Deus!”6
O dom da ciência ampliou ainda mais o olhar da fé de Maria. Por meio dele,
a Virgem contemplava nas realidades quotidianas as marcas de Deus no
mundo, como pistas para chegar até o Criador, e julgava rectamente a relação
de todas as coisas e acontecimentos com a salvação. Influenciada por esse
dom, tudo lhe falava de Deus, todas as coisas a levavam a Deus 9. Entendeu
melhor do que ninguém a terrível realidade do pecado, e por isso sofreu, como
nenhuma outra criatura, pelos pecados dos homens. Intimamente associada à
dor do seu Filho, padeceu com Ele “quando morria na Cruz, cooperando de
forma totalmente singular na restauração da vida sobrenatural das almas”10.
O dom da sabedoria aperfeiçoou a sua caridade e levou-a a ter um
conhecimento gozoso e experimental do divino e a saborear na sua intimidade
os mistérios que se referiam especialmente ao Messias, seu Filho. A sua
sabedoria era amorosa, infinitamente superior à que se pode obter dos mais
profundos tratados de Teologia. Via, contemplava, amava e ordenava todas as
coisas de acordo com essa experiência divina; julgava-as com a luz poderosa e
amorosa que inundava o seu coração. Se lho pedirmos com insistência, Ela no-
lo alcançará, pois “entre os dons do Espírito Santo, diria que há um de que
todos nós, cristãos, necessitamos especialmente: o dom da sabedoria, que nos
faz conhecer e saborear Deus, e nos coloca assim em condições de podermos
avaliar com verdade as situações e as coisas desta vida”11.
O dom da piedade deu à Virgem uma espécie de instinto filial que afectava
profundamente todas as suas relações com Jesus: na oração, à hora de pedir,
na maneira como enfrentava os diversos acontecimentos, nem sempre
agradáveis...
Pelo dom da fortaleza, que recebeu em grau máximo, pôde acolher com
paciência as contradições diárias, as mudanças de planos... Enfrentou
silenciosamente as dificuldades, mas com firmeza e valentia. Por essa
fortaleza, esteve de pé junto da Cruz15. A piedade cristã, venerando essa sua
atitude de dor e de fortaleza, invoca-a como Rainha dos mártires, Consoladora
dos aflitos...
(1) Cfr. Missas da Virgem Maria, A Virgem, templo do Senhor, Antífona da Comunhão; (2) cfr.
São Tomás, Summa theologica, III, q. 27, a. 5 ad 2; (3) cfr. R. Garrigou-Lagrange, A Mãe do
Salvador, pág. 411; (4) cfr. Conc. Vat. II, Const. Lumen gentium, 53; (5) cfr. João Paulo II, Enc.
Redemptoris Mater, 25-III-1987, 9; (6) S. Josemaría Escrivá, Caminho, n. 496; (7) João Paulo
II, Enc. Redemptoris Mater, 16; (8) Mt 5, 8; (9) cfr. J. Polo, Maria y la Santísima Trinidad,
Madrid, 1987, MC n. 460, pág. 29; (10) Conc. Vat. II, Const. Lumen gentium, 61; (11) S.
Josemaría Escrivá, É Cristo que passa, n. 133; (12) cfr. J. Polo, op. cit., pág. 39; (13) Lc 1, 39;
(14) Is 53, 3; (15) cfr. Jo 19, 25.